Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Mostrando postagens com marcador Agricultura familiar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Agricultura familiar. Mostrar todas as postagens

Biodiesel movimenta R$ 2 bilhões para agricultura familiar

27/03/2013 10:58

 
Biodiesel movimenta R$ 2 bilhões para agricultura familiar

Foto: Ascom/MDA

http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=12292082

A venda de matéria-prima para a produção de biocombustíveis movimentou mais de R$ 2 bilhões para a agricultura familiar brasileira na safra 2011/2012, de acordo com os dados informados pela indústria do biodiesel. O número equivale às transações realizadas por meio do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que atende aproximadamente 105 mil famílias de agricultores em todo o País.
O incentivo às empresas produtoras de biodiesel para comprar matéria-prima do agricultor familiar amplia sua área de atuação. “Hoje é uma importante política pública de mercado para a agricultura familiar, de renda e de capacitação tecnológica”, afirma o coordenador-geral de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, André Grossi Machado.
As famílias participantes do Programa estão localizadas em 16 estados e podem comercializar sua produção por meio de contratos individuais ou de cooperativas. Atualmente, existem 103 cooperativas aptas a participarem do Programa, e elas representam mais de dois terços das transações realizadas. Os três estados do Sul, juntos, reúnem mais da metade das famílias participantes seguido pela Região Nordeste, com quase 30 mil famílias.
Produtor O último levantamento feito pela coordenação nacional do Programa mostra que foram quase dois milhões de toneladas de matérias-primas adquiridas da agricultura familiar para a produção de biodiesel. A soja é a oleaginosa mais comercializada, representando 96% das transações, seguida por mamona e dendê.
No Assentamento Rio Paraíso, município de Jataí (GO), Paulo Gottems é um dos que investiu na venda para o PNPB. “Antes, a gente vendia para outras empresas, mas como somos pequenos, para elas não tinha muito valor”, lembra o agricultor. Há cinco anos vendendo pelo Programa, ele considera a experiência muito proveitosa. “Para mim é um dos melhores programas voltados para a agricultura familiar”, afirma.
Ele conta que as vantagens vão desde a assistência técnica, que facilita inclusive o acesso a crédito, até o maior valor de comercialização. “Aqui na região o preço pode chegar a até R$ 5 a mais por saca”, explica o produtor de soja. Graças a estes benefícios, ele decidiu aumentar a área de plantio de 30 para 56 hectares. Com isso, a família de Paulo consegue colher, em média, 2,8 mil sacas por safra.
Com a renda gerada pela produção e o apoio de políticas públicas de crédito, em especial o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Paulo já adquiriu um trator e uma plantadeira para facilitar a produção. As linhas do financiamento também são indispensáveis para o custeio da produção. “Acesso o Pronaf todo ano para plantar e também para investir”, conta.
Apesar de a soja ser a principal matéria-prima comercializada pelo programa, algumas culturas como amendoim, gergelim, girassol e o próprio óleo de soja, têm maior valor de mercado. Essas oleaginosas, mesmo sendo vendidas para o PNPB, muitas vezes são utilizadas para fabricação de produtos com maior valor de comercialização, gerando mais renda para a agricultura familiar.
Selo Combustível Social
Atualmente, o Brasil tem 56 unidades operacionais autorizadas a produzir e comercializar biodiesel, das quais 41 possuem o Selo Combustível Social – identificação concedida pelo MDA às empresas que compram matéria-prima da agricultura familiar. Juntas, essas unidades têm capacidade de produzir 5,4 bilhões de litros de biocombustível por ano, o que representa 79% da capacidade produtiva instalada no País.
O mercado de biodiesel no Brasil não é aberto, as vendas são realizadas via leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As empresas que possuem o Selo Combustível Social têm preferência nestes leilões, tendo 80% do mercado reservado e podendo concorrer em 100% leilões. Além disso, elas recebem benefícios tributários, que variam de acordo com a localidade.
Questões ambiental e econômica
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel contribui para que o Brasil compre menos diesel mineral de outros países, estimulando a produção e o consumo de fonte de energia limpa e não poluente. Incentiva também a agregação de valor aos grãos dentro do País, contribuindo para uma maior oferta de farelo e tortas para alimentação animal.

"Irrigação que nós temos consome água demais",

Especialistas reunidos pela Subcomissão de Segurança Alimentar da Câmara afirmaram que o modelo agropecuário brasileiro precisa ser modificado para evitar desperdício de água. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil gasta hoje 81% de sua água na produção agrícola e pecuária.


Para a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Conseas), Maria Emília Pacheco, o País precisa de uma agricultura que se harmonize com o meio ambiente. “A chamada revolução verde não é baseada na especificidade de uma agricultura tropical. Ela usa água em quantidade demasiada, desperdiça água.”

Maria Emília defendeu a implantação de sistemas agroecológicos, que envolvem a agricultura familiar sustentável. “Há experiências no Brasil que mostram que esses sistemas são produtores de água.”

O representante do Ministério da Agricultura no debate, Vicente Puhl, reconheceu que um dos desafios enfrentados hoje pela agricultura brasileira é reduzir o consumo de água.

Para o relator da subcomissão, deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), a agricultura brasileira precisa mudar. “O modelo de irrigação que nós temos consome água demais”, disse.

O deputado ressaltou que a agricultura também contamina as águas pelo uso de agrotóxico, “que termina atingindo os alimentos e a nossa saúde”.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

I Reunião Internacional Biodiesel-Agricultura Familiar e Produção de Alimentos acontece na Universidade Federal de Viçosa

A I Reunião Internacional Biodiesel – Agricultura Familiar e Produção de Alimentos, Encontro Técnico Internacional dos Pontos Focais da FAO que acontecerá nos dias 26 e 27 de Maio de 2011, no auditório Fernando Sabino, localizado no campus da UFV,

As mudanças Climáticas e as grandes transformações sofridas pelo Meio Ambiente refletem na crescente preocupação da humanidade em gerar, cada vez mais, energias limpas e renováveis, tornando este um dos maiores desafios contemporâneos. Neste cenário o desenvolvimento de novas fontes energéticas se faz fundamental para a sustentabilidade ambiental, social e econômica, tendo em vista que podem apresentar uma oportunidade para a agricultura e populações rurais.

Nesta perspectiva o Grupo de Bioenergia do Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação – FAO, juntamente com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Universidade Federal de Viçosa – UFV, estão organizando a I Reunião Internacional Biodiesel – Agricultura Familiar e Produção de Alimentos, Encontro Técnico Internacional dos Pontos Focais da FAO, que acontecerá nos dias 26 e 27 de Maio de 2011, no auditório Fernando Sabino, localizado no campus da UFV, onde governo, empresa e sociedade poderão ter acesso à interessante programação do evento, aberto ao público.

No encontro estão previstas inúmeras participações de representantes do governo e iniciativa privada, como a participação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), da União Brasileira dos Produtores de Biodiesel (UBRABIO), da Empresa de Petróleo do Brasil (PETROBRÁS) e da Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de convidados do Ministério de Minas e Energia (MME), da Casa de Governo da República do Brasil e Governo de Minas Gerais. Como convidados internacionais já confirmados estão o Instituto Nacional de Pesquisa Florestais, Agrícolas e Pecuárias do México (INIFAP); a Rede Mexicana de Bioenergia (REMBIO); a Universidade da Fronteira de Temuco, Chile; e o Instituto de Plano de Segurança Energética da Colômbia.

Também se espera participação no encontro a empresa Alcoóis do Uruguai (ALUR); a Associação de Cooperativas Argentinas (ACA); e o Ministério da Agricultura, Gado e Alimentos (MAGA) de Argentina, entre outros.

Biodiesel, Bioenergia e Segurança Alimentar
Entre os diversos painéis do Encontro Técnico Internacional está previsto na programação do dia 26 a apresentação dos trabalhos desenvolvidos pela equipe do Projeto Biodiesel UFV; Palestra sobre Bioenergia e Segurança Alimentar; Políticas sobre Desenvolvimento Institucional e Inovação em Biocombustíveis na América Latina; Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel – PNPB e palestras sobre a Cadeia de Produção do Biodiesel no Brasil. Já no dia 27, durante todo o dia, o público poderá conferir palestras sobre a Cooperação do Projeto Biodiesel – FAO, Governo Federal e Governo de Minas; Palestras sobre Bioenergia no Estado de Minas Gerais; Desafios da Pesquisa na área de Bionergia e os Biocombustíveis na América Latina.

Lançamento do Livro: Desenvolvimento da Cadeia de Insumos do APL Biodiesel e Óleos Vegetais no Norte de Minas

Durante o Encontro Técnico pesquisadores, estudantes, empresários e convidados poderão conferir a publicação do livro: “Desenvolvimento da Cadeia de Insumos do APL Biodiesel e Óleos Vegetais no Norte de Minas”. O livro traz as características agronômicas das principais plantas da região do Norte de Minas, como a mamona, o pinhão-manso, o girassol, o algodão e a macaúba e analisa a viabilidade econômica das plantas no cenário de suas cadeias produtivas.

Este estudo representa o produto do trabalho realizado pela equipe do Projeto Biodiesel, da UFV em convênio realizado com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SECTES e Fundação Arthur Bernardes – FUNARBE.

O lançamento vai ocorrer no primeiro dia de encontro, dia 26 de maio, às 18:30h, no auditório Fernando Sabino, campus UFV.

Informações: Vila Gianetti 25; Campus UFV – Viçosa MG – 36570.000 - (31) 3899 – 1791, Email: biodiesel.ufv@gmail.com

Esther Vivas: ‘Comemos o que nos dizem as grandes empresas agroalimentares’

Publicado em março 4, 2011 por HC
Esther Vivas é membro do Centro de Estudos sobre Movimentos Sociais de la Universitat Pompeu Fabra en Barcelona, ativista e co-autora de livros como Del campo al plato (Icaria editorial, 2009) o Supermercados, no gracias (Icaria editorial, 2007), entre outros.

Comprar em uma grande superficie um kilo de açúcar, um litro de leite ou um pacote de bolachas pode parecer um ato dos mais comuns. Mas, sob esta aparencia inócua subjaz a relevancia política de nossas ações, inclusive as mais inocentes.

Esther Vivas, ativista social, pela soberanía alimentar e militante do movimento antiglobalização, alerta sobre a primazia do capital privado na hora de impor gostos, marcas e produtos. Junto com Xavier Montagut publicou os livros “Del Campo al Plato”, “¿Aonde va el comercio justo?” e “Supermercados, no gracias”.

Você é co-autora do livro “Del Campo al Plato” (Ed. Icaria, 2009). É sua opinião que estão nos envenenando?

O modelo de produção de alimentos antepõe interesses privados e empresariais às necessidades alimentares das pessoas, a sua saúde e a respeito ao meio ambiente. Comemos o que as grandes empresas do setor querem. Hoje há o mesmo número de pessoas no mundo que passam fome que pessoas com problemas de sobrepeso, afetando, em ambos casos, aos setores mais pobres da população tanto nos países do norte como do sul. Os problemas agrícolas e alimentares são globais e são o resultado de converter os alimentos em uma mercadoria.

925 milhões de pessoas no mundo ainda passam fome. Esta é uma prova do fracasso do capitalismo agro-industrial?

Sim. A agricultura industrial, quilométrica, intensiva e petrodependente demonstrou ser incapaz de alimentar a população, uma vez que tem um forte impacto no meio ambiente reduzindo a agro-diversidade, gerando mudança climática e destruindo terras férteis. Para acabar com a fome no mundo não se trata de produzir mais, como afirmam os governos e as instituições internacionais. Pelo contrário, faz falta democratizar os processos produtivos e propiciar que os alimentos estejam disponíveis para o conjunto da população.

As empresas multinacionais, a ONU e o FMI propõe uma nova “revolução verde”, alimentos transgênicos e livre comécio. Que alternativa pode ser proposta desde os movimentos sociais?

Faz falta recuperar o controle social da agricultura e da alimentação. Não é possível que umas poucas multinacionais, que monopolizam cada uma das etapas da cadeia agro-alimentar, acabem decidindo o que comemos. A terra, a água e as sementes devem estar nas mãos dos campesinos, daqueles que trabalham na terra. Estes bens naturais não devem servir para fazer negócio, para especulação. Os consumidores devem ter o poder de decidir o que comer, se queremos consumir produtos livres de transgênicos. Em definitivo, temos que apostar na soberanía alimentar.

Poderia definir o conceito de “soberanía alimentari”?

Consiste em tener a capacidade de decidir sobre tudo aquilo que esteja relacionado com a produção, distribuição e consumo de alimentos. Apostar no cultivo de variedades autóctonas, de temporada, saldáveis. Promover os circuítos curtos de comercialização, os mercados locais. Combater a competencia desleal, os mecanismos de dumping, os incentivos a exportação. Conseguir este objetivo implica uma estratégia de ruptura com as políticas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Mas reivindicar a soberanía alimentar não implica um retorno romântico ao passado, pelo contrário, se trata de recuperar o conhecimento das práticas tradicionais e combiná-las com as novas tecnologías e saberes. Asim mesmo, não consiste em uma proposição localista e sim de promover a produção e o comércio local, na qual o comércio internacional funcione como um complemento do anterior.

A Vía Campesina afirma que hoje comer se converteu em um “ato político”. Está de acordo?

Completamente. O que comemos é resultado da mercantilizaç]ao do sistema alimentar e dos intereses do agro negócio. A mercantilização que se está levando a cabo na produção agro-alimentar é a mesma que afeta a outros muitos âmbitos de nossa vida: privatização dos serviços públicos, precarização dos direitos trabalhistas, especulação com a habitação e o território. É necessário antepor outra lógica e organizar-se contra o modelo agro-alimentar atual nos marcos de um combate mais geral contra o capitalismo global.

Estamos nas mãos das grandes cadeias de distribução? O que implica isso e que efeitos tem este modelo de consumo?

Hoje, sete empresas no Estado Español controlam 75% da distribuição dos alimentos. E esta tendencia representa mais. De tal maneira que o consumidor cada vez tem menos portas de acesso a comida e o mesmo acontece com o produtor na hora de chegar ao consumidor. Este monopolio garante um controle total aos supermercados na hora de decidir sobre nossa alimentação, o preço que pagamos pelo que comemos e como foi elaborado.

Servem as soluções individualistas para romper com estas pautas de consumo?

A ação individual tem um valor demostrativo e aporta coerência, mas não gera mudanças estruturais. Faz falta uma ação política coletiva, organizar-nos no âmbito do consumo, por exemplo, a partir de grupos e cooperativas de consumo agroecológico; crias alternativas e promover alianças amplas a partir da participação em camapanhas contra a crise, em defesa de territorio, fóruns sociais, etc…

Também és necessário sair as ruas e atuar políticamente, como em determinado momento se fez com a campanha da Iniciativa Legislativa Popular contra os transgênicos impulsionada por “Som lo que Sembrem”, porque, como já sew viu em muitas ocasiões, aqueles que estão nas instituições não representam nossos interesses mas sim os privados.

Kyoto, Copenhague, Cancún. Qual o baçanço geral que se pode fazer das diferentes cúpulas sobre mudança climática?

O balanço é muito negativo. Em todas estas cúpulas pesaram muito mais os interesses privados e o curto prazo e não a vontade política real para acabar com a mudança climática. Não foram feitos acordos vinculantes que permitam uma redução efetiva dos gases de efeito estufa. Ao contrário, os critérios mercantis têm sido uma vez mais a moeda de troca, e o mecanismo de comércio de emissões são, neste sentido, a máximo expressão disso.

Em Cancún foi muito utilizada a ideia de “adaptação” a mudança climática. Se escondem detrás os interesses das companhias multinacionais e de um suposto “capitalismo verde”?

Isso mesmo. Em lugar de dar soluções reais, se opta por falsas soluções como a energía nuclear, a captação de carvão da atmosfera para seu armazenamento ou os agro-combustíveis. Se trata de medidas no qual o único que fazem é agudizar ainda mais a atual crise social e ecológica e, isto sim, proporcionar uma grande quantidade de beneficios para umas poucas empresas.

O Movimento pela Justiça Climática trata de oferecer alternativas. Como nasce e quais são seus princípios?

O Movimiento Pela Justiça Climática faz uma crítica às causas de fundo da mudança climática, questionando o sistema capitalista e, como muito bem diz seu lema, se trata de “mudar o sistema, não o clima”. Deste modo expressa esta relação difusa que existe entre justiça social e climática, entre crise social ecológica.

O movimento vem tendo um forte impacto internacional, sobretudo esteve na raíz dos protestos na cúpula do clima de Copenhague e, mais recentemente, nas mobilizações de Cancún. Isto contribuiu para visualizar a urgencia de atuar contra a mudança climática. O desafio é ampliar sua base social, vinculando as lutas cotidianas e buscar alianças com o sindicalismo alternativo.

A solução é mudar o clima ou mudar o sistema capitalista?

Faz falta uma mudança radical de modelo. O capitalismo não pode solucionar uma crise ecológica que o sistema mesmo criou. A crise atual coloca a necessidade urgente de mudar o mundo de base e fazê-lo desde uma perspectiva anticapitalista e ecologista radical. Anticapitalismo e justiça climática são dois combates que devem estar estreitamente unidos.

*Entrevista realizada por Enric Llopis para Rebelión.

Tradução de Paulo Marques para o site Brasil Autogestionário http://www.brasilautogestionario.org/
** Esther Vivas é colaboradora e articulista internacional do Portal EcoDebate.

Walmart lança compromisso global de agricultura sustentável

BN004385 14 de outubro de 2010 16:07 HORALOCAL
Varejista comprará mais de fazendas de pequeno e médio porte, reduzirá desperdício de alimentos e comprará principais produtos agrícolas de fontes sustentáveis

BENTONVILLE, Ark., 14 de outubro /PRNewswire/ -- A Walmart lança hoje novo compromisso global de agricultura sustentável que ajudará pequenos e médios fazendeiros a ampliar os negócios, obter mais receita com produtos e reduzir o impacto ambiental do cultivo e, ao mesmo tempo, fortalecer as economias locais e oferecer aos clientes de todo o mundo acesso de longo prazo a alimentos frescos de boa qualidade a preços acessíveis.

"Mais de um bilhão de pessoas de todo o mundo dependem do cultivo e centenas de milhões vivem com menos de $2 por dia", diz Mike Duke, presidente e diretor executivo da Walmart. "Globalmente, com a  explosão da população, a produção de alimentos deve aumentar cerca de  70% para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050".

Para visualizar o release completo, acesse:
http://www.prnewswire.com/news-releases/walmart-unveils-global-sustainable-agriculture-goals-104945349.html

FONTE: Wal-Mart Stores, Inc.
BNED:NG
FONTE:NEWSBRIEFS
SÃO PAULO-SP
CONTATOS:BRASIL-CAMILA CONTE
TELS:55-11-2504-5140 begin_of_the_skype_highlighting 55-11-2504-5140 end_of_the_skype_highlighting
E-MAILS: camila.conte@prnewswire.com

Diagnóstico do agronegócio e a variável ambiental, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Na segunda metade do século XX, o setor primário do Brasil passou por uma dramática transformação. Deixou a fase romântica, onde a vida junto a natureza era mais idealizada e passou a se tornar um tipo de exploração com características sistêmicas, alta organização e elevado nível de complexidade. Nascia o agronegócio.


No Brasil, ocorreu a passagem de uma condição de modelo agricultura voltado para a auto-suficiência da propriedade, para o complicado sistema de interdependência, que marca as relações do setor rural com a indústria e os serviços, na configuração do Sistema Agroindustrial.

Educação para o Desenvolvimento Sustentável: Sonhamos e praticamos! /// Ecodebate

 artigo de Eloy Casagrande


[EcoDebate] Durante o intervalo para o café, entre as palestras de especialistas na maior conferência internacional realizada no sul do Brasil sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentavel (EDS-2010), escuto atentamente o comentário: — Eu vim para esta conferência porque queria entender afinal o que é esta tal de “sustentabilidade”. As palavras eram do agricultor que me confessou que estava preocupado com a quantidade de agrotóxico que ele usava no cultivo de 4 mil hectares de soja, no sudoeste do Paraná. Sua preocupação com a perda de nutrientes do solo e a contaminação de nascentes era verdadeira, explicando que tinha dois filhos, um de 17 anos e outro de 13, e que não sabia como a terra poderia ainda ser produtiva para garantir-lhes o futuro. Dizia também que todos os agricultores ao seu redor faziam o mesmo e que algo tinha de mudar.

Para mim, o fato dele ter se deslocado de sua cidade, deixando seus afazeres na fazenda e vir a Curitiba participar por três dias da Conferência (18-20 de maio na FIEP-PR), a mesma atingia seu objetivo. O Centro Regional Integrado de Educação para o Desenvolvimento Sustentável – CRIE_Curitiba, criado com a chancela da Universidade das Nações Unidas (UNU), em 2007, e as três grandes universidades do Paraná (UFPR, UTFPR e PUCPR) associadas ao Sistema FIEP Senai/Sesi, poderiam comemorar o sucesso de seus esforços em reunir quase 800 pessoas para o evento.

Foram jornadas de reflexão, de desejo de mudanças, de demonstração de ações concretas e de esperança. Professores, pesquisadores, estudantes, membros de organizações não governamentais, empresários, discutiam novas formas de educar, de se implantar um modelo de educação transformadora (nas palavras da palestra magna do professor Enrique Leff ), de se encontrar soluções para estimular um consumo sustentável, para reduzir emissões de CO2 e os impactos das mudanças climáticas, da viabilidade de edificações mais ecológicas, de modelos de mobilidade menos agressoras ao meio ambiente, de programas para se proteger a biodiversidade e multiplicar as boas ações sustentáveis.

Os 120 membros dos “Centros Regionais de Expertise em Educação para o Desenvolvimento Sustentável – (Regional Centre of Expertise – RCE-EDS)”, representando 43 países, e toda equipe da UNU, também organizadora da conferência, saindo da mesma com a sensação de que se pode fazer ainda melhor, envolver mais pessoas e tranformar o mundo através da solidariedade sustentável.

Das cerca de 200 experiências discutidas em mesas temáticas interativas e em seminários, podemos destacar desde a palestra do Presidente do Comitê Brasileiro do Pacto Global (ONU), o empresário Vitor Seravalli, falando da ética empresarial e responsabilidade social das empresas (representando também a visão da FIEP e de todo o pessoal de apoio ao evento) e da Dra. Mary Allegretti nos mostrando como a Amazônia pode ser desenvolvida sem ser destruída. Nas mesas temática, discutiu-se projetos como do professor do México que compõe músicas no estilo “mariachi”, levando mensagens ecológicas as comunidades através das rádios locais; do RCE da região Oeste de Portugal, que trabalha nas escolas com Análise de Fluxos de Materiais (MFA), mostrando aos estudantes quais são os impactos que a fabricação dos produtos da cadeia alimentar podem causar ao meio ambiente; do portal do RCE Saskatchewan (que ainda estamos aprendendendo a pronunciar!), uma pequena província do Canadá que desenvolve com escolas locais um “inventory map” das iniciativas sustentáveis da região; do RCE de KwaZulu Natal, uma das maiores províncias da África do Sul, com quase 9 milhões de habitantes e que implanta cursos de treinamento em educação para o desenvolvimento sustentável para professores; de ferramentas como o Mapa Vede da UFPR, que auxilia na percepção do impacto ambiental das cidades e que poderá servir para checarmos o quanto Curitiba é mesmo “sustentável”; do projeto do Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que servirá de exemplo de construção sustentável e de gestão socioambiental universitária.

A lista das experiências é longa e algumas foram gravadas em depoimentos à câmera dos estudantes do primeiro ano do ensino médio do Colégio Medianeira, convidados para realizar um documentário sobre o evento sob a ótica deles, a geração futura. Deles ouvi outra declaração de esperança que me faz acreditar que estamos no caminho certo: — Professor, nós queríamos te dizer que não viemos aqui somente para fazer o filme, mas também para aprender e estamos muito felizes pelo convite, está é uma aula diferente! Destacando que também tivemos mais de 70 estudantes universitários voluntários para trabalhar na conferência. Se tivermos agricultores que querem mudar, empresários e políticos que praticam a ética, professores com entusiasmo para ensinar a sustentabilidade e estudantes que querem construir um mundo melhor, nossa receita está pronta para concretizarmos o sonho de termos um Planeta que ainda abrigue muitas gerações e toda espécie que faz parte da teia da vida.

Prof. Dr. Eloy Casagrande Jr,. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, membro do CRIE_Curitiba e do comitê organizador da Conferência EDS-2010.

EcoDebate, 25/05/2010

Cientistas querem colaborar com agricultores na busca de sustentabilidade /// Deutsche Welle

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Crise climática requer novas soluções para a agricultura no mundo

Não é de hoje que os cientistas são acusados de se isolarem numa torre de marfim, longe das realidades sociais. Uma conferência bienal sobre o futuro da agricultura tenta aproximar pesquisa e prática rural.

Durante a primeira conferência global sobre pesquisa agrícola para o desenvolvimento, realizada na cidade francesa de Montpellier, cientistas de todo o mundo se reuniram com políticos, organizações não-governamentais e doadores, a fim de refletir sobre o futuro da agricultura. Afinal, diante das crises ambientais que se tornaram nítidas no início do século 21 – como a mudança climática, a crescente escassez de água e os descompassos demográficos –, repensar a agricultura significa refletir sobre o futuro da humanidade.

Até 2050, o planeta atingirá uma população de 9 bilhões de pessoas, a ser alimentada sob condições cada vez mais difíceis. A crescente escassez de recursos naturais que se nota hoje já provoca apelos veementes pela sustentabilidade. Além disso, a falta de alimentos vem gerando instabilidades em diversos países e os recursos originariamente destinados ao desenvolvimento rural foram em parte cortados após a crise financeira global.


Lenta mudança de mentalidade
O resultado concreto da conferência de Montpellier foi um plano de ação que conclama institutos de pesquisa, doadores, governos, organizações de agricultores e a sociedade civil a trabalharem em conjunto, a fim de promover o desenvolvimento rural e a segurança alimentar.

Mounty Jones, diretor do Fórum de Pesquisa Agrícola para a África, é da opinião de que as investigações científicas devem se aproximar mais da prática no futuro. Seria importante não pesquisar ao largo dos agricultores, mas sim junto com eles. "Essas são as pessoas para as quais trabalhamos, são as pessoas que podem nos dizer como ajudá-las. Foi-se o tempo em que os outros é que tomavam decisões para os agricultores. Chegou a hora de decidirmos juntamente com eles e fazer algo a partir disso", declarou Jones.

Apesar dessa urgência, não é de uma hora para a outra que se pode mudar a mentalidade dos cientistas. Benedikt Haerlin, da Fundação Alemã para o Futuro da Agricultura, sediada em Berlim, não tem certeza se a nova conferência bienal lançada em Montpellier poderá prestar uma contribuição essencial no sentido de aproximar a pesquisa da sociedade.

"Vejo que a retórica é outra, mas ao mesmo tempo percebo o quão pouco a mentalidade dos pesquisadores mudou. No fundo, acaba sendo o mesmo clube de senhores que se reúne aqui", descreve ele com ceticismo.


Mobilizar a juventude
Esse clube de senhores também desagrada ao jovem pesquisador indiano Balasubramian Ramani, do departamento de Agricultura da Universidade de Hannover. A maioria dos agricultores de todo o mundo são mulheres e quem deverá resolver os problemas rurais são os jovens; no entanto, esses são os grupos menos representados na conferência, lamenta ele.

"Há cinco anos, estamos tentando integrar os jovens nos processos de decisão. Fala-se de reestruturação e do futuro da agricultura mundial, mas no fundo todos precisam entender que nós, jovens, é que somos o futuro. É por isso que não queremos permitir que homens e mulheres de terno cinza decidam sobre o nosso futuro", adverte o cientista indiano.

Ainda seria cedo demais para avaliar as perspectivas de êxito ou fracasso do plano de ação de Montpellier. De qualquer forma, não deixa de ser um passo certo no sentido de reduzir o abismo que separa a ciência da prática.

Benedikt Haerlin constata que "toda mudança no mundo acadêmico começa com muitas palavras". "Não estou dizendo que isso não leva a nada, mas até agora se conquistou muito pouco", aponta ele.

Até que ponto a conferência sobre o futuro da agricultura tem futuro é o que se mostrará na próxima edição do evento, a ser realizada daqui a dois anos.

Autor: Helle Jeppesen (sl)
Revisão: Augusto Valente

«Água Limpa para Um Mundo Saudável» é o tema deste ano da iniciativa da ONU /// Ciencia Hoje - Portugal

Dia Mundial da Água 2010 pensa a saúde do Planeta e do ser humano

2010-03-21

Países pobres são os mais prejudicados com a escassez e a falta de qualidade dos recursos hídricos

Tentar aumentar a consciência pública da importância da conservação dos recursos de água potável, é o objectivo do Dia Mundial da Água que se assinala a 22 de Março. Este ano é dedicado ao tema «Água Limpa para Um Mundo Saudável».

Nascido em 1993 por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), esta efeméride propõe todos os anos um tema diferente sobre o qual se realizam actividades que visam promover a consciencialização tanto da população com dos governos para problemas relacionados com os recursos hídricos.

Os países em vias de desenvolvimento são este ano os mais visados, pois são também os que mais sofrem com a falta de água potável. Na sua mensagem oficial para este Dia, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, sublinha a ligação da preservação dos recursos hídricos com os objectivos das Nações Unidas.

“A água é o elo que une todos os seres vivos do planeta e está ligada directamente aos objectivos das Nações Unidos: melhorar a saúde materna e das crianças, a esperança de vida, a emancipação das mulheres, o desenvolvimento sustentável, bem como a adaptação e a atenuação das mudanças climáticas”.

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU

No entanto, diz Ban Ki-moon, os recursos hídricos estão cada vez mais vulneráveis e ameaçados. Todos os dias e um pouco por todo o mundo “milhões de toneladas de esgotos sem tratamento e resíduos industriais são agrícolas despejados em sistemas de água”.

A água potável está, assim, a tornar-se cada dia mais escassa e com as mudanças climáticas a situação tende a piorar. “Os pobres continuam a ser os primeiros a sofrer com a poluição, a escassez de água e a falta de saneamento adequado”, afirma Ban Ki-moon.

O tema deste ano vem sublinhar que tanto a qualidade como a quantidade dos recursos hídricos estão em risco. Mais pessoas morrem “devido à utilização de água não segura do que devidao às várias formas de violência, incluindo a guerra”.

«Millennium Development Goals»
Até 2015, a ONU integra o tema dos recursos hídricos nos seus Objectivos de Desenvolvimento do Milénio («Millennium Development Goals»), com várias metas a atingir até 2015.

Pretende-se, assim, assegurar a sustentabilidade ambiental através da integração dos princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e nos programas de cada país, bem como inverter a tendência de perda de recursos ambientais e de biodiversidade.

Pretende também reduzir para metade, até 2015, a proporção da população sem acesso a água potável e saneamento básico e reduzir para dois terços a mortalidade infantil e a incidência de doenças como a malária.

A CARNE É FRACA (Parte 2 de 6)



"A destruição do solo e da floresta não está computado no custo final da carne, se caso estivesse ela seria inviável.
Quem responde por 70% do abastecimento interno de alimento no país é a agricultura familiar e não o agronegócio, este é somente para exportação.
A soja exportada é basicamente para alimentação animal."

AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Como expressa a Profa. Nazareth Wanderley “A agricultura familiar não é uma categoria social recente, nem a ela corresponde uma categoria analítica nova na sociologia rural. No entanto, sua utilização, com o significado e abrangência que lhe tem sido atribuído nos últimos anos, no Brasil, assume ares de novidade e renovação” (WANDERLEY, 2001: 21).

Muitas terminologias foram empregadas historicamente para se referir ao mesmo sujeito: camponês, pequeno produtor, lavrador, agricultor de subsistência, agricultor familiar. A substituição de termos obedece, em parte, à própria evolução do contexto social e às transformações sofridas por esta categoria, mas é resultado também de novas percepções sobre o mesmo sujeito social.

A partir dos anos 90 vem se observando um crescente interesse pela agricultura familiar no Brasil. Este interesse se materializou em políticas públicas, como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e na criação do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), além do revigoramento da Reforma Agrária. A formulação das políticas favoráveis à agricultura familiar e à Reforma Agrária obedeceu, em boa medida, às reivindicações das organizações de trabalhadores rurais e à pressão dos movimentos sociais organizados, mas está fundamentada também em formulações conceituais desenvolvidas pela comunidade acadêmica nacional e apoiada em modelos de interpretação de agências multilaterais, como a FAO, o IICA e o Banco Mundial.

Contudo, não se pode afirmar que este segmento tenha sido reconhecido como prioridade pelos governos, haja vista que a agricultura patronal tem concentrado, nos últimos anos, mais de 70% do crédito disponibilizado para financiar a agricultura nacional. Assim, há hoje dois projetos em pugna os para o campo no Brasil. O primeiro é um enfoque setorial, cuja preocupação central está na expansão da produção e da produtividade agropecuária, na incorporação de tecnologia e na competitividade do chamado agribusiness. Este enfoque se articula em torno dos interesses empresariais dos diversos segmentos que compõem o agronegócio e está claramente representado no Ministério da Agricultura.
Em contraposição, o segundo enfoque enfatiza os aspectos sociais e ambientais do processo de desenvolvimento, de acordo com o que vem se denominando a sustentabilidade do desenvolvimento rural, que procura equilibrar a dimensão econômica, social e ambiental do desenvolvimento.

Este segundo enfoque tem escolhido a agricultura familiar como um dos seus pilares chaves. Uma pesquisa realizada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), cujo objetivo principal era estabelecer as diretrizes para um “modelo de desenvolvimento sustentável”, escolheu-se como forma de classificar os estabelecimentos agropecuários brasileiros a separação entre dois modelos: “patronal” e “familiar”. Os primeiros teriam como característica a completa separação entre gestão e trabalho, a organização descentralizada e ênfase na especialização.

O modelo familiar teria como característica a relação íntima entre trabalho e gestão, a direção do processo produtivo conduzido pelos proprietários, a ênfase na diversificação produtiva e na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida, a utilização do trabalho assalariado em caráter complementar e a tomada de decisões imediatas, ligadas ao alto grau de imprevisibilidade do processo produtivo (FAO/INCRA, 1994).

A escolha da agricultura familiar está relacionada com multifuncionalidade da agricultura familiar, que além de produzir alimentos e matérias-primas, gera mais de 80% da ocupação no setor rural e favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio genético.

Assim, o meio rural, sempre visto como fonte de problemas, hoje aparece também como portador de soluções, vinculadas à melhoria do emprego e da qualidade de vida (WANDERLEY, 2002). Este enfoque é representado também pelo Prof. José Eli da Veiga e colaboradores no documento “O Brasil Rural precisa de uma Estratégia de Desenvolvimento”, onde os autores sugerem que o projeto de desenvolvimento para o Brasil rural deve visar a maximização das oportunidades de desenvolvimento humano em todas as regiões do país diversificando as economias locais a começar pela própria agropecuária. Em reportagem publicada pela Revista Rumos em novembro-dezembro de 2003, o mesmo Prof. José Eli da Veiga observa o brutal poder devorador de postos de trabalho da atual modernização das grandes lavouras, exemplificado no caso da cana-de-açúcar, onde a demanda de força de trabalho foi cortada pela metade nos anos 90, apesar da expansão de 10% da área cultivada.

Leia o artigo completo escrito por Alicia Ruiz Olaldeo aqui

Informação & Conhecimento