Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

A indústria paulista está preparada para a COP 16

O protagonismo de organizações representativas dos setores produtivos é estratégico para reverter o ceticismo mundial quanto às negociações internacionais relativas à emissão dos gases de efeito estufa, depois dos frustrantes resultados da COP 15, na Dinamarca. Por isso, os técnicos do Comitê de Energia e Mudança do Clima da Fiesp, criado em meados de 2009, têm trabalhado de modo intenso, incluindo sua presença nas reuniões prévias de negociações na Alemanha e na China, para preparar em alto nível a participação da entidade na Conferência do Clima do México (COP 16), em Cancun, de 29 de novembro a 10 de dezembro deste ano.

É primordial o engajamento da indústria na causa da sustentabilidade. A Fiesp tem promovido numerosas ações para o fomento da economia de baixo carbono. Com esse propósito, estabeleceu plano de ação voltado a incentivar as fábricas a realizarem inventários de gases de efeito estufa expelidos, visando à diminuição. Estimula, ainda, a transferência de tecnologia de produção limpa às médias, pequenas e microindústrias.

A entidade também está produzindo conteúdos, como o Guia de Introdução às Negociações de Mudança do Clima, compêndio substantivo sobre esse grande desafio contemporâneo. Em 2009, havia elaborado o estudo Mudanças Climáticas: o Valor das Convergências, entregue ao ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, por sua atuação na área ambiental. Os relatórios são preciosa contribuição em termos de conhecimento e informações referenciais.

A Fiesp acompanha as negociações nacionais e internacionais para identificar impactos, questões legais e oportunidades para o setor produtivo. Ademais, participa dos fóruns que defendem ou abordam a manutenção da competitividade setorial e promove seminários sobre o assunto, ampliando sua discussão.

O parque manufatureiro paulista tem, ainda, defendido providências e posições que considera cruciais. Uma delas é inegociável: nenhuma nação ou bloco econômico deve utilizar o argumento das mudanças climáticas para promover o recrudescimento do protecionismo. Outra de nossas propostas, esta de caráter estrutural, é a manutenção da geração hidrelétrica como a principal componente da matriz energética, por ser uma das mais limpas. Em caráter complementar, é preciso ampliar o uso de fontes de eletricidade com baixo nível de emissão de carbono, reduzindo-se a utilização das térmicas.

Outras medidas importantes são o incentivo à eficiência energética, ao consumo racional e à expansão do uso de biocombustíveis. Nosso país, por seus avanços nessas áreas e capacidade de produzir energia limpa e renovável, tem grande capacidade de influência na COP 16, herdeira das lições de casa não concretizadas na Dinamarca. É preciso defender os acordos inerentes à sustentabilidade. A sorte está lançada!

O autor, João Guilherme Sabino Ometto, é engenheiro - EESC/USP -, vice-presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade

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