Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Slave labor in China sparks Outrage /// Time

Leia aqui: http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1635144,00.html

"The furor in China surrounding the discovery that children and the mentally handicapped had been kidnapped and sold into slavery is showing no sign of abating. It seems increasingly likely that the controversy will mark a significant milestone in the evolution of the country's civil society. Police said they had rescued more than 500 people from forced labor in brick kilns, where they were worked 18 hours a day and beaten if they tried to escape. Some 30 arrests have been made and more are expected following a massive police rescue operation involving 35,000 officers checking 7,500 work places."

Read more: http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1635144,00.html#ixzz0pY12yXap

Operários suicidas deixam fábrica de eletrônicos em situação desconfortável na China /// Der Spiegel

Wieland Wagner

Uma série de aparentes suicídios abalou a administração da Foxconn, uma fabricante de eletrônicos que produz componentes e monta produtos para muitas firmas do Vale do Silício. Centenas de milhares de pessoas moram e trabalham no complexo da fábrica da Foxconn no Sul da China, em condições que os críticos chamam de escravagistas.

Pouco depois das sete horas, meia hora antes do turno da manhã, jovens trabalhadores chineses passam por guardas uniformizados de cinza, pressionando suas identidades corporativas nos portões eletrônicos e esperando a luz verde. Depois, eles se apressam pelo labirinto cinza dos dormitórios e corredores da fábrica.

Cerca de 300.000 pessoas trabalham aqui, na cidade de Shenzhen, perto de Hong Kong, em um gigantesco complexo que pertence à firma taiwanesa Foxconn. Outras 120.000 pessoas trabalham em um complexo menor, a alguns blocos de distância. Elas montam produtos cultuados de marcas digitais mundiais como Apple, Nintendo e Dell, que vão desde o iPhone e iPad até notebooks. Muitos sacrificam sua saúde; outros, suas vidas.

Ma Xiangqian, 18, fazia parte deste peculiar mundo Foxconn, onde tudo é numerado: prédios, máquinas, componentes, produtos acabados e, é claro, pessoas. Por salários de até 1.940 yuans por mês (em torno de R$ 500), o jovem da província de Henan fazia turnos de 12 horas colocando peças plásticas em uma máquina que forma o corpo de computadores da Apple. Depois, ele ia dormir com nove colegas em um quarto de um dos muitos blocos de dormitórios no complexo da fábrica.

Fábrica ou “campus”?
Certa manhã de janeiro, Ma apareceu morto perto da base de um desses prédios. Causa oficial da morte: “Queda de altura”. Um total de 13 casos similares nas fábricas da Foxconn neste ano -10 fatais- produziram laudos similares. A mais recente, no dia 26 de maio, ocorreu horas após uma visita à fábrica de Terry Gou, diretor da empresa dona da Foxconn. E em julho de 2009, um técnico pulou para sua morte após ser suspeito de roubar um protótipo do iPhone.

A série de aparentes tentativas de suicídio abalou a administração da maior fabricante de eletrônicos da China. Liu Kun, 40, que se diz diretor de relações com a mídia, anda com uma camisa suada. Ele evita a palavra “fábrica”, preferindo o termo “campus” –como se a Foxconn fosse uma universidade. Em um carrinho de golfe movido a bateria –guiado por Chen Hongfang, segundo no comando do sindicato da empresa, que é controlado pelo Partido Comunista- Liu mostra ao visitante as ruas ladeadas por palmeiras. Eles querem provar como é boa a vida dos operários.

Liu aponta orgulhosamente cada uma das lojas. Franquias de cadeias de fast-food; a cidade da Foxconn tem um hospital, onde os operários podem se tratar; há um campo de futebol, uma academia de ginástica, uma série de lanhouses, uma sala de ensaio para a trupe de dança da corporação. Monitores de televisão instalados nas ruas –ou nos refeitórios- passam programas de um canal de televisão corporativo.

Essas oportunidades de diversão não mudam o fato que os operários da Foxconn têm que passar suas vidas quase integralmente dentro complexo. Caminhão após caminhão entrega componentes e leva produtos acabados. Não há depósitos na Foxconn. Quando os operários montam um telefone celular ou laptop, o aparelho vai direto para os clientes. Esse fluxo de produtos não pode diminuir. Nas ruas da Foxconn, os trabalhadores têm permissão para andar lado a lado somente em pares. Se houver três pessoas, devem formar uma fila.

Regras fastidiosas
Ordem e organização são tudo, mesmo na cozinha da fábrica. O prédio cinza parece uma caixa e é tão anônimo quanto os outros. Por dentro, o ambiente é igualmente industrial. Um exército de cozinheiros com jalecos brancos e sapatos de borracha prepara refeições para os trabalhadores, supervisionados pelos gerentes da Foxconn por uma enorme parede de monitores. Há regras fastigiosas em cada nível, inclusive no uso de ingredientes, lavagem de pratos, frituras, fervuras e assados. Todos os dias, os cozinheiros fazem três toneladas de porco, três toneladas de frango, 60.000 ovos e 20 toneladas de arroz.

Se você quiser sair da cozinha, tem que lavar as mãos. Só depois disso a porta se abre. Os prédios de dormitórios cinzentos têm 5 a 12 andares, e também ali os trabalhadores têm que passar seus crachás de identidade pelos aparelhos de controle antes de poderem sair.

Os diretores da Foxconn não sabem dizer se o tamanho gigantesco da fábrica não é um fator que abala a psique dos trabalhadores. O tamanho, afinal, garante poucas despesas e altos lucros –ao menos de acordo com Steve Chu, 49, taiwanês responsável por um dos prédios de vários andares da fábrica. Novecentos trabalhadores trabalham em apenas um andar.

Os homens e mulheres uniformizados de jalecos e quepes brancos são proibidos de ter conversas pessoais. Essa regra está impressa em seus crachás de identidade corporativa. Só o que se ouve são os assobios das máquinas nas quais inserem placas de circuito verdes para laptops ou leitores de cartão de crédito. Em oito esteiras rolantes, eles terminam o trabalho de oito produtos diferentes para vários mercados mundiais.

“O diabo está nos detalhes!”
O gerente Chu e seus supervisores de linha de montagem estimulam os operários infatigavelmente para que sejam mais precisos e eficientes. Até os degraus nas escadas foram enfeitados com frases de advertência: “O diabo está nos detalhes!” ou “a oportunidade aguarda os que estão preparados!”

As máximas motivadoras são inspiradas por Terry Gou, 59, fundador da Hon Hai Precision Industry, proprietária da Foxconn. Os trabalhadores adotaram o apelido respeitoso de “Lao Gou” (ou “velho Gou”) para o carismático bilionário que evita a imprensa. Sua família fugiu dos comunistas chineses para o Taiwan em 1949.

Ele construiu seu império 36 anos atrás com uma fábrica de botões para mudar o canal de televisores preto-e-branco. Parte de seu capital inicial de US$ 7.500 foi emprestado por sua mãe. Mais tarde, ele produziu entradas para conectores de computadores e, em 1988, ele abriu sua primeira fábrica de salários baixos na China continental.

Agora, a Foxconn, junto com outros gigantes taiwaneses, é fornecedora de enormes setores da indústria de eletrônicos e produz telefones celulares e laptops para marcas mundiais. A Foxconn emprega 800.000 pessoas em toda a China e contratou 150.000 novos trabalhadores na primavera.

Contudo, os incidentes recentes com mortos e feridos geraram críticas mesmo dentro da China, e surgiram questionamentos sobre como a firma produz seus produtos eletrônicos de ponta. A família da vítima Ma Xiangqian quer processar a Foxconn para que explique as mortes de seus operários.

Tormento brutal
É uma batalha desigual. No início do ano, Ma Zishan, 58, e sua mulher, Gao Chaoyin, 49, cultivavam árvores. Agora, dividem um quarto perto da fábrica da Foxconn com duas de suas três filhas. Eles dormem em colchões de palha. A única decoração é um retrato do filho morto que, segundo a tradição de Confúcio, levava as esperanças de futuro da família. “Foxconn, diga a verdade”, escreveu o pai em letras pretas em torno da foto. “Minha vida perdeu o sentido”, diz ele.

A filha mais jovem, Liqun, 22, e seu namorado também trabalhavam na Foxconn até recentemente. Eles se demitiram para lutar contra o colosso taiwanês.

Liqun viu seu irmão pela última vez seis dias antes dele morrer. “Ele estava animado”, diz ela, “porque tinha acabado de se demitir”. Ela acrescenta que um gerente de produção vinha atormentando-o brutalmente após a quebra de uma furadeira em sua máquina. Como punição, Xiangqian tinha que limpar as latrinas.

Encostados nas do quarto estão os cartazes usados pela família para protestar nos portões da fábrica. Com fotos ampliadas do corpo de Xiangqian, eles querem chamar atenção para as inconsistências da história de sua morte. Sua irmã Liqun conta ter visto ferimentos na cabeça do defunto –que pareciam como se tivessem sido feitas por uma furadeira. Ela também achou estranhas feridas em seu dorso, que não sugerem suicídio. As gravações da câmera de vigilância da Foxconn da hora da morte do trabalhador sumiram.

“Doença do espírito”
Ma e suas filhas falam cautelosamente e parecem tímidos. Eles evitam culpar diretamente a poderosa Foxconn, mas insistem que a situação deve ser esclarecida. Eles querem questionar na justiça o relatório oficial de sua morte.

O porta-voz da fábrica, Liu, contudo, reage com indignação às perguntas sobre o caso de Ma. Ele parece satisfeito com a autópsia oficial. “Em quem você acredita? Na Foxconn ou na família de Ma?”, pergunta.

Liu acrescenta que os operários da fábrica nunca têm que limpar latrinas –afinal, os faxineiros fazem isso. É claro que pode haver acidentes trágicos com alguns dos 420.000 trabalhadores em Shenzhen, diz ele. As pessoas sofrem com problemas pessoais, dores amorosas, saudade de casa, comida diferente. “Ou doenças do espírito”, diz Liu, levantando um dedo. Um trabalhador que recentemente se jogou da escada sofria de complexo de perseguição, diz ele, acrescentando que a mão-de-obra atual, cuja maior parte tem perto de 20 anos, é mais vulnerável do que as gerações anteriores.

A visita de Terry Gou nesta semana não conseguiu calar as críticas. Ele negou que as mortes recentes se devessem às condições de trabalho da Foxconn. Horas depois, um operário de 23 anos em um complexo diferente da empresa, no Noroeste da China, caiu para sua morte de um dormitório. E na quinta-feira, um homem de 25 anos teria tentado suicídio cortando-se, mas sobreviveu.

Pressão internacional?
Uma tempestade foi gerada por um vídeo recente divulgado na Internet chinesa, que supostamente mostrava guardas de segurança em uma fábrica da Foxconn em Pequim chutando e batendo nos funcionários. Wang Tongxin, autoridade sindical, advertiu que o fornecedor tem que demonstrar mais respeito pelo povo jovem chinês que trabalha em suas fábricas. Após a morte do técnico do iPhone no ano passado, a Apple veio a público: “Exigimos que nossos fornecedores tratem seus trabalhadores com respeito e dignidade”.

O porta-voz da empresa, Liu, fica feliz em mostrar aos visitantes do centro de “saúde mental” de sua fábrica. Um terapeuta atende um funcionário e cartazes vermelhos adornam as fachadas de alguns dormitórios, estimulando as pessoas a cuidarem umas das outras.

Dentro dos prédios residenciais, porém, os trabalhadores continuam suas vidas de acordo com a lógica da produção de baixo custo. Em quartos cheios com 10 camas, metade dos moradores estão deitados exaustos em seus colchões. Alguns dos que acham apertado demais aqui estão esticados diante das televisões penduradas nas escadas. Cada recreio é precioso: logo terão que voltar para seus turnos de 12 horas.

Tradução: Deborah Weinberg

Novos padrões da agricultura sustentável são debatidos durante conferência /// ABN News

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] - O diretor executivo da Embrapa, Kepler Euclides Filho, defendeu no painel Novos Padrões de Agricultura Sustentável da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), realizada na última semana em Brasília, que a agricultura deve responder as demandas de uma sociedade que vive a onda da informação, com consumidores em transformação e vestidos de um bom nível de educação, informação e renda.

Além desses fatores, ele explica, que há a preocupação crescente do consumo de alimentos seguros, além da percepção de produtos considerados “corretos e incorretos”, por parte dos consumidores. Em sua análise, ele contou que também preocupa os impactos da produção agrícola sobre o meio ambiente, assim como a existência de uma tendência atual a uma alimentação rápida e de qualidade, com experiência sensorial e sem culpa, o famoso “prazer sem culpa”.

Euclides Filho disse que “mesmo que tenhamos a sensação de que estamos vivendo uma agricultura sustentável moderna, certamente muito será exigido para atender aos anseios de uma sociedade que se transforma de forma bastante veloz”. Ele acredita que nessa transformação a sociedade se informa e, com a informação, ela cria demandas cada vez maiores para todos os seus segmentos. “E isso não será diferente para as questões agrícolas. Queremos contribuir para o desenvolvimento fundamentado em conhecimento e tecnologia de agricultura”, observou.

Para ele, a nova agricultura, que começou a ser praticada, exigirá o esforço integrado da ciência e da tecnologia, com habilidade na construção de redes, capacidade de promover a inovação e a cooperação com o público, o setor privado, universidades e empresas. “Hoje, a sociedade informada demanda uma agricultura com papel ampliado, com qualidade alimentar assegurada”, destacou. O diretor comenta que, inclusive, há uma tendência da importância étnica, uma nova onda de alimentos regionais e o crescimento de restaurantes com comidas típicas das regiões do País. “O bem estar animal, a sustentabilidade, a acessibilidade e portabilidade são fatores que influenciam na nova visão da agricultura moderna que mantêm bem cuidadas a fauna, a flora, além dos serviços ambientais”, finalizou.

Para Alyson Paolinelli da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o Brasil, como País tropical, é um dos locais que mais tem evoluído em termos de agricultura sustentável. Ele contou que o Brasil, a cerca de 40 anos, tinha pouco conhecimento de manejo de recursos tropicais, e que não existia conhecimento e tecnologia de produção neste tipo de clima. “Houve uma revolução no ensino das ciências agrárias, iniciada com a reforma universitária na década de 60. Eram 12 escolas de agronomia e nove de veterinária. O País aprendeu a fazer a primeira agricultura tropical do globo capaz de competir e de participar de mercados internacionais”, contou.

Paolinelli disse ter convicção de que o País está inovando com o plantio direto, a integração da lavoura e da pecuária e das florestas, a fixação de carbono, entre outros fatores. “Tudo isso nos anima dizer que estamos no caminho certo. Estamos dentro de novos conceitos, de sistemas produtivos que vão nos dar a garantia de que os instrumentos que nós usamos, dos recursos naturais que dispomos são eles hoje perfeitamente manuseados, trabalhados, preservados e melhorados para quem queira produzir”, ressaltou.

Clemente Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), destacou que o governo atual está ampliando para mais de 240 novas escolas técnicas distribuídas por todo território nacional. Conforme ele, é necessário que essas escolas tenham uma vocação orientada para o investimento na agricultura e para um processo de qualificação e formação de trabalhadores, principalmente em termos de desenvolvimento de tecnologia aplicada neste segmento econômico da agricultura. “Significa um desafio fundamental. Se queremos ter a agricultura no centro dinâmico da nossa economia, provavelmente esta conferência fará. È necessário um investimento em educação básica e técnica, fator central e prioritário que deve ser entendido com atenção para reparação do segmento”, comentou.

A estratégia de investimento em ciência, tecnologia e inovação, conforme Lúcio, precisa ser desenvolvida no sentido de recuperação da relação entre o homem e a natureza. Uma orientação ética que, segundo ele, considera que o homem é capaz de produzir com a natureza. “Precisamos fortalecer os mecanismos que o Estado tem de oferta de assistência, crédito e transporte. São elementos essenciais para a viabilidade econômica da produção. Fatores esses que agregam valor a produção e fazem com que este processo signifique incremento de renda no território”, finalizou. O coordenador do painel foi Daniel Maia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Nokia é a empresa de eletrônicos mais 'verde' do mundo, diz Greenpeace /// Reuters / Estadão.com.br

Companhia é destacada por eliminar substâncias tóxicas de seus novos modelos de telefone
27 de maio de 2010
HELSINQUE - A fabricante finlandesa de telefones celulares Nokia é a multinacional do setor de eletrônicos mais "verde" do mundo e aumentou ligeiramente sua vantagem sobre a segunda classificada, a Sony Ericsson, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira, 26, pela organização ambiental Greenpeace.

Reuters
Nokia foi avaliada positivamente pelo Greenpeace por ser favorável ao corte de emissões de CO2A 15ª edição do guia para uma eletrônica mais verde do Greenpeace deu à companhia finlandesa uma pontuação de 7,5, em um máximo de 10, dois décimos a mais que na versão anterior, graças a seu compromisso com a retirada de substâncias tóxicas de seus produtos.

A organização ambientalista apontou que a Nokia eliminou algumas substâncias tóxicas de seus novos modelos de telefones, como os compostos de bromo e trióxidos de antimônio.

Também avaliou positivamente as declarações do executivo-chefe da companhia, Olli-Pekka Kallasvuo, que defendeu que os países industrializados cortem 30% de suas emissões de gases que agravam o efeito estufa até 2020.

No entanto, o Greenpeace criticou a Nokia por não apoiar abertamente as restrições globais de outras substâncias poluentes, como o PVC, e por não utilizar plásticos reciclados em maior medida na produção de seus telefones.

Depois da Nokia, as companhias de aparelhos eletrônicos mais "verdes", segundo o Greenpeace, são a Sony Ericsson, com 6,9 pontos, seguida por Philips e Motorola, ambas com 5,1 pontos.

As empresas menos ecológicas do setor são a japonesa Nintendo (1,8 pontos), a chinesa Lenovo (1,9) e a americana Microsoft (3,3).

Condomínio de energias renováveis: um conceito alternativo /// Ambiente Energia

Da Agência Ambiente Energia – Itaipu Binacional, por meio da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, começou no mês de maio a colocar em prática um conceito alternativa de geração de energia. Trata-se da instalação de condomínios de energias renováveis da agricultura familiar na Bacia do Rio Ajuricaba. Em parceria com a prefeitura da cidade de Marechal Cândido Rondon, a estatal entregou o equivalente a R$ 14 mil em materiais de construção a um agricultor para adequar sua propriedade ao projeto, que envolve parcerias com outras entidades.
Segundo Itaipu, o projeto inicial envolve 13 propriedades rurais mais próximas do local escolhido para abrigar a central termelétrica do futuro condomínio. A previsão é que num prazo de dois mês estas unidades comecem a produzir energia a partir de dejetos da agropecuária. O projeto abrange um total de 41 propriedades.

A ideia, de acordo com a empresa, é instalar biodigestores e gasodutos primários em todas as propriedades, para produção de gás; um gasoduto principal, de 15,5 quilômetros de extensão; e uma microcentral termelétrica a biogás. A energia gerada será repassada para a Copel (companhia de energia do Paraná) e convertida em crédito para os agricultores. Os projetos de adequação já foram entregues no mês de maio.

Para a instalação deste condomínio, que conta com cooperação técnica de instituições como Emater-PR, Iapar, Embrapa – Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves, Fundação Parque Tecnológico Itaipu e Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai), o investimento chega a R$ 2,817 milhões. Deste total, R$ 2,564 milhões são provenientes de Itaipu. A expectativa é concluir a construção civil de todas as 41 propriedades até o final de novembro.

Após a adequação física das propriedades, serão instalados os biodigestores; na sequência, a construção do gasoduto principal e, por fim, da microcentral termelétrica. Caberá à Prefeitura de Rondon fiscalizar as obras, que ficarão sob responsabilidades dos próprios agricultores – com mão-de-obra própria ou com pedreiros contratados, de acordo com o interesse de cada um.

O superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Jr, ressalta que as obras de adequação nas propriedades são fundamentais para evitar o que ocorreu na década de 70, quando houve uma febre de biodigestores no País. Segundo ele, na época o projeto não avançou justamente porque não houve o cuidado de ajustar as propriedades rurais ao sistema

Brasil se torna o principal destino de agrotóxicos banidos no exterior /// Estadão.com.br

Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai.


A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. Desde que, em 2000, foi criado na Anvisa o sistema de avaliação, quatro substâncias foram banidas. Em 2008, nova lista de reavaliação foi feita, mas, por divergências no governo, pressões políticas e ações na Justiça, pouco se avançou.

Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.

Da lista de 2008, três produtos aguardam análise de comissão tripartite - formada pelo Istituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Ministério da Agricultura (Mapa) e Anvisa - para serem proibidos: acefato, metamidofós e endossulfam. Um item, o triclorfom, teve o pedido de cancelamento feito pelo produtor. Outro produto, o fosmete, terá o registro mantido, mas mediante restrições e cuidados adicionais.

Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t.

"Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam", resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner. Proibido na UE, China, Índia e no Paraguai, o metamidofós segue caminho semelhante.

O pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo lembra que esse padrão não é inédito. "Assistimos a fenômeno semelhante com o amianto. Com a redução do mercado internacional, os produtores aumentaram a pressão para aumentar as vendas no Brasil." As táticas usadas são várias. "Pagamos por isso um preço invisível, que é o aumento do custo na área de saúde", completa.

O coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Mapa, Luís Rangel, admite que produtos banidos em outros países e candidatos à revisão no Brasil têm aumento anormal de consumo entre produtores daqui. Para tentar contê-lo, deve ser editada uma instrução normativa fixando teto para importação de agrotóxicos sob suspeita. O limite seria criado segundo a média de consumo dos últimos anos. Exceções seriam analisadas caso a caso.

A lentidão na apreciação da lista começou com ações na Justiça, movidas pelas empresas de agrotóxicos e pelo sindicato das indústrias. Em uma delas, foram incluídos documentos em que o próprio Mapa posicionou-se contrariamente à restrição. Só depois que liminares foram suspensas, em 2009, as análises continuaram.

Empresas. Representantes das indústrias criticam o formato da reavaliação. O setor diz não haver critérios para a escolha dos produtos incluídos na lista. E criticam a Anvisa por falta de transparência. Para as indústrias, o material da Anvisa não traz informações técnicas.

A Associação Nacional de Defesa Vegetal critica as listas de riscos ligados ao uso de produtos, muitas vezes baseadas em estudos feitos em laboratório. "Não há como fazer estudos de risco em população expressiva. A cada dia, mais países baseiam suas decisões em estudos feitos em laboratórios", rebate o gerente-geral de Toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meireles.

Iogurte na prevenção de doenças /// Agencia USP de Noticias

Pesquisadores da USP conseguiram produzir um iogurte que previne doenças coronárias, câncer de intestino e cólon, além de diminuir os níveis de colesterol ruim (LDL), prisão de ventre e intolerância à lactose. A bebida previne as doenças porque agrega além de bactérias típicas de iogurtes três microorganismos que fazem bem à saúde.


A bebida ainda precisa ser patenteada e não começou a ser fabricada. Ela tem textura e sabor parecidos com o do iogurte comum, necessita dos mesmos cuidados de armazenagem e é 30% mais caro. Feito com leite desnatado, também é light e fonte de fibras.

"Não existe no mercado um leite fermentado com um coquetel de benefícios tão grande", afirma o engenheiro-agrônomo Ricardo Pinheiro, que desenvolveu o iogurte durante o seu duplo doutorado, feito na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e na Universidade de Gênova (Itália).

Iogurtes têm naturalmente as bactérias Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus, que, juntas, auxiliam quem tem prisão de ventre. Algumas bebidas têm, além dessas, até duas bactérias que, quando administradas vivas e em quantidade adequada, conferem saúde às pessoas (probióticas). O alimento produzido pela USP possui três bactérias probióticas além das comuns a todos iogurtes. Quando elas chegam ao intestino, tomam o espaço e alimento dos microorganismos indesejáveis que lá habitam e os eliminam.

Metabolismo complicado

Para a bebida fazer efeito, é necessário que todas as bactérias cheguem vivas ao intestino e em uma concentração de 10 a 100 milhões de colônias de organismos por mililitro de produto. Por isso, a maior dificuldade em fabricar o iogurte foi conseguir que, em um período de 35 dias, as bactérias não matassem umas às outras ao acidificar a bebida e competir por alimento.

"Manter a quantidade apropriada de bactérias é difícil", diz Pinheiro. "O metabolismo de uma bactéria pode prejudicar outra. As do gênero Bifidobacterium, por exemplo, produzem ácido acético, fatal para os lactobacilos."

Para contornar essas dificuldades, Pinheiro estudou quais nutrientes cada bactéria necessitava e os produtos que excretava quando estavam sozinhas e em conjunto no leite. Concluiu que a melhor solução era adicionar ao iogurte um açúcar chamado inulina, que é fonte de alimento para as bactérias e impede que algumas "morram de fome". Outras soluções foram colocar na bebida quantidades maiores dos microorganismos mais frágeis e envolvê-los com uma goma que os impedia de serem danificadas pelo metabolismo dos outros.

Segundo o pesquisador, o resultado agrada. "O produto é funcional e bastante aceitável ao paladar. Ele é mais caro, porém o benefício que traz é maior."

Fonte: Agência USP de Notícias

Countries agree to spend big to save world's forests /// The Guardian - UK

Oslo conference attended by 52 nations produces first concrete sign of global action on climate change since Copenhagen

guardian.co.uk, 

Rich and poor countries today agreed on guidelines for releasing aid to save forests, in the first concrete sign of global action on climate change since Copenhagen.

Norway, which chaired this week's climate conference, said aid pledges to save forests had risen by $500m (£345m) since the UN climate conference in Copenhagen last December.

But this is less than was expected just weeks ago – showing the limits of more state funding amid economic crises and unrest in the financial markets.

Some experts say the modest increase in state aid for forests, whose conservation is seen as the cheapest way of lowering carbon emissions, underlines the need for private sector engagement.

The Oslo Climate and Forest Conference, attended by representatives of 52 countries, agreed on a non-binding framework to funnel aid promised by the rich world and set up monitoring standards to ensure money flows are based on solid results. Such frameworks are known as Redd (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation) programmes.

"The outcome of this meeting could be the first comprehensive component for a future international agreement on climate change [since Copenhagen]," World Bank chief Robert Zoellick said in a televised address from Washington DC.

In Copenhagen, global leaders failed to deliver a legally binding deal on manmade emissions. Rich nations did agree, however, to provide $30bn from 2010-12 to help poor states combat global warming, rising to $100bn a year by 2020.

The US, the UK, Australia, France, Japan and Norway had specifically agreed on $3.5bn from 2010-12 to save forests, a pool of money which has now grown to $4bn (£2.75bn), according to Norway.

"There is no way to mobilise that much money without mobilising the private sector," Norway's prime minister Jens Stoltenberg said, referring to a plan to spend $30bn on forests and other fast-track green financing until 2012.

Deforestation and forest degradation wipes away an area the size of England each year and is responsible for 17% of global carbon emissions – more than that made by the world's cars, trains and planes combined, according to UN data.

"Reducing deforestation and forest degradation can provide the largest, fastest and cheapest cuts in carbon emissions," Stoltenberg said. Such efforts could achieve "a third of the cuts in carbon emissions needed by 2020", he added.

Norway, which is rich in oil, yesterday formally announced $1bn in aid to Indonesia to help protect forests in the south east Asian nation, which has been quickly clearing trees for palm oil plantations. It has a similar deal with Brazil.

Growing populations, agriculture and the timber industry have all reduced tropical forests from the Amazon to Indonesia, where it has become more profitable to cut down natural forests.

"Today, the market values forests more destroyed than standing," said Papua New Guinea prime minister Michael Somare.

"We must find a way to value forests more alive than dead."

To push people to protect forests, as well as to attract private sector financing, it will be essential to set up a global price for carbon emissions, either via a market or a carbon tax.


"This is a good day – it rebuilds trust in the international community's ability to confront climate change," said Abyd Karmali, global head of carbon markets at Bank of America Merrill Lynch.

"What is needed is a bit more assurance that the carbon price will be there and that the private sector will have input how the system of green financing is set up."

Prince Charles was among the speakers at the conference, after being invited by Stoltenberg.

The prince told the delegates that three years ago experts warned him how serious the deforestation problem had become.

He said: "However, the great positive difference between the summer of 2007 and today is that we now have a serious group of governments – with none showing greater leadership than Norway – who are prepared to work together to find a durable solution which will effectively tackle the drivers of tropical deforestation."

Cambio climático, una oportunidad para el sector privado /// America Economia

Mientras los gobiernos buscan lograr metas de reducción de CO2, las empresas se han quedado en un segundo plano del debate. El problema es que serán éstas las destinadas a bajar las emisiones, por lo que los expertos les aconsejan trabajar desde ya, y no recién cuando sea una obligación.
Patricia Zvaighaft

Chile, Brasil y México presentan el mayor avance en esta tarea, aunque también destaca Colombia y Perú.

A fines de este año los gobiernos del mundo se reunirán nuevamente para tratar de lograr un acuerdo climático en lo que será la cumbre de Cancún, en México. Tras el fracaso de Copenhaguen, las esperanzas están puestas para que ahora sí los países logren metas de reducción de emisiones, sin embargo, los organismos multilaterales ya han advertido que la tarea será difícil.

Pese a lo complicado del desafío, si hay algo que ha quedado claro es que ya llegó la hora de adoptar nuevos mecanismos, para hacer frente al grave problema del cambio climático, una meta en que el sector privado tendrá que jugar un rol fundamental.

Es más, según un estudio de la consultora internacional KPMG, titulado ‘El Acuerdo de Copenhaguen, perspectivas del trabajo en curso’, se postula que las empresas debieran impulsar la agenda climática.

“El cambio climático involucra a las compañías y a los gobiernos, porque está afectando día a día a distintos sectores de las economía de los países”, asegura a AméricaEconomía.com Jesús González, socio de Asesoría a cargo de la Práctica de Desarrollo Sustentable de KPMG en México. La clave, asegura, es que finalmente “la reducción de emisiones vendrá principalmente de las empresas y no del Estado”.

Juicio que es compartido por Marco Giussani, asesor de la Corporación Financiera Internacional (IFC, por sus siglas en inglés) en la aplicación de tecnologías limpias para el sector privado, organismo del Banco Mundial que trabaja junto a las empresas prestando asesoramiento y financiamiento para el desarrollo de iniciativas de este tipo. “Las empresas tienen un rol preponderante y fundamental", asegura.

Los problemas del sector privado. González acota el desafío que tienen las empresas frente al cambio climático, a tres problemáticas. En primer lugar, la gran mayoría ni siquiera está al tanto de cuánto contaminan, por lo tanto, se debe empezar por buscar mecanismos para determinar la cantidad de emisiones. Una vez que esto se haya realizado, viene la tarea de fijar las metas de reducción.

El segundo problema deriva de lo anterior, y tiene que ver con que si las firmas están dispuestas a hacer esfuerzos significativos, y destinar inversiones para ello. Finalmente, se requiere cuantificar el cumplimiento de las leyes.

Los gobiernos de a poco han comenzado a ser más estrictos con las leyes ambientales, principalmente en lo referente al uso del agua y la restricción de ciertos materiales, por lo que ya existen empresas que están sufriendo los efectos de estas regulaciones. Pero también hay otras compañías que están haciendo cambios sin tener dicha obligación, sino porque lo ven como una diferencia estratégica.

Para Giussani, si bien existe una conciencia generalizada respecto del rol que deben jugar las compañías, el sector privado está indeciso en la forma en que debe hacerlo, y no sabe cómo hacer los cambios necesarios sin que eso afecte la competitividad. No obstante, destaca que hay sectores, como el cementero, que han adoptado códigos propios para la minimización de los gases, a través de asesorías y la incorporación de nuevas tecnologías.

Por su parte, González reconoce que hay industrias como la energética y minera, que han hecho un esfuerzo mayor por tratar de avanzar en iniciativas sustentables que cambien su imagen, ya que debido a lo contaminante de sus procesos productivos, son vistas como las industrias más sucias.

Los expertos coinciden en que las empresas deberían aprovechar este momento, cuando aún no es una obligación implementar los cambios que se requieren, antes de que sea demasiado tarde y se vean obligadas a reaccionar sobre la marcha. “Las empresas que no estén dispuestas a hacerlo, pueden ser fuertemente castigadas en el futuro”, sostiene Giussani.

Rol del gobierno. El rol del gobierno es fundamental a la hora de definir cómo se van a impulsar los cambios necesarios y las exigencias a las compañías, más aún cuando todavía no se establecen acuerdos vinculantes, los que posteriormente obliguen a los países a cumplir ciertas metas.

La implementación de los cambios puede darse a través de penalizaciones, castigando a las empresas que no estén dispuestas a hacerlo, o bien mediante incentivos, otorgando beneficios a las compañías que cumplan con la incorporación de estos mecanismos, por ejemplo, otorgándoles rebajas impositivas.

En este punto, ambos expertos coinciden en que el asunto no debería ser enfocado sólo desde el castigo, sino más bien a través de la implementación de incentivos, considerando que para el sector privado hacer estos cambios genera costos, y esos incentivos podrían alentar las inversiones que se requieren para ello.

“No es que no deban haber castigos; debe haber en los casos en que no se cumpla, pero se debe premiar también a los que lo hacen, porque así habrá muchos más emprendedores”, asegura González.

Según Giussani, los métodos coercitivos en las normas ambientales han tenido muy pocos resultados, por lo que “la iniciativa debe ir más por el lado de los incentivos y los compromisos voluntarios”. En ese sentido, asegura que la tarea es compartida con el gobierno, quien debe fiscalizar y crear las regulaciones, pero también generar más participación.

Panorama en la región. Según González, las empresas de clase mundial presentes en América Latina ya han tomado conciencia de la importancia de realizar estos cambios. “Han entendido que para estar a la vanguardia, tiene que cumplir en estos aspectos”, explica. Sin embargo, está la otra cara de la moneda, compañías más locales y familiares en las que aún no hay conciencia del tema, y esto se debe a que continúan acotadas a temas cortoplacistas basado en el estado de los resultados al final de cada año. “Esto dificulta la preocupación por el cambio climático”, asegura el experto.

Y advierte que la situación es grave, ya que si ahora no se hacen las inversiones que se requieren, para 2030 el efecto negativo sobre el Producto Interno Bruto podría alcanzar entre el 15% a 20%.

A nivel de países, Giussani dice que se observa un mayor nivel de desarrollo en Chile, Brasil y México, y Colombia y Perú un poco más atrás. En el resto de la región, la tarea pendiente es muy grande. Aunque reconoce que el nivel de compromiso está asociado a la contaminación que genera cada país.

A nivel mundial, América Latina produce 12% de las emisiones totales, de las cuales a nivel regional México y Brasil emiten el 70% de esos gases.

En cuanto a los sectores, destaca que los que tiene un mayor consumo de energía están más comprometidos con el desarrollo de fuentes limpias, pero presionados por el uso de los combustibles fósiles.

La exigencia del consumidor. Jesús González advierte que hay mercados que son altamente sensibles al cambio climático, principalmente el europeo y japonés, donde se están empezando a cortar relaciones con quienes no cumplen con los estándares que exigen, lo que al final se convierte en un factor decisivo de competitividad.

En ese sentido, detalla que se ha creado como una especie de “club internacional”, como en algún momento sucedió con la implementación de la norma ISO 9000, y que si bien aún es bastante informal, busca establecer contactos entre empresas que comparten sus criterios sustentables y amigables con el medioambiente.


Hay cadenas mundiales de supermercados que ya están implementando etiquetados donde detallan las emisiones de CO2 de los productos. “El mundo está cambiando la imagen, y la actitud con estos temas está siendo cada vez más importante, porque los consumidores están cada vez más exigentes”, explica González.


Los consumidores son quienes pueden ejercer mayor presión y lograr un mayor impacto, ya que pueden castigar a compañías que no cumplen, no adquiriendo sus productos, como ya se está viendo en mercados más desarrollados y exigentes. González advierte que “hoy puede hacerse voluntario y adelantarse a lo que será una obligación”, el problema es que la gran mayoría de las compañías ni siquiera se lo está preguntando.

Para Giussani, el mercado puede exigir mayores mejoras a las empresas que las propias regulaciones, porque existe una fuerte presión de los inversionistas, de los proveedores y los consumidores. Entonces, se debe aprovechar esta competencia positiva para generar regulaciones inteligentes.

Sin embargo, aún queda mucho camino por andar en la región. El problema es que mientras las compañías probablemente tomen conciencia en el largo plazo, las regulaciones y los efectos del cambio climático se verán en el mediano o corto plazo.

Conozca los detalles de la primera planta de energía solar en Latinoamérica /// America Economia

La española Solarpack busca aprovechar el potencial del desierto de Atacama en Chile, donde levantará el proyecto Calama Solar I, que demandará una inversión de US$40 millones.
Matías Rodo Yuricevic

La planta tendrá una capacidad instalada de 10 megavatios.

Que en Chile se haya presentado el primer Estudio de Impacto Ambiental en Latinoamérica para desarrollar una planta generadora solar, no es una casualidad. En el mundo existen tres zonas ideales para este tipo de proyectos: el desierto de Atacama, el de Mojave y el Sahara. Y en el páramo chileno es donde existe la mayor radiación solar del mundo, y el que está más cerca de un gran punto importante de consumo: las mineras locales.

Y la española Solarpack quiere sacarle provecho a esta demanda. La firma, fundada en 2005, está presente en Chile desde mediados de 2008. Desde esa época ha venido trabajando en desarrollar el proyecto Calama Solar 1. “Esta planta tendrá una capacidad instalada de 10 MW y demandará una inversión de US$40 millones”, dice Jon Segovia, socio director de la filial chilena.

La iniciativa se sustenta en el expertise de Solarpack: en el país ibérico es una de las 10 compañías más importantes del sector, con más de cinco proyectos, los que han demandado unos US$200 millones. Para muchos esta tecnología puede ser considerada como reciente sin embargo, ya tiene sus años, en los cuales se ha logrado instalar unos 7.000 MW en todo el mundo.

Esto gracias a que en el negocio existen dos puntos críticos: el precio de los módulos y el precio de la financiación. En ambos casos, los costos se han reducido en los últimos dos años a la mitad, favoreciendo la proliferación de este tipo de proyectos. “Hasta la fecha, todos son subsidiados. Pero estamos muy cerca de que aquello ya no sea necesario”, dice Segovia. Y el primero podría ser el que pretenden levantar en el mercado local, el que estaría operando a fines de 2010.

Una quimera realista, que cuenta con un potencial importante. Según Segovia si en el desierto nortino se llenara con paneles solares un espacio equivalente a 12 km2, se podría generar la energía que actualmente consume el país: 12.000 MW. Pero, claro, el ejecutivo se toma las cosas con calma. La compañía española está estudiando desarrollar al menos otros cinco proyectos entre la I y IV Región, cuyas dimensiones serían similares a la de Calama Solar 1.

La base de esta nueva realidad son las ventajas de la energía solar. De todas las ERNC, ésta es lejos la que mayor aceptación posee por parte de la población. Y, además de ser una energía renovable y limpia, se genera en base a un precio fijo que en promedio perdura cerca de 25 años. “Es una energía muy predecible, gracias al desarrollo tecnológico que ha experimentado la meteorología”, dice el ejecutivo.

Éstos son factores que han llevado a que las naciones desarrolladas apuesten con fuerza por este tipo de energías. De hecho, en España, las ERNC han llegado a suministrar un 50% de la energía requerida en un día por el país. Otro ejemplo es el de Estados Unidos, donde su presidente, Barack Obama, propuso crear 5.000 puestos verdes de trabajos. Algo en lo que cree la filial liderada por Segovia. No por nada también está mirando más allá de las fronteras chilenas. Actualmente están participando en una licitación para desarrollar una planta solar en Perú. “El proyecto tendría una capacidad de 80 MW y, de adjudicárnoslo, lo levantaríamos en el sur del vecino país”, dice

Rubens Ricupero:Na busca de um sistema financeiro internacional mais equilibrado /// IHU Unisinos

Rubens Ricupero:Na busca de um sistema financeiro internacional mais equilibrado

Rubens Ricupero percebe que um dos problemas básicos da crise da zona do euro é o contraste marcante entre o norte da Europa, que sempre foi o núcleo mais importante da unificação, e o extremo sul, que é o mais atingido

A partir da crise do euro e da crise financeira internacional, que abala o mundo desde 2007, o professor Rubens Ricupero aposta no surgimento de um capitalismo mais regulamentado pelo Estado. “As regras serão mais severas e, sobretudo o setor financeiro, que havia adquirido uma influência desproporcional nos últimos tempos, vai ter a sua liberdade de ação mais limitada”. Na entrevista que segue, concedida, por telefone, à IHU On-Line, na última sexta-feira, Ricupero entende que deverá surgir um tipo de regime com mais restrições à proliferação de instrumentos financeiros. E crê que “aí é que vai se sentir mais a modificação trazida pela crise, porque ela essencialmente nasceu e se desenvolveu dentro do sistema financeiro”. No entanto, reconhece que “a ausência da união política é a causa básica do que está acontecendo na Europa”. Para Ricupero, “o ponto fraco do euro não foi a ideia da moeda em si, mas o fato de que os políticos europeus aceitaram estender o euro a países muito heterogêneos e muito mais débeis economicamente do que aquele núcleo original”.

Rubens Ricupero é graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP. Atualmente, é diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo. Diplomata de carreira desde 1961, exerceu, dentre outras, as funções de assessor internacional do presidente Tancredo Neves (1984/1985), assessor especial do presidente da república José Sarney (1985/1987), representante permanente do Brasil junto aos órgãos da ONU sediados em Genebra (1987-1991) e embaixador nos Estados Unidos (1991-1993). Assumiu ainda os ministérios do Meio Ambiente entre 1993 e 1994 e da Fazenda em 1994 e foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), nos mandatos de 1995 a 1999 e de 1999 a 2004. Rubens Ricupero participou do Simpósio Internacional O Lugar da Teologia na Universidade do Século XXI, promovido pelo IHU em maio de 2004.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Até o momento, o que o senhor identifica como resultado desta crise do euro? Qual a principal mudança que ela sinaliza?

Rubens Ricupero – Uma previsão exata é impossível de fazer nesse momento. Não conheço nenhum analista, mesmo os que estão mais próximos, como Martin Wolf , que acaba de escrever um artigo no Financial Times sobre o tema, nenhum deles se arrisca a fazer uma previsão sobre o destino final do euro. Ele mesmo começa sua coluna desta semana dizendo que, até agora, considerava impensável a hipótese de uma dissolução da área do euro, mas já não acha mais isso impossível, embora julgue improvável. A crise ainda está em desenvolvimento, às vezes com mudanças imprevisíveis. De qualquer forma, há algumas conclusões que são mais plausíveis do que outras. A primeira é que, de fato, essa crise na Europa é um prolongamento da grande crise que se iniciou em agosto de 2007, nos EUA, com o desabamento do mercado imobiliário, que depois prosseguiu com crise financeira e bancária, primeiro nos Estados Unidos, depois na Europa e em outros países. E agora entra numa fase nova, que é uma crise caracterizada, sobretudo, pelos problemas da dívida excessiva de alguns países mais concentrados na Europa e as dúvidas sobre a possibilidade desses países pagarem a dívida externa. Portanto, é uma nova fase desta crise, confirmando o que se disse no início, já em 2007, que essa não seria uma crise de curta duração, mas se estenderia por muito tempo e seria caracterizada por momentos de aparente recuperação, seguidos de novo por recaídas, muitas vezes em áreas distintas, que foi o que aconteceu nos anos 30. Essa crise agora já começa a dar sinais de que está afetando a recuperação econômica da Europa. As notícias de hoje, sexta-feira (21-05), embora o parlamento alemão acabe de aprovar, há algumas horas, o pacote de apoio ao euro, é de que as bolsas estavam caindo na Europa devido à queda que houve ontem também na Ásia. Há muita incerteza, e ela, nesse momento, concentra-se, especialmente, na capacidade que terá esse pacote de pôr um fim às dúvidas que existem no mercado. Uma delas é se a Grécia vai conseguir, com essa ajuda, sobreviver sem ter que reescalonar a sua dívida, como a América Latina e inclusive o Brasil foram obrigados a fazer nos anos 80 e 90.

Muitas dúvidas
A primeira ministra alemã, Angela Merkel , dias atrás, quando se dirigiu ao parlamento, mencionou que um dos problemas da União Europeia é que não existe, dentro da zona do euro, uma regra para conduzir de maneira ordenada um problema de insolvência, de bancarrota, de um país não poder pagar a dívida, já sinalizando a perspectiva de isso acontecer de fato. E há dúvidas, depois do caso da Grécia, se Portugal e Espanha conseguirão também afrontar essas dificuldades. Portanto, há problemas em relação a esses países, há dúvidas muito grandes sobre a regulamentação financeira, tanto de um lado do Atlântico como do outro. Ontem (20-05), o Senado americano aprovou boa parte das reformas propostas pelo presidente Obama, mas agora que vai se elaborar a lei final, ainda não se tem clareza sobre isso. Enquanto que, na Europa, houve, nos últimos dias, um desenvolvimento surpreendente, que foi a decisão unilateral alemã de impor restrições à questão de certos tipos de especulação, tanto os Credits Swaps como a venda de ações a descoberto. E o que surpreendeu é que os alemães tivessem feito isso sem terem se coordenado com os outros países, muitos dos quais não acompanharam o movimento da Alemanha. Isso fez crescer muito a inquietação de que a Alemanha, como o país mais forte da zona do euro, prefira seguir seu caminho um pouco sozinha, impondo certas orientações. Há um conjunto de problemas muito grandes, ainda de incerta solução, que terão repercussão em outros países, inclusive na América Latina e no Brasil.

IHU On-Line – Que tipo de capitalismo surge a partir da crise da zona do euro?

Rubens Ricupero – Ele será mais regulamentado pelo Estado, como estamos vendo tanto na Europa como nos Estados Unidos. As regras serão mais severas e, sobretudo o setor financeiro, que havia adquirido uma influência desproporcional nos últimos tempos, vai ter a sua liberdade de ação mais limitada. Provavelmente, essa tendência será menos acentuada nos Estados Unidos, onde o setor financeiro tem muita força política no congresso e pode, muitas vezes, neutralizar os desejos do Executivo. Mas é claro que, mesmo nos Estados Unidos, hoje, há uma tendência forte no seio do governo americano a uma regulamentação estrita, mais severa do setor financeiro, tanto do presidente Obama como um dos seus conselheiros dessa matéria, Paul Volker , que foi presidente do Banco Central no início dos anos 80. Enquanto que o secretário do tesouro, Timothy Geithner e Larry Summers , que é presidente do Conselho de Assessores, são mais moderados. Há certas nuances, mesmo dentro do governo americano. Provavelmente será um tipo de regime com mais restrições a essa proliferação de instrumentos financeiros. Creio que aí é que vai se sentir mais a modificação trazida pela crise, porque ela essencialmente nasceu e se desenvolveu dentro do sistema financeiro.

IHU On-Line – Quais as consequências do desmantelamento do estado de bem-estar social na Europa?

Rubens Ricupero - Não creio que se chegue a isso. Pode haver um enfraquecimento temporário em um país ou outro. Mas ainda se está muito longe de atingir o estado de bem-estar social como um todo. Onde se está sentindo algum tipo de efeito é no caso da Grécia que, devido à situação em que se encontra, já foi obrigada a adotar medidas em relação à questão das aposentadorias e ao sistema de previdência social. Mas isso ainda é muito limitado até na Grécia. Em muitos dos outros países, não houve, até agora, nenhum efeito, porque a diferença é muito grande. Os países do norte da Europa, como a Alemanha, Países Baixos, Holanda, Dinamarca e Suécia, estão muito sólidos, e, em nenhum deles, há qualquer sinal. Um dos problemas básicos da crise da zona do euro é justamente o contraste marcante entre o norte da Europa, que sempre foi o núcleo mais importante da unificação, e o extremo sul, que é o mais atingido. Aliás, quando se estabeleceu o euro como moeda única para 16 países, a conclusão lógica teria sido a união política. Foi o que, na época, o primeiro ministro alemão, Helmut Kohl , havia dito. A união política é indispensável quando se estabelece uma moeda única, como foi o caso da própria unificação da Alemanha no século XIX. A ausência da união política é a causa básica do que está acontecendo na Europa. Já nos Estados Unidos, em que também existem estados da união com problemas mais graves do que outros, há uma unificação política, há um orçamento e uma política econômica federal. Na Europa, ao contrário, existe uma moeda única, que impede os países afetados pela crise de desvalorizarem as suas moedas como uma forma de se recuperarem. Por outro lado, não há uma união que obrigue todos os países a cortarem o déficit na mesma porcentagem, como existe nos Estados Unidos e no Brasil, ou qualquer país em que haja uma união política.

O ponto fraco
O ponto fraco do euro não foi a ideia da moeda em si, mas o fato de que os políticos europeus aceitaram estender o euro a países muito heterogêneos e muito mais débeis economicamente do que aquele núcleo original. Quando aceitaram o ingresso na área do euro de países que tinham uma competitividade muito menor, criaram uma situação complicada, até com repercussão no Brasil. No momento em que países como Portugal ou Espanha passaram a fazer parte da zona do euro, esses países começaram a ter acesso a recursos financeiros dos grandes mercados financeiros europeus, como Frankfurt e outros, a custos muito baixos, não porque a economia portuguesa ou espanhola justificasse isso, mas porque se via, no fato de eles pertencerem ao euro, uma garantia. Foi com isso que eles levantaram recursos com os quais compraram as empresas no Brasil. Por exemplo, a privatização das telecomunicações aqui no país, ou as operações feitas pelo Santander foram feitas com recursos levantados nos mercados europeus. Isso gerou não só operações desse tipo na América Latina, mas provocou bolhas na Espanha e na Irlanda. Esses foram dois países que se caracterizaram por bolhas no mercado imobiliário, como nos Estados Unidos, e no mercado de ações, o que passou a provocar uma euforia enorme, um efeito extraordinário de entrada de capitais europeus. Agora, neste momento, se vê que esses são países frágeis, que começam a perder o acesso fácil aos mercados financeiros que, no fundo, nunca deveriam ter tido. O problema é que é muito difícil para esses países readquirirem a competitividade nas regras do euro. No sistema anterior, o que teria acontecido é que países como Espanha, Portugal, Itália, Irlanda e Grécia teriam desvalorizado a sua moeda. Com isso, teriam aumentado muito as suas exportações e reduzido as suas importações, e iriam se ajustando por esse processo. No momento atual, não podem fazer isso, porque, embora o euro tenha perdido um pouco do seu valor em relação ao dólar, essa relativa desorganização do euro não é suficiente, porque esses países fazem mais o seu comércio dentro da área do euro. Então, o único caminho que eles têm é reduzir os custos internos, e um deles é o salário, o custo da mão-de-obra. Portanto, é um caminho doloroso, porque significa que, nesses países de menor competitividade, a reconquista dessa capacidade competitiva vai ter que passar por um rebaixamento de salários e vantagens que a população gozava até hoje.

Europa e Brasil: semelhanças e reflexos
Aliás, não é uma situação muito diferente daquela em que o Brasil se encontra hoje em dia. Embora ninguém aqui tenha feito a aproximação, no Brasil, não por causa do euro, mas porque nós temos um Banco Central que tem permitido a apreciação constante do Real, o comércio exterior também está se deteriorando. O Brasil também está numa situação em que cada vez depende mais de poupança externa, porque seu déficit em contas correntes está aumentando. A nossa dívida também está sofrendo o impacto disso e, no caso do Brasil, a recuperação da economia e do setor externo dependeria ou da desvalorização da moeda – o que o Banco Central não permite - ou então de medidas que teriam que afetar o nível de consumo da população. É uma situação que, embora menos grave e aguda nesse momento, dentro de alguns meses, vai se aproximar gradualmente da situação dos europeus, caso algo não mude. Não é uma situação, em essência, muito diferente daquela vivida pelos países que estão perdendo competitividade. A prova é que, no Brasil, nos três primeiros meses deste ano, o déficit do setor da indústria mais sofisticada, que é a eletrônica, de telecomunicações, de automóveis e máquinas, foi de quase 14 bilhões de dólares, mostrando que estamos perdendo competitividade. As importações no Brasil, nesse momento, estão crescendo num ritmo três vezes maior do que as exportações. Isso deve ter se atenuado um pouco agora, nos últimos dias, devido ao fato de que a crise europeia provocou um aumento no valor do dólar.

É importante ter em mente que a situação europeia é preocupante para o Brasil por dois lados: pelo comércio e pela questão dos investimentos. Pelo comércio, porque tanto o Brasil como a América do Sul dependem muito da exportação de produtos primários, de commodities. 85% da exportação dos países sul-americanos é de petróleo, cobre, níquel, minério de ferro e produtos agrícolas em geral, mesmo que sejam pouco elaborados. Desse total, a China absorve mais ou menos 40% ou 45%. A Europa vem em segundo e absorve de 35% a 40%, muito mais que os Estados Unidos. Portanto, na medida em que a recuperação econômica europeia se torne mais lenta e que haja menos demanda europeia por esses produtos, isso vai afetar, em primeiro lugar, os preços, e depois pode afetar até o volume das exportações. O segundo problema é a questão dos investimentos. Boa parte dos investimentos do Brasil e de alguns países da América do Sul vem desses países europeus (Espanha, Portugal), que já investiram aqui em telecomunicações, em bancos. É claro que, na medida em que os países de origem se vejam afetados e tenham menor acesso ao levantamento de recursos, também é mais difícil eles continuarem a enviar recursos para cá. O provável é que eles continuem a fazer como estão fazendo agora, remetendo recursos do Brasil para seus países de origem. Se isso continuar, pode incidir sobre um movimento que já está ocorrendo no Brasil, que é uma deterioração muito rápida das contas correntes, entre outras razões, pela remessa de lucros, dividendos etc.

IHU On-Line – Com o fim da terceira via e de outros modelos que já demonstraram fracassar, que alternativas podem ser apontadas no sentido de um novo modelo de organização social e econômica das nossas sociedades?

Rubens Ricupero - É difícil, a essa altura, refletindo sobre o que está ocorrendo, discernir as linhas gerais do que pode sair disso, porque, em momentos de crise, a atenção se focaliza mesmo é na gestão da crise, na busca de uma solução, e não tanto em desígnios mais ambiciosos, de longo prazo. Embora isso possa interessar pessoas que especulam, que não estejam diretamente ligadas ao dia-a-dia econômico, esse é um tema que está praticamente ausente da agenda do grupo dos 20 ou das grandes reuniões de coordenação econômica. É como um incêndio. Naquele momento, os bombeiros estão querendo apagar o fogo, ninguém está pensando em como se vai reconstruir o edifício; isso fica para depois. O que se pode dizer é que, talvez, o que se vai procurar é um reforço da posição de regulamentação e fiscalização do Estado, um maior equilíbrio do setor financeiro em relação a outros setores e, sem dúvida nenhuma, terá que se caminhar para uma situação em que se tenha mais equilíbrio entre a remuneração do capital e a do trabalho, porque, ultimamente, o que houve foi um reforço muito grande da remuneração do capital financeiro em detrimento do trabalho, dos salários reais, que ficaram estagnados. Em muitos desses países que têm consumo insuficiente, o fato se deu porque houve um reforço muito grande dos ganhos do capital. Isso aponta para uma sociedade mais equilibrada, mais justa, mas isso a longo prazo. A curtíssimo prazo, o problema que vai dominar, em termos realísticos, é a questão da crise.

IHU On-Line – O senhor, como ex-embaixador brasileiro, como analisa a diplomacia brasileira em relação ao Irã e como isso se relaciona com a nova configuração econômica e política que parece surgir neste contexto de crise? Por que defende que Lula merece aplausos?

Rubens Ricupero – Eu faço uma distinção entre dois aspectos no caso do Irã. A busca de uma solução pacífica e negociada, evitando um confronto bélico, é algo que merece, como eu disse, aplausos. É uma satisfação para nós que o Brasil tenha procurado desempenhar um papel assim, embora acredite que esse acordo que se celebrou sempre foi apenas parcial. O outro aspecto da relação com o Irã, que é reprovável, é que se trata de um estado repressivo, uma teocracia, um tipo de organização que o Brasil rejeita fortemente para si próprio. O Brasil é um estado em que a religião é separada do governo, e todas as religiões são iguais, todas têm liberdade. O Irã é um regime organizado de acordo com regras de uma determinada tendência religiosa. Não se justifica de forma alguma que o Brasil estabeleça com o Irã uma relação estratégica. Sou favorável à ação do presidente Lula apenas na questão da busca da paz, não em relação aos direitos humanos, nem em relação ao caráter repressivo do país ou em relação à negação do holocausto. Penso que um país como o Brasil, que não tem poder militar, nuclear, que só tem o que os teóricos chamam de soft power, que é o poder do exemplo, do prestígio, da influência, deveria ser, particularmente, modelar no apoio aos direitos humanos, a uma solução do aquecimento global no interesse de toda a humanidade, bem como no reforço às regras de desarmamento. O Brasil deveria ter uma diplomacia de conteúdo moral muito mais forte do que atualmente, em que ela é muito calculista. É muito importante que o Brasil siga princípios éticos mais exigentes de conduta.

IHU On-Line – Como os países emergentes devem se posicionar nesse cenário de crise da zona do euro e da crise financeira que, desde 2007, vem abalando o mundo?

Rubens Ricupero – O papel dos países emergentes tem sido muito bem encarnado pelo Brasil. No grupo dos 20, o Brasil tem tido uma ação admirável, porque temos procurado salientar que é importante aumentar o rigor da regulamentação dos mercados financeiros e da fiscalização, como fazemos aqui, para evitar que isso se repita; conter o poder do setor financeiro e, por outro lado, aumentar a participação de países em desenvolvimento em órgãos como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, a fim de colocar esses órgãos mais a serviço desses países mais frágeis. Principalmente, é preciso dar muita atenção ao impacto que essa crise pode ter sobre os mais vulneráveis, que são os países extremamente pobres, que dependem muito da cooperação internacional e que são os mais atingidos. É o caso de muitos países africanos, que são extraordinariamente pobres. Acho que o Brasil tem atuado bem nessa direção e tem contado com o apoio de alguns outros que também são emergentes, como a Índia, por exemplo, que tem a mesma posição. É nessa direção que devemos continuar a nos empenhar, de ter um sistema financeiro internacional mais equilibrado e que abandone aquela postura que os americanos favoreceram até um passado recente, de querer forçar todos os países a uma liberalização financeira, que acabou conduzindo a esta crise. Mas é importante impedir que essa tendência volte, uma vez que o setor financeiro tem muita influência junto às autoridades dos Estados Unidos.

Ecotrust Announces First Carbon Offset Project /// Forestry Update

May 26, 2010 (dansomers) Under the Voluntary Carbon Standard the US environmental consultancy Ecotrust has won approval for the first carbon offset project methodology in improved forest management (IFM).

Following the widening of the international REDD initiative on deforestation to include forest restoration and sustainable forest management IFM has taken on a heightened importance.

Last week Ecotrust confirmed that it will be extending the rotation age of its trees for harvest in order to increase the amount of carbon stored in its forests, which are sustainably managed for timber. This proposed project methodology passed the VCS’s double approval process for new carbon offsetting project approaches.

In simple terms the project’s aim is to increase the carbon stock in the trees’s above ground biomass, dead wood and wood products by allowing for a longer harvest cycle. For the extra carbon stored in the forest and then sold into the voluntary carbon market VCS carbon credits or voluntary carbon units are issued. The revenue from the sale of voluntary carbon credits acts as an incentive for the forest owners, who need to be compensated for the timber revenue loss from delaying harvest events.

The forest carbon programme manager at Ecotrust, Steve Dettman, told Sustainable Business Oregon that the company’s objective was to diversify the revenue options for forest owners in favour of more careful approaches to forest management. Before any project can go ahead it must receive Forestry Stewardship Council certification and a project must not lead to a decrease in total volume harvested of more than 25% over the life of the project relative to the baseline.

Download

Methodology for Improved Forest Management through Extension of Rotation Age – Approved VCS Methodology VM0003 Version 1.0

Fisheries Are A Disaster /// Planet Green

 -- Where Does Your Supermarket Rank?


By Rachel Cernansky
Thu May 27, 2010 11:04
Greenpeace helps you find out. .
We all know that the world's fisheries are a disaster—poorly managed, illegal fishing is rampant, and stocks that are not already near full depletion are declining rapidly.

If you're still buying fish, how does all this translate to what you buy at your local supermarket? Check out a supermarket scorecard from Greenpeace [PDF] for a start to answering that question. The latest version was just released last month and gives most of the big major chain supermarkets a ranking for how well they score in terms of supplying sustainably-sourced seafood.

Some stores are taking a more proactive approach and might be a little more forthcoming about their specific course of action to sourcing sustainable seafood, like Publix, a big chain in the south. The Miami Herald reports, "More than 300 seafood items sold at Publix stores will soon come under a new grading scale based on sustainability and other environmental standards." However, the story continues, "rather than boycott any suppliers in the lower categories, Publix officials said they'll apply pressure on the fishery to improve their practices. If the fishery doesn't improve over time, Publix will stop buying a given stock from them."

Abstaining from an industry that is wholesale unsustainable is probably the safest choice in terms of the environment, but if you're going to eat fish, it's worth your time to look a little more in-depth at where your own supplies come from.


HOPE SO!! CDM board can 'speed up' registrations next year /// Point Carbon

: 27 May 2010 14:15 CET Last updated: 27 May 2010 19:25 CET


The pace of CDM project registration can be doubled by 2011, according to EB member Hugh Sealy.

Measures taken by the executive board (EB) to speed up the registration process for clean development mechanism (CDM) projects are taking effect, Sealy told delegates at the Carbon Expo event in Cologne, Germany.

“We can get to 1,000-1,200 projects next year. Give us some time, we can reform and scale up the CDM from a rate of 400-500 projects a year,” said Sealy of Barbados, who sits on the executive board that administers the CDM.

But market participants said that without drastic reform, an increase of this magnitude might not be enough to convince policymakers that the mechanism should play a big role after 2012.

As possibilities for larger CDM projects dwindle, developers are turning to smaller and smaller projects, said Marc Stuart, the former chief executive of developer Ecosecurities.

Even if the EB could increase the rate of registration for new projects, the amount of certified emission reductions (CERs) that could be generated would not rise by the same extent.

According to UN data, 2,213 CDM projects have been registered, giving a potential yield of some 1.79 billion CERs by the end of the Kyoto protocol compliance period in 2012 if these projects deliver all the emissions reductions outlined in design documents.

Recent EB efforts have resulted in an uptick in registrations, with 686 projects gaining UN approval last year, compared to 431 in 2008 and 426 in 2007, according to Point Carbon data.

But in reality many projects generate much fewer credits promised in these blueprints, and longer delays in getting projects registered and issued with CERs has prompted some analysts to downgrade their forecasts for issuances of CERs by the end of 2012.

Writedowns
Both Barclays Capital and UN research unit Unep Risoe estimate that fewer than 1 billion credits will be issued by the end of 2012.

Developers are calling for changes that would enable clusters of projects to get registered and issued with credits rather than project-by-project approach currently used by the EB.

“We need to be allowed to produce projects with multiple technologies on multiple sites,” said Gareth Philips, chief climate change officer at Sindicatum, a carbon project developer.

However, the EB’s Hugh Sealy said he believes the project-by-project approach is capable of achieving a scaled-up CDM without having to design a new mechanism from scratch.

“We are working our butts off tackling the reform of the system. I find it strange that we are being seen as yesterday’s news,” he added.

Alternatives
Fellow EB member Pedro Martins Barata was more doubtful that a project-based CDM could be expanded on the scale required to meet demand for offsets.

“We are probably going to issue around 1 billion CERs by the end of 2012, but we face a possible demand of around five times that,” said Portugal’s Barata.

“I’m not going to write off the CDM, I think it can be scaled up. But to soak up all that demand we will need to work on all sorts of mechanisms at the same time,” he said.

This includes a scheme to generate carbon credits from reduced deforestation and degradation (Redd) as well as a sectoral initiative to credit other emission cuts in the developing world, Barata told delegates.
By Ben Garside – bg@pointcarbon.com
Cologne

Developed countries pledge $4bn for Redd to 2012 /// PCarbon

: 27 May 2010 19:36 CET Last updated: 27 May 2010 23:21 CET


Rich countries have pledged nearly $4 billion to support measures to halt tropical deforestation.

Heads of state and government, ministers and other leaders gathered in Norway Thursday for the Oslo Climate and Forest Conference, hosted by Prime Minister Jens Stoltenberg.

Developed countries pledged NOK 25 billion ($3.9 billion) to help poor countries implement measures to reduce deforestation and degradation (Redd) from 2010-2012.

Representatives of 50 developed and rainforest countries agreed on a framework for the fast implementation of Redd measures, which will contribute to global climate treaty negotiations.

Framework
The parties also agreed to include representatives of relevant stakeholders, such as indigenous peoples, in their partnership.

They also agreed that the UN and the World Bank will provide secretariat services.
“This could be an important step forward in the run-up to the climate negotiations in Mexico later this year,” said Prime Minister Stoltenberg at the conference.

Donors at the Redd conference expressed their willingness to scale up financing “substantially” after 2012 if sufficient reductions are achieved by the funded Redd measures, the Norwegian environment ministry said.

Environmental group Greenpeace applauded the financial pledges, but warned the money should not finance individual Redd projects that can earn carbon credits.

“Protection plans should also be country-wide because small individual projects can disrupt communities and merely push destructive industries to other parts of the forest,” said Susanne Breitkopf, Greenpeace International forest campaigner.

Indonesian moratorium

At the same Oslo conference today, Indonesian President Susilo Bambang Yudhoyono announced a two-year moratorium on issuing new logging concessions as its first step toward meeting its greenhouse gas emission reduction target of 41 per cent.
The moratorium was a condition set by Norway, who pledged to give Indonesia up to $1 billion for measures to reduce deforestation.

By Valerie Volcovici – vv@pointcarbon.com
Washington DC

Two firms launch programmatic CDM venture /// POint Carbon

:27 May 2010 22:21 CET Last updated: 27 May 2010 23:09 CET


A carbon broker and a programmatic CDM project developer have launched a new venture.

TFS Green and RAMP Carbon announced Thursday a new alliance specialising in programmatic clean development mechanism (CDM) projects.

Programmatic CDM, known also as programmes of activities, enable similar emission-reducing projects located in multiple locations to earn carbon credits under one project design document (PDD).

The clustering together of small-sized projects under one PDD has long been heralded as one way to scale up the volume of credits produced by the CDM.

The firms will collaborate at every stage of the development of a programmatic CDM (pCDM) project, from project inception to the monitisation of the credits it generates.


Pilot programme
RAMP Carbon, which was established earlier this year, is led by four pCDM experts who designed the first programme of activities to be approved by the UN.

The firm consists of former employees of Melbourne-based CoolNRG, who launched a light bulb replacement project across several Mexican cities last year.

RAMP Carbon has offices in Melbourne and Mexico City.
RAMP and TFS are currently working with partners and clients in Latin America, Africa and Asia to launch programmes of activities involving renewable energy and water and energy efficiency technologies.

They said they hope their collaboration will “accelerate the growth of Programmatic CDM globally”.

Diminished expectations
But some CDM experts have warned that programmatic CDM may not result in the flood of credits that many proponents have expected.

Roughly 40 projects are currently going through the UN’s validation process but of these only two have been registered by the executive board, including CoolNRG’s Mexican project.

The two registered programmes aim to generate a total of 1.9 million certified emission reductions (CERs) by the end of 2012.

The UN expects CDM projects to generate a total of 1.7 billion CERs by the end of 2012, but some analysts reckon the supply could be as low as 1.05 billion.

“Programmatic CDM will not be the big scale up of the CDM,” said Lex de Jong, the former CDM executive board chair, at an industry conference in March.

“For the large scale up (of CDM) we need a new approach,” he added, without suggesting what this approach should be.

“I think the programmes will never deliver such quantities as we have seen in (traditional) CDM,” added Matthias Krey, managing director of Point Carbon consultancy Perspectives, at the same conference.

By Valerie Volcovici – vv@pointcarbon.com

Washington DC

Government Officials and Climate Experts Gather in Cologne for carbon Expo 2010 /// WB/IETA/Koelmesse

"...Current market trends will be covered at plenary sessions, including the carbon market development in 2009. This is analyzed in the World Bank’s State and Trends of the Carbon Market Report and the IETA 2010 GHG Market Sentiment Survey, describing how the financial cristis hit both the supply and demand for carbon permits and offsets. Overall trade volumes increased while prices fell leading the global carbon market value in 2009 to remain at the same US$130-140 billion range seen in 2008. The economic downturn led to less offsets demanded by Annex I countries. This in addition to regulatory challenges and the lack of vision beyond 2012 contributed to a decreased demand. Both the volumes transacted and the overall value in the project-based market fell significantly for the second year in a row."

http://siteresources.worldbank.org/WBI/Resources/213798-1259011531325/6598384-1268250262287/Press_advisory_Carbon_Expo.pdf

No Brazilian carbon market soon /// Point Carbon

Brazil will not establish a domestic carbon market in the short term, an official said today.
Published: 27 May 2010


The creation of a cap-and-trade scheme in Brazil will require strong institutions and transparency, which will take time to develop, Thiago Mendes, a technical advisor at the country’s inter-ministerial commission on climate change, told the Carbon Expo conference in Cologne.

“To develop new institutions, registries and the internal bureaucracy is very complex and has to be verifiable at the international level,” he said.

“I would like to state that it is not for the short term,” he added, without specifying any particular timetable for a domestic emissions trading scheme.

On 6 May, Brazil’s O Estado de Sao Paulo newspaper reported details of a report commissioned by the finance ministry into how a carbon market could be used to target greenhouse gas emissions from the country’s power, transport, agribusiness and industrial sectors.

Mendes said that, in the short term, the UN’s clean development mechanism (CDM) will continue to be an asset for the country and could play a role in any future nationally appropriate mitigation actions (Namas).

Namas is a term coined at 2007’s Bali UN climate change conference and is written into last December’s Copenhagen accord.

It refers to voluntary actions that developing countries could take to reduce emissions under a future international climate change agreement.

Late last year, Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva signed a law that adopting the country’s international commitment to voluntarily cut domestic GHG emissions by between 36.1 and 38.9 per cent by 2020.
This reduction commitment was also part of Brazil’s submission at the start of the year to the Copenhagen accord, which also outlines potential areas for Nama activity in the country.
By Robin Lancaster – rla@pointcarbon.com
Cologne

Especialista defende engajamento de empresas e consumidores na luta contra o trabalho escravo /// Agencia Brasil - Ecodebate

Roberta Lopes

Leonardo Sakamoto é jornalista e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Empreendedor social Ashoka, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).

O coordenador da organização não governamental Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, defendeu maior engajamento das empresas e dos consumidores na luta pela erradicação do trabalho escravo. Segundo ele, hoje há mais de 200 empresas que não compram produtos de fornecedores que em algum ponto da cadeia produtiva explorem mão de obra escrava.

Ainda de acordo com Sakamoto, muitas vezes a população desconhece que consome produtos obtidos a partir de exploração do trabalho. “Claro que o número de fazendas que usam trabalho escravo é pequeno em relação ao número total de propriedades, mas é por isso que a gente acha que é possível erradicar como, por exemplo, trazer o setor privado para cada vez mais contribuir com isso”, afirmou durante o Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo

Sakamoto disse ainda que o trabalho escravo contemporâneo tem como base três aspectos: impunidade, ganância e pobreza. Contudo, ele acredita que é possível mudar essa realidade. “Tem que aumentar as condenações por trabalho escravo, aumentar as indenizações que já são milionárias, as empresas, que já vem dando o exemplo de combate ao trabalho escravo, rompendo com cadeias produtivas”, disse.

Outro ponto mencionado por Sakamoto para a redução do trabalho escravo é a reforma agrária, que teria o papel de redistribuir terras para que as pessoas não precisem migrar para outros estados em busca de trabalho. Além disso, a reforma agrária poderia garantir que os trabalhadores tenham uma produção própria ou mesmo em cooperativas, o que poderia romper com um ciclo de pobreza que leva o trabalhador a se submeter a um regime de trabalho análogo ao de escravidão.

Perguntado se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do trabalho escravo poderia contribuir para inibir a prática, Sakamoto disse que ela poderia significar uma “segunda Lei Áurea”.

“A aprovação da PEC [do Trabalho Escravo] pode ser considerada uma segunda Lei Áurea porque deixa claro para todo mundo que se quiser usar esse tipo de exploração do ser humano vai ter que contar com a possibilidade de perda da terra, com a perda do local de exploração. No Brasil a Constituição Federal é clara quando diz que toda propriedade deve ter função social ”, considerou.

O Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, ocorre no auditório da Procuradoria-Geral da República, termina hoje (27).

Reportagem de Roberta Lopes, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 27/05/2010

Congresso recebe apoio à PEC que confisca terra com trabalho escravo /// Agencia Brasil

Gilberto Costa
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), recebe hoje (26), às 13h, um abaixo-assinado em favor da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 438/2001, que prevê o confisco de terras onde houver trabalho escravo.

De acordo com a proposta já aprovada em dois turnos no Senado (2003) e em primeiro turno na Câmara dos Deputados (2004), a terra onde se verifique a atividade ilegal será expropriada, como já prevê a Constituição Federal para o caso de propriedades com plantações de psicotrópicos como a maconha.

A entrega do abaixo-assinado será durante o Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH), e pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).

O evento reunirá até quinta-feira (27) governo, empresários, organizações não governamentais e entidades internacionais para discutir, entre outros temas, por que o trabalho escravo persiste no Brasil, mesmo depois que o país tornou-se referência internacional no combate à prática. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que neste ano a fiscalização já resgatou 653 trabalhadores. No ano passado, esse número chegou 3.769.

Desde 1995, quando tiveram início as operações do grupo móvel de fiscalização do minitério, mais de 36 mil trabalhadores foram resgatados. Segundo o ministério, quatro de dez autuações são em fazendas de pecuária.

De acordo José Guerra, secretário executivo da Conatrae, há preocupação no governo e entre empresários de que o trabalho escravo possa dificultar exportações brasileiras. Ele disse que a irregularidade é verificada em poucas fazendas.


“Uma minoria que não tem respeito aos direitos humanos põe em risco o setor, que vem batendo todos os concorrentes no comércio exterior. Essa é a nossa grande questão e é por isso que chamamos todos os setores para discutir com a gente”, disse.
Para o secretário executivo da Conatrae, há possibilidade de que o Brasil seja punido em fóruns internacionais por dumping social, como é chamada a prática reincidente de obter vantagem comercial oferecendo um produto mais barato por causa da exploração da força de trabalho mal remunerada e sob condições desumanas.

José Guerra explicou que o trabalhador explorado em condições análogas à escravidão é um homem em plena atividade física, entre 18 e 44 anos e com baixa escolaridade.

O ministério relaciona dez setores nos quais se adota esse tipo de prática. Os principais são a pecuária, com 38,4% dos estabelecimento autuados, a produção de lavouras temporárias (17%); e silvicultura, exploração florestal e serviços relacionados (10,8%).

Edição: Tereza Barbosa

Geógrafa defende conhecimento do potencial da floresta para crescimento do país /// Agência Brasil

Lisiane Wandscheer

Brasília - Uma economia baseada no conhecimento sobre a natureza e na utilização, sem destruição, do meio ambiente foi defendida hoje (26) durante a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia pela geógrafa e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Bertha Becker.

Para a geógrafa, o Brasil tem um potencial de natureza imenso, mas não sabe aproveitá-lo a exemplo do que sempre foi feito na Amazônia.

“É fundamental que a ciência, a tecnologia e a inovação ajudem a revigorar os conhecimentos tradicionais da Região Amazônica. A economia da floresta por si é diversificada, tem extrativismo de plantas, de pesca e remédios essenciais para a saúde pública”, cita.

A geógrafa salienta que para haver a potencialização da economia da natureza é preciso aplicação de grandes investimentos, mobilização dos cientistas e empresários e políticas públicas com um planejamento integrado que respeitem a diversidade.

“Estas políticas públicas precisam estar articuladas. Hoje temos o Plano Amazônia Sustentável e ao mesmo tempo o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] que nada tem a ver com sustentabilidade e prevê hidrelétricas e transporte. Precisamos de energia e transporte sim, mas com um planejamento integrado”, destaca.

Bertha alerta também para os riscos de se financiar apenas a preservação e prejudicar o futuro econômico e ambiental do país. “O financiamento deve ser feito para o aproveitamento da natureza sem a destruição do seu potencial natural. Se financiarmos para manter preservado estaremos perdendo a chance de desenvolver, gerar empregos e riqueza para o país”, destaca.



No início da manhã, o ministro de Ciência e Tecnologia e secretário geral da conferência, Sérgio Rezende, fez a abertura das atividades e destacou que o grande desafio do país é fazer com que a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação entrem definitivamente na agenda empresarial.

“O Brasil, só a partir da Lei 11.196, da Inovação Tecnológica, regulamentada em 2005, pode subvencionar a pesquisa nas empresas. Na medida que os resultados aparecem as empresas percebem que também é possível no Brasil fazer com que a inovação melhore o rendimento e a competitividade delas”, afirma.

Edição: Lílian Beraldo

Fundação SOS Mata Atlântica e Inpe divulgam dados sobre desmatamento no bioma /// Agencia Brasil

Da Agência Brasil
Brasília - A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentam hoje (26), às 11h, os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A apresentação será em uma entrevista coletiva pela internet.

Será usada uma sala de reuniões virtual, que permite a participantes de todo o país receberem a informação ao mesmo tempo, além de diminuir as emissões de gás carbônico. A sala estará aberta para o credenciamento a partir de 10h. Os interessados em participar precisam de um computador equipado com caixas de áudio e com acesso à internet.

A diretora de Gestão de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica e uma das coordenadoras do atlas, Marcia Hirota, o coordenador técnico do Atlas pelo Inpe, Flávio Jorge Ponzoni, e o diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, farão a apresentação e os comentários da situação atual do desmatamento e os novos índices do período de 2008 a 2010 em dez estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Os dados sobre os estados do Nordeste serão divulgados no final do ano, junto com os dados globais do bioma. Para participar, basta acessar o endereço da sala na internet , preencher os campos para credenciamento (nome, veículo, e-mail e telefone) e o link será imediatamente enviado para o e-mail cadastrado.

Edição: Tereza Barbosa

Os empreendimentos sustentáveis /// DCI



Heloísa Bomfim

A sustentabilidade tem de estar presente no dia a dia, com práticas ambientais e uma operação sustentável

Cada vez mais, a sustentabilidade e a preocupação ambiental exigem novos esforços de empreendimentos comerciais. A principal certificação ambiental, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), tem a intenção de garantir mecanismos de construção ou adaptação de edifícios para a obtenção do certificado de green building. Porém, mais que construir ou adaptar as construções para reduzir o impacto ambiental, a sustentabilidade tem de estar presente no dia a dia, com práticas ambientais e uma operação sustentável. E para atingir e garantir que os empreendimentos mantenham ações sustentáveis, é preciso disseminar as certificações direcionadas para a operação e manutenção dos edifícios.

As certificações mais conhecidas diferem-se com relação à construção dos empreendimentos. Para os edifícios novos, temos dois tipos de certificação principais: o LEED NC e o LEED CS. Para as construções já existentes, uma das principais variações é a certificação LEED EB_OM.

Neste caso, o objetivo é certificar como sustentáveis a operação e a manutenção de edifícios, auxiliando na operação e na manutenção. A finalidade é garantir que esses edifícios alcancem alto desempenho, sejam saudáveis, duráveis, economicamente viáveis e ambientalmente conscientes. O EB_OM pode ser aplicado tanto para prédios existentes como nos previamente certificados.


Assim como na construção de prédios novos, a certificação EB_OM também inclui uma série de categorias e pontuações, que podem garantir diferentes níveis de certificados. Os itens avaliados mantêm o padrão das certificações LEED. Assim, são avaliadas as categorias espaço sustentável; energia e atmosfera; materiais e recursos; qualidade ambiental interna; inovação e processo.

No primeiro item, podemos citar ações que ajudam na contabilização de pontos. A primeira é a elaboração de um plano de gerenciamento de baixo impacto para áreas externas, que auxilie na preservação da integridade ecológica. Conservar áreas verdes, mantendo vegetações nativas e que necessitem de pouca água, e limitar o impacto na hidrologia, com a redução de áreas impermeáveis, criação de telhados verdes e mecanismos para a captação de água da chuva para reúso são algumas ações que demonstram a preocupação com uma operação verde do espaço. Também ganham pontos ações de incentivo ao uso de combustíveis renováveis, utilização de transporte coletivo, bicicletas e o uso de veículos que utilizam combustíveis menos poluentes, como o álcool.

Já no que se refere à energia e atmosfera, para obter bons pontos na certificação é preciso rastrear e gerir o consumo de energia de forma a identificar potencial de economia de consumo, seja na manutenção ou na operação do edifício. Economia de consumo não é só em economia financeira ou melhores tarifas. Estamos falando principalmente da quantidade de energia utilizada. Desta forma, implantar retrofits, modernizando equipamentos de baixa eficiência energética, instalar medidores em equipamentos de grande consumo e trocar equipamentos que utilizem combustíveis poluentes ou gases que agridam a camada de ozônio, são algumas medidas que podem garantir avaliações positivas.

Ainda com relação à energia e atmosfera, é preciso garantir boa manutenção técnica dos equipamentos. Criar planos de comissionamento contínuo para os equipamentos dos sistemas prediais é uma solução bem avaliada. Neste quesito, há também o monitoramento do sistema de iluminação, climatização, ventilação e grandes sistemas. Manter softwares de manutenção e controle e desenvolver um plano de medição da energia consumida são algumas medidas que ajudam a manter a operação sustentável. Outros destaques são a utilização e preferência dos empreendimentos por energia limpa ou renovável.

No que se refere à terceira categoria, é avaliada toda a política de compras do condomínio, que deve incluir produtos sustentáveis e estabelecer uma política de preferência quando economicamente viável. Compra de materiais de rápida renovação, produtos com madeira reciclada, baterias recarregáveis, menor utilização de lâmpadas de vapor de mercúrio, além de um programa de redução de lixo e reciclagem, mostram a preocupação do empreendimento em se manter e operar de forma sustentável.

A quarta categoria da certificação tem o objetivo de avaliar como o ambiente interno impacta na saúde e no bem estar das pessoas que ocupam o prédio. Algumas ações são recomendadas. Entre elas, a manutenção de níveis mínimos da qualidade do ar interno, manutenção do sistema de ventilação e climatização; controle de sujidade, além de planos de gerenciamento integrado de pestes. Práticas para notificar os ocupantes sobre a aplicação de pesticidas, prevenir e minimizar a exposição à fumaça de cigarro e medidas que aumentam a ventilação natural também contribuem neste processo. Uma forma de verificar a qualidade do ambiente interno é fazer pesquisas de satisfação com os usuários, que permite conhecer a opinião de todos em relação ao conforto térmico, ao acústico, à qualidade do ar, iluminação, limpeza etc.

A certificação também busca incentivar a inovação e os processos. Quanto mais soluções técnicas e de baixo custo forem implementadas para garantir a manutenção e a operação sustentável, melhor será a avaliação nesta categoria. É fato que a construção, assim como a operação e a manutenção de prédios sustentáveis, aumenta o custo. Mas o valor de locação por metro quadrado também tende a aumentar, assim como o valor de venda. Para os usuários, a queda de 15% a 30% no valor mensal do condomínio, além do aumento de produtividade dos usuários, em função do maior conforto e bem-estar dos ambientes internos, é um atrativo.

Os benefícios do investimento em uma operação verde englobam toda a cadeia. Ganha o investidor, com um empreendimento valorizado, os usuários, com menores custos fixos e o reforço da consciência sustentável, e o meio ambiente, com operação menos poluente e mais inteligente.

Informação & Conhecimento