Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Reciclagem no Brasil /// ABRE - Associação Brasileira de Embalagem

Reciclagem no Brasil


O perfil qualitativo dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, de uma maneira geral, é denominado de " Lixo pobre", por conter uma baixa parcela de materiais reaproveitáveis.

A Constituição Federal estabelece que o Poder Público Municipal é o órgão responsável pela coleta de lixo, além da limpeza das ruas e praças da cidade. Formas inadequadas de acondicionamento de lixo podem gerar grandes prejuízos ao meio ambiente. Os lixões, por exemplo, são formas inadequadas de acondicionamento, pois são responsáveis pela proliferação de doenças, solo contaminado e mau cheiro.

O Brasil, mesmo quando comparado a alguns países desenvolvidos, apresenta elevados índices de reciclagem. O país desenvolveu métodos próprios para incrementar essa atividade e o maior engajamento da população pode contribuir ainda mais, para o aumento do índice de embalagens reaproveitadas.

Análise da Reciclagem no Brasil por material:

Vidro
47% das embalagens de vidro são recicladas no Brasil somando 470 mil ton/ano. Desse total, 40% são oriundos da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do "canal frio" (bares, restaurantes, etc) e 10% do refugo da indústria. Na Alemanha, o índice de reciclagem gira em torno de 87%, correspondendo a 2,6 milhões de toneladas, na Suíça (95%), e a média de reciclagem na Europa é de 62%.

Em 2003, 45% do total de vidro que circula no mercado nacional foram reciclados, somando mais de 580 mil toneladas. Este índice praticamente dobrou em uma década, visto que em 1993 o índice de reciclagem era de 25% do total produzido deste material.

Em 2007, 47% do total de vidro que circula no mercado nacional foram reciclados, enquanto que os Estados Unidos reciclaram 40%.

Com um quilo de vidro se faz outro quilo de vidro, com perda zero e sem poluição para o meio ambiente. Além da vantagem do reaproveitamento de 100% do caco, a reciclagem permite poupar matérias primas naturais, como areia, barrilha, calcário, etc. Esse material reciclado pode ser aplicado em segmentos como pavimentação de estradas, fibra de vidro, bijuterias e muitos outros.

Limitações: A reciclagem desse material não é maior devido ao seu peso, o que encarece o custo do transporte da sucata. Além disso, o material não pode estar misturado com pedaços de cristais, espelhos, lâmpadas ou até mesmo vidro plano usado para automóveis, pois a química do material é diferente o que impede a reciclagem.

Limitações: A reciclagem desse material não é maior devido ao seu peso, o que encarece o custo do transporte da sucata. Além disso, o material não pode estar misturado com pedaços de cristais, espelhos, lâmpadas ou até mesmo vidro plano usado para automóveis, pois a química do material é diferente o que impede a reciclagem.

Papel e Papelão

43,7% de todo o papel que circulou no país em 2008 retornou à produção de papel, existindo ainda uma grande quantidade de aparas de papel que são utilizadas em outros produtos como a fabricação de telhas e cujo volume não é computado nas estatísticas. Se do total de papel que circulou no país, retiramos os que não são passíveis de reciclagem, temos uma taxa de recuperação de 50,8%.

As caixas feitas em papel ondulado são facilmente recicláveis, consumidas principalmente pelas indústrias de embalagens, responsáveis pela utilização de 64,5% das aparas recicladas no Brasil. Em 2008, 79,6% do volume total de papel ondulado consumido no Brasil foi reciclado. No mercado americano, as caixas onduladas têm 21% de sua composição proveniente de papel reciclado.

Em 2008 as porcentagens no Brasil foram de:

79,6% - papelão ondulado

43,7% - papel de escritório

Limitações: A contaminação com cera, óleo, plástico e outros materiais prejudicam a reciclagem destes. Porém, como as caixas de papelão ondulado não cabem em cestas de lixo, são coletadas separadamente diminuindo o risco de contaminação do material.

Embalagens Compostas (Longa Vida)

26,6% foi a taxa de reciclagem de Embalagens Longa Vida no Brasil em 2008 totalizando cerca de 52 mil toneladas. Na Europa, em 2007 a reciclagem deste material ficou em 30%. Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 680 quilos de papel kraft. No Brasil, é previsto um aumento constante da reciclagem dessas embalagens devido à expansão das iniciativas de coleta seletiva com organização de municípios, cooperativas e comunidade e ao desenvolvimento de novos processos tecnológicos. A taxa de reciclagem mundial é de 16% de Embalagens Longa Vida pós-consumo. Em 2003 a taxa de reciclagem das embalagens longa vida no Brasil foi de 20% totalizando cerca de 30 mil toneladas. A partir da reciclagem dessas embalagens é possível obter fibras para confecção de caixas de papelão e plástico/alumínio que podem ser utilizados para fabricação de peças plásticas como vassouras, canetas e até placas e telhas.

Limitações: Uma vez as embalagens longa vida separadas na coleta seletiva e encaminhadas para as indústrias recicladoras adequadas, não há limitações para a sua reciclagem e reaproveitamento de todas as suas camadas. Entretanto, alguns cuidados podem auxiliar na melhor separação e armazenamento na coleta seletiva. É importante que as embalagens estejam livres de resíduos orgânicos como restos de comidas, pois isso evita odores desagradáveis ao material armazenado. Outra forma de contribuir, é manter as embalagens compactas (sem ar), pois diminui o volume de material que deve ser encaminhado para coleta seletiva.

Metal
Aço
46,5% das latas de aço consumidas no Brasil em 2008 foram recicladas. Este índice vem aumentando graças à ampliação de programas de coleta seletiva municipais e programas de reciclagem pós-consumo para estimular a coleta destas embalagens. Esta iniciativa permitiu à embalagem de bebida carbonatada atingir o índice de 88% de reciclagem, número auditado por empresa independente.

Em 2007, 49% da produção nacional foi reciclada.

Se considerarmos os índices de reciclagem de carros velhos, eletrodomésticos, resíduos de construção civil, ou seja, todos os segmentos do aço e somarmos aos índices das embalagens deste material, o Brasil recicla cerca de 72% de todo o aço produzido anualmente.

Limitações: As latas devem estar livres das impurezas contidas no lixo, principalmente terra e outros materiais metálicos. O estanho em concentração elevada pode dificultar a reciclagem fazendo-se necessária a retirada deste por processos metalúrgicos que encarecem o processo.

Alumínio

Em 2008, o Brasil reciclou aproximadamente 91,5% da produção nacional de latas.

O material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 130 mil sucateiros, responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas. O mercado brasileiro de sucata de latas de alumínio, entre 2000 e 2007, teve um crescimento significativo, devido ao aumento da participação de condomínios e clubes nos programas de coleta seletiva. Os números brasileiros superam países industrializados como Japão e EUA. Em 2008, os Estados Unidos recuperaram 54,2% de suas latinhas. O alumínio é reciclável sem perder as suas características, por isso latas e outros tipos de sucata (perfis, panelas, peças fundidas, etc), podem ser reutilizadas como outros produtos semi-manufaturados de alumínio, com características técnicas necessárias para atender às diversas aplicações.

A reciclagem do alumínio em 2008 alcançou os seguintes índices:

Brasil – 91,5%

Argentina – 90,8%

Japão – 87,3%

Estados Unidos – 54,2%

Limitações: A contaminação com matéria orgânica, a mistura com outros materiais, areia ou até mesmo excesso de umidade interferem na reciclagem do alumínio, dificultando sua recuperação para usos mais nobres.


Plásticos

21,24% dos plásticos rígidos e filme são reciclados em média no Brasil em 2008, o que equivale a cerca de 556 mil toneladas por ano. Não há dados específicos para o plástico filme. A taxa de reciclagem de plástico na Europa é de 18,3%, sendo que em alguns países a prática é impositiva e regulada por legislações complexas e custosas para a população local, diferentemente do Brasil, onde a reciclagem acontece de forma espontânea. É possível economizar até 50% de energia com plástico reciclado.

Limitações: A contaminação do material com a matéria orgânica, areia ou óleo e a mistura de polímeros que não são quimicamente compatíveis prejudicam o processo de reciclagem. Sendo assim, os vários tipos de polímeros precisam ser identificados e separados, através dos símbolos padronizados que identificam cada material.


PET – Poli (Tereftalato de Etileno)

O índice de reciclagem brasileiro do PET é de 54,8 %, o maior do mundo entre os países onde não há coleta seletiva. Em 2008, o volume reciclado foi de 253 mil toneladas de embalagens de PET . A capacidade instalada é de 462 mil toneladas. Entre os estados brasileiros, São Paulo detém a maior participação na reciclagem, seguido de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O PET reciclado é utilizado principalmente para a produção de fibras de poliéster (40%), extrusão de chapas ( 16% ) e filmes para termoformagem (15%). Vários outros setores, entretanto, utilizam as embalagens de PET recicladas como matéria-prima: resinas para tintas, vernizes, adesivos e resina poliéster , tubos e vários outros.

No Brasil, 54,3% das embalagens pós-consumo foram efetivamente recicladas em 2008, totalizando 253 mil toneladas , num crescimento de 8,7% sobre o ano anterior . As garrafas são recuperadas principalmente através de catadores, além de fábricas e da coleta seletiva operada por municípios. Os programas oficiais de coleta seletiva, que existem em mais de 200 cidades do País, recuperam por volta de 1000 toneladas por ano. Além de garrafas descartáveis, existem no mercado nacional 70 milhões de garrafas de refrigerantes retornáveis, produzidas com este material. No Brasil a taxa de reciclagem de resinas de PET apresenta crescimento anual acima de 20% desde 1997, com picos de 35% (entre 2002/2003).

Em 2008 o Japão reciclou 69,2%, Europa 46%, Argentina 34%, Estados Unidos 27% e México 12,6%.

Cinquenta e oito indústrias processam o PET pós-consumo, produzindo bens como embalagens para não-alimentícios, fibra de poliéster para indústria têxtil, mantas para obras de geotecnia, vassouras e escovas, cordas, produtos de uso doméstico, tubos para esgotamento predial, telhas, filmes, chapas, etc.

Limitações: O consumidor ainda não está totalmente informado sobre a possibilidade de reciclagem e o conseqüente valor econômico da garrafa PET pós-consumo. Com isso, as embalagens acabam descartadas no lixo comum. Por outro lado, a falta de sistemas eficientes de coleta seletiva impedem a recuperação das garrafas, que acabam perdidas em aterros sanitários e lixões.

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