Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Estudo calcula gases-estufa no café

Maior fonte de emissões vem de adubos que contêm nitrogênio, segundo pesquisa do Cena/USP
23 de março de 2011
Karina Ninni - O Estado de S.Paulo

ESPECIAL PARA O ESTADO
A maior fonte de emissões de gases formadores do efeito estufa (GEE) na agricultura brasileira é a utilização de fertilizantes nitrogenados. Quem afirma é o professor Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP (Cena/USP), responsável pela realização do primeiro estudo divulgado sobre emissões da agricultura no Brasil.

A pesquisa enfoca o setor cafeeiro e foi feita a pedido da Illycaffè, torrefadora italiana, em três propriedades localizadas em diferentes regiões do Estado de Minas Gerais, o maior produtor brasileiro. "As plantas precisam do nitrogênio para produzir proteína vegetal. Há nitrogênio no solo, mas não é suficiente. Então, utilizam-se fertilizantes com nitrogênio. O problema é que a parcela não absorvida pelas plantas produz um gás chamado óxido nitroso (N2O), que é 300 vezes mais potente na geração de efeito estufa do que o CO2", diz Cerri.

Por regiões. Os primeiros resultados (ano agrícola de 2009/2010) revelam que as emissões relativas a transporte e eletricidade para o setor cafeeiro não chegam perto das atribuídas ao uso de fertilizantes nitrogenados. No cerrado mineiro, por exemplo, enquanto 14% das emissões provêm do transporte e 1% da energia elétrica, 75% são originadas do uso de fertilizantes. Na Zona da Mata, a proporção é, respectivamente, de 11% (transporte), 1% (energia) e 78% (fertilizantes).

"Na propriedade do sul de Minas, o agricultor, em vez de usar nitrogenados, adotou um organomineral. Ou seja, misturou os nitrogenados a um composto orgânico, o que reduz o peso da emissão para 50%."

Quando se analisa a quantidade de CO2 equivalente emitida por quilo de produto colhido, o cerrado mineiro tem o maior valor: 3 quilos de CO2 equivalente por quilo de café produzido.

Agora, as pesquisas vão responder como usar fertilizantes nitrogenados de forma a reduzir a emissão de N2O e qual é a fixação de CO2 no solo da lavoura cafeeira. "Até agora não sabemos quanto o café fixa de carbono no solo, mas certamente poderemos deduzir de boa parte das emissões a parcela relativa à fixação de carbono", explica.

Ele crê que os produtores possam se adequar a outras maneiras de usar adubos nitrogenados, com parcimônia, desde que isso agregue valor ao produto. "O cafeicultor só faz uma mudança no manejo quando isso agrega valor. Se o mercado externo quiser café com menos emissões, vamos nos adaptar."

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento