A mineradora brasileira Vale anunciou nesta quarta-feira a criação de um fundo misto de reflorestamento, para exploração comercial e recuperação ambiental, no valor de 605 milhões de reais destinado a plantar 450.000 hectares de árvores no Brasil até 2022.
O fundo pretende proteger e recuperar 300.000 hectares de florestas nativas com madeiras nobres e destinar 150.000 hectares ao plantio comercial de eucalipto.
Os investidores são a própria Vale, que terá 40% do fundo, associada aos fundos de pensão Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com uma fatia de 20% cada.
O objetivo é financiar o projeto de reflorestamento Vale Florestar, criado em 2007 pela mineradora e que já recuperou 70.000 hectares. "Conseguimos parceiros para acelerar um plano que temos tocado há algum tempo", afirmou Agnelli em coletiva de imprensa na sede da empresa, no Rio de Janeiro. "Pretendemos criar alternativas econômicas para a população das regiões de florestas que não seja simplesmente queimar a madeira (existente) para fazer carvão", disse Agnelli.
O executivo garantiu o potencial de rentabilidade do fundo, já que no Brasil existe um déficit anual de 2 milhões de metros cúbicos de madeira. "A madeira será vendida a indústrias de celulose, confecção de móveis e outros", disse.
O Brasil conta com 3,2% das florestas comerciais do mundo, contra 32,7% da China e 10% de Estados Unidos e Índia, destacou Onito Barbosa, diretor da Global Equity, gestora do fundo.
O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, explicou que existem outros fundos de pensão estrangeiros, como o Calpers, dos funcionários públicos da Califórnia (EUA), que já investem em reflorestamento no sul do Brasil.
A criação do fundo ainda requer autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O presidente da Vale afirmou ter planos de replicar esse projeto em outros países em que a mineradora atua, como Moçambique e Indonésia, nações que registram altos índices de desmatamento.
Depois de chegar a níves de desflorestamento de 30.000 km2 anuais no início da década, em 2009 o Brasil conseguiu baixar para 7.000 km2 a área da Amazônia devastada.
O desmatamento contribui para tornar o país o quarto emissor mundial de gases de efeito estufa.
A destruição das florestas, que libera toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, é a causa de cerca de 20% das emissões mundiais de gases que provocam o efeito estufa.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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