Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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Projeto gera créditos de carbono no Cerrado

Meta é criado um corredor ecológico de biodiversidade entre o Parque Nacional de Emas e Parque
Estadual das Nascentes do Rio Taquari

01 de fevereiro de 2011

Karina Ninni - estadao.com.br
Um projeto de carbono recém-lançado no corredor de biodiversidade Emas-Taquari tem como meta reflorestar quase 600 hectares com nativas do Cerrado. A iniciativa é a única no Brasil a obter a certificação do Voluntary Carbon Standard (VCS), reconhecida como uma das mais criteriosas no mundo no mercado voluntário de carbono (aquele que é realizado em países que não têm compromisso de redução de emissões estipulado no Protocolo de Kyoto). Com o reflorestamento, calcula-se que poderão ser removidos da atmosfera 206.114,60 toneladas de CO2 equivalente (um crédito de carbono é igual a uma tonelada de CO2 equivalente).

Um terço desses créditos já foi comprado pela empresa Natura Cosméticos S/A. Além disso, a iniciativa foi certificada pelo padrão Climate, Community and Biodiversity (CCBS), que estipula critérios referentes a benefícios gerados à comunidade e à biodiversidade locais.

Localizado nos municípios de Mineiros (GO), Alcinópolis (MS), Costa Rica (MS) e Chapadão do Sul (MS), com um raio de atuação de 200 km, o projeto está inserido em uma área estratégica entre o Parque Nacional de Emas e Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, curso de água altamente ameaçado pelo açoreamento.

"É uma região de alta produção agrícola, onde o agronegócio é a maior fonte de renda. Por isso, é estratégica. Um hectare de terra no platô onde nasce o rio Taquari está custando U$ 9 mil. A ideia aqui é provar que a conservação florestal pode ser uma das atividades geradoras de renda para o produtor rural, juntamente com a criação e a agricultura", afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da Conservation International (CI), uma das responsáveis pelo projeto.

"O mercado voluntário funciona muito na base da confiança. A certificação garante o rigor técnico do projeto", resume Prado.
Para coletar as sementes e confeccionar as mudas, foram feitas parcerias com comunidades locais de baixa renda. São 25 famílias de assentamentos e 20 famílias quilombolas, além de 35 pessoas de uma comunidade terapêutica para tratamento de ex-dependentes químicos.
Entre as 60 nativas utilizadas para plantio estão diversas variedades de ipê, aroeira, ingá, pequi e jequitibá. As mudas vão ser plantadas em cinco propriedades privadas de médio porte dedicadas ao agronegócio e também dentro do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari.

"Já plantamos cerca de 70 hectares e ainda este mês completaremos cem hectares plantados", explica o engenheiro agrônomo Renato Alves Moreira, da ONG Oreades, responsável local pelo projeto. Cem hectares é metade do contrato feito com a Natura, que prevê um sequestro de 70 mil toneladas de CO2 equivalente em 30 anos.

"É tudo muito novo, ninguém nunca plantou floresta de cerrado nesse nível em que estamos propondo. Queremos replicar a diversidade biológica da flora do Cerrado", diz Moreira.

Risco
Quem se lembra dos incêndios ocorridos no meio do ano nos parques nacionais localizados no bioma Cerrado pode logo se perguntar: qual é a garantia de que, na temporada das secas, as mudas não serão engolidas pelo fogo?

"Sabemos que é uma região de alto risco, por isso, trabalhamos com uma área de seguro de cem porcento. Quer dizer: teremos sempre o dobro de área necessária para a geração da quantidade de créditos que oferecemos. Sem contar que o projeto está garantido por uma seguradora", explica Prado, da CI.


"Estamos organizando brigadas de incêndio voluntárias, fazendo aceiros e engendrando parcerias com o ICMBio e o corpo de bombeiros", completa Moreira.

Investimento
No lote vendido para a Natura cada tonelada de carbono equivalente foi comercializada a U$ 15,00. O custo de desenvolvimento do projeto (elaboração mais certificação) foi de R$ 120 mil até agora.


"Acredito que este projeto terá um impacto benéfico até mesmo nas discussões sobre o Código Florestal, porque vai demonstrar para os grandes produtores que o pagamento por serviços ambientais existe e pode dar certo", garante Prado.

Resíduos agrícolas ampliam oferta de energia

Bagaço de cana, palha de arroz e dejetos de animais aumentam a variedade de matérias-primas para o setor e melhoram a renda do agricultor

Aumentar a oferta de energia no país com o aproveitamento de biomassa (matéria orgânica de animais e vegetais) é uma das ações previstas no Decreto nº 7.404, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

– O decreto reafirma a importância da utilização energética dos resíduos gerados pelas cadeias produtivas de origem animal e vegetal, além de fomentar o uso dessas fontes renováveis – destaca o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Denilson Ferreira.

Para o coordenador, exemplo concreto é o uso do sebo (gordura) bovino na produção de biodiesel, que correspondeu a cerca de 15% do biocombustível fabricado no Brasil em 2010.

– Além de ser baseada nos critérios de sustentabilidade, a energia gerada por meio da biomassa pode garantir renda para os agricultores, já que o nosso país tem potencial para produção de energia a partir de resíduos gerados pelas atividades agrícola, pecuária e silvícola – ressalta Ferreira.

Ele explica que um dos diferenciais do aproveitamento da matéria orgânica é o fato de se tratar de um tipo de energia renovável e que pode contribuir na redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.

Nesse contexto, iniciativas de produtores brasileiros ganham cada vez mais espaço no mercado nacional. O bagaço da cana-de-açúcar responde por 13% da energia gerada no país, com o uso de 28,8 milhões de toneladas do produto. No caso de suínos e aves, uma quantidade significativa de projetos está em andamento com objetivo de proporcionar a geração de biogás a partir de dejetos (fezes) de animais, especialmente na região Sul. E ainda há potencial para briquetes e pellets (carvão natural) a serem produzidos com resíduos de origem silvícola e agrícola, como a casca de arroz e outros.

Sebo bovino
Conhecido como gordura animal, esse material até pouco tempo atrás era queimado ou enterrado. O que consolidou a gordura do boi como uma das principais matérias-primas desse tipo de biocombustível foi sua viabilidade econômica. O sebo é mais barato do que o óleo de soja.

Pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro indicam que são retirados 20 quilos de sebo de cada boi abatido. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne e detém o maior rebanho de gado de corte do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças.

Bagaço
Em 2009, 13% da energia consumida no Brasil foi gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar, subproduto da indústria sucroalcooleira. Além de ser baseada nos critérios de sustentabilidade, a energia gerada por meio da biomassa de cana-de-açúcar aumenta a competitividade do segmento, que pode suprir a necessidade energética das usinas e vender o excedente para empresas de distribuição de energia.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Rumo à gaseificação de biomassa

23/12/2010 Agência FAPESP – A Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo anunciou a aprovação da primeira fase do projeto do Centro de Desenvolvimento de Gaseificação de Biomassa (CDGB) no Parque Tecnológico de Piracicaba (SP).

O projeto, que deverá receber investimento de R$ 80 milhões, será viabilizado por uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com o IPT, o centro abrigará, em uma área de 80 mil m², uma planta piloto que desenvolverá a tecnologia de gaseificação do bagaço de cana-de-açúcar, a exemplo da corrida tecnológica que se desenrola em outros países para consolidar esse processo, só que com diferentes matérias-primas, como a palha de milho e o carvão.

A gaseificação é vista como uma ferramenta de mitigação de emissão de gases do efeito estufa. O gás de síntese do bagaço de cana será avaliado em três aplicações: para a geração de energia elétrica, produção de biocombustível líquido e como precursor de biopolímeros, os chamados monômeros do plástico.

A atual fase do projeto está voltada para a produção do gás. Para os primeiros cinco anos está prevista a produção de 500 kg/hora de gás de biomassa. Além do bagaço, outras matérias-primas de biomassa serão pesquisadas.

Os parceiros industriais investirão conjuntamente na planta piloto de gaseificação e, isoladamente, nos projetos de pesquisa do aproveitamento de gás de síntese. Essas duas fases terão apoio da Rede Nacional de Combustão e Gaseificação, que conta com projetos de pesquisa financiados pela FAPESP.

Um papel fundamental da planta piloto será aperfeiçoar os equipamentos empregados na gaseificação. Durante os três anos de operação da planta, deverão ser processadas 3 mil toneladas de biomassa.

Atualmente, o bagaço é usado para a produção de energia, mas seu rendimento energético é de 20%. No novo processo, o rendimento poderá dobrar, chegando a 40%.

Um dos principais desafios do projeto é reduzir o custo do investimento. “A literatura internacional afirma que o investimento é de cerca de US$ 3 por watt e nós temos que otimizar esse valor, chegando a US$ 1,5 por watt”, disse Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT.

O grupo que apoia o projeto é composto por quatro empresas – Oxiteno, Petrobras, Brasken e Cosan – e quatro instituições – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) e IPT. Cada empresa parceira deverá contribuir com R$ 2 milhões durante a execução do projeto.

O IPT, junto com o CTC e o CTBE, está articulando um consórcio com empresas públicas e privadas, além de institutos e universidades do Brasil e do exterior.

A Esalq e a cidade de Piracicaba, uma das maiores produtoras de cana-de-açúcar no Brasil, contribuem com a infraestrutura necessária para a instalação da planta piloto.

Mais informações: http://www.ipt.br/

Trem bala: insustentável ambientalmente, artigo de Tomás Togni Tarqüinio

ECODEBATE-1 novembro , 2010
Se fosse possível realizar um estudo prospectivo do trem bala à luz da crise ecológica em curso, provavelmente o resultado não seria alentador. A construção de uma linha férrea para Trens de Alta Velocidade (TAV) ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, com uma extensão até Campinas, não responde a dois grandes desafios ambientais: o primeiro diz respeito ao esgotamento de recursos naturais não renováveis, no caso o petróleo; o segundo, às mudanças climáticas decorrentes de emissões de gases efeito estufa provenientes do uso de recursos fósseis. Ambas questões estão imbricadas.

Quando se fala em esgotamento do petróleo, isto não significa que o precioso líquido vai desaparecer do planeta de uma hora para outra. Ele existirá ainda por muitos anos, mesmo que seja para fazer velas. Por esgotamento entende-se fim da era do petróleo barato e abundante.

A humanidade está às vésperas de conhecer o pico de produção mundial de petróleo, ponto a partir do qual ela entrará em declino – também conhecido como pico de Hubbert, nome do geólogo americano que previu esse fenômeno nos Estados Unidos, também conhecido como depleção. Há décadas vários especialistas vêm considerando que o pico de produção mundial deverá ocorrer entre 2010 e 2020. Este é alcançado quando a metade da jazida foi extraída, restando no solo a outra metade. Como no caso de qualquer jazida mineral, que dispõe de um estoque inicial fixo, a produção cresce até chegar ao máximo, passa por um pequeno período de estabilidade e depois entra em inevitável depleção (pode ser representada por uma curva de Gauss).

A parte que resta a extrair é aquela que apresenta custos de extração elevados e baixa qualidade, é de difícil acesso e exige tecnologia sofisticada. Os especialistas não são meia dúzia de ambientalistas com vocação para Cassandra. São geólogos competentes que tiveram a pachorra de levantar as reservas em todo mundo, poço por poço. Ora, como o pico da produção é para breve, os efeitos do esgotamento progressivo não serão um problema para as gerações futuras, mas sim para a atual. Quando se fala em petróleo barato, significa dizer que, historicamente, os preços conheceram uma tendência para a baixa, em valores constantes, desde o inicio de sua exploração comercial em grande escala, em meados do século XIX, quando o coronel Drake furou o primeiro poço na Pensilvânia e condicionou o produto em barris de arenque para uso como lume. A produção mundial atual é da ordem de 85 milhões de barris/dia e dificilmente chegará a 100 milhões.

RENOVÁVEIS TERÃO ATÉ 80% DOS EMPRÉSTIMOS DO BID /// Agencia Ambiente Energia

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) planeja, para os próximos três anos, que até 80% dos futuros empréstimos para a área de energia sejam destinados a projetos de fontes renováveis de energia – biomassa, geotérmica, solar, eólica e hidrelétrica, contra os atuais 30%.

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Segundo o BID, melhorias no processo de regulação e a queda dos custos dos equipamentos impulsionaram a demanda de investimentos em projetos de energias renováveis na América Latina e no Caribe, em particular para empreendimentos de geração eólica.

O BID, em 2009, destinou US$ 1,2 bilhão em financiamentos para projetos do setor privado, sendo que um terço se voltou a financiar projetos de energia renovável e eficiência energética na região. “Vários países da região desejam diversificar suas fontes de energia e estão mudando o seu marco regulatório para atrair mais investimentos em energia limpa”, comentou Hans Schulz, gerente geral do Departamento de Financiamento Estruturado e Corporativo do BID.

A expectativa é que a demanda de energia na América Latina aumente 50% até 2030, exigindo investimentos da ordem de US$ 1,5 trilhão. Projeção da Agência Internacional de Energia mostra que somente na próxima década a região precisará de um incremento de 26% na sua capacidade instalada de geração de energia. Segundo ele, sem financiamento de longo prazo, os projetos de energias renováveis não podem virar realidade. “Por isso, o apoio multilateral tem sido essencial para que muitos projetos de energia verde se tornem realidade”, comenta, descatando os prazos dos financiamentos do BID que chegam a até 15 anos, contra os cinco anos dos bancos comerciais.



Energia eólica - Nos últimos anos, a demanda por financiamento por projetos de geração eólica ganhou mais espaço na carteira do BID, uma vez que os novos materiais e desenhos de turbinas reduziram o custo por MW. Com isso, a eólica passou a ser uma alternativa atraente para governos e empresas da América Latina. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a entidade aprovou financiamento de US$ 102 milhões para dois projetos de energia eólica, num total de 318 MW, para o estado de Oaxaca, no México.[1]

O BID também financia projetos de energia limpa e eficiência energética por meio de empréstimos e doações a governos de seus 26 países membros mutuários. No ano passado, o banco mais que duplicou os financiamentos para melhorar o meio ambiente, enfrentar a mudança climática e incentivar as energias renováveis. Foram aprovados 33 novos empréstimos para projetos verdes nos setores privado e público, num total de mais de US$ 3,5 bilhões. Do total de projetos, 15 deles, num total de US$ 2,1 bilhões, foram destinados a mudança climática e as energias renováveis.

De olho nos bons ventos da “indústria eólica” /// Tribuna do Norte

Marília Bugalho Pioli - Advogada

Nunca antes as energias renováveis estiveram tanto em evidência no Brasil, que já foi apontado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), da ONU, como o maior mercado de energia renovável do mundo. O Estado do Rio Grande do Norte deverá despontar como a grande estrela do setor eólico, a exemplo do que já aconteceu no leilão de reserva para o setor, em dezembro 2009: dos 71 empreendimentos vencedores, 23 estão no Estado.

O anúncio de um novo leilão no segundo trimestre de 2010, englobando fonte eólica, PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e usinas de biomassa impulsionou os ânimos de investidores e fornecedores de equipamento. A empolgação foi freada diante de incertezas da realização de novos leilões que acometeu o mercado no início do ano, apesar da grande expectativa de aquecimento do mercado eólico em dezembro.

A data prevista – 30.06.2010 – talvez sofra prorrogação, já que a data de inscrição dos projetos na EPE (Empresa de Pesquisa Energética) foi transferida de 08 de março para 15 de abril (exceto para as PCHs). Entre os empreendimentos que não venderam energia no 1o leilão, há vários que estão no RN, e como a Portaria do Ministério de Minas e Energia que prevê o próximo leilão (no 55/2010) permite que os projetos habilitados em 2009 requeiram o cadastramento, é provável que o Estado novamente reúna o maior número de empreendimentos.

Um calendário de leilões é essencial para que os investimentos em energia eólica e a consequente instalação de uma “indústria eólica” sejam viabilizadas no país. Os leilões indicam que a consolidação dessa fonte na matriz energética brasileira é viável e espera-se que ocorram pelo menos dois leilões por ano.

Dentro do mercado eólico, o Estado tem condições de ativar um nicho industrial ainda incipiente no Brasil. Por questões de economia e de logística os fabricantes de equipamentos deverão instalar-se em regiões próximas às usinas. Entre as várias previsões para o mercado eólico, estima-se que as empresas de equipamentos, fabricantes de centros de manutenção de turbinas investirão mais de R$ 1,2 bilhão em 2010.

O Rio Grande do Norte é dotado de ventos com velocidade média acima dos valores de referência que indicam a instalação de parques eólicos (entre 8,0 e 8,5 m/s, para um mínimo de 6,0 m/s). Há previsão de que em 2010 o Rio Grande do Norte alcançará sua autossuficiência em geração de energia. Com o incremento do potencial eólico, principalmente como resultado do leilão de 2009, até 2012 o Estado gerará mais do que o dobro da energia que consome.

Somada às oportunidades geradas pelos leilões, ainda há a possibilidade de venda de energia no mercado livre, ou seja, venda direta às empresas privadas, tendo sido o Rio Grande do Norte o primeiro Estado brasileiro a efetivar venda de energia no mercado livre no final de janeiro/2010, quando contratou com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). O investimento deverá ser na ordem de R$ 1,7 bilhão e as obras iniciarão em junho de 2010 para operar até dezembro deste ano.

ENERGIA PARA O FUTURO/// CREA-BA

Auto-suficiência em petróleo comemorada pelo governo federal não significa a solução para os problemas energéticos do País


por Sivaldo Pereira

O Brasil é considerado um dos países com maior potencial energético do mundo, tanto devido aos recursos minerais disponíveis quanto à sua localização geográfica. Mas este potencial necessita de investimentos e desenvolvimento tecnológico para se tornar efetivo. Preocupado, o Sistema Confea/Crea incluiu o tema energia nas propostas do projeto Pensar Brasil. O intuito é debater perspectivas e as possíveis contribuições da área tecnológica para o setor.

Atualmente, segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2006, 77,1% da estrutura de oferta interna de energia elétrica do País provém de fonte hidráulica. Na avaliação do ex-coordenador da Câmara de Engenharia Elétrica do Crea-BA, engenheiro eletricista Roberto da Costa e Silva, o modelo baseado em hidroelétricas não é sustentável a longo prazo. “Para evitar problemas futuros, deveríamos investir no desenvolvimento de energias solar, eólica e nuclear. Temos bastante sol, vento e área suficiente para se implantarem usinas solares e eólicas, e somos produtores de material radioativo. Assim, reunimos as condições de sermos independentes”, analisa.

Dados do Ministério de Minas e Energia demonstram ainda que aproximadamente 44% da matriz energética brasileira provém de fontes renováveis. Segundo o professor e coordenador do Laboratório de Energia e Gás da Escola Politécnica (Ufba), engenheiro mecânico Ednildo Andrade Torres, a produção de petróleo – a principal fonte não renovável de energia – ainda se manterá com abundância nos próximos anos, mas, dentro de três ou quatro décadas, as reservas entrarão em declínio. Para o professor, que tem doutorado em energia térmica, o Brasil precisa planejar agora o desenvolvimento de uma matriz energética com uma visão de longo prazo, que seja diversificada, dando ênfase em fontes renováveis de energia, como a biomassa, energia eólica e solar, sem perder de vista também que seria inevitável o uso de energia nuclear no futuro. “Precisamos buscar soluções definitivas como a biomassa e fontes complementares de energia como a solar e a eólica. A longo prazo, certamente precisaremos utilizar energia nuclear. Não o que temos aí, mas algo que ainda será desenvolvido sem a geração de resíduos radioativos” aponta. Torres explica ainda que o grande problema da energia nuclear hoje são os riscos de acidentes e o problema da contaminação.

Se o Brasil reúne as condições prévias necessárias para se tornar uma potência energética no mundo, tal tendência está técnica e economicamente alinhada com as características climáticas e geológicas da Bahia. Boa parte do estado é propícia para implantação de centros produtores de uma matriz energética mais diversificada. Sítios eólicos e solares da região litorânea até o semi-árido, a maioria ainda inexplorada; produção em larga escala de biomassa a partir de plantas oleaginosas como o dendê, no Baixo-sul, ou a soja, no oeste do estado; extração de urânio na região de Caetité, que está entre as três maiores reservas do País, além do potencial hidráulico que já vem sendo explorado nas últimas décadas. “A Bahia é um grande celeiro para geração de energia, não apenas hoje, mas também para o futuro”, constata Torres. Apesar desta potencialidade, o estado também sofre dos mesmos problemas nacionais: falta mais investimento em pesquisa e tecnologia, além de um planejamento estratégico e sustentável para transformar esta potencialidade em riqueza, e a riqueza em benefícios para a população.













Vantagens e desvantagens das fontes de energia

  • Eólica e solar - São fontes limpas, com reduzido impacto ambiental. Dependem, porém, da existência de luz ou vento. Sua implantação é cara e requer grandes áreas para instalação.
  • Nuclear - Tem alto poder de concentração energética. O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do planeta. Desse total, 33% estão localizados na Bahia (Lagoa Real e Caetité). Requer alta tecnologia para o enriquecimento de urânio. Hoje, provoca sérios danos à saúde e ao meio ambiente em caso de acidentes. Os resíduos gerados representam um problema ambiental.
  • Biomassa - Renovável, pode ser extraída de diversas fontes vegetais, ampliando o leque de regiões potencialmente produtoras. No Brasil, há grandes possibilidades de produção em larga escala até mesmo para exportação futura. O problema é que requer grandes áreas de plantio e de investimentos privados na construção de um parque industrial e no desenvolvimento de pesquisas.
  • Hidráulica - Potencial para gerar energia elétrica em larga escala de modo renovável , utilizando-se da força das águas. Sustenta boa parte da produção da energia elétrica consumida hoje nos lares brasileiros. Requer altos investimentos na construção de hidrelétricas. Apesar de ser renovável, há limites para a instalação de usinas ao longo das bacias brasileiras.
  • Gás natural - Não é renovável. Alternativa ao petróleo em muitos países. As reservas mundiais estão em alta e poderão ser o “combustível de transição” com o declínio das reservas de petróleo no mundo.
Para dados complementares, visite o Relatório:
Análise Energética e Dados Agregados
Destaques de Energia por Fonte em 2007

Destaques de Energia e Socioeconomia em 2007
Análise Energética Brasileira – 1970 a 2007
Dados Agregados

link:
www.ipen.br/conteudo/upload/200903220937060.Relatorio_Final_BEN_2008.pdf

Informação & Conhecimento