Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Novos padrões da agricultura sustentável são debatidos durante conferência /// ABN News

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] - O diretor executivo da Embrapa, Kepler Euclides Filho, defendeu no painel Novos Padrões de Agricultura Sustentável da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), realizada na última semana em Brasília, que a agricultura deve responder as demandas de uma sociedade que vive a onda da informação, com consumidores em transformação e vestidos de um bom nível de educação, informação e renda.

Além desses fatores, ele explica, que há a preocupação crescente do consumo de alimentos seguros, além da percepção de produtos considerados “corretos e incorretos”, por parte dos consumidores. Em sua análise, ele contou que também preocupa os impactos da produção agrícola sobre o meio ambiente, assim como a existência de uma tendência atual a uma alimentação rápida e de qualidade, com experiência sensorial e sem culpa, o famoso “prazer sem culpa”.

Euclides Filho disse que “mesmo que tenhamos a sensação de que estamos vivendo uma agricultura sustentável moderna, certamente muito será exigido para atender aos anseios de uma sociedade que se transforma de forma bastante veloz”. Ele acredita que nessa transformação a sociedade se informa e, com a informação, ela cria demandas cada vez maiores para todos os seus segmentos. “E isso não será diferente para as questões agrícolas. Queremos contribuir para o desenvolvimento fundamentado em conhecimento e tecnologia de agricultura”, observou.

Para ele, a nova agricultura, que começou a ser praticada, exigirá o esforço integrado da ciência e da tecnologia, com habilidade na construção de redes, capacidade de promover a inovação e a cooperação com o público, o setor privado, universidades e empresas. “Hoje, a sociedade informada demanda uma agricultura com papel ampliado, com qualidade alimentar assegurada”, destacou. O diretor comenta que, inclusive, há uma tendência da importância étnica, uma nova onda de alimentos regionais e o crescimento de restaurantes com comidas típicas das regiões do País. “O bem estar animal, a sustentabilidade, a acessibilidade e portabilidade são fatores que influenciam na nova visão da agricultura moderna que mantêm bem cuidadas a fauna, a flora, além dos serviços ambientais”, finalizou.

Para Alyson Paolinelli da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o Brasil, como País tropical, é um dos locais que mais tem evoluído em termos de agricultura sustentável. Ele contou que o Brasil, a cerca de 40 anos, tinha pouco conhecimento de manejo de recursos tropicais, e que não existia conhecimento e tecnologia de produção neste tipo de clima. “Houve uma revolução no ensino das ciências agrárias, iniciada com a reforma universitária na década de 60. Eram 12 escolas de agronomia e nove de veterinária. O País aprendeu a fazer a primeira agricultura tropical do globo capaz de competir e de participar de mercados internacionais”, contou.

Paolinelli disse ter convicção de que o País está inovando com o plantio direto, a integração da lavoura e da pecuária e das florestas, a fixação de carbono, entre outros fatores. “Tudo isso nos anima dizer que estamos no caminho certo. Estamos dentro de novos conceitos, de sistemas produtivos que vão nos dar a garantia de que os instrumentos que nós usamos, dos recursos naturais que dispomos são eles hoje perfeitamente manuseados, trabalhados, preservados e melhorados para quem queira produzir”, ressaltou.

Clemente Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), destacou que o governo atual está ampliando para mais de 240 novas escolas técnicas distribuídas por todo território nacional. Conforme ele, é necessário que essas escolas tenham uma vocação orientada para o investimento na agricultura e para um processo de qualificação e formação de trabalhadores, principalmente em termos de desenvolvimento de tecnologia aplicada neste segmento econômico da agricultura. “Significa um desafio fundamental. Se queremos ter a agricultura no centro dinâmico da nossa economia, provavelmente esta conferência fará. È necessário um investimento em educação básica e técnica, fator central e prioritário que deve ser entendido com atenção para reparação do segmento”, comentou.

A estratégia de investimento em ciência, tecnologia e inovação, conforme Lúcio, precisa ser desenvolvida no sentido de recuperação da relação entre o homem e a natureza. Uma orientação ética que, segundo ele, considera que o homem é capaz de produzir com a natureza. “Precisamos fortalecer os mecanismos que o Estado tem de oferta de assistência, crédito e transporte. São elementos essenciais para a viabilidade econômica da produção. Fatores esses que agregam valor a produção e fazem com que este processo signifique incremento de renda no território”, finalizou. O coordenador do painel foi Daniel Maia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

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