Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Especialistas europeus debatem sustentabilidade da indústria musical >>> Deutsche Welle / UOL

CARLOS ALBUQUERQUE

O festival de música c/o pop chegou ao final nesta segunda-feira (28/06) em Colônia, com um show do jazzista norueguês Bugge Wesseltoft e do ídolo da música house Henrik Schwarz. Aliando tecno-ambient, Detroit-house e free jazz , Wesseltoft e Schwarz mostraram pela primeira vez seu projeto inovador na cidade às margens do Reno.

O c/o pop, todavia, é mais do que música. Procurando interligar os diversos setores da indústria criativa, o festival organiza todos os anos uma convenção sobre cultura pop e negócios. Neste ano, diversos painéis da Creative and Business Convention (C'n'B) foram dedicados à sustentabilidade criativa.

A preocupação ambiental em concertos, festivais e clubes foi tema do seminário "How green is green?" (quão verde é o verde?), organizado pelo c/o pop e pela Energy Union, iniciativa fomentada pela Comissão Europeia que há um ano propaga ideias ambientais através de shows em diversos clubes europeus.

Temas ambientais em clubes

Abrindo o painel, Matt Black, do duo inglês Coldcut, afirmou que “não adianta forçar pessoas jovens a se interessarem por temas ambientais, isso tem que acontecer de forma prazerosa e lúdica”. Black é conhecido por suas perfomances audiovisuais e é um dos responsáveis pelo show de 90 minutos da turnê "Energy Union - The 2010 Intelligent Energy Tour".

Em entrevista à "Deutsche Welle", Martin Geilhufe, da Federação pelo Meio Ambiente e Proteção à Natureza da Alemanha, explicou que o objetivo da turnê é convencer os mais jovens da importância das energias renováveis através de exemplos positivos de como eles podem tornar seu estilo de vida mais verde.

Geilhufe afirmou que os jovens têm grande interesse em temas ambientais e que a reação do público foi positiva na maioria das vezes, principalmente em países da Europa Oriental. O ativista disse, no entanto, que temas ambientais não são compreendidos da mesma forma por todos que vão a um clube para dançar. “Nem sempre é fácil aliar temas políticos à cultura de clube”, disse.

Problema energético

Uma das convidadas do seminário foi Helen Hearthfield, diretora associada da iniciativa britânica Julie's Bicycle, uma ampla coalizão de especialistas de música, teatro e ciência, que se engajam para tornar a indústria criativa mais verde. Desde 2007, Julie's Bicycle pesquisa as emissões de carbono da indústria musical do Reino Unido.

Hearthfield destacou que, entre os principais problemas enfrentados por festivais de música que querem diminuir suas emissões de gás carbono, um dos principais desafios é a diminuição do consumo energético, principalmente no que diz respeito à iluminação. A escolha de um equipamento energeticamente mais eficiente é essencial.

Outro ponto é a questão do lixo. É preciso escolher produtos, como copos, por exemplo, cujos materiais sejam recicláveis. Além disso, os dejetos de sanitários públicos poderiam ser reaproveitados para a produção de compostos orgânicos.

A localização dos festivais também contribui para aumentar as emissões, explicou. Festivais urbanos são energeticamente mais eficientes, já que o público não tem necessariamente que se deslocar de carro ou avião para chegar até lá. Como há hoje muitos festivais no campo, é preciso facilitar o acesso ao transporte público, afirmou Hearthfield.

Mudança de atitude

A ativista britânica chamou atenção para o fato de a indústria da música ser bastante especial. Por isso, o apoio necessário para que diminua suas emissões tem que ser direcionado de forma específica para esse ramo.

Segundo ela, é preciso medir a eficiência dos festivais. Pois só assim é possível criar uma espécie de concorrência positiva entre eles, a fim de que diminuam cada vez mais suas emissões.

No Reino Unido, um número cada vez maior de festivais se compromete a reduzir suas emissões de CO2, utilizando, por exemplo, biodiesel para produzir energia, explicou.

Para concluir, Hearthfield afirmou que muitos organizadores de festivais não querem mudar sua atitude, nem sua forma de organização, muitas vezes “por comodidade ou por falta de informação”.

Apoio à consultoria energética

Já nos clubes noturnos, a refrigeração é um dos fatores mais poluentes, alertou Jacob Bilabel, diretor executivo da Green Music Initiative em Berlim. A escolha do equipamento certo e seu uso correto ajudariam a diminuir as emissões de CO2.

Bilabel mencionou que há diferenças entre os estados alemães quanto à consultoria energética. Enquanto em Berlim não há subvenções para isso, na Renânia do Norte-Vestfália há uma agência estatal que apoia empresas interessadas em diminuir suas emissões, custeando parte das despesas com a consultoria energética.

No entanto, na maioria da vezes, isso se aplica somente a grandes companhias e não a pequenas empresas da indústria criativa, acresceu Bilabel. Além disso, muitas vezes, os clubes recebem os equipamentos como forma de merchandising, sendo obrigados a utilizá-los.

Josche Muth, conselheiro político do Conselho Europeu de Energia Renovável (Erec), disse que o lobby industrial é um dos grandes obstáculos da UE para promover uma melhor legislação sobre o assunto.

Em vez de os equipamentos de refrigeração serem taxados com subdivisões da categoria A (A+, A++ e A+++), como definiu a nova diretriz da UE, teria sido melhor ampliar o número de categorias, que hoje vão de A a G. Isso teria fomentado a concorrência, mas encontrou resistência, explicou.

Revisão: Rodrigo Rimon

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