Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Seminário Técnico vai discutir REDD em Mato Grosso /// O Documento

Cuiabá / Várzea Grande, 30/04/2010 - 16:02. Da Redação
O Grupo de Trabalho de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de Mato Grosso, com apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto Centro de Vida (ICV) e The Nature Conservance (TNC) realizam nos dias 5 e 6 de maio, Seminário Técnico sobre REDD Estadual na Amazônia.

“O seminário tem por objetivo colher subsídios para a construção do marco legal de REED de Mato Grosso, no âmbito do Programa Estadual e da Política de Mudanças Climáticas”, explicou o coordenador do Fórum de Mudanças Climáticas do Estado de Mato Grosso, Mauricio Philip.

Além de integrantes do grupo de trabalho do REDD-MT participam do seminário membros do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de Mato Grosso.

REDD – As florestas, consideradas fundamentais para a manutenção da estabilidade no clima e de grande parte da biodiversidade planetária, se bem protegidas, representam um importante caminho para o equilíbrio.

Nesse sentido, uma série de mecanismos, que podem contribuir para estabilizar os níveis de emissão, por meio da manutenção da floresta em pé, estão sendo discutidos em vários países. Um desses mecanismos é o REDD (Reduce Emissions for Deforestation and Degradation), ou Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação. A ideia, segundo os especialistas, é criar valores econômicos para a floresta em pé, ou para o desmatamento evitado.

Assim, um poluidor (País ou empresa), poderá compensar suas emissões comprando créditos de quem ainda tem o que conservar ou, se um dono de floresta mantiver sua mata em pé será compensado financeiramente.

No entender de vários especialistas, diferentemente do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, que não inclui as florestas naturais remanescentes, o REDD vai além, propondo compensações financeiras aos proprietários de matas naturais, podendo vir a ser uma alternativa rentável para reduzir o desmatamento, evitar queimadas e, ao mesmo tempo em que assegura os serviços ambientais que elas (as florestas) oferecem.

Importar biocombustíveis pode ser mais sustentável para países desenvolvidos /// UNICA

Conclusão surgiu de um estudo feito por pesquisadores da Holanda 30/04/2010 - 10:08
UNICA
Importar biocombustíveis de países como o Brasil pode ser mais sustentável e econômico para nações do Hemisfério Norte do que investir na melhoria de uma produção própria. É o que aponta um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Wageningen, da Holanda, que será divulgado na próxima edição da revista científica “Biomass and Bioenergy”. O artigo conclui que os biocombustíveis produzidos em regiões de clima tropical são atualmente os mais sustentáveis.

“A sustentabilidade dos bicombustíveis produzidos no hemisfério norte poderia ser melhorada. Contudo, isso não é necessariamente desejável já que pode ser mais sustentável e econômico para esses países importarem biocombustível do Brasil ou do sudeste da Ásia, onde os custos com transporte, de emissões de gases de efeito estufa e a necessidade de energia são geralmente menores,” afirma o trabalho.

O estudo, cujo título é “Resource use efficiency and environmental performance of nine major biofuel crops, processed by first-generation conversion techniques” (“Eficiência na utilização de recursos e desempenho ambiental das nove principais matérias-primas de biocombustíveis processadas por técnicas de conversão de primeira geração”, em tradução livre), compara a eficiência na utilização de recursos naturais e o desempenho ambiental de nove biocombustíveis de primeira geração - etanol de milho, trigo, mandioca, sorgo doce, cana-de-açúcar, beterraba e biodiesel de óleo de palma, canola e soja.

Para a assessora sênior do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para assuntos internacionais, Géraldine Kutas, este tipo de trabalho comparativo é fundamental para mostrar as vantagens ambientais do etanol de cana-de-açúcar. “A pesquisa holandesa confirma a sustentabilidade do etanol brasileiro, focando principalmente nas boas práticas agrícolas do setor que permitem um manejo sustentável das plantações e uma maior redução de gases de efeito estufa em comparação a outros biocombustíveis.”


Desempenho
A pesquisa utiliza como base para comparação indicadores de sustentabilidade que focam na qualidade do solo, produção de energia e emissão de gases de efeito estufa. Os biocombustíveis produzidos de óleo de palma (localizados no sudeste da Ásia), cana-de-açúcar (do Brasil) e sorgo doce (da China) foram considerados os mais sustentáveis, pois estas matérias-primas fazem uso mais eficiente da terra, água, nitrogênio e outros recursos naturais e de energia, além do uso de pesticida ser baixo.

“Considerando-se que os cálculos não levaram em conta as emissões ligadas a Efeitos Indiretos do Uso da Terra (Indirect Land Use Changes – ILUC), as emissões de gases de efeito estufa destes três biocombustíveis são amplamente reduzidas em comparação aos combustíveis fósseis,” salienta o artigo.

O milho (utilizado nos EUA) e o trigo (do noroeste da Europa), também usados como matéria-prima para a produção de etanol, tiveram fraco desempenho em quase todos os indicadores. Isto porque não conseguem alcançar seu objetivo primordial, que é a redução do uso de energia fóssil e das emissões de gases de efeito estufa. A beterraba (noroeste da Europa), mandioca (Tailândia), canola (noroeste da Europa) e a soja (Estados Unidos) apresentaram desempenho médio.

Biodiesel de soja tem problemas socioambientais, avalia relatório /// Eco Agencia / Envolverde

Segundo documento da ONG Repórter Brasil sobre impactos da soja na safra 2009/2010, critérios de sustentabilidade enfrentam resistência dos produtores.

Divulgação Envolverde
Por Verena Glass - Repórter Brasil

A ONG Repórter Brasil acaba de lançar o relatório Os impactos da soja na safra 2009/10, produzido pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA). O documento analisa aspectos da produção da cultura em regiões onde está consolidada, como o Mato Grosso, e onde acaba de despontar, como o Oeste baiano. Também avalia a relação de usinas de biodiesel com a cadeia produtiva do grão, e as tendências dos critérios de sustentabilidade, apontando alguns dos problemas que ain da são latentes no setor.

Focando parte do estudo no Mato Grosso, maior produtor de soja do país e que tem 11 usinas de biodiesel em funcionamento, o CMA apurou que o grão adquirido para produção do agrorcombustível provém, em parte, de áreas com problemas ambientais (grandes fazendas constantes da lista de embargos do Ibama e assentamentos embargados pelo órgão por crime de desmatamento) e fundiários. Também aponta irregularidades no cumprimento das normas do Selo Combustível Social.

A situação também é crítica no Oeste da Bahia, onde o cultivo da soja encontra-se em franco crescimento e já apresenta problemas relativos aos direitos trabalhistas e à legislação ambiental. Dos dez municípios que mais plantam soja no estado, seis são campeões de desmatamento do cerrado entre 2002 e 2008, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente sendo Formosa do Rio Preto, São Desidério, Correntina, Jaborandi, Barreiras, Riachão das Neves.

Em relação ao respeito aos direitos trabalhistas, a região apresentou, entre 2003 e 2009, 43 casos de propriedades flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Por fim, o documento avalia as várias tentativas de acordos sobre critérios de sustentabilidade para a soja, apontando que, apesar dos esforços de espaços como as Mesas Redondas da Soja e do Biocombustível Sustentáveis, e da Moratória da Soja, o setor empresarial tem se afastado das discussões. Vários critérios, como a paralisação do plantio de soja em áreas desmatadas na Amazônia, têm sido descumpridos


Leia o relatório na integra aqui

Situação de Portugal e Espanha não é a mesma da Grécia /// AFP

BERLIM, Alemanha — O governo alemão acredita que a situação da Espanha e de Portugal, também pressionados pelos mercados financeiros por causa de seu volumoso déficit fiscal, não pode ser comparado com a da Grécia, nem é fonte de preocupação, afirmou nesta quarta-feira uma porta-voz do ministério das Finanças alemão.
"A situação não é comparável", declarou a fonte à imprensa, quando indagado se o governo alemão acha que Portugal e Espanha precisarão de um plano de ajuda como o da Grécia.

"A situaça na Espanha e em Portugal não é fonte de preocupação", enfatizou o porta-voz.
Copyright © 2010 AFP


Contágio na Europa /// BBC

Rogério Simões 2010-04-28, 18:15

A palavra do momento aqui na Europa é "contágio". O termo, se utilizado na área da economia, foi nas últimas décadas associado às regiões menos estáveis do mundo, Ásia, África e América Latina. A crise do petróleo contagiou os latino-americanos nos anos 70 e causou a crise da dívida brasileira dos 80. A crise asiática de 1997 contagiou todo o mundo em desenvolvimento. A crise russa do ano seguinte agravou a situação, contagiando os países emergentes, num processo que anos depois acabou praticamente quebrando a Argentina. Era crise que não parava mais, com um contágio atrás do outro. Mas agora temos uma novidade: o contágio europeu.

O estado da economia europeia, que depois da crise financeira de 2008/09 continou na UTI, agravou-se com os crescentes sinais de que os problemas da Grécia eram mais graves do que se pensava. Agora sabe-se que o país precisa de uma ajuda realmente de peso dos seus parceiros da zona do euro (leia-se Alemanha e França). Claro, fazia tempo que a crise na Grécia era séria, mas na terça-feira entrou em campo um dos mais temidos personagens de qualquer crise econômica: a agência de avaliação de risco. A Standard & Poor's, dos Estados Unidos, divulgou que passava a considerar a dívida grega como de alto risco (caiu de BB+ para BBB-). Ou seja, quem é credor dos gregos pode se acostumar, segundo a agência, com a possibilidade de não receber seu dinheiro de volta. Quando isso acontece, é normal que todos comecem a olhar em volta para ver se o problema grego não se espalhou para outros países.

Antes mesmo da especulação sobre outras nações em apuros, a Standard rebaixou a dívida também de Portugal, que está num nível significamente melhor do que a grega, para A-. A mesma agência foi além nesta quarta-feira, reduzindo o status da dívida da Espanha, de AA+ para AA. As bolsas europeias tiveram um dia terrível na terça e voltaram a operar no vermelho nesta quarta. O contágio europeu continua e pode ser maior. O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, alertou que a crise grega pode se espalhar por toda a Europa.

Aqui na Grã-Bretanha, apesar de a moeda ser diferente, o medo do contágio é real. A libra segue desvalorizada, diante dos problemas econômicos do país, que tem hoje um déficit recorde no período pós-Segunda Guerra. Muitos aqui já se perguntam se os britânicos terão o mesmo destino dos gregos. A resposta poderá vir em breve, já que na próxima quinta o país escolhe um novo governo. Os economistas já avisam: qualquer que seja o vencedor terá de reduzir drasticamente o déficit para fugir desse contágio europeu, o que significa corte de gastos públicos e aumento de impostos. Exatamente o mesmo que manifestantes nas ruas de Atenas vêm, há meses, tentando evitar. Se o remédio amargo tiver de ser dado, protestos semelhantes podem até aparecer nas ruas de Londres. E, mesmo assim, como em toda epidemia, a proteção do contágio não estará garantida.

Como a preocupação ecológica está mudando a forma de estar no mundo /// IEA/USP

SUSTENTABILIDADE




SANDRINE LAGE é jornalista, mestre em sustentabilidade pela Escola de Ciências Aplicadas da Universidade de Cranfield, Reino Unido. É autora do livro "Sustentabilidade na Mídia: o Poder de (In)Formar" (2009). Escreve com regularidade para publicações portuguesas e brasileiras. Fundou a Sperantia, em Portugal, empresa que busca divulgar as melhores práticas promotoras da sustentabilidade.

Defender o meio ambiente deixou de ser, se é que um dia foi, uma preocupação apenas com a preservação da natureza. Torna-se cada vez mais uma ética, um estilo de vida, e está metamorfoseando as relações de cada indivíduo com as pessoas próximas, com a política, com a sociedade.

A jornalista Sandrine Lage, especialista em sustentabilidade, tratará dessa transformação na conferência "A Importância da Preocupação Ecológica para uma Transmutação na Forma de Estar no Mudo", no dia 4 de maio, às 14h, no IEA. O evento será coordenado por Renato Janine Ribeiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e conselheiro do IEA.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS
Alguns estudos de caso, como o realizado por Lage sobre o jornal inglês "The Guardian", permitirão desenvolver a forma pela qual a ecologia se mostra tão fecunda na construção de um novo mundo. Essa mudança não se traduz apenas no surgimento de conteúdos sobre o meio ambiente, mas também na adoção de práticas sustentáveis na própria indústria, com o seqüestro do carbono produzido pelas máquinas e outras iniciativas.

A discussão sobre esse papel da preocupação ecológica não é possível sem uma abordagem fortemente interdisciplinar. A questão ambiental impregnou todas as esferas da vida e isso exige que se pense de maneira completamente inovadora, adotando uma abordagem que rompa com o pensamento dominante até o momento.
LOCAL: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Rua da Reitoria (antiga Travessa J), 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo (mapa).

WEB: transmissão ao vivo em www.iea.usp.br/aovivo.

INFORMAÇÕES: com Inês Iwashita (ineshita@usp.br), tel. (11) 3091-1685.

NAO HAVERÁ INSCRIÇAO PRÉVIA

MST propõe aliança com a cidade por agricultura sustentável /// Agencia Brasil

29/04/2010

Fonte: Agência Brasil
Há cerca de 30 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou a se organizar nacionalmente com um propósito: promover a reforma agrária no Brasil. Os anos passaram, o movimento se consolidou, milhares de militantes foram assentados, e o foco de atenção do MST se ampliou.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, João Pedro Stédile, um dos líderes nacionais do movimento, afirmou que é hora de os sem-terra lutarem por um agricultura mais fraterna e sustentável. Segundo ele, os militantes devem agora buscar diferentes alianças, principalmente com a população da cidade, para alcançar dois novos objetivos: a redução do uso de agrotóxicos nas lavouras e o fim do domínio de empresas multinacionais sobre a agricultura nacional.

“O MST percebeu que não basta você ser contra o latifúndio e a favor da distribuição de terra. Você tem que lutar também pela mudança do modelo agrícola.”

Stédile disse que, atualmente, três ou quatro empresas de atuação global dominam o mercado nacional de sementes, insumos e fertilizantes. “Isso subordinou a agricultura brasileira. Elas controlam o mercado mundial, controlam os preço e impõem o que querem à nossa agricultura.”

Ele disse também que poucas companhias incentivam os produtores rurais brasileiros a ser os que mais consomem agrotóxicos no mundo. São 720 milhões de litros por ano. “É impossível que isso tenha futuro. Os venenos destroem a fertilidade do solo, contaminam a água, ou então ficam nos alimentos que vão para o nosso estômago.”

Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Stédile à Agência Brasil:

Agência Brasil: O MST espera conseguir o apoio de outros setores da sociedade com essa nova política de atuação contra os agrotóxicos e multinacionais?

João Pedro Stédile: Nós temos certeza de que a imensa maioria da sociedade brasileira também defende este programa. Já, agora, em movimentos pontuais, nós atuamos com o Greenpeace, com o movimento ambientalista e com os setores de defesa do consumidor. O próprio Idec [Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor] tem nos apoiado na questão dos agrotóxicos.

ABr: Essa nova política pode ajudar a mudar a imagem negativa do MST com alguns segmentos?

Stédile: A ampla maioria da sociedade brasileira nos apoia. Se o MST não tivesse apoio já teria sido destruído. Agora, queremos dar um passo a mais. Temos que nos aliar ao povo da cidade. Veja a situação dos agrotóxicos: quem come os produtos cheios de venenos? O povo pobre da cidade. Então, quando nós vamos resolver isso? Quando as massas da cidade tomarem consciência desse problema e resolverem se mobilizar.

ABr: A mudança de foco de atenção significa a redução das ocupações de terra?

Stédile: A ocupação faz parte da história da humanidade. Sempre que um território é apropriado apenas por uns poucos e nesse mesmo território convivem milhares de pessoas sem acesso à terra, é evidente que haverá ocupação. A política do MST é de organizar os pobres para que lutem por seus direitos. Em alguns lugares, serão passeatas. Em outros, ocupações.

ABr: Essa nova política é consenso no MST? Não seria uma proposta de parte do movimento que já foi assentada e, por isso, não milita mais pela terra?

Stédile: Consenso é a pior palavra. O consenso é burro. Em qualquer movimento social, há opiniões diferentes. Mas essa política que eu expressei aqui é da ampla maioria. Evidentemente, por causa da natureza da nossa luta, em cada região há um grupo que prioriza um aspecto. Se um sujeito está acampado, ele tem que lutar para conquistar terra o quanto antes. Se ele já está assentado há vinte anos e está enfrentando o problema do agrotóxico, é claro que o agrotóxico é o centro da luta dele.

ABr: O MST pretende apresentar essas propostas aos candidatos à Presidência?

Stédile: Nós estamos pensando em apresentar essas propostas para todos os candidatos, não só a presidente como a governos estaduais. Daqui até maio, eu acredito que esse processo de discussão das sugestões já vai estar concluído e, quando começar a campanha, vamos contribuir.

ABr: Já existem sugestões?

Stédile: Sim. Nós achamos que temos de transformar a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] numa grande empresa estatal. Ela deve garantir a compra de produtos dos camponeses e abastecer mercados populares com produtos de qualidade. Nós também temos que controlar o ingresso de multinacionais no Brasil. Estes dias eu li no jornal que uma empresa chinesa quer comprar 100 hectares de terra aqui. Isso é um absurdo. Não pode acontecer.

Créditos de carbono serão negociados em Bolsa /// O Documento - Cuiabá

Cuiabá / Várzea Grande, 29/04/2010 - 12:55.

Da Assessoria
A inauguração da Bolsa de Títulos e Ativos Ambientais do Brasil (BTAAB), no dia 16 de março em Goiânia (GO), marcou uma nova etapa para o Programa Brasil Mata Viva. Por meio de uma parceria com a empresa Markit, que irá registrar os títulos de créditos de carbono provenientes das áreas que integram o programa, os produtores poderão negociar seus créditos como qualquer outro produto. O deputado Mauro Savi foi representado na inauguração da BTAAB pelo presidente da Associação São Lourenço Mata Viva, Edson Menezes.

Os títulos de créditos de carbono serão emitidos com base no levantamento e estimativa (inventário) feito pela IMEI Consultoria e parceiros. O georeferenciamento é feito pela MidiaGeo Tecnologia, uma empresa de Geotecnologias e Engenharia, sediada em Cuiabá (MT), com atuação em todo o Estado de Mato Grosso.

Já a emissão dos títulos será acompanhada, validada e certificada pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), juntamente com o Idesa (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Sócio-ambiental). “Neste modelo não propomos doação e sim, investimentos, tornando proteção ambiental em oportunidade de desenvolvimento”, disse Maria Tereza Umbelino, coordenadora do Programa Brasil Mata Viva.

O Estado de Mato Grosso está concretizando o terceiro projeto do Programa Brasil Mata Viva. Depois de implantar o Xingu Mata Viva e o São Lourenço Mata Viva, agora é a vez do Teles Pires Mata Viva. Uma audiência para discutir essa terceira iniciativa será realizada amanhã (30) no município de Colíder. O evento iniciará às 13 horas, no CTG “Porteira Aberta”.

A audiência foi convocada pelos deputados José Riva (PP) e Mauro Savi (PR). A exemplo do Xingu Mata Viva e do São Lourenço Mata Viva que já foram reconhecidos como de interesse público e socioambiental, por meio das leis 8.981 e 9.286 respectivamente, já tramita projeto de lei, de autoria dos deputados José Riva e Mauro Savi, para o reconhecimento do projeto Teles Pires Mata Viva.

O Programa Brasil Mata Viva é uma articulação de produtores rurais, organizações, instituições privadas e públicas a exemplo do IBAMA, que é o órgão gestor do programa de regularização de áreas rurais do Brasil e chancelador da metodologia Brasil Mata Viva. Os recursos investidos na atividade de preservação e proteção ambiental se transformam em investimentos e atividades produtivas.

Além dos três projetos que estão sendo desenvolvidos no Mato Grosso, estão em desenvolvimento o Araguaia Mata Viva em Goiás, e oRio Preto Mata Viva, na Bahia.

Fontes renováveis já são 47,3% da matriz energética brasileira /// Valor Economico - IHu/Unisinos

A crise financeira internacional, a duração do período chuvoso e o contínuo crescimento da demanda por etanol contribuíram para que a participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira atingisse 47,3% do total no ano passado, o maior percentual desde os 47,6% de 1992. A expectativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que o percentual se mantenha em 2010, uma vez que o uso de termelétricas a gás, óleo combustível e diesel continuará baixo e o etanol deverá aumentar gradativamente sua participação na matriz.
A reportagem é de Rafael Rosas e publicada pelo jornal Valor, 29-04-2010.

O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, ressaltou que a queda da fatia dos combustíveis fósseis foi puxada pela redução de 19,4% na oferta de carvão mineral e derivados, um reflexo direto do impacto da crise financeira sobre o setor de siderurgia. As chuvas abundantes e o consequente nível elevado dos reservatórios das hidrelétricas levaram a uma queda de 17,7% na oferta de gás natural, enquanto a oferta de energia hidráulica e eletricidade subiu 5,2% e os produtos de cana-de-açúcar avançaram 2,8%.

"A despeito da retomada da siderurgia em 2010, a fatia de renováveis na matriz energética não deve ter grande alteração, já que o período de chuvas está bom, além do crescimento da produção de etanol", frisou Tolmasquim, que apresentou os resultados preliminares do Balanço Energético Nacional 2010.

A oferta de energia geral no Brasil caiu 3,4% no ano passado, para 243,9 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), enquanto a oferta de energia renovável caiu apenas 0,6%, para 115,3 milhões de TEP.

Tolmasquim ressaltou ainda que o bom regime de chuvas contribuiu para que a energia hidráulica respondesse por 15,3% da matriz nacional e por 90,6% da geração de eletricidade no país no ano passado. De acordo com o executivo, a expectativa é que nos próximos dez anos as térmicas a óleo combustível gerem 7% da capacidade, enquanto as térmicas a gás produzirão 26% e as usinas a óleo diesel apenas 1%.

Outra característica do consumo de energia no ano passado foi o efeito gerado pelo crescimento da renda, que elevou o consumo elétrico residencial mensal per capita para 43,8 kWh, 4,3% acima dos 42 kWh de 2009.

No segmento automotivo, esse aumento da renda significou o crescimento de 3,6% do consumo combinado de etanol e gasolina em relação ao ano anterior, reflexo direto dos bons resultados das vendas de automóveis no país.

"O avanço aconteceu principalmente no etanol, já que 93% dos carros novos vendidos no país são flex fuel e os consumidores têm preferido abastecer com álcool", disse Tolmasquim.

A EPE chamou a atenção ainda para a manutenção da autossuficiência brasileira no setor de óleo e gás. As exportações de petróleo no ano passado atingiram 525,6 mil barris por dia, 21,3% acima dos 433,1 mil barris diários de 2008 e 40,16% acima dos 375 mil barris diários importados.

Tolmasquim evitou adiantar números, mas destacou que o próximo Plano Decenal mostrará a tendência de que o país se torne um relevante exportador de petróleo e derivados nos próximos anos

Quem bebe a água dos pobres /// L'Osservatore Romano - IHU/Unisinos

Os já limitados recursos hídricos dos países em desenvolvimento correm o risco de serem enxugados em grande parte por causa da produção de mercadorias que vão para o Ocidente.

A afirmação é de um estudo da associação britânica Royal Society of Engineers, segundo a qual dois terços do total da água utilizada para produzir alimentos e bebidas apenas para a Grã-Bretanha vêm de países que já sofrem com uma seca endêmica.

A reportagem é do jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, 21-04-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Segundo o relatório, os países em desenvolvimento, estimulados pela demanda de mercadorias do Ocidente, estão utilizando grande parte dos seus recursos hídricos em produtos de exportação, correndo o risco assim de ficarem sem água.

O relatório apresenta uma lista de quanta água é necessária para a produção de alguns alimentos e bebidas, considerando as quantidades necessárias para a produção de todos os ingredientes: para um pint de cerveja (cerca de meio litro) gastam-se 74 litros de água, enquanto para uma xícara de café são necessários 140 litros.

Segundo as previsões do relatório, quando a população mundial superar os oito bilhões, isto é, em cerca de 20 anos com base nas previsões demográficas, a demanda geral de alimento e energia irá crescer 50% e a de água, 30%, o que poderia determinar uma crise hídrica mundial. A Royal Society of Engineers pede, portanto, que a comunidade internacional tome precauções imediatas.

Com relação aos recursos hídricos, além disso, a questão crucial é a da gestão e da proteção, certamente não a da quantidade. A humanidade não tem pouca água, mas não é garantido a grande parte da população do mundo o acesso à água limpa.

Justamente nestas semanas, foram divulgados os dados da descoberta de uma gigantesca reserva aquífera no subsolo da Amazônia, a maior do mundo, que poderia fornecer água potável a uma população 100 vezes maior que a população mundial.

No estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade do Pará, afirma-se que o imenso depósito – 440.000 quilômetros quadrados com uma espessura média de 545 metros – contém 86.000 quilômetros cúbicos de água doce, uma quantidade superior ao volume do Mediterrâneo. O perigo é que, como já ocorreu com outras importantes reservas aquíferas subterrâneas, esta também possa ser comprometida pela poluição ou pela exploração desenfreada.


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As conclusões e os objetivos ambiciosos da Cúpula de Cochabamba /// Planet Green - Discovery Channel

Nesta quinta, 22 de abril, terminou a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra (CMPCC), um evento organizado pelo governo boliviano em resposta ao fracasso da cúpula de Copenhague do ano passado
O resultado foi um documento denominado “Acordo dos Povos”, que apoia o Protocolo de Kyoto e convoca os países desenvolvidos a restaurar a saúde da Terra e reduzir as emissões de carbono em cerca de 50% até 2020. Também defende a criação de um fundo de adaptação para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a mudança climática, que seria financiado com a realocação de 6% de seus orçamentos anuais.

Segundo La Razón, a Cúpula concluiu que o aquecimento global está relacionado aos "paradigmas e padrões de conhecimento hegemônico", já que não se trata apenas de uma luta contra as formas de produção, mas também de certas imposições sócio-culturais (por exemplo, não respeitar os conhecimentos ancestrais e impor padrões de consumo).

Diante disso, os países em desenvolvimento deveriam não só assumir sua responsabilidade, mas também mudar seus padrões de consumo por hábitos mais benéficos à “Mãe Terra”.

As discussões também destacaram importância de respeitar técnicas de agricultura campesinas e indígenas, as raízes e conhecimentos ancestrais, além da necessidade de se estabelecer um tribunal climático para punir aqueles que não cumprirem os acordos, informa a BBC Mundo.

As conclusões da cúpula refletem – talvez de forma mais pronunciada – as mesmas preocupações expressadas pela maioria dos países em desenvolvimento durante Copenhague e que não foram refletidas no acordo final da reunião de dezembro.

Resta a pergunta: a cúpula de Cochabamba pode ter algum resultado ou influência concreta sobre o rumo das negociações? Apesar de ter um peso mais simbólico que político, os organizadores anunciaram que levarão suas conclusões para a COP16 de Cancun e convocaram os diferentes movimentos sociais para participar e fazer com que sua vozes sejam ouvidas.

Se os demais países em desenvolvimento se alinhassem aos pedidos mais exigentes de Cochabamba, isso também poderia significar um endurecimento das negociações durante as reuniões prévidas para a COP16. A Bolívia conseguirá firmar sua liderança entre os países emergentes? Potências como Estados Unidos e China voltarão a costurar um próprio acordo próprio? Ainda resta um longo caminho até a COP16.

As mentiras ambientais que os homens contam /// SINTRASCOOPA

Em briga de foice grande e debate de ânimos acirrados, os interlocutores precisam estar atentos às falácias que os homens e as mulheres contam. Números duvidosos, interpretações tendenciosas, ideias viciadas sobram em discursos permeados por ideologias e interesses extremados. No atual debate sobre mudanças no Código Florestal brasileiro, essa realidade não poderia ser diferente.

Quem, minimamente, acompanha esse processo percebe que nem tudo que se fala se escreve. As informações estão truncadas e os discursos polarizados entre dois grupos principais. De um lado, os ruralistas aproveitam o discurso para dizer que a preservação do meio ambiente engessa a produção agrícola. De outro, ambientalistas mantêm posição de protesto e erguem a bandeira da defesa da floresta em pé a qualquer custo.

O estudo do pesquisador Evaristo Miranda, da Embrapa Monitoramento por Satélite (leia o estudo completo), a principal referência da bancada ruralista, é um bom exemplo para mostrar esse debate tendencioso. Em sua conclusão o estudo diz: “(…) em termos legais, aproximadamente 70% do território está legalmente destinado a minorias, a proteção e preservação ambiental ou indisponível para um uso e ocupação intensivos”.

O pesquisador ressalta que parte das áreas protegidas permite atividades produtivas “como coleta de látex, de castanha, de fibras, pesca e pequena agricultura, mas excluem em geral a atividade agrícola intensiva, com remoção da cobertura vegetal nativa etc. ou submetem o uso e ocupação das terras a condicionamentos e restrições estabelecidos por planos de manejo, comitês gestores, etc.”.

Em debates, audiências públicas, entrevistas e discursos, os ruralistas defendem que a legislação ambiental impede o crescimento econômico do país. A interpretação é simplista: se 70% do território estão destinados a minorias e áreas de proteção, sobram apenas 30% da área do país para a produção agrícola, construção de infraestruturas, cidades etc. Esquecem de ressaltar que é possível uso sustentável de parte desses 70% de terra, inclusive para a pequena agricultura. E concluem que ainda bem que os brasileiros não cumprem a legislação ambiental, porque senão tudo seria uma grande floresta.

Os ambientalistas, por outro lado, assumem posturas radicais que dificultam o diálogo. Aceitam o pagamento por serviços ambientais para os pequenos produtores, mas recusam que esse pagamento seja estendido aos grandes. O pagamento por esses serviços é como um incentivo para que o proprietário preserve o ecossistema que produz oxigênio, conserva a biodiversidade e regula as funções hídricas. Nesse caso, o tamanho da propriedade não deve ser fator de impedimento para receber por esse tipo de serviço – ainda que os incentivos possam ser diferenciados.

Esse debate é sensível e está, um tanto quanto, viciado por interesses engessados. É nítido que falta pensamento de nação para se encontrar uma convergência nesse processo. Essa briga precisa ser mais inteligente e mais estratégica para o país. É fundamental despolarizar essa questão, incluindo também a indústria, o setor de energia, automobilístico e outros nessa mudança.

Para entender essa “briga de foice”, veja a seguir alguns dos questionamentos e divergências apontados pelos dois grupos envolvidos diretamente nesses impasses.

O que dizem os ambientalistas:
- o estudo do pesquisador Evaristo Miranda é um estudo parcial, que apresenta erros conceituais e de mensuração;

- o cumprimento da legislação ambiental não engessa a produção agrícola, pois a reserva legal e as áreas de preservação permanente não são áreas intocáveis, permitem exploração sobre forma de manejo;

- os ruralistas afirmam que 3 milhões de agricultores ficariam na ilegalidade se o decreto de crimes ambientais for cumprido. Os ambientalistas alegam que esse número é falacioso, pois não é possível mensurar esse dado. Nem o próprio Censo Agropecuário não tem essa informação;

- as ONGs ambientalistas não defendem interesses internacionais, defendem o legítimo interesse brasileiro de preservar as florestas brasileiras;

- os ruralistas defendem interesses da oligarquia rural e interesses internacionais, pois a Europa está reflorestando 500 mil hectares de terra por ano e como não terá mais espaço em seus países, quer ampliar a produção agropecuária no Brasil;

- os ruralistas afirmam que precisam de R$ 400 bilhões (quase 15% do PIB brasileiro) para recuperar áreas degradadas, mas que esse custo está superfaturado, porque os ruralistas querem provar que é inviável recuperar áreas degradadas e querem anistia para áreas já desmatadas;

- a anistia para áreas já desmatadas é para que se continue a devastação;

- os ruralistas não têm dados técnicos que comprovem a eficácia de preservar reserva legal em outro bioma e fazer o planejamento ambiental fora da área de propriedade;

- no Brasil não existe a cultura de uso racional das florestas nacionais;

- os ruralistas afirmam que 67% do território na Amazônia têm exploração proibida, os ambientalistas argumentam que 80% da floresta podem ser explorados por meio de manejo sustentável.

(Dados de Raul do Valle, do Instituto Socioambiental, e da Liderança do PV)

O que dizem os ruralistas:
- os ambientalistas veem a propriedade privada como a unidade de planejamento, eles têm foco na propriedade e não no ganho sistêmico. Os ruralistas querem que a proteção ambiental seja feita no bioma e não dentro de cada propriedade;

- os ambientalistas querem uma política ambiental nacional partindo de Brasília, sem levar em consideração as peculiaridades de cada estado e município;

- o produtor rural é responsabilizado a arcar sozinho com o ônus de proteção das florestas através de manutenção das reservas legais e APPs em sua propriedade;

- os ambientalistas taxam os produtores como os principais poluidores, mas na realidade o que ocorre é que a grande poluição hídrica e atmosférica ocorre nas cidades e não no campo. O exemplo disso é o rio Tiete, em São Paulo, que é limpo na área rural;

- os ambientalistas não levam em conta a política de proteção a partir da realidade já existente. Querem voltar a fatos pretéritos, querendo responsabilizar cada situação ocorrida, sem considerar que as políticas públicas mudaram ao longo dos anos. Um exemplo é que, antigamente, se pedia para fazer desmatamento ao longo dos rios para não ter a proliferação dos mosquitos de febre amarela;

- falta sustentabilidade no que os ambientalistas falam. Para haver a proteção ambiental, temos que considerar outros fatores, aspecto social, econômico, para no fim de tudo ter o ganho ambiental. Não adianta discurso ambientalista de plantar árvores e não ter o que comer;

- os ambientalistas defendem interesses internacionais. Os ruralistas argumentam que os países ricos têm interesse em exigir que o Brasil preserve, sem que eles precisem preservar suas matas. Os países ricos estão interessados em produzir e barrar a produção agrícola brasileira é uma defesa de mercado

Mais cana com menos queima /// Agencia FAPESP

28/4/2010
Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – O Estado de São Paulo registrou, nos últimos anos, uma rápida expansão na produção de cana-de-açúcar, em consequência principalmente do aumento da demanda por etanol para atender ao mercado de veículos flex no país.

De 2003 a 2009, a área total do cultivo da cana disponível para a colheita no Estado saltou de 2,57 milhões para 4,89 milhões de hectares, segundo dados do mais recente relatório feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).

O dado mais expressivo – do ponto de vista ambiental – é que pela primeira vez mais da metade da colheita foi realizada sem queima. O relatório referente à safra de 2009/2010 mostra que cerca de 56% da colheita foi realizada sem queima, contra 44% em que se utilizou o recurso. Na safra de 2006/2007, a colheita sem queima beirou os 34%.

De acordo com Bernardo Rudorff, pesquisador do Inpe, se o ritmo for mantido, a meta estabelecida pelo Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro, assinado em 2007 entre o Governo do Estado de São Paulo e a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) – que prevê a eliminação gradativa da queima da cana-de-açúcar até 2017 –, será cumprida, mesmo com a expansão da produção. Para as áreas com declive inferior a 12%, que permite a mecanização da colheita, o prazo termina em 2014.

“É claro que a expansão envolve questões complexas que impõem alguns limites, como condições favoráveis de mercado e investimento em maquinário, mas a pressão do protocolo está produzindo um resultado muito positivo no Estado e mostra que o objetivo de eliminar totalmente o procedimento de queima pode ser atingido até a data limite”, disse à Agência FAPESP.

Rudorff coordena o Projeto Temático recém-aprovado, intitulado “Impactos ambientais e socioeconômicos associados com a produção de etanol de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil”, que será desenvolvido no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bionergia (BIOEN).

O grupo de pesquisadores vem monitorando, desde 2003, a área de cultivo, o tipo de colheita – com ou sem queima – e a mudança de uso e cobertura da terra decorrente da expansão do cultivo da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. A partir dos dados obtidos são gerados mapas que auxiliam a Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

“A partir de 2009, iniciamos uma avaliação mensal da colheita e disponibilizamos os mapas para a secretaria, que, com isso, sabe do percentual e da localização das áreas queimadas. Antes disso, gerávamos um único mapa mostrando tudo o que havia sido colhido com e sem queima durante a safra”, disse Daniel Alves Aguiar, doutorando do programa de pós-graduação e integrante do projeto Canasat do Inpe.

Em novo estudo publicado na revista Remote Sensing, os pesquisadores do Inpe divulgaram os números referentes à safra de 2008/2009. De 2003 a 2008, a área de produção foi ampliada em 1,88 milhão de hectares. Entretanto, o ritmo de crescimento caiu nas últimas safras. Na safra anterior a 2008, a expansão foi de mais de 1,2 milhão de hectares, em 2008 o aumento foi de pouco mais 320 mil e, na safra 2009/2010, ficou em cerca de 100 mil hectares.

“Uma das explicações é que, com a crise econômica mundial – que afetou todos os setores da economia –, a produção da cana também foi atingida e a produção seguiu um ritmo mais lento nos dois últimos anos”, disse Aguiar, coautor do artigo.

“No artigo, usamos como referência a safra de 2008 porque o objetivo era apresentar a metodologia que utilizamos, que consiste em técnicas de interpretação de imagens de sensoriamento remoto e geoprocessamento”, explicou.

De acordo com o trabalho, a maior expansão de área com cana ocorreu no oeste paulista, que compreende as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Presidente Prudente.

“A expansão da cana nessas regiões se deu principalmente sobre as pastagens. E uma das críticas era que o aumento do cultivo da cana poderia comprometer a produção de outras culturas, como soja e milho, e promover uma diminuição do rebanho bovino no Estado”, disse Aguiar.

“São Paulo perdeu muita área que tradicionalmente era de pastagem para a cana-de-açúcar, mas, no entanto, o gado não diminuiu. Isso se deve à otimização do uso do espaço e ao investimento do setor pecuário em tecnologia”, disse Rudorff.

Na safra de 2009/2010, 2,27 milhões de hectares foram colhidos sem a queima da palha, enquanto 1,8 milhão foi colhido com a queima. O mapeamento mostra ainda que as regiões administrativas de Barretos, de Campinas e Central – tradicionais no cultivo da cana – foram as que apresentaram maior porcentagem sem queima, com 61,4%, 60,7% e 61,2%, respectivamente.

Apenas duas regiões, de Marília (56,3%) e de Presidente Prudente (50,8%), tiveram mais área colhida com queima do que sem. “Nesse sentido, o sensoriamento remoto tem importância fundamental para o cumprimento do protocolo”, destacou Aguiar.

Interpretação das imagens
Segundo os pesquisadores, o método utilizado consiste em monitorar o modo de colheita a partir da interpretação visual e do processamento digital das imagens. Mas, ressaltam, a metodologia tem uma limitação.

“Para resultados satisfatórios é preciso contar com diversas imagens livres de nuvens durante o período de colheita. Por isso, utilizamos imagens de sensores com características diferentes”, disse Aguiar.

Segundo ele, o mais importante é obter imagens em períodos específicos em que a cana seja mais fácil de ser identificada. O mapeamento do cultivo da cana requer que sejam adquiridas imagens em janeiro, fevereiro e março da safra corrente e setembro e outubro do ano anterior.

“O plantio da cana-de-açúcar é geralmente feito nos meses de março e abril e em outubro elas já começam a aparecer em imagens de satélite. De janeiro a março do ano seguinte é o período em que a cana está mais vigorosa e fácil de ser identificada”, explicou o pesquisador.

Já para a colheita as imagens são adquiridas de abril a dezembro, período tradicional de colheita no Estado de São Paulo. Mas em dezembro, quando começam a aparecer mais nuvens, o trabalho se torna mais complicado.

“O foco principal do artigo que publicamos foi mostrar que a técnica de sensoriamento remoto pode ser utilizada para monitorar vários aspectos do cultivo da cana e tem tido um efeito positivo fora do país. Em discussões ambientais, o Brasil é lembrado por monitorar o cultivo”, disse Rudorff.

O estudo feito no Inpe destaca que as metas do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro não são para os municípios, mas para o setor como um todo. “O produtor que atingir as metas receberá um selo agroambiental. A ideia é que esse selo possa servir como um ingresso para o mercado externo”, disse Aguiar.

O artigo Studies on the Rapid Expansion of Sugarcane for Ethanol Production in São Paulo State (Brazil) Using Landsat Data pode ser lido em www.mdpi.com/2072-4292/2/4/1057.

Mais informações sobre o Projeto Canasat: www.dsr.inpe.br/canasat

As florestas não existem para absorver carbono /// Terramerica

Publicado em abril 27, 2010 por outrapoliticaemsampa
Franz Chávez, Terramerica, 26 de abril de 2010

Milhares de ativistas deixaram a Bolívia com a diretriz de combater o uso das florestas para absorver emissões de carbono, após fortes debates e críticas ao governo anfitrião.

A iniciativa de empregar a conservação de florestas como forma de compensar as emissões de gases-estufa esquentou o clima da cúpula dos povos contra a mudança climática na cidade boliviana de Cochabamba. Ao final, os participantes chegaram a um consenso e a rejeitaram. A Redução de Emissões de Carbono Causadas pelo Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD) instalou-se com força entre as discrepâncias de ambientalistas e ativistas sociais e os países ricos interessados em pagar para manter florestas tropicais como forma de compensar suas emissões de carbono, o principal gás responsável pelo aquecimento do planeta.

De longe era ouvida a batalha verbal da Mesa de Florestas, que discutiu o tema na Conferência Mundial dos Povos contra a Mudança Climática e pelos Direitos da Mãe Terra, que aconteceu entre 19 e 22 deste mês na Bolívia. Ao final, um cartaz dava um sonoro “Não à REDD”, como lema dos povos indígenas que temem perder territórios ou serem despojados de seu espaço de vida diante desta proposta da Organização das Nações Unidas.

Tom Goldtooth, nativo dakota e navajo, diretor da Indigenous Environmental Network (Rede Ambiental Indígena) dos Estados Unidos, se colocou como um dos líderes do protesto, com sua imponente presença, cabelo longo trançado e gesto austero. O ativista pediu ao presidente da Bolívia, Evo Morales, que “rejeite categoricamente” e “cancele” mecanismos da REDD, que começaram na Bolívia com o Projeto de Ação Climática do Parque Nacional Noel Kempff, no departamento de Santa Cruz.

Em 1997, o governo da Bolívia, as empresas de energia American Electric Power, BP e PacificCorp, The Nature Conservancy e a Fundação Amigos da Natureza destinaram US$ 1,6 milhão para liberar 800 mil hectares submetidos a direitos madeireiros, com a finalidade de vender as compensações de carbono resultantes da recuperação florestal. “O fato de o único país do mundo com chefe de Estado indígena ser o anfitrião do Projeto de Ação Climática Noel Kempff, considerado o exemplo-estrela, é aproveitado pelos comerciantes de carbono para justificar e promover a REDD”, diz Goldtooth em carta enviada no dia 9 de março a Morales, que é da etnia aymara.

“Ainda não temos uma resposta”, disse Goldtooth ao Terramérica, em uma pausa dos debates em Cochabamba. “Nossa rede rejeita o projeto porque não existe garantia de respeito aos territórios aborígenes e porque as comunidades podem acabar arrendando suas terras e renunciando à sua propriedade”, afirmou. “Se um povo indígena vende créditos de carbono aos mesmos governos e empresas multinacionais, que estão destruindo o céu e os ecossistemas dos quais dependemos para sobreviver, converte-se em cúmplice de sua própria destruição”, acrescentou.

Na abertura da conferência, Morales declarou guerra aberta ao capitalismo, o qual responsabiliza pela destruição da vida no planeta. Porém, seu governo acaba de acertar com a ONU o programa UN-REDD Bolívia, um plano de “fortalecimento de capacidades institucionais” que será executado entre maio deste ano e abril de 2013, com financiamento de US$ 4,4 milhões das Nações Unidas, com apoio do Banco Mundial e a cooperação alemã. O UN-REDD está definido no documento do projeto como um “programa colaborativo das Nações Unidas para a redução das emissões causadas pelo desmatamento e pela degradação de florestas em nações em vias de desenvolvimento”.

O vice-ministro boliviano do Meio Ambiente, Juan Pablo Ramos, foi consultado em duas oportunidades pelo Terramérica sobre esse convênio e a preservação do Parque Noel Kempff, mas não respondeu, alegando obrigações com a organização da conferência. O alcance do último acordo indica a cooperação para “aumentar a capacidade das organizações nacionais governamentais”, a fim de ingressar em outra fase denominada REDD+, que compreende, além da conservação das florestas, a ampliação de sua capacidade de absorver carbono.

“Quem serão os donos das árvores? Quem se beneficiará? A questão entra em um debate sobre a propriedade privada”, diz Goldtooth. O coordenador do Programa de Florestas e Biodiversidade da Amigos da Terra, o costarriquenho Isaac Rojas, afirmou ao Terramérica que “existe uma ideologia capitalista por trás da REDD”. Em “toda a América Latina são introduzidos projetos dessa natureza que se convertem em ganchos para se aproveitar da pobreza das comunidades”, acrescentou. “O Projeto Noel Kempff foi criticado porque não cumpre com a mitigação anunciada. Na Colômbia foram violados os direitos humanos, e o único consenso da Mesa de Florestas foi que os mecanismos de mitigação não devem ser mercantilistas”, acrescentou.

A brasileira Camila Moreno, uma das responsáveis pela Mesa e integrante da Amigos da Terra-Brasil, qualificou a REDD como “o Cavalo de Tróia que anuncia uma ameaça de posse de terras e territórios” nas florestas habitadas por povos indígenas. “É difícil crer que os mecanismos criados em órgãos multilaterais, como o Banco Mundial, possam beneficiar os povos”, afirmou. Camila estima que o projeto de compensações foi criado para permitir a entrada de organismos internacionais e vigiar a vida das pessoas, e depois gerar um mecanismo financeiro de negociação de direitos com fins especulativos. “A vida não se vende. Devemos lutar para rechaçar este mecanismo e preservar o sagrado da selva”, insistiu a brasileira.

A REDD, como instrumento de flexibilização, “aplica um critério mercantilista, mas não contribui para reduzir as emissões de dióxido de carbono nos países que as geram”, disse ao Terramérica, a título pessoal, Rafael Rebolledo, do Instituto de Engenharia do Ministério da Ciência e Tecnologia da Venezuela.

SINAL DE ATENÇÃO: Deslocalização agrícola: Chineses querem mais terras no Brasil /// Valor Economico

admin
agricultura, segurança alimentar

Os chineses até tentam esconder, mas não conseguem: planejam comprar mais terras no Brasil para produzir soja e milho, como confirmou ontem Zheng Qingzhi, presidente da China National Agricultural Development Group Corporation (CNADC), uma empresa estatal que já tem investimentos agrícolas em 40 países.

Após conversar com Qingzhi, ontem em Genebra, Alessandro Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), disse que os aportes chineses poderão alcançar centenas de milhões de dólares, como atestam notícias e relatos de projetos planejados ou em curso principalmente em regiões do Cerrado. Qingzhi ressalvou que “é cedo para confirmar uma decisão” no caso da estatal que dirige, mas Teixeira comentou que os chineses estão buscando terras no Centro-Oeste brasileiro, e que eles são bem-vindos.

“Estamos conversando”, disse Teixeira. Ainda há alguma prudência porque a agricultura é um setor difícil para os estrangeiros entrarem no Brasil, até pelo alto nível de competitividade do país no setor. Teixeira conta que um grande empresário egípcio, produtor de arroz, chegou ao Brasil querendo investir na agricultura. Foi ao Rio Grande do Sul e a resposta que recebeu foi de que havia arroz para vender, mas não terras. Reportagem de Assis Moreira, no Valor Econômico.

O recente – e crescente – interesse de grandes grupos estrangeiros em realizar aportes diretos na agricultura em geral, e na produção de alimentos em particular, tem sido evidenciada pela compra de amplas porções de terras em países em desenvolvimento por conglomerados da Coreia do Sul e da Arábia Saudita, por exemplo.

Mas a China também está causando celeuma. A própria estatal CNADC já apresentou investimentos em arroz em Guiné, sisal na Tanzânia e ovos em Zâmbia, entre outros projetos acompanhados de instalação de hospitais, escolas e doações aos governos locais. Para analistas, é o novo colonialismo.

O executivo chinês se defende. Para ele, tratam-se de projetos em que os dois lados ganham. Pequim produz no exterior tanto para vender a seu próprio mercado quanto para exportar para destinos como EUA, Europa e Japão. Mas há países na África, como Camarões, que dizem que só dando a terra de graça é que conseguem atrair investidores estrangeiros. Outros africanos retrucam que dessa maneira não é possível desenvolver a agricultura nos países em desenvolvimento.

“Devemos dar mais importância aos investimentos na agricultura”, disse Qingzhi. A China está propondo a criação de um fundo para investimentos internacionais na agricultura, mas ele não deu detalhes.

O Japão, maior importador de alimentos no mundo em termos líquidos, mostrou, também em Genebra, um projeto da Gialinks, uma companhia privada com 478 investidores que já comprou 1.250 hectares de terras na Argentina para produzir soja e que agora avança no Paraguai e Peru, sempre com agricultores de origem japonesa e a produção destinada ao Japão.

O representante do governo japonês, Masahiko Suneya, deu como outro exemplo de sucesso a cooperação do Japão no desenvolvimento do Cerrado brasileiro, em um modelo também aplicado na produção de arroz na África.

A FAO, braço da ONU para Agricultura e Alimentação, estima que a produção alimentar precisa crescer 70% em relação ao nível atual para atender à população estimada em quase 10 bilhões de pessoas até 2050. No total, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) na agricultura representa apenas 1% do total global, ficando próximo de US$ 3 bilhões por ano.

Mas, diante do crescente interesse estrangeiro em terras em outras fronteiras, a comunidade internacional discute a criação de um conjunto de regras para “investimento responsável na agricultura”. Os critérios incluem estabilidade política, segurança alimentar local e proteção ambiental.

EcoDebate, 28/04/2010

China negocia terras para soja e milho no Brasil /// Estadão

Prezados,

No Brasil a discussão sobre preservação dos recursos naturais, biodiversidade, florestas, fronteira agrícola, tem espaço cada vez maior. Com muita razão. é bom enfatizar.

Neste momento a China se articula para adquirir glebas de terras em nosso território. Se fazem isso é porque seu país está comprometido com questões de solo e água.
Quantidade e qualidade de terra agricultavel adequada devem ser fatores criticos para os chineses.

No entanto, hoje, recursos abundantes aqui no Brasil.

Pergunta 1:
caso sejam comercializadas estas terras, o custo da depleção do solo e do aquifero subterraneo será computado no preço final de venda da terra?E como valorar esta exaustão?

Pergunta 2:
quem fiscalizará o grau de  contaminação destes recursos pelos chineses os quais sabidamente não cuidam de seus própios recursos naturais, sacrificados em nome de um progresso 12% a.a.?

Constatação 1:
na materia abaixo voce poderá ler :".... Os chineses insistem que não estão apenas desembarcando para ocupar e que estão desenvolvendo projetos de doação de alimentos, construção de escolas e centros de saúde, como na Zâmbia." Respeitamos as leis locais e garantimos benefícios mútuos", diz o chinês. "Nossos investimentos promovem o desenvolvimento do país onde estamos aplicando", afirmou. "

Ora, quem tem que definir os beneficios é o Brasil. Não eles. Em primeira instancia não podem ser beneficios pontuais com os apontados. Há que se estabelecer uma Politica de Beneficios em curto, médio e longo prazos.Via organismo competetente, estabelecendo um Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentavel para a região, não nos padrões da Zambia; com o devido respeito; mas nos padrões de  Brasil que pensa no futuro sustentavel , um país que está entre as maiores economias do mundo e que possui a maior reserva de biodiversidade do planeta.

Pergunta 4:
quem fiscalizaria? politicos locais?órgãos publicos?





27/04/2010

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

Presidente da maior estatal chinesa do setor agrícola admite interesse em cultivar grãos no País e já investe em 40 países com atividades de produção

Jamil Chade
A China quer garantir seu abastecimento de soja e milho comprando terras diretamente no Brasil. A maior estatal chinesa do setor agrícola negocia a compra de terras no Brasil para produzir soja e milho, em um investimento que promete ser de "centenas de milhões de dólares". A informação é do presidente da China National Agricultural Development Group Corporation, Zheng Qingzhi.

"Estamos em negociações", disse Qingzhi, que controla recursos de mais de US$ 2 bilhões por ano para investir na agricultura em todo o mundo. O presidente da Apex, Alessandro Teixeira, também confirmou o interesse chinês, dizendo que não via problemas diante do volume de investimentos. "São conversas preliminares. Mas eles estão de olho no Centro-Oeste, principalmente Goiás", disse Teixeira.

Com a chegada ao Brasil, a China amplia sua busca por terras para garantir o abastecimento à população. A constatação é de que, para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 anos, os investimentos em agricultura terão de dobrar no mundo, o que já está fazendo vários países irem em busca de terras.

Mas o fenômeno da compra de terras no exterior vem causando polêmica, e entidades como a ONU começam a debater a criação de um código de princípios que países devem seguir. A preocupação é que a compra de terras crie obstáculos a populações locais e falta de acesso a terras.

No caso da China, a estatal que debate investimentos no Brasil está diretamente ligada ao Conselho de Estado. Com cinco anos, a estatal tem ativos de US$ 2 bilhões e 80 mil funcionários para promover a segurança alimentar da China. Dez mil funcionários da empresa já atuam no exterior, em pelo menos três continentes. "No Brasil, nosso interesse é investir em soja e milho", diz Qingzhi. Ele prefere não falar nem onde será o investimento nem o valor, por enquanto.

Global. A estatal está presente em 40 países com atividades de produção. Na Tanzânia, já detém 6 mil hectares, e Qingzhi garante que o governo local quer a expansão do projeto. Os chineses ainda investem no cultivo de frango e produção de ovos na Zâmbia e arroz em Guiné, Benin, Argentina e Peru.

No Senegal, os chineses investiram na pesca e têm a maior empresa estrangeira do país, com 2 mil empregados. "Não estamos apenas explorando, mas também treinando funcionários locais", diz o presidente da estatal, lembrando que também garante a transferência de tecnologia nas cidades de Benin.

Os chineses insistem que não estão apenas desembarcando para ocupar e que estão desenvolvendo projetos de doação de alimentos, construção de escolas e centros de saúde, como na Zâmbia." Respeitamos as leis locais e garantimos benefícios mútuos", diz o chinês. "Nossos investimentos promovem o desenvolvimento do país onde estamos aplicando", afirmou.

A estatal admite que a compra de terras tem uma dimensão política. Mas insiste que esses acordos "estabilizam relações diplomáticas".

Especialistas reunidos nessa segunda-feira (26) na ONU indicaram que, de fato, o avanço de países em busca de terras tem a China como um dos principais atores. O safári produzido por Pequim na África chegou a assustar a FAO. Seu diretor, Jacques Diouf, alertou há poucos meses os governos africanos para o risco de um "neocolonialismo", desta vez pelos chineses. O que ele teme é que a produção seja inteiramente destinadas aos países que adquiriram as terras, sem levar em conta os interesses das populações locais, ou mesmo a adaptabilidade das terras. A China já comprou ou negocia terras no Congo, Zâmbia e Sudão.



PARA ENTENDER

Hoje, limite é de 3,8 mil hectares
A legislação atual permite que estrangeiros comprem terras na Amazônia Legal no limite de até 3.800 hectares, desde que tenham empresa constituída no Brasil.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou em outubro substitutivo do deputado José Genoino (PT-SP), pelo qual estrangeiros que adquirissem área superior a 1.140 hectares antes da aprovação do projeto poderiam manter as propriedades, desde que produtivas.

A matéria foi analisada em caráter definitivo pela Comissão de Constituição e Justiça, que o aprovou por unanimidade. Falta agora a votação do Senado

A crise na Grécia destruirá a zona do euro? /// Der Spiegel

27/04/2010

Manfred Ertel, Alexander Jung, Christian Reiermann, Wolgang Reuter, Michael Sauga, Hans-Jürgen Schlamp e Janko Tietz


O apelo por ajuda do governo grego está colocando a chanceler alemã Angela Merkel sob pressão. Enquanto a Alemanha é solicitada a fornecer bilhões de euros nos próximos anos para financiar o bailout (operação de salvamento financeiro) da Grécia, crescem os apelos no governo alemão para que a Grécia seja excluída da zona do euro

Wolfgang Schäuble está com uma aparência pálida. A face dele parece contraída e o seu terno cinza está meio largo sobre os seus ombros estreitos. Após passar oito semanas no hospital devido a uma incisão feita em uma cirurgia anterior que não cicatrizou de forma apropriada, o ministro alemão das Finanças parece cansado e emaciado.

Isso foi no início da semana passada, e Schäuble estava passando informações aos especialistas financeiros do governo da coalizão alemã de centro-direita formada pelo Partido Democrata-Cristão (CDU/CSU) e o Partido Democrático Liberal (FDP) a respeito dos últimos desdobramentos da crise grega, que vem se intensificando semanalmente durante os últimos seis meses.

Schäuble informou aos membros do parlamento que agora ficou bem estabelecido que Atenas poderá solicitar assistência financeira junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e à União Europeia. Mas ele acrescentou que ainda haveria tempo. Schäuble previu que os gregos só apresentariam um pedido de auxílio daqui a duas ou três semanas.


Mas ele estava equivocado. Na última sexta-feira, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, tendo atrás de si a paisagem pitoresca da ilha mediterrânea de Kastellorizo, anunciou que o seu país não conseguia mais rechaçar os ataques dos especuladores financeiros internacionais e teria que solicitar ajuda dos seus parceiros europeus.

Pouco tempo depois, um anúncio de apenas quatro linhas feito pelo ministro grego das Finanças emergiu das máquinas de fax em Bruxelas. Na nota, os gregos pediam a “ativação do mecanismo de apoio”.


Dificilmente as coisas poderiam ter evoluído de maneira pior – para a Grécia, a Europa e o governo alemão.
Durante semanas, a chanceler Angela Merkel prometeu aos cidadãos que só desembolsaria o dinheiro do contribuinte alemão para a Grécia como “último recurso”. E, caso a assistência se tornasse necessária, disse Merkel, tentando tranquilizar os membros do seu próprio partido, a Grécia não deveria receber nenhum pedido de ajuda até meados de maio. Essa foi a forma encontrada por Merkel para deixar essa questão sensível fora da campanha eleitoral importante no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, em 9 de maio.


Fracasso completo
Mas agora o pedido de ajuda por parte de Atenas deixou claro que a estratégia de Merkel para a Grécia fracassou completamente. O drama europeu envolvendo a dívida governamental e os especuladores gananciosos não está se adequando aos cronogramas nacionais. Enquanto o governo estadual da coalizão CDU/FDP na Renânia do Norte-Vestfália teme perder a sua maioria parlamentar, a chanceler enfrenta debates desagradáveis em Berlim.

Críticos da moeda comum europeia já deixaram claro que veem a ajuda emergencial à Grécia como uma violação dos tratados europeus. Eles pretendem mover um processo legal junto ao Tribunal Constitucional Federal da Alemanha na cidade de Karlsruhe. Membros do CDU e do FDP no Bundestag, o parlamento da Alemanha, advertem para os perigos da criação de uma “união europeia de transferências monetárias”, algo que Merkel disse que deseja evitar de qualquer forma.

Mesmo dentro do governo Merkel, há temores de que a Alemanha possa terminar arcando com grande parte da conta decorrente de um desastre financeiro grego. Especialistas no gabinete dela suspeitam que muitos bilhões de euros poderia desaparecer na enormidade da dívida de Atenas sem que o pior fosse evitado: uma bancarrota grega e uma nova onda de especulação contra o euro.

Não é de se surpreender que o clima esteja tenso na coalizão governamental em Berlim. O partido bávaro vinculado ao CDU, a União Social Cristã (CSU), está exigindo que, em caso de dúvida, a Grécia saia da zona do euro. Já a chanceler Merkel está determinada a pelo menos transmitir a impressão de que está administrando as críticas dentro do seu governo.


Apertando os cintos
No final da semana passada, Merkel exigiu que, antes que os gregos recebam qualquer dinheiro, eles primeiro apertem os cintos ainda mais. Mas será que isso seria possível? Ou, se fizesse tal coisa, o país estaria sufocando o que restou da sua arrasada economia? Será que os gregos algum dia poderão pagar a dívida gigantesca, que já chegou a cerca de 300 bilhões de euros (US$ 405 bilhões, R$ 707 bilhões)?

Essa questão diz respeito também à reputação de Merkel e aos intensos temores dos alemães. Merkel sabe que as preocupações com a inflação são mais profundas na Alemanha do que em qualquer outra nação europeia. Na semana passada, o ministro das Finanças, Schäuble, pôde presenciar pessoalmente as reações instintivas que essa questão pode desencadear na Alemanha.

Na terça-feira, Schäuble tentou convencer os principais líderes do grupo parlamentar CDU/CSU a pressionarem a Europa para prometer assistência financeira à Grécia por meio do parlamento em medidas aceleradas de urgência. Ele propôs simplesmente vincular as regulações aplicáveis a uma legislação já existente, de forma a evitar debates contraproducentes no Bundestag.

Mas a ideia de Schäuble encontrou uma feroz oposição de membros do seu próprio partido, o CDU, e do partido aliado, o CSU. “Será que nós sabemos sequer se os gregos ainda estão solventes?”, questionaram os políticos do CSU. Membros do CDU também manifestaram preocupações. Norbert Lammert, o presidente do Bundestag, advertiu que a ajuda de emergência é demasiadamente importante para ser aprovada precipitadamente no Bundestag. Lammert argumentou que uma legislação apropriada necessitaria de uma segunda e uma terceira leitura diante dos membros do parlamento.

Agora que a Grécia solicitou oficialmente ajuda, Schäuble terá que tentar uma nova abordagem. Na segunda-feira desta semana, os ministros desejam reunir-se com os presidentes dos partidos representados no Bundestag para discutir formas de elaborar um pacote sobre a Grécia no parlamento da forma mais discreta possível.

Grandes reservas na Alemanha
O ministro não pode esperar nenhum apoio maciço – as reservas em relação à medida nos outros partidos são simplesmente muito fortes. Em uma carta a Merkel, Frank-Walter Steinmeier, o líder do Partido Social-Democrata (SPD), de centro esquerda, deixou claro que as decisões sobre uma possível assistência financeira à Grécia são de uma importância fundamental para o futuro da União Europeia”. “É por isso que elas precisam ser amplamente discutidas no parlamento e decisões responsáveis se fazem necessárias”. Steinmeier acrescentou que Schäuble deveria “apresentar a proposta para discussão imediatamente, e preferivelmente nesta semana”.

As preocupações não são nem um pouco menos significantes na coalizão de governo. “Prosperidade e justiça social exigem uma moeda estável, mas nós não estamos passando nenhum cheque em branco”, disse o líder do FDP, Guido Westerwelle, falando em uma convenção do partido no domingo. A Grécia precisa colocar a sua própria casa em ordem para que haja um início de processo, e uma ajuda só poderá ser fornecida como último recurso para proteger a nossa própria moeda”. Vários membros do FDP no Bundestag também deixaram claro nesta semana que têm sérias dúvidas em relação ao bailout da Grécia.


Hans-Peter Friedrich, um político veterano do CSU, também expressou reservas: a Grécia não enfrenta apenas um problema de liquidez, mas também um problema fundamental de crescimento e estrutural”. Por este motivo, acrescentou Friedrich, o país deveria “cogitar seriamente a sua saída da zona do euro”. “Essa iniciativa não deveria ser considerada um tabu”, afirmou Friedrich.

O que torna a posição de Friedrich tão explosiva é o fato de alguns membros conservadores do parlamento europeu compartilharem o ponto de vista dele. Um deles, Werner Langen, diretor do grupo CDU/CSU no Parlamento Europeu, está “extremamente cético quanto à ideia de que este pacote de auxílio respeite a lei da União Europeia e a lei constitucional da Alemanha”. Langen acredita que a ajuda, no valor de bilhões de euros, não trará nenhum benefício para os gregos no longo prazo. “A alternativa real”, diz ele, “é a Grécia se retirar da união monetária e tornar-se mais competitiva por meio da imposição de reformas estruturais estritas”.

Alto risco
Vastos segmentos do mundo profissional concordam com as críticas dos “eurocéticos”. Poucos economistas estão convencidos de que a injeção pretendida de bilhões de euros saídos dos cofres europeus e alemães serão capazes de curar os males da Grécia. E, pior ainda, muitos críticos duvidam de que os fundos de socorro à Grécia prometidos até o momento serão suficientes.


Os gregos precisarão tomar emprestado cerca de 130 bilhões de euros (R$ 304 bilhões) até o final de 2012, quando os empréstimos concedidos no atual pacote da União Europeia vencerão. Entretanto, políticos vinham assumindo até agora que as exigências financeiras do país não ultrapassariam os 80 bilhões de euros (R$ 187 bilhões). Mas essa quantia só seria suficiente até o final de 2011, o que significaria que a Grécia teria que arrecadar o restante do dinheiro nos mercados financeiros.

Isso será difícil. Os principais economistas não acreditam que a taxa de risco sobre os títulos do tesouro grego diminuirá apenas porque a União Europeia despejou dinheiro sobre Atenas. Como resultado, as taxas de juros sobre os títulos gregos permanecerão elevadas – o que significa que o Estado grego terá que arcar com um grande fardo financeiro.

Portanto, a União Europeia terá que encorajar o país a seguir a rota da consolidação e da reforma, diz o renomado economista Martin Hüfner, de forma que a Grécia possa quitar as suas dívidas dentro de alguns anos.

Pouca confiança
Michael Heise, economista da seguradora multinacional Allianz, concorda. “O dinheiro da União Europeia só ajudará os gregos no curto prazo”, diz ele. A questão fundamental é saber como o país conseguirá quitar a sua dívida”.

Nem mesmo os próprios especialistas de Schäuble têm confiança total no pacote europeu de bailout. Eles dizem que as elevadas taxas de risco nos mercados demonstram que os investidores tem pouquíssima confiança nas medidas europeias.

Dois cenários de risco estão sendo atualmente discutidos pelos economistas. No primeiro cenário, a Grécia iria à bancarrota e os seus empréstimos seriam suspensos, estendidos ou reestruturados. No segundo cenário, o país seria forçado a retirar-se da zona do euro, implementar uma reforma cambial e partir para um recomeço econômico. Em ambos os casos, grandes parcelas do dinheiro do bailout europeu seriam perdidas.

Já estão se fazendo paralelos com um outro enfrentamento histórico entre governos e especuladores no início da década de noventa. Naquela época, o empresário de fundos de hedge George Soros colocou o Banco da Inglaterra de joelhos, e a libra esterlina britânica teve que ser retirada do sistema de moedas europeu que vigorava naquele período.


“Correta e inevitável”
O mesmo cenário poderia desenrolar-se desta vez, ainda que os gregos, após o seu pedido espetacular de ajuda na sexta-feira, estejam novamente falando de esperança.

O economista ateniense Yannis Stounaras, por exemplo, chama essa decisão de “correta e inevitável”. O líder empresarial Dimitris Daskalopoulos vê o programa como a “última chance da Grécia”, e afirma que o país não deveria interpretar as exigências europeias “como uma penalidade”, mas sim como “uma terapia necessária”.

Desde a última quarta-feira, especialistas do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia têm circulado pelo Ministério das Finanças em Atenas, avaliando orçamentos, estudando obrigações e créditos e analisando os efeitos do programa de austeridade sobre o governo grego. Os técnicos acreditam ser muito provável que encontrarão aquele tipo de surpresa ocasional. Segundo especialistas, o topo da montanha da dívida ainda não foi encontrado.

Na semana passada, a agência de estatística da União Europeia, a Eurostat, informou que o déficit orçamentário da Grécia em 2009 era de 13,6% e não de 12,7%, conforme anteriormente estimado. Isso coloca a Grécia em pé de igualdade com a Irlanda, a detentora do recorde de déficits da Europa. E ainda não se enxerga no horizonte um fim para o fluxo constante de más notícias.

“Praticamente falida”
A Eurostat já informou o ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou, a respeito das “reservas” adicionais que o órgão tem em relação aos números apresentados por ele, que preveem que o déficit do ano passado aumentará entre 0,3 e 0,5 pontos percentuais. Quando isso ocorrer, os gregos acharão muito difícil cumprir aquilo que está previsto no programa de consolidação.

E se o crescimento econômico sofrer um revés intenso devido às medidas de austeridade rígidas, algo que é de se temer, os planos não surtirão efeito algum, diz o proeminente economista alemão Hans-Werner Sinn.

“A Grécia está praticamente quebrada”, diz Sinn, que é diretor do Instituto Ifo, com sede em Munique. Segundo ele, as consequências serão colocar os países que estão implementando a operação de resgate “sob pressão” cedo ou tarde, o que possivelmente incluiria até mesmo a Alemanha, que encontra-se supostamente solvente. “Nós já temos uma relação de dívida de 73%”, adverte Sinn. “Estamos em uma corda escorregadia, e ela ficará ainda mais escorregadia”.

Tradução: UOL

ESCOLA PUBLICA NÃO É DE GRAÇA /// Vanessa Cabral

Prezados, não deixem de visitar este site.
Quem tem filho em idade escolar vai se interessar.
As informações nele contidas nos levam, inclusive, à reflexão sobre a questão do pagamento "dobrado" que fazemos para educar nossos filhos.

link: http://escolapublica.zip.net/


A JORNALISTA Vanessa Cabral dizia que nunca faria um blog, exceto se um dia tivesse algo realmente importante para contar. No início deste ano, ela encontrou um bom motivo para mergulhar nessa empreitada e conseguiu inovar o congestionado universo da blogosfera. Não há registro, pelo menos no Brasil, de que alguém tenha criado uma página na internet para acompanhar o cotidiano de seus filhos numa escola pública.


Irritada com o valor das mensalidades dos colégios particulares (de R$ 900 a R$ 1.500) e crítica em relação aos métodos pedagógicos, ela tomou coragem e matriculou seus dois filhos, Ian e Arthur, na escola pública (Brigadeiro Faria Lima) mais próxima de sua casa (em Perdizes). "Senti que, finalmente, tinha encontrado algo, de fato, interessante para escrever."

Ocorreu, porém, que algumas pessoas passaram a perguntar a Vanessa se ela tinha algum problema psicológico. "Quando contei ao meu grupo de meditação que meus filhos estavam estudando numa escola pública, vi olhos arregalados como se eu tivesse blasfemado."

No dia seguinte, recebeu e-mails, todos demonstrando preocupação. Num deles, uma amiga contou que sonhara que os meninos estavam correndo perigo.

A decisão de Vanessa, entretanto, foi cercada de cautela.

Além de visitar por várias vezes a escola, conversou com a direção, com a coordenação e com professores. "Senti confiança." Viu que estavam criando ações extracurriculares e que se mostravam abertos à participação dos pais. Resolveu, então, participar do conselho da escola para poder influir na gestão.

Rapidamente, ela sentiu vontade de relatar sua experiência. Descobriu um jeito de unir seu projeto educativo ao seu projeto jornalístico, dando uma dimensão digital à maternidade.

Para acompanhar melhor os filhos, teve de mudar sua vida profissional. Acertou um horário mais flexível na Redação em que trabalha (da revista "Poder", editada por Joyce Pascowitch).

Até agora, seu blog tem sido favorável à escola. Ela vem mostrando que há aspectos positivos apesar das dificuldades. Num dos textos, mostrou-se satisfeita ao ver um dos filhos fazer um projeto com base no quadro "Guernica", de Picasso.

Seus textos não só ajudam a desmontar preconceitos como também, ao mesmo tempo, mostram que a entrada da classe média nas escolas públicas pode melhorar a fiscalização dessas instituições.

Um dos projetos de Vanessa é que o blog(http://escolapublica.zip.net/) seja um fórum de discussão que atraia as outras mães e pais de alunos da escola, mas, por enquanto, os leitores são seus amigos e conhecidos, cujos filhos estão em escolas particulares.

Nova profissão para jovens ajuda a acabar com o abuso do álcool /// UOL- Folha SP

Ouça em: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/gilberto-dimenstein/GILBERTO-DIMENSTEIN.htm
gilberto dimenstein

26 de abril de 2010
Alconsciência
No último fim de semana aconteceu uma festa diferente: trata-se de uma balada movida a rap e a funk em que será proibida a entrada de bebida alcoólica e de drogas. Se alguém acender um "baseado", vai levar uma advertência; se insistir, a festa vai terminar para todos. As rígidas normas não foram estipuladas por adultos, mas pelos próprios jovens de Heliópolis, a maior favela de São Paulo.

É a primeira vez que jovens de comunidades populares recebem treinamento profissional em comunicação para alertar seus colegas sobre os perigos das substâncias psicoativas - o álcool, em particular. O trabalho, desenvolvido por dois anos, focou da publicidade ao jornalismo.

Estimular bandas de funk, hip-hop, samba e pagode a produzir letras que despertem o interesse dos jovens pela saúde faz parte desse projeto de marketing. As baladas são gratuitas e já atraíram os talentos locais, o que significa sucesso na certa.

Todos sabemos que o consumo abusivo de álcool e a juventude constituem uma combinação altamente explosiva. Por isso um projeto como esse, se for bem-sucedido, tende a ganhar escala nacional.

Em gestação há três meses, o projeto partiu da ideia de que os adultos não encontrariam linguagem mais apropriada para falar sobre álcool com os adolescentes. Mas os jovens teriam a limitação de não conhecer técnicas de marketing, publicidade e jornalismo. Assim se delineava a ideia de criar agentes comunitários de comunicação.

Habituada a fazer as mais diversas parcerias, com nomes que vão de Antonio Candido a Ruy Ohtake, a comunidade de Heliópolis obteve apoio da iniciativa privada (AmBev) para oferecer formação aos jovens.

Ali se desenvolve o conceito de bairro-educador.

O objetivo é conscientizar o jovem e, ao mesmo tempo, os donos de bares, estimulando-os a cumprir a lei e a não vender bebidas a menores de 18 anos. Parte da campanha será focada também nos pais.

O que se busca é prevenir o problema. Se já é difícil cuidar de jovens abastados, que têm acesso a recursos médicos e a apoio psicológico, imagine a arduidade da tarefa na periferia, carente de tudo e cheia de famílias desestruturadas.

A Universidade Federal de São Paulo desenvolve um programa que trata, ao mesmo tempo, o filho e os pais, na suposição de que a família desinformada mais atrapalha do que ajuda.

Para se dedicarem diariamente ao projeto, os agentes comunitários de comunicação recebem uma bolsa mensal e devem estar matriculados na escola.

Recebem aulas de redação e aprendem técnicas de montagem de sites, além de design gráfico para a produção de cartazes. Há também aulas sobre saúde, que os levam a entender como as substâncias psicoativas alteram o cérebro.

Também vão aprender a criar programas de rádio e televisão, além de peças de publicidade. A rádio Heliópolis transformou-se numa espécie de Redação-escola.

São apoiados por publicitários de uma agência profissional (Repense) na produção dos slogans e no planejamento de marketing.

Entendeu-se que uma das maneiras mais eficazes de falar com o jovem seria o olho no olho. Decidiu-se, portanto, promover uma balada por mês, com as bandas locais, que, depois, farão uma gravação num estúdio profissional, com direito a videoclipe. Adolescentes serão convidados a mostrar suas produções em artes plásticas, literatura (poesia e conto), vídeos, grafite e moda. Já há, no bairro, uma confecção com um ateliê-escola.

Um dos pontos da estratégia de marketing é a premiação, com produtos, dos bares que aderirem à campanha. Cada dono de bar premiado será apresentado como uma espécie de herói local em peças publicitárias e nos programas.

Ainda não se sabe se tudo isso vai funcionar. Está sendo realizada uma pesquisa qualitativa para avaliar a percepção dos jovens sobre o abuso do álcool. Daqui a dois anos, será feita uma nova medição, que vai oferecer pistas sobre o desempenho da experiência.

Independentemente do resultado, o projeto está conectando mais comunidades populares do eixo Rio-São Paulo, como Paraisópolis.

A experiência de Heliópolis pode até dar errado, mas, se isso ocorrer, não terá sido por falhas técnicas. O fato é que esse caminho costuma dar certo quando se faz da juventude uma fonte de soluções.

Basta lembrar que o instigante nome do projeto, Alconsciência, foi inventado pelos próprios jovens, depois de ouvirem seus colegas.

PS- Para conhecer a dimensão da tragédia que envolve o álcool e a juventude, coloquei uma série de artigos no meu site http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/

Um quarto dos jovens adultos vivem com os pais /// Agencia Estado


Karina Toledo - Agência Estado (AE)

Tiago Queiróz / Agência Estado

Um em quatro jovens adultos brasileiros entre 25 e 34 anos ainda vive com os pais. O crescimento desta tendência nas últimas duas décadas não chega a ser novidade, pois o fenômeno é mundial. O que surpreende é o salto entre os homens, que praticamente dobrou no período - de 13,7%, em 1986, para 24,2% em 2008, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Se antes a dificuldade financeira era o principal motivo que impedia os jovens de iniciar uma vida longe dos pais, o cenário mudou: com comida, roupa lavada e privacidade no próprio quarto, os jovens adultos não têm motivos para abrir mão da comodidade. Como não há mais o conflito de gerações que seus pais tiveram de enfrentar, eles aproveitam para investir nos estudos e guardar dinheiro.

Entre as mulheres, o avanço foi menor: de 13,7% (1986) para 18,3% (2008). O levantamento foi feito pela demógrafa Regiane de Carvalho, em sua tese de mestrado.

A assessora de comunicação Thaís Noronha, de 30 anos, faz parte da chamada geração canguru. Ela divide um apartamento com a mãe e um irmão mais novo. Por causa da boa convivência, diz, só pensa em sair quando casar. "Nunca quis morar sozinha. Sinto necessidade de ter alguém para comentar como foi o dia, discutir o cabelo da atriz da novela e para isso eles são ótimas companhias."

Na casa, cada um tem seu quarto, seu computador e sua TV A maior parte dos afazeres domésticos ficam a cargo da "mãe-canguru’ Shirlei Noronha.

A presença materna no domicílio foi o fator que mostrou mais influência na proliferação dos jovens cangurus, segundo a pesquisa de Regiane. "Aqueles que não tinham mãe viva apresentaram três vezes mais chance de sair de casa, pois é ela, normalmente, quem proporciona casa, comida e roupa lavada", analisa.


A queda na fecundidade, com redução no número de pessoas na casa, foi outro fator importante. Além de permitir aos pais investir nos filhos, proporcionou aos jovens mais espaço e privacidade. "Isso faz com que não tenham tantos incentivos para sair. Muitas vezes já estão trabalhando, mas preferem acumular uma certa renda para manter, quando saírem, o mesmo nível de bem-estar que tinham com os pais", diz Regiane.

É exatamente assim que pensa o advogado Daniel Mendes, de 27 anos. "Até poderia me sustentar, mas passaria apertado. Não vejo sentido em sair a não ser para casar." E isso não está em seus planos imediatos, embora namore há três anos. Ele já concluiu duas graduações e uma especialização, mas diz que as despesas e obrigações de morar sozinho o impediriam de continuar estudando para obter um trabalho melhor.

Com um mercado de trabalho mais restrito e exigente, a educação continuada é a saída para o jovem se tornar competitivo, diz a psicóloga Yvete Lehman, que coordena o serviço de orientação profissional da USP. "Mas nesse meio-tempo é preciso submeter-se a um semi-salário e o jeito é adiar a independência."

O ideal de autonomia, diz a professora de psicologia da PUC-SP Ana Merces Bock, encontra-se enfraquecido pelas mudanças nas relações familiares. "Com as conquistas do feminismo, a casa deixou de ser o domínio de um pai autoritário e passou a ser um lugar de encontro de pessoas que se gostam e se apoiam."


Sem conflito

A terapeuta familiar Célia Regina Henriques ressalta que esses pais são da geração que viveu o movimento hippie e a luta pela democracia. "Essa liberdade pela qual lutaram tentam reproduzir dentro de casa."

Para ela, o fenômeno também está relacionado ao individualismo contemporâneo e à dificuldade de estabelecer vínculos afetivos. "É como se pais e filhos estivessem dentro de uma bolha. Já que as relações afetivas estão difíceis, o trabalho está difícil e a convivência familiar está boa, vamos viver esse momento e esperar pelo que vai acontecer", diz. Se por um lado cria-se essa rede de apoio entre pais e filhos, diz, o lado ruim é que ocorre uma cristalização. "Para sair da bolha é preciso um grande esforço."

Mais investimento em formação

A fuga do compromisso afeta não apenas a dinâmica familiar e amorosa, mas também a profissional, afirma a psicóloga Célia Regina Henriques. "Por isso o trabalho freelancer se torna tão frequente entre os jovens. A ideia de fazer carreira em uma grande empresa, típica da geração anterior, não existe mais", diz.


A troca frequente de emprego, por necessidade ou desejo, exige múltiplos conhecimentos. E a segurança financeira que a casa materna oferece permite ao jovem correr atrás da capacitação.

Formada em Jornalismo e Gastronomia, Gabriela Sampaio, de 32 anos, morou com a mãe até os 29 para custear a segunda faculdade. Nesse meio tempo, ela trabalhou em assessoria de imprensa, cozinha de restaurante e hoje desenvolve conteúdos para sites de internet.

Marion Hesser, de 26 anos, iniciou três graduações. Ciências Sociais, ela abandonou; Relações Internacionais, concluiu; e hoje cursa Filosofia. Passou pelo mercado financeiro, fez trabalhos como atriz e escreveu para revistas. Agora trabalha com relações internacionais, mas revela o desejo de ser produtora cultural.

"Hoje deixei de sofrer por não ter um foco e passei a valorizar o fato de que eu tenho múltiplos interesses. A médio prazo isso me capacita." Enquanto isso, a casa, a comida e a roupa lavada estão garantidas.

Oceanos são bomba-relógio do aquecimento global /// Ecodebate

admin
aquecimento global, mudanças climáticas
Mares são bomba-relógio do aquecimento – As águas dos oceanos estão mais quentes. Mais do que se imagina. Não é só o fenômeno El Niño, que eleva a temperatura da superfície do Oceano Pacífico e provoca chuvas torrenciais na Região Sudeste. Nem só o fato de o Oceano Atlântico ter estado mais quente este ano: nas chuvas que desabaram sobre o Rio em abril, o aumento de 1,5 grau contribuiu para a intensidade das tempestades, causando mais evaporação e trazendo umidade extra ao litoral. Cientistas publicaram esta semana um artigo [Tracking Earth's Energy] na revista Science no qual estimam que os oceanos absorvam cerca de 90% da energia solar que fica presa na Terra por causa dos gases do efeito estufa.

Eles descobriram este fenômeno ao perceberem que as atuais ferramentas de medição do aquecimento global não captam nem metade do calor, que especialistas acreditam ter aumentado na Terra nos últimos anos. Sensores de satélite, boias oceânicas e outros instrumentos seriam, segundo eles, inadequados para rastrear esse calor não detectado, que deve estar aumentando nas profundezas dos oceanos. Reportagem de Marcelo Gigliotti, no JB Online.

E embora instrumentos de satélites indiquem que gases de efeito estufa continuem a prender mais energia solar no planeta, cientistas não têm sido capazes de determinar para onde exatamente o calor está indo.

– Ou as observações de satélite estão incorretas, ou, o que é mais provável, grandes quantidades de calor estão penetrando em regiões que não são adequadamente medidas, assim como as partes mais profundas dos oceanos – diz Kevin Trenberth, principal autor do estudo e cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), dos EUA.

Segundo os cientistas, algum aumento de calor pode ser detectado entre profundidades de cerca de mil a dois mil, porém mais calor deve estar em locais mais profundos, além do alcance dos sensores de oceanos.

– Este calor vai nos assombrar mais cedo ou mais tarde – diz Trenberth, principal autor do estudo e cientista do NCAR. – É fundamental rastrear a elevação da energia em nosso sistema climático para que possamos entender o que está acontecendo e prever nosso clima futuro.

Trenberth e o co-autor, John Fasullo, se concentraram em um mistério central das mudanças climáticas
Segundo eles, as temperaturas da superfície da Terra têm sido regulares nos últimos anos. Ainda assim, o derretimento de geleiras e do gelo do mar do Ártico, e os níveis do mar cada vez mais elevados indicam que o aquecimento continua a ter profundos efeitos sobre o planeta.

Instrumentos de satélite mostram um desequilíbrio crescente entre a energia do Sol entrando na atmosfera e a energia deixando a superfície da Terra. Esse desequilíbrio é a fonte do aquecimento global de longo prazo.

Rastrear a quantidade crescente de calor na Terra é mais complicado do que medir temperaturas na superfície do planeta.

Trenberth e Fasullo querem sensores de oceanos adicionais, junto com análise de dados mais sistemática e novas abordagens para calibrar instrumentos de satélite, para ajudar a resolver o mistério. As boias que os pesquisadores começaram a empregar no ano 2000 para medir temperaturas dos oceanos, por exemplo, estão separadas por cerca de 300 quilômetros, e fazem leituras a cada dez dias de uma profundidade de cerca de dois mil metros até a superfície.

Há planos para ter mais boias desse tipo capazes de medir o calor em profundidades maiores.

– Nossa preocupação é que nós não somos capazes de monitorar inteiramente ou entender o desequilíbrio. Isso revela uma lacuna em nossa capacidade de observar o aumento do calor em nosso sistema climático – diz Fasullo.

Tracking Earth’s Energy
Kevin E. Trenberth and John T. Fasullo

Science 16 April 2010:
Vol. 328. no. 5976, pp. 316 – 317
DOI: 10.1126/science.1187272
By measuring the net radiative incoming and outgoing energy at the top of Earth’s atmosphere, it is possible to determine how much energy remains in the Earth system. But where exactly does the energy go? The main energy reservoir is the ocean, which sequesters energy as heat. Because energy is exchanged between the atmosphere and the ocean, this heat can resurface at a later time to affect weather and climate on a global scale. A change in the overall energy balance will thus sooner or later have consequences for the climate. Existing observing systems can measure all the required quantities, but it nevertheless remains a challenge to obtain closure of the energy budget. This inability to properly track energy—due to either inadequate measurement accuracy or inadequate data processing—has implications for understanding and predicting future climate.

National Center for Atmospheric Research, Boulder, CO 80307, USA.
E-mail: trenbert{at}ucar.edu
EcoDebate, 24/04/2010

Furlan: Brasil precisa de nova imagem, a de "economia verde" /// TERRA

24 de abril de 2010
 Valmir Zambrano

Direto de Comandatuba

Do ponto de vista econômico, o Brasil encostou no chamado primeiro mundo. De acordo com o critério de medição, o País está entre sétimo e oitavo lugar entre os mais ricos. Mas apesar do poder de sua economia, falta ainda uma espécie de imagem corporativa ao Brasil, algo pelo qual ele possa ser identificado imediatamente no exterior, na opinão do ex-ministro do Desenvolvimento e atual co-presidente da Brasil Foods, Luiz Fernando Furlan. Para ele, a melhor oportunidade é "colar" o nome do Brasil à chamada "economia verde".

"O Brasil pode não perceber, mas está hoje buscando um reposicionamento da sua marca. Deixamos de ser um país pobre e dependente para ganharmos protagonismo no mundo, mas ainda precisamos de um rótulo que não seja aqueles surrados do tipo país do samba, do carnaval ou de Pelé", afirmou o ex-ministro, durante o 9º Fórum Empresarial, evento que reuniu empresários e políticos em Comandatuba, na Bahia, para discutir sustentabilidade econômica.

Furlan lembra que todos os países mais importantes possuem empresas e uma imagem ligadas às suas economias. Os alemães são reconhecidos por suas máquinas de qualidade, os italianos por seu design vanguardista e até um país como a Finlândia, com economia menor que a brasileira, é famosa pela sua liderança em telefonia celular. No caso do Brasil, Furlan acredita que o melhor caminho é vincular a imagem a sinônimo de sustentabilidade.

Para ele, não há país em melhores condições de aproveitar esse selo verde do que o Brasil. "A maior parte da energia que consumimos é limpa, vem da água, no caso da hidrelétrica, e da terra, no caso do etanol e cana. Estamos muito melhores do que países que dependem de carvão, por exemplo", afirmou o empresário.

"No campo da emissão de gases de efeito estufa, a situação também é mais fácil de consertar. Queimadas na agricultura e o corte de árvores são nossas principais pegadas de carbono. E com programas de uso consciente da terra podemos reverter o problema. Ainda temos mais da metade da floresta tropical (Amazônia) que tínhamos há mil anos. Na Europa, por exemplo, não sobrou nada", disse Furlan.

Atualmente, além de chefiar a fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na Brasil Foods, Furlan também atua na Fundação Amazonas Sustentável, entidade que desenvolve projetos de economia sustentável para a Amazônia

Informação & Conhecimento