Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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Estudo calcula gases-estufa no café

Maior fonte de emissões vem de adubos que contêm nitrogênio, segundo pesquisa do Cena/USP
23 de março de 2011
Karina Ninni - O Estado de S.Paulo

ESPECIAL PARA O ESTADO
A maior fonte de emissões de gases formadores do efeito estufa (GEE) na agricultura brasileira é a utilização de fertilizantes nitrogenados. Quem afirma é o professor Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP (Cena/USP), responsável pela realização do primeiro estudo divulgado sobre emissões da agricultura no Brasil.

A pesquisa enfoca o setor cafeeiro e foi feita a pedido da Illycaffè, torrefadora italiana, em três propriedades localizadas em diferentes regiões do Estado de Minas Gerais, o maior produtor brasileiro. "As plantas precisam do nitrogênio para produzir proteína vegetal. Há nitrogênio no solo, mas não é suficiente. Então, utilizam-se fertilizantes com nitrogênio. O problema é que a parcela não absorvida pelas plantas produz um gás chamado óxido nitroso (N2O), que é 300 vezes mais potente na geração de efeito estufa do que o CO2", diz Cerri.

Por regiões. Os primeiros resultados (ano agrícola de 2009/2010) revelam que as emissões relativas a transporte e eletricidade para o setor cafeeiro não chegam perto das atribuídas ao uso de fertilizantes nitrogenados. No cerrado mineiro, por exemplo, enquanto 14% das emissões provêm do transporte e 1% da energia elétrica, 75% são originadas do uso de fertilizantes. Na Zona da Mata, a proporção é, respectivamente, de 11% (transporte), 1% (energia) e 78% (fertilizantes).

"Na propriedade do sul de Minas, o agricultor, em vez de usar nitrogenados, adotou um organomineral. Ou seja, misturou os nitrogenados a um composto orgânico, o que reduz o peso da emissão para 50%."

Quando se analisa a quantidade de CO2 equivalente emitida por quilo de produto colhido, o cerrado mineiro tem o maior valor: 3 quilos de CO2 equivalente por quilo de café produzido.

Agora, as pesquisas vão responder como usar fertilizantes nitrogenados de forma a reduzir a emissão de N2O e qual é a fixação de CO2 no solo da lavoura cafeeira. "Até agora não sabemos quanto o café fixa de carbono no solo, mas certamente poderemos deduzir de boa parte das emissões a parcela relativa à fixação de carbono", explica.

Ele crê que os produtores possam se adequar a outras maneiras de usar adubos nitrogenados, com parcimônia, desde que isso agregue valor ao produto. "O cafeicultor só faz uma mudança no manejo quando isso agrega valor. Se o mercado externo quiser café com menos emissões, vamos nos adaptar."

A indústria paulista está preparada para a COP 16

O protagonismo de organizações representativas dos setores produtivos é estratégico para reverter o ceticismo mundial quanto às negociações internacionais relativas à emissão dos gases de efeito estufa, depois dos frustrantes resultados da COP 15, na Dinamarca. Por isso, os técnicos do Comitê de Energia e Mudança do Clima da Fiesp, criado em meados de 2009, têm trabalhado de modo intenso, incluindo sua presença nas reuniões prévias de negociações na Alemanha e na China, para preparar em alto nível a participação da entidade na Conferência do Clima do México (COP 16), em Cancun, de 29 de novembro a 10 de dezembro deste ano.

É primordial o engajamento da indústria na causa da sustentabilidade. A Fiesp tem promovido numerosas ações para o fomento da economia de baixo carbono. Com esse propósito, estabeleceu plano de ação voltado a incentivar as fábricas a realizarem inventários de gases de efeito estufa expelidos, visando à diminuição. Estimula, ainda, a transferência de tecnologia de produção limpa às médias, pequenas e microindústrias.

A entidade também está produzindo conteúdos, como o Guia de Introdução às Negociações de Mudança do Clima, compêndio substantivo sobre esse grande desafio contemporâneo. Em 2009, havia elaborado o estudo Mudanças Climáticas: o Valor das Convergências, entregue ao ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, por sua atuação na área ambiental. Os relatórios são preciosa contribuição em termos de conhecimento e informações referenciais.

A Fiesp acompanha as negociações nacionais e internacionais para identificar impactos, questões legais e oportunidades para o setor produtivo. Ademais, participa dos fóruns que defendem ou abordam a manutenção da competitividade setorial e promove seminários sobre o assunto, ampliando sua discussão.

O parque manufatureiro paulista tem, ainda, defendido providências e posições que considera cruciais. Uma delas é inegociável: nenhuma nação ou bloco econômico deve utilizar o argumento das mudanças climáticas para promover o recrudescimento do protecionismo. Outra de nossas propostas, esta de caráter estrutural, é a manutenção da geração hidrelétrica como a principal componente da matriz energética, por ser uma das mais limpas. Em caráter complementar, é preciso ampliar o uso de fontes de eletricidade com baixo nível de emissão de carbono, reduzindo-se a utilização das térmicas.

Outras medidas importantes são o incentivo à eficiência energética, ao consumo racional e à expansão do uso de biocombustíveis. Nosso país, por seus avanços nessas áreas e capacidade de produzir energia limpa e renovável, tem grande capacidade de influência na COP 16, herdeira das lições de casa não concretizadas na Dinamarca. É preciso defender os acordos inerentes à sustentabilidade. A sorte está lançada!

O autor, João Guilherme Sabino Ometto, é engenheiro - EESC/USP -, vice-presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade

Novo projeto da Transoeste aumenta custos em mais de R$ 100 milhões

Trajeto será estendido de Santa Cruz até o Centro de Campo Grande. Prefeitura promete construir Transoeste até as Olimpiadas de 2016.

Do RJTV
A Prefeitura do Rio anunciou mudanças no projeto da Transoeste, um dos corredores exclusivos para ônibus BRT, sistema inteligente de transporte, que o município promete construir até as Olimpíadas de 2016. O trajeto que iria da Barra da Tijuca até Santa Cruz vai aumentar para os dois lados e o custo da obra vai subir em R$ 100 milhões.

“Você vai ter um BRT saindo aqui da Barra, vindo pelo litoral, em direção à Zona Oeste. Você vai ter um outro cortando aqui, fazendo uma ligação com subúrbio, indo até a Ilha do Governador, que tá aqui. Você tem um outro cortando o maciço da Pedra Branca, chegando em Deodoro, na Avenida Brasil. E você tem o outro da Avenida Brasil chegando até o Centro da cidade”, explica o prefeito Eduardo Paes.

De todos esses corredores, só a Transoeste está em obras. O viaduto está em construção e começou a duplicação de vias e perfuração do Túnel da Grota Funda. A prefeitura promete terminar a via até 2012.

No projeto original, a Transoeste ligava a Barra da Tijuca até Santa Cruz. Mas a Transoeste foi ampliada. O trajeto agora será estendido de Santa Cruz até o Centro de Campo Grande. E no outro extremo, na Barra, o corredor irá até o Jardim Oceânico.Com a mudança, o BRT da Transoeste passa a ser o maior em tamanho, aumentando de 32 para 56 quilômetros. Uma nova licitação será realizada para o novo trajeto. Com a ampliação, o custo total da obra passa de R$ 692 milhões para R$ 800 milhões.

O BRT é um sistema com ônibus articulado, que terá faixas exclusivas. O projeto das estações está pronto. Elas terão estrutura em aço e portas automáticas.

Tecnologia limpa e reciclagem são usadas no Japão contra o efeito estufa

Humberto Rezende
Publicação: 12/10/2010 08:00
Kawasaki, Nagoya e Yokohama — Quatro vezes por semana, Teruji Nobe, 61 anos, sai com sua moderna câmera Canon para capturar imagens de pássaros. Seu lugar predileto para o exercício do hobby que adotou após a aposentadoria é o Estuário Fujimae, em Nagoya, cidade onde vive. O local em que os rios Nikko, Shinkawa e Shonai se encontram com o mar é um importante ponto de parada de aves migratórias que fazem o percurso entre a Oceania e o nordeste asiático. Por isso, Nobe consegue fotografar ali uma variedade imensa dos animais.

O “amante dos pássaros”, como o próprio fotógrafo amador se define, não frequentaria hoje o local se a cidade não tivesse, em 1991, adotado um programa radical de coleta seletiva e reciclagem de lixo. Quarto maior município do Japão, Nagoya vivia nos anos 1980 um dilema: precisava encontrar um novo depósito para seus resíduos, pois o que serve a cidade chegaria ao seu limite em algumas décadas. Devido à sua geografia, muito plana, o município parecia ter apenas uma opção: transformar o estuário em aterro.

O estuário de Nagoya, onde Teruji fotografa pássaros, quase virou aterro sanitário

Manejar para mitigar >>> Agencia Fapesp

21/7/2010
Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Evitar o desmatamento continua sendo a melhor estratégia para minimizar a emissão de gases de efeito estufa (GEE) em regiões como o Estado de Mato Grosso, onde a fronteira agrícola avança sobre o Cerrado. Mas o manejo agrícola e o uso adequado do solo também podem contribuir consideravelmente para um futuro com menos emissões.

As conclusões são de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos que, utilizando um modelo biogeoquímico, fizeram uma estimativa dos impactos das emissões de GEE até 2050 em diferentes cenários de desmatamento e de usos do solo na fronteira agrícola de Mato Grosso.

O estudo, realizado por cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP), e da Universidade de Brown (Estados Unidos), será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O autor principal do estudo, Carlos Clemente Cerri, pesquisador do Cena-USP, é coordenador do Projeto Temático “Impacto ambiental da expansão da agricultura no sudoeste da Amazônia”, apoiado pela FAPESP. Seu filho Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, da Esalq-USP – o outro brasileiro envolvido no estudo –, concluiu em março o projeto “Modelagem da dinâmica da matéria orgânica do solo na zona de expansão agrícola do sudoeste da Amazônia: base para pesquisas em mudanças climáticas globais”, apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.

De acordo com Pellegrino Cerri, o estudo surgiu de uma cooperação entre o grupo brasileiro e o norte-americano e é fruto direto do doutorado de Gillian Galford, primeira autora do artigo e aluna do Departamento de Geologia da Universidade de Brown.

O professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq explica que o desmatamento da vegetação nativa causa uma grande emissão de GEE. Mas, após o desflorestamento, também há emissões, que podem ser maiores ou menores dependendo do uso que for dado ao solo.

“Essas áreas originalmente cobertas por vegetação nativa podem ser convertidas em pastagens, ou diretamente em áreas agrícolas. Ou podem servir primeiro à pecuária e depois à agricultura. A ideia do trabalho era estimar as emissões de GEE considerando cenários com diferentes tipos de conversão do uso do solo”, disse à Agência FAPESP.

Três GEE foram considerados no trabalho: dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso. Todas as unidades foram expressas em unidades de CO2 equivalente. Com uma abordagem integrada, os cientistas estimaram a dinâmica dos GEE de ecossistemas naturais e de ecossistemas agrícolas após o desmatamento em cenários futuros já utilizados na literatura. As estimativas foram feitas com um modelo biogeoquímico conhecido como Modelo de Ecossistemas Terrestres (TEM, na sigla em inglês).

“Estimamos que as emissões em Mato Grosso possam variar de 2,8 a 15,9 petagramas de CO2-equivalente até 2050. O desmatamento é a maior fonte de GEE nesse período, mas os usos posteriores da terra correspondem a uma parcela substancial – de 24% a 49% – das emissões futuras estimadas no estado. Assim, tanto o desmatamento como o futuro manejo do uso da terra terão papéis importantes para a cadeia de emissão de GEE. Os dois aspectos devem ser considerados na hora de traçar estratégias e políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas”, disse.

Segundo Pellegrino Cerri, para validar os dados que seriam obtidos com o modelo TEM, os pesquisadores partiram de cenários atuais em direção ao passado: foram feitas simulações em retrospectiva de cenários já conhecidos de emissões de GEE. Esse procedimento foi aliado a um extenso trabalho de campo.

“Com isso, pudemos comparar os resultados estimados pelo modelo com as nossas observações de campo. A validação dos dados foi feita com uma avaliação baseada em 12 testes estatísticos. Constatando o bom funcionamento do modelo, pudemos utilizá-lo para estimar as emissões de GEE no futuro”, explicou.

Após a conversão do uso do solo, se a área for utilizada para agricultura, as emissões de GEE podem variar muito de acordo com a forma como as práticas agrícolas forem conduzidas. Uma das diferenças mais marcantes pode ser notada entre as produções que utilizam o preparo convencional do solo e as que usam a técnica de plantio direto.

“A técnica de plantio direto muda completamente a concepção da prática agrícola com base em um tripé: a não-mobilização do solo em área total, a manutenção da palha na superfície do solo e a rotação de culturas. Com essas mudanças, as emissões de GEE são substancialmente menores”, disse.

Um dos problemas do preparo convencional do solo, segundo Pellegrino Cerri, é o uso excessivo de aração e gradagem: procedimentos que revolvem o solo com máquinas, invertendo suas camadas superficiais. Essas técnicas, importadas há muito tempo de países de clima temperado, não precisam ser utilizadas em excesso em regiões tropicais.

“Quando o solo é intensamente revolvido, ele é oxigenado e a matéria orgânica fresca fica exposta. Isso acelera a decomposição desse material pelos microrganismos do solo e provoca muitas emissões de GEE. No plantio direto, isso não ocorre. Em vez de usar o arado e a grade em toda a área plantada, o procedimento consiste em fazer um pequeno sulco apenas no local onde a semente é depositada. Como o solo não é revolvido as emissões se reduzem”, disse.

Remoção e rotação

O segundo aspecto da técnica agrícola convencional é a remoção da palha e outros restos vegetais que não são aproveitados na colheita. Esses restos, no entanto, têm grandes porcentagens de carbono em sua composição que, em vez de poluir a atmosfera, podem enriquecer o solo e beneficiar a produção.

“Quando deixamos a palha no campo, ela vai sendo lentamente utilizada pelos microrganismos, transmitindo carbono, nitrogênio, fósforo e outros nutrientes para o solo. É preciso lembrar que todo o carbono presente nessa palha – equivalente a cerca de 50% de sua composição – foi um dia dióxido de carbono que estava na atmosfera e foi sequestrado pela planta durante a fotossíntese”, disse o professor da Esalq.

A rotação de culturas é o terceiro aspecto que, ausente no preparo convencional do solo, poderia contribuir para reduzir emissões de GEE. Além da questão fitossanitária envolvida – as monoculturas são mais suscetíveis a doenças e, portanto, geram maior necessidade de uso de agrotóxicos – a rotação de culturas proporciona o acúmulo de diferentes tipos de palha sobre o solo.

“Quando as culturas são alternadas periodicamente, os restos orgânicos que ficam no solo também variam. Cada microrganismo diferente tem preferência por determinado tipo de material orgânico. Se os restos orgânicos forem sempre provenientes das mesmas plantas, eles vão atender um grupo específico de microrganismos. Se houver uma rotação de culturas, a superposição de palhas de vários tipos também aumentará a biodiversidade local”, explicou.

O artigo Estimating greenhouse gas emissions from land-cover and land-use change: Future scenarios of deforestation and agricultural management (doi: 10.1073/pnas.1000780107), de Carlos Clemente Cerri e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da PNAS em www.pnas.org.

"Expansão chinesa não é sustentável" >>> PNUD

Relatório afirma que padrão de crescimento das últimas décadas terá de se tornar mais 'verde' para que país mantenha ganhos sociais
pnud.org.br
Por PrimaPagina

Impulsionada por um crescimento anual de quase 10% desde a década de 80, a China foi o país que mais ganhos obteve no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), tornou-se a terceira maior economia do mundo e tirou quase meio bilhão de pessoas da pobreza. No entanto, esse processo significou aumento da poluição num nível que torna insustentável o desenvolvimento chinês no longo prazo, avalia um relatório do PNUD sobre o país.

“O crescimento econômico sustentado foi instrumento fundamental no rápido ganho de desenvolvimento humano da Chia, e terá de continuar para atender as necessidades de emprego, serviços sociais e infraestrutura social. No entanto, o modelo de crescimento econômico baseado no uso intensivo de energia e de outros recursos e uma alta dependência de combustíveis fósseis teve seu preço em termos de degradação e poluição. No longo prazo, ele é insustentável”, avalia a edição de 2009/2010 do Relatório de Desenvolvimento Humano da China, encomendado pelo PNUD e coordenado pela universidade chinesa de Renmin.

Desde 1979, com a introdução de reformas, o sistema regidamente planificado e centralizado deu lugar a uma economia de mercado dinâmica que atrai a atenção do mundo. Nas últimas três décadas, o Produto Interno Bruto (PIB) da China tem crescido a uma média de 9,8% ao ano. Entre 1991 e 2004, a proporção de pobres caiu de 65,2% para 10,4% da população. “Os chineses estão agora mais ricos, mais bem educados e mais saudáveis do que nunca”, observa o estudo.

Ao mesmo tempo, a rápida expansão gerou desigualdades sociais e degradou o meio ambiente. “A emissão total de gases-estufa da China cresceu rapidamente com a industrialização e a urbanização ao longo das últimas décadas. Desde 1970 a 2007, o volume total subiu sete vezes. Em 2007, as emissões de CO2 da China ultrapassaram as dos Estados Unidos e são hoje as maiores do mundo”, aponta o texto.


Os chineses lançam 6 bilhões de toneladas de gases-estufa ao ano, contra 1 bilhão no início dos anos 70. Isso está em parte ligado ao fato de o país ser muito grande e ter uma população numerosa. As emissões per capita são menores que as dos países desenvolvidos — mas cresceram 381% no período, bem mais que as do planeta como um todo (17%), segundo dados da Agência Internacional de Energia citados no relatório. O problema pode se agravar, pois, ao longo das próximas duas décadas, 350 milhões de pessoas devem migrar das zonas rurais chinesas para áreas urbanas.

A indústria do país é setor que mais contribui para a emissão (84% do total). O setor de energia e aquecimento, em especial, impulsiona o problema — é responsável por 49,5% da poluição, seguido por manufatura e construção (31,2%). Já o transporte (6,8%) e o consumo residencial (4,2%) têm pequena participação.

O relatório salienta que há grande disparidade entre as indústrias da China. De um lado, empresas modernas —especialmente as estatais— adotam tecnologia avançada, com baixo consumo de energia por unidade de produção. Em contraste, um grande número de pequenas e médias empresas ainda usam equipamentos ultrapassados e tecnologias que desperdiçam energia e produzem níveis elevados de emissões.

Um exemplo disso é a usina termelétrica de Zhejiang, considerada a maior e mais eficiente do mundo, com quatro geradores de 1 mil megawatts e um nível de consumo de carvão de 282,6 gramas por quilowatt-hora. Ao mesmo tempo, um grande número de geradores ultrapassados opera no país abaixo de 200 mil quilowatts — para cada quilowatt-hora de eletricidade gerado, estes aparelhos lançam entre 250 e 350 gramas a mais de CO2 na atmosfera do que os mais modelos mais avançados.

A simultaneidade entre rápido avanço no IDH e degradação ambiental não significam que os dois fenômenos necessariamente andam juntos, diz o relatório. Os autores identificam dois padrões gerais nos países desenvolvidos: Um, dos países europeus e do Japão, onde as emissões per capita são relativamente pequenas, e outro de Austrália, Canadá e Estados Unidos, onde são altas.

O estudo menciona também o caso mexicano e o brasileiro. Entre 1980 e 2006, Brasil e México avançaram no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto o crescimento per capita de emissões de CO2 nos dois países foi considerado pequeno (de 3,4 toneladas para 4,2 e de 1,6 para 1,9, respectivamente). “Essas experiências confirmam que modelos de desenvolvimento humano sustentáveis são possíveis.”

O texto destaca que a China tem dados vários passos em relação a uma economia mais verde. Em dezembro de 2009, durante a Cúpula da ONU em Copenhague, o país se comprometeu a reduzir suas emissões de CO2 per capita entre 40% e 45% até 2020. Para isso, o relatório afirma que as empresas chinesas devem investir na redução das emissões, adotar tecnologias mais limpas e promover melhorias para alcançar maior eficiência.

Além disso, o governo central deve ser responsável pela criação de metas nacionais e pelo desenvolvimento de marcos regulatórios. O texto ainda sugere a introdução de um imposto sobre o carbono no país.
PNUD - EcoAgência

Florestas tropicais são maiores "máquinas" de absorver CO2 >>> Folha SP

Bioma responde por um terço da fotossíntese feita no planeta

As florestas tropicais, como a Amazônia, são as máquinas de fotossíntese mais eficientes do planeta. Um novo estudo internacional mostra que elas absorvem um terço de todo o gás carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano.

Pela primeira vez, cientistas calcularam a absorção global de CO2 pela vegetação terrestre: são 123 bilhões de toneladas do gás por ano.

"É o dobro da quantidade de CO2 que os oceanos absorvem", diz Christian Beer, do Instituto Max Planck para Bioquímica, na Alemanha. Ele é coautor do estudo, publicado na revista "Science".

Selvas tropicais respondem por 34% da captura. As savanas, por 26%, apesar de ocuparem o dobro da área.

Um outro estudo, publicado na mesma edição da "Science", mostrou que a temperatura influencia pouco na quantidade de carbono exalado pelas plantas quando elas respiram.

Havia temores de que o aquecimento global pudesse acelerar as taxas de respiração, fazendo com que florestas se convertessem de "ralos" em fontes do gás -agravando mais o problema.

Juntos, esses dados devem ajudar a melhorar os modelos climáticos, que dependem do conhecimento preciso do fluxo de carbono entre plantas, atmosfera, oceanos e fontes humanas do gás.

O trabalho de Beer também ressalta a importância das florestas secundárias na Amazônia como "ralos" para o CO2 em excesso despejado no ar por seres humanos.

Isso porque, apesar de absorverem muito carbono por fotossíntese, as florestas tropicais devolvem outro tanto ao ar quando respiram.

Florestas em regeneração, por outro lado, fixam muito mais carbono do que exalam.

O estudo usou dados de uma rede internacional, a Fluxnet, que reúne centenas de torres que servem como postos de observação pelo mundo, analisando os fluxos de CO2 na vegetação ao redor.

No Brasil há quase uma dezena de torres de fluxo, a maior parte delas instaladas na Amazônia.

"Mas ainda sabemos pouco, por exemplo, sobre pontos de transição abrupta ligados ao clima, como florestas em savanização", diz o biólogo Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. "E ainda existem ambientes pouco mapeados, como pântanos e brejos."
(Folha de SP, 9/7)

Estudo de Baixo Carbono Brasil: uma reciclagem do discurso dos velhos atores >>> IHU Unisinos

. Entrevista especial com Lúcia Ortiz e Camila Moreno


Lançado recentemente, o Estudo de Baixo Carbono Brasil, coordenado pelo Banco Mundial com a participação da equipe do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), trata, principalmente, do uso de solo para agropecuária e florestas. A pesquisa fez o cálculo do investimento e custos totais por tonelada de carbono que pode ser evitado com a intensificação do uso de pastagens pela pecuária bovina e pelo restauro florestal necessário para eliminar o passivo de reserva legal, levando em conta o Código Florestal atual, sem as propostas de mudança que correm o governo.

A IHU On-Line entrevistou, por email, as ambientalistas Lúcia Ortiz e Camila Moreno, do Núcleo Amigos da Terra Brasil, sobre o tema. Elas enfatizam que “é importante avaliar criticamente o uso cada vez mais indiscriminado deste recurso que é a construção de um (ou mais) ‘cenários de referência’. No caso do estudo do Banco Mundial foi uma projeção para 2030, que cria uma projeção linear extrapolando todo o tipo de ‘tendência’ e criando um panorama de crescimento e emissões absolutamente ilusório, ignorando inclusive todas as limitações ambientais, bem como os impactos econômicos, gerados com a mudança do clima”.

Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que vocês pensam sobre o Estudo de Baixo Carbono Brasil?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – Esse estudo é uma amostra da estratégia de reciclagem do discurso e da nova roupagem que velhos atores, como o Banco Mundial, rapidamente estão adotando para liderar esta transição para o que chamam de “desenvolvimento de baixo carbono”. No ano passado, uma consultoria internacional de empresas, a McKinsey & Company, também lançou seu estudo Caminhos para uma economia de baixa emissão de carbono no Brasil.

Apesar de ser um apanhado de informações para justificar os negócios que a consultoria quer promover, tiveram seus gráficos e “curvas de custo de oportunidade” amplamente utilizados por gestores e funcionários do governo para justificar a formulação de políticas públicas favorecendo as supostas “vantagens” das opções de mercado para os negócios do clima. Este estudo do Banco Mundial vem reforçar com maior peso este mesmo discurso, que trata das “oportunidades de negócios” das mudanças climáticas, onde se passa de um “cenário de referência” para outro identificado como de “baixo carbono” sem realmente colocar em questão os temas estruturais.

"O Banco Mundial, como atesta seu histórico, não é um ator legítimo para conduzir ou intermediar a transição necessária a outro modelo de sociedade."

Esta é a proposta do mercado internacional de carbono, que seria o grande pilar desta nova economia “verde” ou de “baixo carbono”. Um preço internacional para o carbono vem sendo paulatinamente introduzido no discurso econômico como uma nova variável macroeconômica. Além disso, é importante lembrar que redes e organizações internacionais que acompanham as negociações internacionais do clima já alertaram sobre os riscos do Banco Mundial vir a concentrar o gerenciamento dos fundos que estão sendo disponibilizados para o combate às mudanças climáticas e sobre a ingerência do Banco na arquitetura financeira internacional para um novo acordo sobre o clima. O Banco Mundial, como atesta seu histórico, não é um ator legítimo para conduzir ou intermediar a transição necessária a outro modelo de sociedade.

IHU On-Line – Como vocês comparam o cenário de referência e o cenário de baixo carbono apontado pelo Estudo de Baixo Carbono Brasil?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – É importante avaliar criticamente o uso cada vez mais indiscriminado deste recurso que é a construção de um (ou mais) “cenário de referência”. No caso do estudo do Banco Mundial, foi uma projeção para 2030, que cria uma projeção linear extrapolando todo o tipo de “tendência” e criando um panorama de crescimento e emissões absolutamente ilusório, ignorando inclusive todas as limitações ambientais, bem como os impactos econômicos, gerados com a mudança do clima.

Desde secas, inundações, pragas, por exemplo, até os casos extremos de enchentes como a vista na semana passada, no Nordeste, que destruíram cidades e infraestruturas inteiras (estradas, pontes, hospitais, cidades etc.) em questão de horas. Da mesma forma, o cenário de crescimento de emissões computa os altos investimentos (e endividamentos) do Brasil na exploração do petróleo do pré-sal, o que é absolutamente contraditório se estamos falando seriamente em uma transição para uma sociedade pós-petróleo, o que seria realmente no caminho do “baixo carbono”.

"Na criação destes cenários ilusórios, fica muito fácil justificar e precificar supostas “reduções” que não se comprovam e que não são baseadas em uma realidade alternativa concreta"

Imagine os gastos com seguros ou com as medidas de mitigação frente a um vazamento de óleo em alto mar como este da British Petroleum nos EUA? Como compatibilizar esta perspectiva com uma transição de modelo real? Na criação destes cenários ilusórios, fica muito fácil justificar e precificar supostas “reduções” que não se comprovam e que não são baseadas em uma realidade alternativa concreta. Este tipo de estudos serve para ajustar a pertinência da precificação do carbono, criando uma ilusão de que um mercado fabuloso de reduções de carbono (ou de mercadorias que comprovem que foram produzidas na forma “carbono-neutro”) é apresentado como uma nova economia, embora na prática o modelo econômico continue o mesmo.

IHU On-Line – Que relação podemos fazer entre o Estudo de Baixo Carbono Brasil e a proposta para um novo Código Florestal?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – As principais ações propostas pelo estudo no cenário de referência (projeção para 2030 das tendências históricas, dinâmicas e tendências atuais) são pertinentes ao maior fator de emissões de gases de efeito estufa pelo Brasil: a mudança do uso do solo (expansão da agricultura e pecuária) e do consequente desmatamento. O cenário alternativo, chamado de “baixo carbono” pelo Banco, não contesta a expansão do agronegócio, da pecuária e das monoculturas para agroenergia. Pelo contrário, parte do princípio de que estes são “motores fundamentais da economia brasileira” e trata de reforçar o crescimento continuado destes setores, tentando acomodar esta expansão no cenário de “baixo carbono” e com os compromissos ambiciosos do Brasil de redução de desmatamento (redução de 72% do desmatamento na região Amazônica até 2017, segundo o órgão Política Nacional sobre Mudança do Clima).

Se tomarmos que a “redução” do desmatamento verificada com relação à “tendência histórica” do período entre 1996-2005, vemos que foi uma redução do desmatamento que, na sua quase totalidade, era ilegal. Assim, é comum ver, na utilização de modelagens sofisticadas e construção de cenários, o não cumprimento da legislação ambiental – a ilegalidade – transformada em item do cenário “business as usual”, onde a ilegalidade é computada como uma situação “de fato” e renomeada, transformada em um “passivo ambiental”. Assim, no “cenário de legalidade”, proposto pelo estudo do Banco Mundial e viabilizado no cenário de “baixo carbono”, a mudança de atitude/comportamento tem um “custo de oportunidade”, ou seja, quanto deverá ser pago ao produtor para cumprir a lei. Esta é uma nova lógica econômica para a conservação do meio ambiente – vamos aceitar isso como sociedade?

É interessante que o estudo recomende – tendo em vista a possível não aprovação das mudanças propostas ao Código Florestal – o subsídio por parte do estado brasileiro a fim de dar condições para o cumprimento da legislação florestal vigente. O que é, há muito tempo, demandado tanto por pequenos como por grandes produtores que supostamente seriam beneficiados pelos mercados de carbono.

O estudo aponta que a intensificação da pecuária seria viável vendendo os créditos da redução de emissões em um mercado de carbono que pagasse ao menos US$ 1,47 a tonelada de CO2 equivalente, um aporte considerado suficiente para estimular os agentes privados a investir na intensificação da pecuária. Já para a restauração florestal (se estamos idealmente falando em recomposição com espécies nativas e biodiversas) o custo seria estimado em cerca de US$ 50 a tonelada de carbono equivalente, o que só seria possível com subsídio público, já que o “mercado” quer mesmo é créditos baratos, e não financiar soluções reais por um preço justo.

As vantagens deste ambiente de negócios se destinam a agregar valor aos grandes produtores que utilizam estes pacotes altamente tecnificados do agronegócio, com foco particular na modernização da pecuária, ironicamente o grande vetor responsável historicamente pelo desmatamento da Amazônia.

IHU On-Line – O plano de desmatamento zero é viável?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – O tom do estudo reforça que, com “ajustes tecnológicos” que reduzem as emissões (tais como plantio direto, intensificação e confinamento do gado, melhoria genética dos plantéis etc.), o agronegócio e a pecuária poderão crescer ainda mais. Isso se somando ainda às oportunidades de “redução” de emissões com a ampliação do uso do etanol e biodiesel (ou seja, mais monoculturas de cana-de-açúcar e a crescente palma africana/dendê), assim como as vastas oportunidades para os negócios de “reflorestamento”, tanto da reserva legal e das áreas de preservação permanente como de pastagens degradadas.

O estudo não indica, em nenhum momento, uma reorientação ou reversão verdadeira do modelo de desenvolvimento para parar o desmatamento, mas enfoca em tendências de aumento do desmatamento que podem ser “reduzidas”. E inclui a “compensação” com o plantio de florestas comerciais ou florestas de produção, especialmente para produção de “carvão vegetal renovável” para o aço e ferro “verdes”, como eles chamam.

Monoculturas de árvores não são florestas e não podemos admitir que a expansão de mais esta frente do agronegócio, com todos os seus impactos sociais e ambientais tão denunciados, seja agora computada como redução do desmatamento. Sem rever a política de exportação de commodities, a desenfreada expansão de infraestruturas na Amazônia (estradas, hidrelétricas, hidrovias etc.) e este modelo extrativo de recursos, não pode haver um real desmatamento zero.

IHU On-Line – O Brasil pode realmente reduzir em 37%, como diz o estudo, suas emissões poluentes sem prejudicar o desenvolvimento?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – Este é o cerne do debate, devemos discutir e qualificar o que estamos considerando como “desenvolvimento”, para além de renovar esta mesma e cansada ideologia que já se mostrou tão destrutiva do “crescer pelo crescer”. Qual o Brasil que queremos? Há um risco muito grande neste reducionismo brutal da questão ambiental e climática à redução das emissões de dióxido de carbono, pois as inter-relações que afetam os ecossistemas são muito mais complexas e imprevisíveis, assim como a poluição.

A motivação deste tipo de estudo que se apresenta como contribuição “técnica” ao debate é ir naturalizando várias questões que, na verdade, são grandes debates políticos, onde o Banco, ou outros atores econômicos interessados, vão criando um substrato de cenários comparativos, e apresentando curvas de custo de oportunidade para subsidiar a tomada de decisões e orientar as opções para os países.

Isto é grave porque não abre espaço para um debate profundo sobre alternativas e para enfrentar o dogma do desenvolvimento e de como as políticas desenvolvimentistas são causa de exclusão social e degradação ambiental, especialmente na América Latina. É urgente implementar uma transição real para uma sociedade pós-petróleo, com a construção da soberania energética e alimentar nos territórios, relocalizando a economia e racionalizando a produção, o transporte de produtos e o consumo de energia para uma economia de mercados locais e regionais, verdadeiramente resiliente para o enfrentamento da crise climática.

Nas negociações internacionais sobre o clima hoje o que se vê é justamente a disputa pela definição dos novos negócios criados com a questão climática e como o financiamento para mitigação e adaptação deve também servir para impulsionar o desenvolvimento e garantir novos mercados (como de energias ditas renováveis). O estudo do Banco Mundial tem este tom constante de reiterar as soluções de mercado e da iniciativa privada. No cenário de negócios da economia do baixo carbono, a degradação ambiental e a questão das mudanças climáticas são mais uma oportunidade de negócios para o próprio sistema, e o receituário é aceitar e expandir o alcance das soluções e da lógica de mercado, até para garantir o ar puro que se vai respirar.

IHU On-Line – Que políticas do governo já estão dando resultado e onde é preciso avançar ainda?

Lúcia Ortiz e Camila Moreno – É preciso retroceder com urgência, na verdade. Deter os planos de construir Belo Monte e outras grandes obras de infraestrutura e energia na Amazônia. Precisamos discutir o uso do pré-sal em um processo de transição para uma sociedade pós-petróleo, redimensionar as expectativas da agroenergia somente para o mercado nacional e em acordo com uma redução do transporte individual e do fomento ao transporte coletivo etc.

Muito importante também é parar agora, antes que seja tarde demais, com qualquer política que favoreça a substituição de florestas nativas e outros ecossistemas por plantações de árvores exóticas, o que é uma tônica dominante nos cinco eixos principais do plano nacional de mudanças climáticas. Os desastres recentes têm mostrado o quanto o Brasil está despreparado e ainda não tem colocado o mesmo peso político às medidas de adaptação.

No tema do uso do solo e florestas, deve-se avançar na restauração de ecossistemas reconhecendo o papel das comunidades tradicionais, camponesas e dos povos indígenas, com políticas públicas de financiamento, de fomento e assistência técnica para o cumprimento do Código Florestal como está. É preciso garantir o direito coletivo e constitucional ao meio ambiente sadio e equilibrado, bem como ao manejo florestal comunitário, a coleta e distribuição de sementes nativas.

São Paulo regulamenta lei sobre mudanças climáticas >>> Ambiente Energia

Da Agência Ambiente Energia - O governo do estado de São Paulo publica nesta sexta-feira,, dia 25 de junho, decreto que regulamenta a Política Estadual de Mundanças Climáticas (PEMC). A medida é resultado da Lei nº 13.798, sancionada em novembro de 2009, que traça como meta a redução de 20% das emissões dos gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta. O documento estabelece meta que é quatro vezes mais rigorosa do que a definida no Protocolo de Kyoto.

O decreto ainda institui programas e planos voltados à inovação tecnológica, energia, transporte, construção civil, educação ambiental e para ações emergenciais e mapeamento de áreas de risco. Outro destaque é o programa de crédito Economia Verde, que oferece recursos para entidades privadas na implementação de ações que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. Os recursos, da Nossa Caixa Desenvolvimento, ultrapassam R$ 1 bilhão.

Veja a íntegra do documento

O peso da mancha >>> Diario de Pernambuco

Miriam Leitão



A entrada dos seis homens e duas mulheres, vestidos de preto, ontem, na Casa Branca, confirmou que o vazamento do Golfo afetará a indústria do petróleo no mundo. Na reunião com o presidente Barack Obama, os executivos da British Petroleum foram avisados que terão que fazer um fundo de US$ 20 bilhões para as compensações. O valor pode crescer.

O maior desastre ambiental dos Estados Unidos obrigou o presidente Barack Obama a fazer o seu primeiro pronunciamento do Salão Oval para tentar salvar seu próprio projeto político. No ano das decisivas eleições de meio de mandato, a popularidade do presidente tem afundado a cada novo sofrimento causado pelo vazamento de petróleo no mar. Ele joga a chance de um segundo mandato nessa reação.

É absolutamente improvável que depois de tudo isso a exploração de petróleo no mar continue a mesma. Os custos serão mais altos pela obrigatoriedade de medidas de segurança muito mais rigorosas do que as atuais; a regulação será mais forte; os prêmios de seguro mais caros; a energia limpa será mais valorizada; uma das maiores companhias do mundo pode desaparecer. Neste momento, está temporariamente suspensa a exploração no mar na Noruega e nos Estados Unidos.

A BP é hoje uma empresa com um gigantesco passivo ambiental e financeiro. Pode não sobreviver e é a operadora do maior campo petrolífero na América do Norte, o PrudhoeBay, e uma das cinco maiores refinadoras de petróleo do Texas.

Obama anunciou a criação de um fundo independente no qual a BP terá que depositar "o dinheiro que for necessário" para pagar as indenizações e o custo de recuperação da economia da região afetada pelo vazamento. Os advogados da Casa Branca e da BP negociaram o valor do aporte no fundo em US$ 20 bilhões, mas no mercado a estimativa é que o fundo pode acabar tendo que chegar a US$ 60 bilhões. Ontem, a empresa anunciou que não pagará dividendos aos acionistas este ano.

O presidente americano, ao falar do Salão Oval, disse que vai mudar a regulação, nomeou um procurador federal para ser o novo chefe da agência reguladora, criticou a hostilidade contra os reguladores e a promiscuidade da regulação entre regulador e regulado. No Brasil, nos últimos anos, surgiram as duas tendências: o Ibama é acusado de intransigente e inimiga do progresso; as agências reguladoras no governo Lula foram enfraquecidas, partidarizadas e algumas passaram a ser braços dos regulados.

Uma comissão de moradores, estados, negócios afetados vai traçar um plano de recuperação que será financiado pela BP. Uma comissão nacional vai investigar as causas do desastre. "O país tem o direito de saber por que houve a tragédia", disse Obama. "Por gerações, famílias mantiveram estilo de vida à beira do mar que pode ter se perdido para sempre. Vamos lutar por meses ou anos contra os efeitos do vazamento", afirmou. Ele acrescentou que na indústria da exploração de petróleo, nada foi tão grande e tão fundo quanto o campo da BP, e por isso foram testados os limites da tecnologia desenvolvida pelo ser humano. E pelo visto, reprovados.

Tudo isso evidentemente serve de alerta para o Brasil porque a exploração de petróleo do pré-sal será ainda maior e mais funda do que a dos campos do Golfo do México. A regulação tem que ser mais rigorosa e transparente, o princípio da precaução precisa ser levado a sério, um fundo contra desastre precisa ser constituído, os reguladores têm que ser independentes. A mudança no regime de exploração de petróleo no Brasil foi formulada com dois objetivos: tirar proveitos político-eleitorais da mudança do modelo, e retirar tributos recolhidos pelos estados produtores. Não houve preocupação com aumento da proteção do meio ambiente, nem de medidas de prevenção de riscos.

A estimativa feita ontem era que 60 mil barris por dia estão saindo do vazamento de petróleo para o mar do Golfo. Há uma semana, o cálculo era de 25 mil barris. O valor de mercado da BP caiu 48%. A ação era negociada a US$ 60 em 20 de abril e na terça-feira estava em US$ 31.

Obama disse no pronunciamento que "agora é a hora da atual geração adotar a energia limpa. Neste momento, milhares de trabalhadores estão construindo novas turbinas de energia eólica e painéis solares. Mas temos que acelerar a transição." Citou a China como investidor em energia limpa. Ele disse que nos Estados Unidos falam e falam há décadas sobre a redução da dependência do petróleo, e permanecem dependentes.

Isso é que acabou sendo a principal crítica feita a ele pelos especialistas. A de que faltaram medidas concretas para acelerar essa transição, como disse Andrew Revkin, do site Dot Eearth, do NYT. Na opinião de Revkin, Obama foi vago sobre uma das propostas que apoiou durante a campanha, o Cap and Trade, (cotas e comércio de carbono, que criaria um mercado compulsório de carbono nos Estados Unidos). Obama referiu-se a "um plano" no Congresso, o que é na verdade a lei proposta pelo senador democrata, ex-candidato à presidência, John Kerry e pelo senador independente Joe Lieberman.

A imprensa cobrou. A CNN ao fim do discurso dele na noite da terça-feira cortou para um auditório com pessoas das comunidades atingidas. E a crítica foi exatamente que era preciso mais objetividade. Ou seja, o governo americano foi duro com a BP, mas terá que endurecer ainda mais com toda a indústria de exploração de petróleo no mar se quiser reverter a situação desfavorável junto à opinião pública.

Regulamentação de política sobre mudança climática deve começar a sair em agosto /// Agencia Brasil

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A regulamentação da lei que criou a Política Nacional sobre Mudança do Clima, sancionada em dezembro de 2009, só deve começar a sair em agosto. O cronograma foi apresentado hoje (5) pelo coordenador do Comitê Interministerial de Mudança de Clima, Johanes Eck. As regras, que definirão como a lei sairá do papel, dependem da conclusão dos planos de redução de emissões de gases de efeito estufa de setores como energia e agropecuária.

“Haverá mais de um decreto para regulamentar a lei. E não serão editados ao mesmo tempo. A ideia é que se faça a regulamentação à medida que cumprirmos o cronograma”, disse o representante da Casa Civil em seminário organizado pelo Observatório do Clima, grupo de 36 organizações da sociedade civil.

Na primeira etapa, o governo pretende detalhar dados e possibilidades de redução de emissões em cinco frentes: redução do desmatamento da Amazônia, do Cerrado e medidas mitigatórias nos setores de energia, agropecuária e siderurgia.

Segundo Eck, parte da regulamentação ficará pendente até a conclusão do novo inventário nacional de emissões, que está em fase de consulta pública e deve ser fechado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia até outubro. “Temos que ser pragmáticos. A lei vinculou a regulamentação ao inventário. Até lá vamos tentar cumprir compromissos assumidos em Copenhague para ganhar tempo”, justificou.

Além da demora na regulamentação, organizações ambientalistas criticam a falta de coerência entre as metas assumidas pelo governo brasileiro para redução de emissões de gases estufa e as políticas de estímulo a grandes obras de infraestrutura e mudanças na legislação ambiental. Para Alexandre Prado, da Conservação Internacional, falta clareza nos objetivos das políticas climáticas e não existe conexão com outras iniciativas do governo.

“Não entendo como querem chegar à redução de 80% do desmatamento em 2020 se só Belo Monte vai atrair 200 mil pessoas pressionando a floresta em Altamira”, ponderou.

As organizações também questionam a falta de diálogo com a sociedade civil na construção das políticas públicas para mudanças climáticas. “Esse tipo de processo consultivo, via internet, é mais um monólogo que um diálogo”, comparou Fernanda Carvalho, da ONG The Nature Conservancy.

Além da política nacional, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - outra iniciativa brasileira anunciada às vésperas da reunião da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, também depende de regulamentação. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse à Agência Brasil que a pasta deve enviar a proposta de regulamentação do fundo à Casa Civil na próxima semana.

Segundo Izabella, a ideia é que “essas questões pendentes” estejam resolvidas até meados de julho, quando o Brasil vai sediar uma reunião preparatória do Basic (grupo formado por Brasil, África do Sul, Índia e China) para definir posições para a COP-16, marcada para dezembro em Cancún (México).
Edição: Lílian Beraldo

“REDD é uma forma eficiente de reduzir as emissões” /// Carbono Brasil-Mercado Ético

Diogo Rossi, diretor estratégico no Brasil da The Nature Conservancy, fala sobre o potencial do mecanismo de REDD de trazer recursos para proteger as florestas e a biodiversidade e também sobre os projetos da ONG
Fernanda B. Muller, da CarbonoBrasil

Muito se discute sobre os projetos de redução das emissões por desmatamento e degradação (REDD) e como eles deveriam ser postos em prática. Questões como se deve ser um mecanismo governamental ou uma ferramenta de mercado ainda não estão claras. Também é incerto se o REDD cumpriria sua função para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Para tentar esclarecer essas dúvidas, a CarbonoBrasil conversou com Diogo Rossi, diretor estratégico no Brasil da ONG The Nature Conservancy, que defendeu o mecanismo como sendo talvez a forma mais eficiente e a um custo mais baixo de reduzir em muito as emissões. Além disso, ele falou que REDD não se resume a carbono, mas traz também outros benefícios como proteger a biodiversidade, ajudar a aliviar a pobreza e manter florestas em pé.

CB: Como a TNC enxerga que o REDD funcionará, será uma ferramenta de mercado ou será um mecanismo governamental?

DR: Temos participado de diversos debates, o que temos visto e o que parece fazer mais sentido é uma posição mista onde o governo tem um papel, mas as empresas também participam. Esta é uma opinião minha, não uma posição da TNC.

Estamos falando de áreas enormes, então num pool de grandes extensões você vai ter ações que devem ser feitas pelo governo federal, estadual, mas também vai ter ações que são feitas a nível de projetos. Aí será necessário um sistema para contabilizar isto tudo, de acordo com as iniciativas você pode calcular quanto que veio de redução de um monitoramento maior (a nível estadual). Estou colocando aí um modelo de REDD onde todos estão conversando numa boa, bem transparente, a ciência existe hoje para fazer um mecanismo neste sentido.

CB: Parece um mecanismo complexo, com esta quantidade de atores.

DR: Sim é complexo e ao mesmo tempo é aí que entram também as grandes empresas, o que de certo modo é criticado por muitos. O REDD seja talvez a forma mais eficiente e a um custo mais baixo de reduzir em muito as emissões (de gases do efeito estufa). Alguns vão estar compensando, mas a nível global você estará reduzindo as emissões. Porque como é um problema global temos que lidar sempre com este ponto de vista. Então, o país está compensando as suas atividades e continua emitindo, mas é aquela coisa do mundo ideal versus o real. Precisamos de soluções à curto prazo.

CB: No Carbon Market Americas, o Edwin Aalders (ex-diretor da Associação Internacional de Comércio de Emissões) comentou que como o REDD está colocado agora não existem incentivos para os investidores privados entrarem neste mercado e que o pouco volume de demanda que existe é deles ‘testando’ o mercado, você concorda?

DR: É interessante, por que por incrível que pareça tem compradores de REDD. Mas a minha leitura é essa também. Hoje tive uma ligação com uma destas empresas globais de consultoria, ou seja, todo mundo está ouvindo falar de REDD. Só que os investidores mais sérios têm tanta coisa para esclarecer, que o risco ainda é muito alto. O que estamos vendo é que hoje há espaço sim para aquelas empresas e investidores em busca de ‘early action’ (ações antecipadas) e como tudo no mercado, um maior risco talvez tenha um maior retorno ou retorno algum. Agora o mercado ainda não está muito formado por que existe uma série de questões, por exemplo, como você lida com a repartição dos benefícios de forma que chegue às populações mais pobres, tradicionais e indígenas.

E ao mesmo tem uma série de governos, por exemplo, esta iniciativa Paris-Oslo (de debates), que estão comprometendo US$ 6,5 bilhões nos próximos três anos. Então, no horizonte mais de curto prazo destes próximos três anos serão os governos envolvidos com ‘readiness’ (preparação para o REDD), criando o marco regulatório e projetos pilotos.

CB: Então você acredita que o REDD seja um mecanismo efetivo para proteger as florestas e os povos indígenas e tradicionais?

DR: Acredito e acho que tem tudo para ser o mecanismo, talvez não o único. Não só pelo carbono, mas por todos os benefícios extras, por proteger a biodiversidade, ajudar a aliviar a pobreza e manter florestas em pé.

CB: A TNC tem projetos bem diferentes relacionados ao REDD, tanto os do PA e MT com cadastramento rural que servirá como uma base para o governo quanto os projetos de Guaraqueçaba que foram baseados em compromissos de empresas, você poderia falar um pouco sobre estas diferentes experiências? Qual é mais efetiva?

DR: O projeto de Guaraqueçaba tem dez anos e é piloto e tem muita coisa que continuamos discutindo, se imaginar hoje e dez anos atrás, era outro momento mesmo. O modelo lá foi baseado na compra de terras e gestão da área, boa parte já foi transformada em RPPN e gerou muitas lições aprendidas. Hoje acreditamos que para ter escala, o modelo onde uma ONG compra a área não tem como ter grande escala. Nisso veio a idéia de trabalhar com o arcabouço legal que temos no Brasil que é o Código Florestal. Então se levarmos em conta todo o déficit que temos de reserva legal, só em SP apenas o setor de cana tem um déficit de 500 mil hectares. Então a abordagem nos projetos do PA e MT é focar na regularização da legislação, onde o carbono é um incentivo adicional ao cumprimento do código florestal, conseguindo uma escala maior.

Outro projeto envolvendo o carbono no Brasil é o do Corredor Ecológico Monte Pascoal-Pau Brasil, em parceria com o Ibio, o primeiro de reflorestamento certificado com o padrão CCBA no Brasil. É um projeto que começou pequeno com uma neutralização para um evento de uma regata e a idéia de provar um conceito, de trazer recurso do carbono para restauração de reserva legal. Então o primeiro projeto foi com a Kraft e já aumentou bastante a área porque depois veio a Natura comprando o carbono e a Coelba (empresa de energia da Bahia). Tudo resultado de neutralização de emissões.

CB: O conceito de trabalho com as empresas é parecido com Guaraqueçada, mas vocês aprenderam que o ideal é não comprar a área…

DR: Exatamente, por que o custo de restauração na Mata Atlântica, que tem uma biodiversidade enorme já é alto e se envolver compra e gestão de área fica realmente inviável. Trabalhando dentro de reserva legal, e hoje estamos até mesmo priorizando as áreas de preservação permanente, temos uma garantia a mais de permanência. Aí entra parcerias com as secretarias ambientais dos estados.

Temos também os projetos em São Paulo, na região de abastecimento da cidade na Cantareira . O conceito é carbono e água com recursos do comitê, da cobrança pela água que paga parte dos Serviços Ambientais e o carbono entra para pagar a parte de restauração. Tem um pool de projetos nesta área, com a Sabesp, com a 3M e outros demonstrando este tipo de conceito.

Tem também os projetos piloto de REDD, no noroeste do Mato Grosso e no Pará, este último ligado com comunidades indígenas.

CB: Dizem que projetos de REDD e Mata Atlântica não combinam, que não tem como desenvolver estes projetos neste bioma, você concorda?

DR: É que hoje já cortaram tudo na Mata Atlântica e estão indo pra Amazônia e Cerrado.

CB: Mas este não seria exatamente um motivo para focar nela? Apenas restam 7% desse bioma, o que já é pouco e se formos considerar que grande parte destes estão sendo degradados, sobra ainda menos.

DR: Esta é a questão, se a tecnologia evoluir e surgirem técnicas de análise de degradação… hoje é muito mais fácil de enxergar e fazer linha de base de desmatamento. O dia que tivermos uma tecnologia para monitorar a degradação, então isto pode mudar. Como é um mecanismo de mercado, entra a lógica econômica de provar o que está acontecendo.

(CarbonoBrasil)

Empresas terão de pagar por poluição acima das metas /// Estadão

O novo mercado de carbono, que o governo vai criar, também permite ganhar dinheiro com 'títulos de redução de emissões'
04 de maio de 2010
0h 00

 Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Empresas que lançarem na atmosfera quantidade de carbono acima de um limite a ser fixado pelo governo terão de comprar "títulos" no mercado brasileiro de redução de emissões, prevê estudo do Ministério da Fazenda. Esse novo mercado funcionará com certificados de redução de emissões de gases do aquecimento global, e os papéis também poderão ser comprados por investidores comuns.

O estudo, ao qual o Estado teve acesso, dá início à regulamentação das metas do clima. No final do ano passado, o governo anunciou corte entre 36,1% e 38,9% das emissões de carbono previstas para 2020, mas as metas ainda não saíram do papel.

O modelo em discussão no Ministério da Fazenda parte da ideia de que haverá "tetos" de emissão de carbono para os diferentes setores da economia. Estão sujeitos a esse tipo de limite os setores de geração de energia, transportes, a indústria em geral e o agronegócio.

Por ora, as metas brasileiras de redução das emissões de gases de efeito estufa são genéricas. O maior nível de detalhe fica restrito à redução do desmatamento, de 80% na Amazônia e 40% no Cerrado.

A partir do estabelecimento de tetos de emissão, as empresas que emitirem menos do que o limite ou atuarem na captura de carbono poderão vender "títulos de redução de emissões". Os papéis atestariam uma determinada economia de emissão de gases de efeito estufa, medida em toneladas de CO2 equivalente. Já as empresas que ultrapassarem o teto de emissões terão de recorrer à compra de créditos no mercado.

O modelo prevê a criação de uma agência de controle das emissões, no molde das agências reguladoras. Ela ficaria responsável por estabelecer os tetos mais detalhados de emissão e fiscalizar seu cumprimento.

Térmicas. O primeiro alvo da regulamentação são as usinas térmicas que usam carvão e óleo diesel, fontes mais poluentes de geração de energia.

Há pouco mais de um ano, o setor resiste à exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para compensar parte das emissões por meio de reflorestamento e investimentos em energias renováveis.

Recentemente, parecer da Advocacia-Geral da União questionou a competência do Ibama. A saída para o impasse poderá se dar por meio do novo mercado de crédito de carbono. "O mercado é a forma mais eficiente e mais barata de fazer o sequestro de carbono, a aposta é no mercado interno", disse Nelson Machado, secretário executivo do Ministério da Fazenda.

"Não temos números, mas esse mercado promete", avalia a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ela prevê que os principais planos setoriais de cortes de emissões serão objeto de consulta pública nos próximos meses e deverão estar concluídos antes da próxima cúpula do clima da ONU no México, marcada para dezembro.

Antes da criação da agência e do estabelecimento de tetos de emissão, Machado espera estimular o mercado voluntário de carbono. A primeira tentativa de leiloar créditos de carbono no mercado voluntário, no mês passado, na BEM&Fellowship, foi um fracasso. "Não houve compradores porque o mercado no Brasil não está organizado", avalia Machado.

Decreto.
O governo Lula anunciou metas "voluntárias" de corte de emissões de gases-estufa em novembro, pouco antes da conferência do clima em Copenhague. Para que as metas sejam postas em prática, um decreto presidencial terá de definir tetos de emissões por setores econômicos. A lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima, sancionada em dezembro, prevê "estímulo" ao mercado brasileiro de redução de emissões.


PARA ENTENDER
Mercado de carbono surgiu após a Rio-92
O mercado de créditos de carbono foi resultado de uma grande negociação entre países iniciada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. As discussões culminaram no Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 no Japão e entrou em vigor em 2005. Ele estabeleceu que as nações industrializadas deveriam reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990, durante o período entre 2008 e 2012.

Para isso, o acordo definiu a criação de ferramentas para redução da poluição, entre eles o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Por esse mecanismo, os países industrializados que não conseguissem reduzir suas emissões poderiam comprar créditos referentes a projetos de redução da poluição em países emergentes, como Brasil, Índia e China.

Esses créditos se transformaram em papéis negociados no mercado financeiro internacional e nas chamadas "bolsas de carbono".

A erupção do vulcão Eyjafjallajokul na Islandia permite esclarecer alguma duvidas sobre as emissões do CO2 /// The Guardian-UK

O recente evento performado pelo vulcão na Islândia permitiu deitar abaixo a hipótese defendida por alguns céticos que insistiam em afirmar que as atividades vulcânicas emitem muito mais co2 que a atividade humana ( antropogênica).

No grupo dos céticos destaca-se o geólogo australiano Ian Plimer. Veja sua tese:

“A atmosfera contém apenas 0,001 por cento do total de carbono na superfície da Terra e quantidades muito maiores estão presentes na crosta inferior e manto da Terra.
As adições de CO2 liberadas para a atmosfera e que realizadas por obra do homem devem ser tomadas sob perspectiva.
Ao longo dos últimos 250 anos, os seres humanos têm acrescentado apenas uma parte do CO2 em 10.000 ( 1/10.000) para a atmosfera.
Uma simples “tosse” vulcânica pode fazer isso em apenas um dia. “

E complementa: "Os vulcões produzem mais CO2 que os carros do mundo e as indústrias combinados."

Em recente entrevista Plimer foi confrontado com a informação do US Geological Survey USGS de que a atividade humana emite 130 vezes mais que a atividade dos vulcões. Ele rebate dizendo que neste numero não foram computados os vulcões submersos (marinhos)

Outro Cético, John Cook do site popular chamado Skeptical Science website afirma que os vulcões “emitem mais CO2 que os seres humanos” e os classifica na posição de numero 54 em sua lista de grandes emissores, que já conta com 107 integrantes.

Contrapartida Cientifica
O que a Ciência diz: “Vulcões emitem por volta de 0.3 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Isto representa apenas 1% das emissões antropogênicas, que é da ordem de 30 bilhões de toneladas/ano viste o sitee veja: www.skepticalscience.com/argument.php?p=5&t=236&&a=28

Além disso, o USGS confirma que os vulcões submarinos foram sim computados na conta final e reafirmam o numero de 130 vezes, apontando inclusive os métodos utilizados para as estimativas.

Apesar de toda a polêmica, agora esclarecida, ficam alguna esclarecimentos às muitas questões que foram feitas nas ultimas semanas:

• A emissão de CO2 pelo vulcão Eyjafjoell ficou entre 150 mil e 300 mil toneladas/dia, o que corresponde à emissão de um país com economia de tamanho médio no continente europeu, disseram os especialistas da Universidade de Durham, Inglaterra.

• Na França,Patrick Allard do Paris Institute for Global Physics (IPGP), estimou as emissões de CO2 em 300 mil toneladas/dia.Ambos enfatizam que são apenas estimativas aproximadas.
  • Extrapolando-se para uma estimativa anual , pode-se afirmar que as emissões realizadas pelo vulcão o colocariam entre a 47a e 75a posição na lista de emissores globais,considerando-se uma tabela de países emissores de gases que provocam o efeito estufa, de acordo com os numeros do WRI - World Resources Institute.
• Países como países Austria, Bielorussia, Portugal, Irlanda, Finlandia, Bulgaria, Suécia, Dinamarca e Suíça, emitem mais do que isto, conforme lista do ano de 2005.

• Especialistas complementam que os vulcões contribuem pouquíssimo para as emissões globais de gases que provocam o efeito estufa;menos que Hum ponto percentual.
tradução de  Laercio Bruno Filho

Leia o artigo original em língua inglesa: http://www.guardian.co.uk/environment/blog/2010/apr/21/iceland-volcano-climate-sceptics

A questão de hum trilhão de dólares: Quem será agora o líder da batalha climática? /// The Guardian-UK

Paul Harris in New York, John Vidal and Robin McKie
The Observer, Sunday 28 March 2010
Alguns dos mais poderosos do planeta se reunirão em Londres na quarta-feira para discutir um irritante problema financeiro: como levantar um trilhão de dólares para o mundo em desenvolvimento. Os encarregados de conseguir este objetivo são entre outros, Gordon Brown, diretores de vários bancos centrais, o bilionário George Soros, o economista Lord (Nicholas) Stern e Larry Summers, assessor e economista-chefe do presidente Obama.

Como conjunto de competências é formidável, por isso a tarefa lhe foi confiada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Estes financistas têm sido aconselhados a trabalhar em como levantar pelo menos US $ 100 bilhões por ano pelo resto da década, dinheiro que será usado para ajudar os países mais pobres do mundo em seu percurso de adaptação às mudanças climáticas.

"Os preços que pagamos por nossos produtos não refletem um custo fundamental: o dano que sua produção causa ao sistema climático do planeta", disse Bob Ward, do Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudança do Clima na LSE.

"Precisamos encontrar maneiras de sobretaxar aqueles que causam danos ao clima e, em seguida, usar esse dinheiro para financiar as nações em desenvolvimento para que eles possam proteger-se dos efeitos devastadores do aquecimento global."

E para levantar os fundos o Grupo Consultivo de Financiamento para Mudança do Clima deixou claro que sua ação será abrangente - desde a possibilidade da adoção de taxas sobre a aviação internacional e transporte marítimo, como forma de ampliação dos mercados de carbono; á introdução de impostos sobre as transações financeiras e até mesmo a utilização das reservas financeiras do Fundo Monetário Internacional.

“Basta dar um nome ao plano e ele será executado” - o sucesso no estabelecimento de um plano de financiamento para o mundo em desenvolvimento hoje é considerado crucial para o sucesso da reunião de dezembro próximo a mudança climática da ONU no México.

"O financiamento significa um requisito prévio para o acordo climático", disse Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental para Mudamnças Climáticas da ONU, na última sexta-feira. "Os países em desenvolvimento estão muito sensíveis a esse respeito. As conversações entrarão em colapso caso não haja uma visão mais firme sobre a questão do financiamento"

Estas novas discussões representam uma renovação nas negociações sobre o clima, que terminara apenas há três meses, em Copenhagen e que não conseguiram estabelecer um acordo para controlar as emissões de dióxido de carbono em nível global.

Os políticos e os negociadores estão preparando outra abordagem sobre esta questão, embora desta vez as negociações prometam ser muito diferentes.

Recentemente a ciência do clima sofreu alguns reveses prejudiciais. Houve o vazamento de informações sobre o clima na unidade de investigação da Universidade de East Anglia,as trocas de emails entre alguns meteorologistas que se tornaram publicas e para complementar a descoberta de que um relatório de avaliação preparado pelas Nações Unidas que exagerava na taxa de derretimento das geleiras do Himalaia.

Os mais céticos alegaram que alguns pesquisadores estavam envolvidos e mascarando a verdade, enquanto outros apontavam para discrepâncias expostas nos estudos realizados pelo IPCC.

O resultado foi o prejuízo à credibilidade de um grande número de cientistas preocupados em que o planeta enfrente uma catástrofe climática. Assim as tentativas para reiniciar as negociações que foram paralisadas ainda estão sendo muito complicadas.

No entanto, o aumento deste ceticismo é apenas parte do problema para os negociadores. Desde dezembro novos grupamentos políticos têm surgido. China, Índia, África do Sul e do Brasil, conhecida como a "basics", são nações que assumiram papéis de liderança do clima, enquanto a União Européia recuou de linha de frente. Nada é o que era antes.

Nos EUA,o presidente Obama após as recentes e bem sucedidas negociações sobre a questão da saúde e das armas nucleares com a Rússia, declarou estar voltando sua atenção para as alterações climáticas.

Em uma longa reunião na semana passada, seu conselheiro para Clima e Energia,Carol Browner e o diretor de Assuntos Legislativos da Casa Branca Phil Schiliro discutiram sobre as perspectivas de uma lei de mudança climática com o líder do Senado Harry Reid com influentes democratas do Capitólio. Outros três senadores - o democrata John Kerry,o independente Joe Lieberman e Lindsey Graham, republicano – também participaram das discussões para elaboração da legislação. Tudo indica que no próximo mês serão apresentados detalhes mais concretos sobre a lei do carbono nos EUA.

Para os ativistas estes movimentos parecem animadores, enquanto que para os críticos de Obama ocorre o inverso. "O governo mostrou-se disposto a elaborar um projeto partidário e forçá-lo à aprovação. Se for esse o seu modelo de governar, então não há limite para o que eles vão fazer", disse Ken Green, pesquisador do American Enterprise Institute , um pensador mais conservador.

A lei sobre o clima dos EUA estará destinada principalmente a reduzir as emissões de gases efeito de estufa. Mas os problemas, como sempre, estão nos detalhes,é provável que no projeto de lei sejam incluídas várias disposições contrárias aos ‘lobbistas verdes”.

Graham quer incluir medidas que permitam aumentar a exploração de petróleo no mar, na plataforma continental da América, enquanto informações vazadas recentemente sugerem que mais recursos podem ser direcionados às usinas de geração de energia conhecidas por "carvão limpo". Além disso, é provável que haja incentivo à energia nuclear. Todas as três idéias são vilipendiadas pelos ambientalistas.

A movimentação de Barack Obama sobre a mudança climática é portanto, muito menos radical do que parece, pelo simples fato de há pouco apetite político. Os traumas recentemente sofridos para aprovação da reforma da saúde foram, sobretudo marcantes

A nova legislação, portanto, deverá possuir um prefil tênue a fim de garantir o apoio do grupo republicano. "Não vai ser consenso geral. Estou certo de poder obter 60 votos para o suporte necessário", disse Tad Segal, um porta-voz da US Climate Action Partnership, uma coalizão de grupos ambientalistas e de negócios em favor de novas leis que limitem as emissões.

Como os membros de Washington sabem muito bem, essa é a maneira dos EUA aprovarem esta lei, não importando quais são as preocupações do resto do planeta. "Na América, mesmo com a mudança climática, toda a política é local", afirma Segal.

A perspectiva de uma fraca movimentação dos EUA em matéria de alterações climáticas não caiu bem. "Os países estão perdendo a paciência com os norte-americanos. Pode haver simpatia por Obama, o qual claramente enfrenta uma difícil situação interna, mas também está claro que os EUA desejam trilhar um outro caminho em matéria de alterações climáticas e está exigindo que todos sigam com ele", informou fonte de uma embaixada européia, semana passada.

Liz Gallagher do Cafod da agência de desenvolvimento da Igreja Católica diz: "As negociações não podem retornar para onde estavam. O resto do mundo já percebeu que os EUA não mudarão e que a única forma de progredir nesta questão poderá ser deixar os EUA para trás e mostrando-lhes que vão perder a corrida verde. "

Esta atitude é susceptível de gerar um confronto, em Bonn, no próximo mês durante a preparação do texto de negociação que será utilizado para as futuras discussões. Os EUA querem adotar o acordo inócuo efetivado em Copenhagen, enquanto a maioria dos países em desenvolvimento - incluindo a China, Índia e Brasil - dizem que o mesmo não tem legitimidade jurídica e, além disso, as negociações devem buscar posições mais ousadas do que aquelas acordadas em Quioto, uma década antes.

Significativamente, este último grupo é apoiado pelo secretário geral do clima da ONU, Yvo de Boer. "Eu acho que nós vamos continuar na dupla abordagem. Para os países em desenvolvimento, a presença do protocolo de Quioto é muito importante", disse ele. Idéia também é corroborada por mais de 200 dos maiores grupos ambientalistas e desenvolvimentistas do mundo incluindo os Amigos da Terra Internacional, Christian Aid, Rede do Terceiro Mundo, do Jubileu Sul e do World Development Movement. Estes grupos apelaram para a rejeição integral do acordo de Copenhague e exortou os países a retomarem as negociações em duas vertentes.

No entanto, outros observadores acreditam que os EUA têm na realidade é forçado a sua opinião sobre o resto do mundo, porque nenhum país rico se dispôs a assumir qualquer posição concreta.

"Estamos em um mundo de desordenado. Os EUA estão confortáveis e não há nenhuma evidência de que outros países ricos apresentem qualquer disposição para abandonar os norte-americanos e seguir sozinho. É uma bagunça", disse Martin Khor, diretor do Centro Sul, um centro de pesquisa inter-governamental especializado em desenvolvimento, com sede em Genebra.

É um cenário nefasto para as negociações de quarta-feira em Londres, mas isso não significa que tudo está perdido.

"Caso os EUA concordarem em limitar as suas emissões mesmo que seja de uma forma modesta, isto já seria uma enorme melhoria na postura anterior da América", disse Ward à Grantham Research Institute. "E embora possa parecer assustador falar sobre o levantamento de um trilhão de dólares para nações em desenvolvimento lidarem com o impacto do aquecimento global, devemos notar que isto representa um investimento muito inferior ao que foi necessário para salvar o sistema financeiro do mundo em 2008.

"Se tudo tivesse ido por água baixo, as conseqüências teriam sido muito piores. Mas se não enfrentarmos o aquecimento global, então o impacto será ainda muito mais devastador.

Este ponto não está perdido para o Grupo Consultivo de Financiamento sobre Mudança do Clima e eu acredito que vamos começar uma ação robusta em nível global para combater o aquecimento do clima. “Não devemos nos desanimar ainda”.

Tradução de Laércio Bruno Filho

link artigo original em lingua inglesa: aqui

Setor de transporte é o que causa mais impactos na qualidade do ar

Os dados são do 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários.


Apesar do aumento vertiginoso da frota de veículos no Brasil (estimada em cerca de 36 milhões de veículos, incluindo automóveis, veículos comerciais leves, ônibus, caminhões e motocicletas), o nível de emissões de gases poluentes tem caído no País. Os dados são do 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, lançado, no dia 25/3, na Agência Nacional de Petróleo, no Rio de Janeiro.

O documento indica que o setor de transportes é o que mais causa impactos na qualidade do ar, e a modalidade dos rodoviários é responsável por 90% das emissões de gases poluentes e de CO2. Presente ao evento, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, explicou que o documento foi feito por várias entidades do setor e que vai orientar políticas públicas destinadas à melhoria da qualidade do ar.

Ele ressaltou a importância da diversificação do setor de transportes no Brasil, por meio da implementação de metrôs – que devem ser integrados aos ônibus, bem como de ferrovias e hidrovias. “Isso vai ser bom para o meio ambiente e para a economia, uma vez que vai reduzir, por exemplo, o valor do transporte de grãos”, afirmou.

De acordo com o ministro, o usuário e os consumidores têm um papel a desempenhar neste processo. “Eles podem escolher veículos menos poluentes, utilizar transportes alternativos e exigir dos governantes medidas efetivas para um transporte integrado nas grandes cidades”, concluiu citando como exemplo o portal Nota Verde, presente no site do Ibama, que permite a avaliação das características e níveis de emissão de diferentes modelos de veículos.

Dados do inventário revelam que o transporte de passageiros individuais emite 40 vezes mais poluentes do que o transporte público na condução do mesmo número de pessoas. Minc acredita que a “falência” no setor do transporte público e as tarifas elevadas são as causas destes números.

O ministro também fez um alerta em relação ao aumento da frota de motocicletas no País indicado no documento. A projeção realizada pelo inventário é de que até 2020 o número chegue a 20 milhões, em contraponto aos sete milhões registrados em 2008.

Segundo o gerente de Qualidade do Ar do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Rudolf Noronha, a redução do nível de gases poluentes demonstra o “sucesso” dos programas de controle de poluição veicular que vêm sendo implementados pelo governo.

Ele explica que quando se produz um inventário é possível quantificar os problemas, e que o documento contribui também para embasar cientificamente as políticas ambientais que têm como objetivo garantir a qualidade do ar.

Gases poluentes
O levantamento apresenta as emissões dos poluentes regulamentados pelo Programa de Controle da Poluição por Veículos (Proconve): monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (Nox), hidrocarbonetos não-metano (NMHC), aldeídos (RHCO), material particulado (MP) e emissões evaporativas, além de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

O documento revela também as contribuições relativas das frotas de automóveis, veículos comerciais leves, ônibus, caminhões e motocicletas, e como as diferentes fases do Proconve, em vigor desde 1986, influenciaram e ainda podem influenciar esse cenário.

As soluções apontadas são a melhoria da qualidade dos combustíveis, o aumento do biodiesel na composição do diesel, a melhoria tecnológica e a renovação das frotas, a implementação de um sistema de transportes integrados e menos focados no setor rodoviário, a gestão eficiente do transporte público e investimentos na estrutura de circulação do trânsito.

A secretária de Mudanças Climáticas do MMA, Suzana Khan, disse que o inventário é o ponto de partida do Plano Nacional de Qualidade do Ar, que vai contribuir para o alcance das metas estipuladas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

Ela acrescentou que ainda há um número expressivo de veículos antigos no Brasil, e que há a expectativa de que, até 2015, ocorra um percentual maior de veículos adaptados para emitir menos gases. A frota antiga chega a emitir cerca de 150 vezes mais poluentes que os novos modelos lançados no mercado.

Para se ter uma ideia, veículos antigos podem emitir até 58g de poluentes na atmosfera, contra os 0,3g emitidos pela nova frota. A regulamentação brasileira permite uma descarga de até 0,5g. O inventário indica que a renovação da frota, a maior utilização de etanol e a reorganização do setor de transportes são alternativas importantes para a solução da questão.

Carlos Minc disse ainda que o governo estuda a possibilidade de anunciar nos próximos meses um aumento da proporção do biodiesel no diesel, com a utilização do B-10 e do B-15( 10 e 15% respectivamente do biodiesel na composição daquele combustível).

Portaria
Na solenidade, o ministro também assinou uma portaria que vai prorrogar as atividades do Grupo de Trabalho (GT) responsável pela elaboração do Inventário Nacional. O GT foi formado por oito instituições: MMA, Ibama, Agência Nacional de Petróleo (ANP), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Petrobras, Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

As entidades terão um prazo até dezembro deste ano para elaborar os inventários e os detalhamentos das composições das emissões de poluentes das 10 maiores regiões metropolitanas do País: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.

Na ocasião, o ministro nomeou ainda os novos integrantes da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Proconve (CAP), que será coordenada pelo MMA e terá a participação de representantes dos ministérios de Minas e Energia e da Saúde, de instituições públicas e privadas e de organizações não-governamentais.

Pronar

O Programa Nacional de Qualidade do Ar (Pronar) foi criado pela Resolução nº 5 do Conama, em 1989, e já determinava à época a elaboração de um inventário e de um Programa Nacional de Inventários de Fontes Poluidoras do Ar, tanto de fontes móveis quanto fixas.

Foi criado então um grupo de trabalho com as oito entidades, que desenharam um método de elaboração do Inventário. Também foram convidados para os debates representantes de outras instituições, como o Denatran. “A experiência resultou na elaboração de uma fórmula extremamente complexa que revela a emissão de todos os poluentes”, explica Noronha.
*Confira os números da frota brasileira atual*
Frota brasileira estimada para a avaliação do inventário:
automóveis: 21, 140 milhões
veículos comerciais leves: 4,336 milhões
caminhões: 1,743 milhão
ônibus: 315 mil
motocicletas: 9,222 milhões

Texto de Carine Correa, socializado por Daniela Mendes, Ministério do Meio Ambiente e publicado pelo EcoDebate, 29/03/2010

“Elejor realiza leilão de créditos de carbono” /// Elejor.com.br

link para o edital do leilão: http://www.elejor.com.br/iadm/arquivos/EDITAL_LEILAO_ELETRONICO_N_003_2010_VENDA_CREDITO_CARBONO.pdf

 O mercado voluntário de créditos de carbono está prestes a ganhar maior notabilidade, pois será realizado no dia 30 de Março de 2010 o Leilão de créditos de carbono da Elejor.

A ELEJOR – Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A, empresa do setor elétrico do Estado do Paraná, promoverá um leilão de créditos de carbono certificados sob o padrão de maior reconhecimento neste mercado, o Voluntary Carbon Standard (VCS). Em termos de volume, este será o maior leilão de créditos voluntário já realizado no Brasil, pois comercializará 385.070 Voluntary Carbon Units (VCU) advindos do Projeto Complexo Energético Fundão Santa-Clara, localizado no Rio Jordão – Estado do Paraná.

O projeto reduz as emissões de Gases do Efeito Estufa, pois fornece energia de fonte renovável ao Sistema Interligado Nacional. Isto evita que outras usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis (carvão mineral, óleos combustíveis e gás natural) entrem em operação para suprir a demanda de energia elétrica no Brasil.


Ponto importante a ser ressaltado é que o empreendimento também está sob certificação dos requisitos do World Comission on Dams – Comissão Mundial de Barragens, além de já ter sido registrado sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, do Protocolo de Quioto.

A realização deste leilão fomentará o mercado voluntário de reduções de emissões, trazendo a tona o debate sobre a importância das reduções de emissões de gases do efeito estufa e afirmando a posição do Brasil como detentor de uma matriz elétrica limpa.

O Leilão
Com início marcado para as 13h do horário de Brasília o leilão será realizado por meio de plataforma de negociação digital em ambiente web.

Informações sobre o edital de venda dos créditos de carbono e habilitações podem ser encontradas em
http://www.elejor.com.br/licitacoes.php

Sobre os créditos disponíveis para comercialização, os mesmos podem ser visualizados no VCS Project Database no seguinte link:

https://vcsprojectdatabase1.apx.com/myModule/rpt/myrpt.asp?r=112 (Project ID – 304)”

Energia limpa /// estadao.com.br


Xico Graziano
Vitória ambiental do etanol no exterior. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos acaba de considerá-lo um "biocombustível renovável de baixo carbono". Abrem-se as portas do mercado internacional para o álcool combustível oriundo da cana-de-açúcar. Ponto para o Brasil.

Segundo as normas do Tio Sam, para obter essa importante classificação o produto precisa emitir, no mínimo, 50% menos gases de efeito estufa em comparação à gasolina. No caso do etanol brasileiro, essa redução chega a 61%. Foi pouco. Os estudos daqui mostravam que o etanol de cana pode emitir até 82% menos gases que a gasolina.

Eufóricos passaram o carnaval os produtores nacionais de etanol. Faziam contas em dólares. Isto porque os Estados Unidos devem consumir, pelo menos, 45 bilhões de litros de biocombustíveis em 2010, volume que deve subir para 136 bilhões até 2022. A demanda pela importação do etanol brasileiro pode quadruplicar, atingindo 15 bilhões de litros. Dados positivos.

O álcool etílico, batizado de etanol no mundo dos combustíveis, surge a partir da fermentação anaeróbica, quer dizer, aquela que ocorre sem a presença de oxigênio. Nesse processo biológico, fungos microscópicos (leveduras) decompõem os açúcares, quebrando-lhes as moléculas para liberar energia, necessária em sua multiplicação. O etanol resulta como um subproduto dessa transformação química.

Qualquer matéria-prima que acumule açúcares, carboidrato ou amido serve para a fabricação de etanol. Basta ser inoculado e deixado a fermentar, como sempre se procedeu nas bebidas alcoólicas. Vem de longe essa história. Vinho de uva se fazia desde o Egito antigo. Os índios tupiniquins produziam cauim de mandioca. Já os incas fermentavam a chicha do milho macerado. Perceba que cada qual utilizava uma matéria-prima, segundo sua cultura e oportunidade.

Quando se promove a destilação, purifica-se o álcool existente no caldo fermentado, retirado por evaporação. Cachaça fabrica-se destilando o caldo fermentado de cana-de-açúcar; vodca e uísque, de cereais; tequila, de uma cactácea. É básico o processo da fermentação. Por isso volta e meia se encontra por aí, andando pelo interior do País, bebida alcoólica de tudo quanto é tipo, feita de batata, castanha, arroz, abacaxi, jabuticaba. Curioso.

Das bebidas para os veículos. No caso dos combustíveis para motores do ciclo Otto, desenvolvidos inicialmente para queimar gasolina, destacam-se dois tipos de etanol: o anidro e o hidratado. Anidro significa um álcool com pureza mínima de 99,3°, ou seja, quase nada de água em sua composição. No caso do álcool hidratado, a pureza cai para 92,6°. Este tipo se usa diretamente no tanque dos veículos. Aquele outro, puro, se mistura à gasolina, entre 20% e 25%, para melhorar a potência carburante. Reduz poluição.

O reconhecimento dos norte-americanos indica que o rendimento energético do etanol oriundo da cana-de-açúcar ultrapassa o produto deles, advindo do milho. O etanol, nos dois casos, é o mesmo, surgindo pela fermentação. Mas na conta energética, de elevado valor ambiental, calcula-se o dispêndio de energia fóssil utilizado na produção, desde a roça, de cada um dos processos. Vence fácil o etanol da cana.

Há anos se sabia disso, mas por razões da competição econômica inexistia o reconhecimento internacional. Em 2006, estudo publicado por Andreoli e Souza, pesquisadores da Embrapa, indicava que o balanço de energia para converter o milho em etanol resultava negativo, na base de 1,29:1, enquanto o etanol da cana dava positivo, da ordem de 1:3,24. Quer dizer, cada kcal de etanol de milho elaborado exige 29% a mais de energia em sua produção; no etanol de cana a relação se inverte: cada kcal de energia gera um ganho de 224%.

Várias razões explicam o fenômeno. A mais importante delas diz respeito ao rendimento físico por área plantada. Uma boa lavoura de cana produz 100 toneladas de colmos por hectare (ha), ricos em açúcar. Do milho se colhe, em grãos, 10 toneladas/ha. Em álcool produzido, após a fermentação industrial, a cana-de-açúcar apresenta uma produtividade três vezes superior, comparada ao milho, para cada hectare plantado. Isso se reflete no custo financeiro, mais elevado no etanol do milho. Em consequência, sem subsídio, ao contrário do etanol de cana, não se sustenta.

A curiosidade manda perguntar: por que, então, os norte-americanos não produzem a maravilha da cana-de-açúcar, em vez do oneroso milho? A razão é simples: a doce gramínea detesta frio. Isso mesmo, oriunda dos trópicos, a cultura da cana não vinga bem nos países temperados. Se plantada na época de verão dos gringos, até que nasce bem. Mas sendo um cultivo semipermanente, com duração média de sete anos, seus colmos sucumbem no inverno gelado. Sorte do Brasil.

Por causa da crise ambiental do planeta, energia renovável está virando moda tecnológica. Ainda bem. Na eletricidade doméstica, nos fornos industriais, no transporte, procura-se alternativa sustentável, viável economicamente. Todos invejam o Brasil, campeão mundial com 46% de energia limpa em sua matriz energética. No mundo, a proporção fica em 13%.

Embora não configure uma panaceia entre os combustíveis sustentáveis, o etanol firma-se como excelente opção da agroindústria nacional, gerando empregos e renda no interior.

Mas existe um senão. O governo federal precisa participar mais dessa agenda ambiental, abonando o etanol verde, sustentável, financiando estoques, preservando a concorrência, impedindo cartéis. Economia verde pressupõe ativismo estatal.

Senão o biocombustível pode ir bem lá fora, mas falta etanol barato aqui dentro. Não pode.

Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xico@xicograziano.com.br


Site: www.xicograziano.com.br

Polo de Geração de Energia Eólica em Santa Catarina



Santa Catarina deverá sediar um dos maiores complexos de geração de energia eólica da América Latina, centrado nos municípios de Bom Jardim da Serra e Água Doce, na região serrana. Isto se for cabalmente cumprido o contrato no valor de R$1,25 bilhão, assinado, terça-feira, em Florianópolis, entre o governo do Estado, a Caixa Econômica Federal (CEF) e uma empresa multinacional baseada na Argentina.

O complexo está dimensionado para produzir 222MW nas suas 10 usinas eólicas previstas quatro em Bom Jardim da Serra, e seis em Água Doce. As negociações que culminaram com a assinatura do contrato se estenderam por mais de dois anos, período em que tanto se reafirmou a importância da definição e adoção de fontes alternativas de energia quanto foram aperfeiçoadas as tecnologias para a sua produção, transmissão e distribuição.
Um aspecto que merece especial destaque é que o complexo vai criar cerca de 6 mil novos postos de trabalho, diretos e indiretos, numa região na qual o desemprego sempre foi preocupante e motivou intensa migração em direção aos centros urbanos de maior porte.

A recente Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague, na Dinamarca, se não produziu os resultados esperados no sentido de mudar um modelo de desenvolvimento econômico que está levando o planeta à exaustão e degradando a qualidade de vida em todos os quadrantes, ao menos alertou a opinião pública mundial para a urgência de algumas medidas pontuais, entre elas a redução das emissões de carbono, responsáveis pelo aquecimento global. A questão tem dimensão planetária.

O Brasil é o quarto maior emissor dos chamados gases estufa, e é considerado – com boas razões – um dos vilões do clima pela comunidade internacional, principalmente em função do desmatamento da Amazônia e da queima de combustíveis fósseis. No centro da questão, destaca-se a necessidade de começar a definir um novo modelo de geração de energia, que seja adequado ao ideal da preservação ambiental pela diminuição de emissões de carbono

The Story Of Cap And Trade///Annie Leonard

Neste filme, Annie Leonard traz á tona a questão do mecanismo de comercialização de permissões para emissão de Gases que provocam o Efeito Estufa, conhecido por "CAP And TRADE";"captura e comercialização".

Critica ferrenha desta argumentação, Annie aponta entre outros pontos, que o mesmo "Sistema" que polui o mundo e que o truxe às atuais inadequadas condições socioambientais , não possui as condições necessárias para oferecer uma solução plausivel para os problemas que nos assolam, como por exemplo as ameaças decorrentes do Aquecimento Global.

O filme argumenta que após inumeros insucessos tais como, "a explosão da bolha da web em 2002";a recente crise dos sub-prime dos EUA que contaminou todo o mundo, agora a "bola da vez" são os direitos de poluir, ou os créditos de carbono e os mecanismos de captura e controle, além do crescente e fortissimo esquema economico-financeiro de comercialização que os cercam.

Ainda na linha da argumentação critica, Leonard alveja fortemente o consumismo exagerado,centrando suas forças no "american way of life", e o coloca como o responsável pela exaustão dos recursos naturais do seu pais e do planeta.
Não deixe de ver, embora esta versão ainda esteja em ingles, a linguagem é perfeitamente clara.



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