Marcelo Beledeli, de Novo Hamburgo
Tendência ajuda o meio ambiente e a saúde do trabalhador, destaca Farias.
Entre as 1.138 empresas que estão participando da 34ª Fimec, uma palavra tem dominado as negociações com clientes na hora de fornecer as qualidades de seus produtos: sustentabilidade. A procura cada vez maior por itens que reduzam o impacto ambiental e gerem menores custos para as indústrias tem levado o setor coureiro-calçadista a pesquisar novos produtos que possam carregar este rótulo. "Sustentabilidade é um dos motes principais de todo o setor", afirma Ricardo Michaelsen, presidente da Fenac, entidade organizadora da feira.
Um exemplo de empresa que encontrou bons lucros ao investir na onda ecologicamente correta é a Killing. A fabricante de adesivos para calçados criou dois produtos cujas bases substituem o uso de solventes por água ou pelo processo hot melt. "Essa é uma tendência do calçado, principalmente o esportivo, e ajuda tanto o meio ambiente quanto a saúde do trabalhador", lembra Écio Reis Farias, gestor da unidade de adesivos da Killing.
Segundo ele, a expectativa da companhia é vender, em abril e maio, 70 toneladas dos novos adesivos. Devido à diferença de volume com os produtos tradicionais, essa comercialização representaria uma diminuição de 210 toneladas no uso de solventes pela indústria.
Atualmente, os dois novos produtos são responsáveis por 8% das vendas da empresa, chegando a cerca de R$ 15 milhões. No entanto, a Killing espera terminar 2010 com os adesivos ecológicos representando 14% do faturamento. Parte desse otimismo é devida à constatação de que o mercado para esse tipo de produto tem muito espaço para crescer. "Cerca de 80% dos adesivos usados no setor calçadista ainda não usam a base de solventes, mas está ocorrendo uma migração gradativa para tecnologias ecologicamente corretas", explica Farias.
Essa tendência já foi percebida pela Artecola, que tem investido em sua própria linha de produtos ecoeficientes, a Ecofibra, desenvolvida com uma tecnologia que teve origem no setor automotivo. Os laminados investem no conceito de produção limpa, não deixando resíduos e não emitindo gases nem solventes, além proporcionar economia de tempo e custo de produção. "As empresas precisam oferecer itens que tenham um preço competitivo e tragam conceitos diferenciados. Quem oferta isso, nesse momento em que os clientes estão dispostos a investir e adquirir novidades, certamente terá muitos negócios", afirma Evandro Luis Kunst, diretor da Artecola.
A empresa calçadista FCC procurou investir em um composto para solados que é biodegradável. As peças injetadas com esta matéria-prima são totalmente decompostas depois de um ano submetidas ao ataque de agentes da natureza. "Isso é um grande benefício tanto para as indústrias que estão preocupadas em diminuir sua quantidade de resíduos quanto para o consumidor preocupado com a poluição ambiental", informa Julio Schmitt, diretor de termoplásticos da FCC.
As empresas de máquinas para calçados também estão procurando investir neste filão. A AHB, representante da companhia italiana GTO no Brasil, trouxe à Fimec equipamentos de tampografia, uma nova tecnologia de impressão que diminui a quantidade de resíduos no processo. "O consumo de tinta da máquina por ano, quando ligada oito horas por dia, é de 100 quilos, uma quantidade muito pequena, o que reduz os custos do processo e ajuda a preservar a saúde do funcionário", explica Bruno Bündchen, vendedor da AHP.
Receita com exportação de couro cresce 101% em março
A receita com as exportações brasileiras de couros somou US$ 160,51 milhões em março, o que representa um crescimento de 23% em relação a fevereiro. Na comparação com março do ano passado, as vendas de couros registraram aumento de 101% em receita, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), elaborado com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No primeiro trimestre, a receita obtida com as exportações do produto, de US$ 395,85 milhões, cresceu 74% ante igual intervalo de 2009.
No acumulado do ano, os principais destinos do couro brasileiro foram a Itália, com US$ 96,57 milhões (24,4% de participação nas exportações brasileiras); China, com US$ 92,36 milhões (fatia de 23,3%); e Estados Unidos, com US$ 41,17 milhões (participação de 10,4%).
O CICB estima que as exportações de couros atingirão US$ 1,8 bilhão neste ano, o que representaria um avanço de 60% ante o US$ 1,16 bilhão apurado em 2009. Ainda assim, se confirmado, esse valor ainda seria inferior ao patamar de 2008, quando os embarques de couro foram equivalentes a US$ 1,88 bilhão.
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