Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

PV defende revolução econômica /// JCNET- Bauru

O verde Ricardo Young busca uma das duas vagas do Estado no Senado com propostas de desenvolvimento sustentável
Ricardo Santana

O pré-candidato ao Senado pelo Partido Verde (PV) Ricardo Young, que ontem esteve em Bauru, defende uma revolução econômica do Brasil, partindo da premissa do desenvolvimento sustentável. Ou seja, mudar a maneira de produzir e a forma de distribuição da população no território brasileiro.

O pré-candidato a senador ressalta que o Brasil vive uma janela de oportunidades configurada por uma demanda mundial pela economia sustentável e consciência da limitação dos recursos ambientais, ainda abundantes no Brasil. Neste quadro, Young frisa que é a oportunidade que o País tem de trilhar um outro caminho de desenvolvimento e sanar seus principais entraves, que entende serem a péssima qualidade de educação e uma pobreza quase endêmica.

Ele sugere que o PV reúne os melhores quadros políticos para essa revolução. Young tem 53 anos e presidiu o Instituto Ethos, entidade da sociedade civil que promove o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservação do recursos ambientais e culturais e promove a redução das desigualdades sociais.

Ontem, ele esteve em Bauru para o encontro do PV em que Clodoaldo Gazzetta oficializou sua pré-candidatura a uma vaga na Assembleia Legislativa. O presidente do diretório municipal do PV Raul Gonçalves de Paula praticamente definiu sua pré-candidatura a deputado federal. O encontro foi na Câmara Municipal de Bauru e contou com verdes de diversas partes do Estado.

Prestigiaram o encontro o prefeito de Bauru Rodrigo Agostinho (PMDB), o deputado estadual do PV Chico Sardelli e Edna Martins, pré-candidata a deputada federal do partido por Araraquara. O deputado federal José Paulo Tóffano não esteve presente. O pré-candidato a vice-governador de São Paulo Rogério Menezes também participou da reunião. Também marcou presença o pré-candidato a deputado federal Luciano Zica, um dos coordenadores da campanha da pré-candidata à presidência da República Marina Silva.

O encontro foi coordenado pelo presidente estadual do PV em São Paulo Maurício Brusadin e contou ainda com representantes da militância do partido. No próximo final de semana, em Campinas, os pré-candidatos verdes voltam a se encontrar para fechar as candidaturas.

Jornal da Cidade - Como empresário, o senhor defende a reforma agrária pelo viés da sustentabilidade. Que modelo o senhor projeta nessa perspectiva de revolução campo-cidade?

Ricardo Young - Temos 100% da nossa população morando em 2,7% do território brasileiro. Então temos um vasto território que está ocupado ou pelo agronegócio extensivo ou por uma pecuária absolutamente ineficiente ou por uma riqueza de biodiversidade que não está sendo explorada economicamente de forma sustentável. Uma das formas de avançar no desenvolvimento sustentável é criar o êxodo urbano. É criar condições de vida no campo para as populações que hoje estão nas periferias das cidades. Elas não estão sendo atendidas pelas cidades. Oneram os serviços públicos das cidades. A concentração urbana é uma lógica industrial e não é uma lógica do desenvolvimento sustentável. A lógica do sistema sustentável é um reequilíbrio da mancha populacional com os recursos ambientais e as tecnologias de ponta em processos de produção em rede. Cada vez mais nós temos que organizar processos industriais não pela concentração, mas pela possibilidade do uso da tecnologia para a distribuição dos processos produtivos em rede. Experiências na China extremamente bem-sucedidas têm mostrado que isso é possível.


JC - O senhor diz que PT e PSDB viraram arremedos de “PT e PSDB” porque se jogaram na disputa pelo poder. No entanto, o PV se descola de um discurso de confronto de ideia para a disputa do voto com uma chapa majoritária. Não é incoerência ou o PV com Marina Silva e o senhor quer apenas polarizar contra Dilma Rousseff-José Serra?

Ricardo Young -A proposta da Marina e do PV é a regeneração da boa política, que foi destruída pela polarização. Ela reafirma sempre a necessidade de fazer um governo de coalizão com o melhor das lideranças da sociedade civil e dos partidos políticos. O que a gente vê em relação ao PT é que a sindicalização progressiva e o aparelhamento do Estado fizeram com que muitas lideranças da sociedade civil, da intelectualidade, da universidade, dos meios culturais, começassem a se afastar do PT. E estão apoiando o PV, como é o caso de Gilberto Gil (ex-ministro da Cultura de Lula) e a Adriana Calcanhoto. O PV é um caminho para que se faça política das grandes causas da sustentabilidade com o que há de melhor na sociedade política, sociedade civil organizada e setor empresarial.

JC - É uma estratégia do PV mostrar que a candidata de Lula e o candidato do PSDB representam a “mesmice”, como as lideranças verdes discursam?

Young - Não é a Marina Silva, o Ricardo Young e o Fábio Feldmann que vão dizer se Dilma ou se Serra são a mesmice. O próprio esgotamento do ciclo político do PT e do ciclo político do PSDB vão demonstrar essa mesmice. Não temos que nos preocupar em apontar isso porque vai ficar evidente na medida em que o debate for se aprofundando.

JC - Como que o PV pretende ter governabilidade caso Marina Silva seja eleita presidente em um país continental, portanto de realidades tão diversas e muito mais divergências regionais do que convergências?

Young - Há um equívoco na democracia contemporânea de que, para se garantir governabilidade, precisa rebaixar a qualidade das propostas políticas. A governabilidade do governo Marina pressupõe partidos políticos e não só. Um dos grandes erros do governo Fernando Henrique Cardoso e depois do Lula, principalmente depois do Mensalão, foi acreditar que era possível governar apenas com maioria no Congresso. A maioria do Congresso, às vezes, exclui o interesse da população como um todo. Daí porque não tivemos a reforma política, a tributária. Se o Lula tivesse conseguido construir uma governabilidade com a sociedade de um lado - e tinha o Conselho de Desenvolvimento Social, do qual participei -, era possível conseguir esse consenso para se passar as grandes reformas. E ao mesmo tempo equilibrasse as coligações políticas, muitas das reformas estruturais teriam passado.


JC - O senhor falou em um tom crítico ao definir que o Brasil precisa erradicar a pobreza e não mitigar. Que alternativa concreta o PV apresenta aos modelos como Bolsa Família e os implementados na era FHC para as famílias em situação de risco socioeconômico?

Young - A pré-candidata Marina coloca isso muito bem. Nós tivemos a primeira roda, que foi a assistencialista e que foi o fornecimento de cestas básicas para a população. Depois tivemos uma segunda volta desta roda, que foi o Bolsa Família. O próximo estágio é manter essa política e somar a essa política oportunidades de inserção no mercado de trabalho e de qualificação técnica e redistribuição de atividades e oportunidades econômicas de acordo com as demandas e as vocações de cada uma dessas comunidades. Creio que ainda terá uma quarta roda, que é uma reorganização das economias regionais, a partir das demandas sociais, de um lado, e das vocações locais de outro, que, provavelmente, não irá acontecer nos próximos quatro anos.

JC - Como o senhor avalia as chances na disputa estadual em que o ex-deputado Fábio Feldmann briga contra seu ex-partido, o PSDB?

Young - Temos que entender que a briga do Fábio com o PSDB não é uma briga, exatamente. Mas é um cansaço. Porque o PSDB esteve no governo do Estado durante décadas e fez muito pouco. E podia ter transformado este Estado não só em um exemplo de Estado na Federação, como poderia ter implementado muitas das demandas que o Partido Verde hoje coloca, do desenvolvimento sustentável, e não fez. Inclusive demandas óbvias, como melhoria dos serviços de transporte público, o saneamento do rio Tietê e de outras bacias. E uma revolução na educação, porque São Paulo tem recursos muito grandes e nosso desempenho educacional é pífio. O Fábio cansou de continuar em um partido (PSDB) que fala, fala, fala, fala e não entrega. Então o principal mérito da pré-candidatura do Fábio é a possibilidade dele dizer para o eleitor onde o eleitor não deve votar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento