admin nov 01, 2010
No caso Operação Água Branca, método apontou economia de até17% no consumo total de energia, além de melhor estruturação urbana.
Uma metodologia para obter áreas urbanas mais estruturadas, equilibradas e com melhores níveis de eficiência energética é proposta pela urbanista Karin Regina de Casas Castro Marins. Conforme o método, diversos parâmetros arquitetônicos, urbanísticos, de tecnologias de geração e distribuição de energia, de densidade populacional, meio ambiente, e de transporte são inseridos em planilhas eletrônicas, possibilitando encontrar soluções energéticas mais eficientes.
O formato das quadras, a largura das vias, a incidência da luz do sol nas construções, as formas de circulação, os meios de transporte (público, privado, motorizado ou não) e a geração de gases de efeito estufa, bem como aspectos ligados à poluição do ar estão entre os parâmetros que alimentam as planilhas eletrônicas.
De acordo com a pesquisadora, por meio de uma série de procedimentos de cálculo, dentre outras constatações, é possível chegar às estimativas de consumo de energia total dos edifícios planejados na área selecionada para aplicação da metodologia. Ainda, o volume do transporte urbano local permite estimar, além do consumo energético, o potencial de emissão de poluentes e dos gases de efeito estufa.
“A partir do padrão de consumo energético, é possível gerenciar a demanda e planejar como será a geração e a distribuição de energia em escala urbana. Entre as opções estão, por exemplo, o uso de coletores solares, painéis fotovoltaicos e até redes distritais de distribuição de água quente e gelada. Soluções em redes distritais, pouco difundidas no Brasil, são comuns na França, no Japão, Suécia e Canadá”, explica Karin Marins.
A pesquisadora esclarece que tais soluções consistem em, por exemplo, usar em termelétricas o biogás de aterros sanitários, gerar calor destinado a aquecer ou gelar água, e então abastecer os edifícios, para condicionamento dos ambientes internos.
Tubo de ensaio: Operação Urbana Água Branca – A urbanista Karin Regina de Casas Castro Marins aplicou a metodologia no caso da Operação Urbana Água Branca. Para tanto, considerou 216 cenários urbanos alternativos, possíveis de serem implantados na área, e inseriu na planilha os parâmetros relacionados a estes cenários.
A Operação Urbana Água Branca é prevista em uma área de 5,4 km², localizada na região do bairro Barra Funda, zona Oeste da capital paulista, próximo ao centro urbano da cidade de São Paulo. A ocupação proposta prevê 300 mil m² a ocupar para uso residencial; e 900 mil m² para uso não residencial.
Em comparação com o planejamento atual proposto para a abrangência da área, a análise dos 216 cenários alternativos mostrou existir um potencial de redução do consumo de energia total (edifícios comerciais e residenciais, mais o transporte urbano) estimado entre 15% e 17%.
“Este valor é bastante representativo. Equivale a uma economia média de 240 GigaWatts-hora ao ano”, aponta a idealizadora da metodologia, esclarecendo que a estimativa leva em conta a implantação de edifícios comerciais e residenciais com eficiência energética mas, principalmente, a preferência pelo uso dos modos coletivos de transporte de média (ônibus) e de alta capacidades (metrô e trem).
“Em relação aos edifícios, a ventilação e a iluminação naturais são itens que tornam o consumo energético mais eficiente, pois reduzem o uso de lâmpadas e de ar-condicionado, por exemplo, bem como o uso de equipamentos elétricos. Mas é necessário observar o espaço livre entre os edifícios, para que essa iluminação seja efetiva”, lembra a pesquisadora.
O chaminé chamado automóvel – Karin Marins enfatiza que o transporte individual é o maior consumidor de mais energia. “Se 5% das pessoas deixarem de usar seus carros para se locomoverem por meio de um transporte de média capacidade, a redução no consumo de energia com transporte será de 11% a 13%. Apesar de os ônibus consumirem mais combustível em relação aos carros, eles transportam muito mais pessoas”, destaca.
“A metodologia proposta na pesquisa pode ser usada também pelos setores públicos, para auxiliar na elaboração das diretrizes norteadoras do planejamento energético, urbano e ambiental em cidades”, aponta. Segundo a urbanista, este tipo de planejamento não é comum no Brasil, “entretanto, há exemplos de iniciativas preocupadas com essas questões em outras partes do mundo, como Estocolmo, Suécia; Londres, Inglaterra; e Sidney, na Austrália”.
Conforme a pesquisadora, a metodologia foi sistematizada em planilhas eletrônicas para otimizar os procedimentos de cálculo. “Nossa intenção agora é desenvolver um software, motivo pelo qual estamos buscando parceiros”, finaliza a urbanista Karin Regina de Casas Castro Marins, que desenvolveu a metodologia para sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), sob a orientação do professor Marcelo Romero.
Fonte: ImovelWeb
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário