Publicado em 19/05/2010
Mariana Domakoski, especial para a Gazeta
Seu filho passou a controlar a duração dos banhos em casa? Pede para comprar mais cestos de lixo? Vive falando da importância de se conhecer as comunidades carentes da cidade?
Não estranhe! Se no passado as discussões sobre desenvolvimento sustentável eram feitas apenas em grandes eventos, hoje elas se propagam por todos os cantos. A sustentabilidade é discutida nos veículos de comunicação, nas conversas de ônibus e de elevador e na sala de aula. O conceito ganhou importância nos currículos escolares e os professores pensam em novas maneiras de tratar o tema nas aulas de Matemática, Português, História, Ciências e em atividades extracurriculares.
Veja as atividades que podem ser desenvolvidas nas escolas, segundo os estudiosos. Eles alertam que é necessário explicar ao aluno a importância da ação realizada, despertando neles a consciência crítica sobre a sociedade em que desejam viver:
Levar a criança a parques, zoológicos, aquários e áreas naturais da escola, ou incentivar o plantio de árvores nativas e o cuidado com animais, para que desenvolvam apreço e amor pela natureza.
Promover trabalhos de artes com sucata e lixo reciclável, para que as crianças expressem o que pensam sobre o meio ambiente e debatam sobre a responsabilidade no consumo.
Fazer atividades que englobem economia de água e energia, para que compreendam a importância desses recursos.
Organizar atividades esportivas e solidárias, que promovam a interação social.
Propor intercâmbios culturais, tanto para áreas da cidade como para outros lugares, para que conheçam e compreendam as diferenças sociais e econômicas .
O que os alunos absorvem na escola, levam para os pais, que acabam aprendendo com eles, em uma inversão de papéis muito saudável para o futuro do planeta. “É fundamental ter a dimensão de que a educação ambiental passa de filho para pai. Isso porque as crianças têm mais facilidade para entender esses conceitos, que vão muito além de uma simples mudança comportamental. É preciso compreender o porquê das coisas”, diz Rachel Trajber, coordenadora geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (MEC). Essas crianças, ao crescerem em meio a uma nova realidade, irão, no futuro, transmitir esses bons costumes aos filhos.
Para entender de que forma a sustentabilidade é transmitida às crianças em sala de aula, a equipe do caderno Educação & Ensino conversou com estudiosos de diferentes áreas, como meio ambiente, urbanismo, geografia e pedagogia, e com escolas que desenvolvem atividades ligadas ao tema.
A importância da prática
De acordo com os especialistas, o ensino da sustentabilidade deve ser baseado em dois pilares: a informação e a prática. A criança deve colocar a mão na massa sabendo os motivos do que está realizando. “Ela precisa compreender os limites dos recursos naturais utilizados pelo homem. Também deve ter noções de como conciliar as necessidades de todos, de forma a construir um novo contrato social”, diz o coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Celso Schenkel.
O professor pode apresentar as crianças à natureza, conscientizando sobre o seu papel no meio ambiente e as consequências de suas atitudes. Uma dica do professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marcelo Risso Errera, é não exagerar na exposição dos aspectos negativos, focando apenas em catástrofes que acontecem quando não se cuida do ambiente. “Isso pode assustar a criança. É melhor desenvolver nelas o apreço e o amor pela natureza e que ela compreenda que há uma reação para todas as ações realizadas sobre o planeta”, diz Errera, que também coordena o laboratório de energia e meio ambiente da universidade. “Leve os alunos a parques, zoológicos e aquários, para que conheçam os bichos e criem empatia. Faça-os mexer na terra, semear. Isso irá torná-los adultos mais ponderados, ao conhecerem os limites dos recursos naturais.”
Além dos valores ambientais, os humanos também são transmitidos na teoria e na prática. “Quando se trabalha as diferenças sociais, são inúmeras as possibilidades de mostrá-las. Por meio da Geografia, da Arte, da História”, diz a professora Maria Cristina Borges da Silva, geógrafa e professora dos cursos de Pedagogia e Geografia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). “O professor deve propor atividades de campo: levar os alunos a teatros e parques e contextualizar a história desses lugares, mostrando o que os torna ricos objetos de estudo”, completa.
Interatividade
Seu filho já cobrou de você uma atitude sustentável aprendida na escola?
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