Heloísa Bomfim
A sustentabilidade tem de estar presente no dia a dia, com práticas ambientais e uma operação sustentável
Cada vez mais, a sustentabilidade e a preocupação ambiental exigem novos esforços de empreendimentos comerciais. A principal certificação ambiental, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), tem a intenção de garantir mecanismos de construção ou adaptação de edifícios para a obtenção do certificado de green building. Porém, mais que construir ou adaptar as construções para reduzir o impacto ambiental, a sustentabilidade tem de estar presente no dia a dia, com práticas ambientais e uma operação sustentável. E para atingir e garantir que os empreendimentos mantenham ações sustentáveis, é preciso disseminar as certificações direcionadas para a operação e manutenção dos edifícios.
As certificações mais conhecidas diferem-se com relação à construção dos empreendimentos. Para os edifícios novos, temos dois tipos de certificação principais: o LEED NC e o LEED CS. Para as construções já existentes, uma das principais variações é a certificação LEED EB_OM.
Neste caso, o objetivo é certificar como sustentáveis a operação e a manutenção de edifícios, auxiliando na operação e na manutenção. A finalidade é garantir que esses edifícios alcancem alto desempenho, sejam saudáveis, duráveis, economicamente viáveis e ambientalmente conscientes. O EB_OM pode ser aplicado tanto para prédios existentes como nos previamente certificados.
Assim como na construção de prédios novos, a certificação EB_OM também inclui uma série de categorias e pontuações, que podem garantir diferentes níveis de certificados. Os itens avaliados mantêm o padrão das certificações LEED. Assim, são avaliadas as categorias espaço sustentável; energia e atmosfera; materiais e recursos; qualidade ambiental interna; inovação e processo.
No primeiro item, podemos citar ações que ajudam na contabilização de pontos. A primeira é a elaboração de um plano de gerenciamento de baixo impacto para áreas externas, que auxilie na preservação da integridade ecológica. Conservar áreas verdes, mantendo vegetações nativas e que necessitem de pouca água, e limitar o impacto na hidrologia, com a redução de áreas impermeáveis, criação de telhados verdes e mecanismos para a captação de água da chuva para reúso são algumas ações que demonstram a preocupação com uma operação verde do espaço. Também ganham pontos ações de incentivo ao uso de combustíveis renováveis, utilização de transporte coletivo, bicicletas e o uso de veículos que utilizam combustíveis menos poluentes, como o álcool.
Já no que se refere à energia e atmosfera, para obter bons pontos na certificação é preciso rastrear e gerir o consumo de energia de forma a identificar potencial de economia de consumo, seja na manutenção ou na operação do edifício. Economia de consumo não é só em economia financeira ou melhores tarifas. Estamos falando principalmente da quantidade de energia utilizada. Desta forma, implantar retrofits, modernizando equipamentos de baixa eficiência energética, instalar medidores em equipamentos de grande consumo e trocar equipamentos que utilizem combustíveis poluentes ou gases que agridam a camada de ozônio, são algumas medidas que podem garantir avaliações positivas.
Ainda com relação à energia e atmosfera, é preciso garantir boa manutenção técnica dos equipamentos. Criar planos de comissionamento contínuo para os equipamentos dos sistemas prediais é uma solução bem avaliada. Neste quesito, há também o monitoramento do sistema de iluminação, climatização, ventilação e grandes sistemas. Manter softwares de manutenção e controle e desenvolver um plano de medição da energia consumida são algumas medidas que ajudam a manter a operação sustentável. Outros destaques são a utilização e preferência dos empreendimentos por energia limpa ou renovável.
No que se refere à terceira categoria, é avaliada toda a política de compras do condomínio, que deve incluir produtos sustentáveis e estabelecer uma política de preferência quando economicamente viável. Compra de materiais de rápida renovação, produtos com madeira reciclada, baterias recarregáveis, menor utilização de lâmpadas de vapor de mercúrio, além de um programa de redução de lixo e reciclagem, mostram a preocupação do empreendimento em se manter e operar de forma sustentável.
A quarta categoria da certificação tem o objetivo de avaliar como o ambiente interno impacta na saúde e no bem estar das pessoas que ocupam o prédio. Algumas ações são recomendadas. Entre elas, a manutenção de níveis mínimos da qualidade do ar interno, manutenção do sistema de ventilação e climatização; controle de sujidade, além de planos de gerenciamento integrado de pestes. Práticas para notificar os ocupantes sobre a aplicação de pesticidas, prevenir e minimizar a exposição à fumaça de cigarro e medidas que aumentam a ventilação natural também contribuem neste processo. Uma forma de verificar a qualidade do ambiente interno é fazer pesquisas de satisfação com os usuários, que permite conhecer a opinião de todos em relação ao conforto térmico, ao acústico, à qualidade do ar, iluminação, limpeza etc.
A certificação também busca incentivar a inovação e os processos. Quanto mais soluções técnicas e de baixo custo forem implementadas para garantir a manutenção e a operação sustentável, melhor será a avaliação nesta categoria. É fato que a construção, assim como a operação e a manutenção de prédios sustentáveis, aumenta o custo. Mas o valor de locação por metro quadrado também tende a aumentar, assim como o valor de venda. Para os usuários, a queda de 15% a 30% no valor mensal do condomínio, além do aumento de produtividade dos usuários, em função do maior conforto e bem-estar dos ambientes internos, é um atrativo.
Os benefícios do investimento em uma operação verde englobam toda a cadeia. Ganha o investidor, com um empreendimento valorizado, os usuários, com menores custos fixos e o reforço da consciência sustentável, e o meio ambiente, com operação menos poluente e mais inteligente.
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