Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

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Fazendas de pecuária orgânica terão diagnóstico de sustentabilidade: Desde 2003, o WWF-Brasil apoia a pecuária orgânica certificada no Pantanal
Créditos: WWF-Brasil Até o dia 29 de junho de 2010, representantes da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), da ONG Aliança da Terra, da Embrapa Pantanal e do WWF-Brasil concluem um levantamento em seis fazendas pantaneiras para fazer um diagnóstico socioambiental. A intenção é verificar se a pecuária é praticada dentro dos princípios de sustentabilidade.

As visitas às fazendas de pecuária orgânica no Pantanal fazem parte do protocolo da ABPO lançado pela associação e pelo WWF-Brasil em 2009. Por meio do documento, os pecuaristas associados à ABPO assumiram o compromisso de adotar critérios socioambientais que vão além da certificação. Entre esses critérios, está a criação de um sistema interno de auditoria para checar periodicamente as fazendas, além das visitas anuais que já são realizadas pela empresa certificadora.

O pesquisador André Steffens de Moraes, da Embrapa Pantanal (Corumbá/MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disse que a partir deste levantamento será possível avaliar os sistemas de produção e indicar melhorias para que as fazendas se adaptem aos critérios de sustentabilidade.

São duas semanas de trabalho no campo, que começaram no dia 14 de junho, com representantes de todas essas instituições. O grupo utiliza indicadores sugeridos pela Aliança da Terra, que, embora não sejam específicos para o Pantanal, podem contribuir para a avaliação. O levantamento inclui dados sobre hidrografia, uso da terra, erosões e queimadas.

Segundo André, com os resultados deste levantamento, será possível destacar os pontos positivos socioambientais de cada propriedade e identificar o que precisa ser adequado. Para isso, os pecuaristas visitados preenchem o CCS (Cadastro de Compromisso Socioambiental), um documento que permite identificar, reconhecer e premiar produtores rurais responsáveis, que produzem ou querem produzir de maneira correta.

Este trabalho nas fazendas é uma forma de preparar esses produtores para ganhar novos mercados, além do orgânico. "Com a sustentabilidade socioambiental avalizada pelo grupo, podem atingir o mercado externo, especialmente União Européia e Estados Unidos", afirmou o pesquisador.

Embora as visitas às propriedades terminem dia 29 de junho, estão previstas auditorias nas mesmas fazendas depois de um ano. Esse acompanhamento permite avaliar se a continuidade no sistema de produção sustentável foi mantida.



Para Leonardo de Barros, presidente da ABPO, é preciso dar total transparência quanto à situação de suas unidades e quais os impactos ambientais dos processos produtivos utilizados. "A ferramenta disponibilizada pela Aliança da Terra, com a supervisão e parceria da Embrapa Pantanal e o apoio do WWF-Brasil, disponibilizará aos clientes da carne orgânica do Pantanal total conhecimento da situação socioambiental das fazendas produtoras. Estamos dando um novo passo para acessar novos mercados", disse ele.



Desde 2003, o WWF-Brasil apoia a Pecuária Orgânica Certificada no Pantanal. "Nosso objetivo é buscar alternativas que permitam aliar a atividade produtiva da pecuária e a conservação dos recursos naturais do Pantanal", diz Michael Becker, coordenador do Programa Pantanal do WWF-Brasil.

A atuação com o segmento da pecuária é fundamental para as ações de conservação no Pantanal, uma vez que essa é uma das principais atividades econômicas da região. "Estimular iniciativas como a produção orgânica certificada é uma maneira de minimizar impactos promover a conservação do bioma e da Bacia do Alto Paraguai, onde ele está situado", diz Becker.

A Embrapa Pantanal desenvolve em parceria com essas instituições o projeto "Implantação de um núcleo para validação e transferência de tecnologias para a pecuária orgânica no Pantanal", que prevê a certificação da fazenda Nhumirim, da Embrapa Pantanal, como orgânica.

O QUE É PECUÁRIA ORGÂNICA?
O sistema de produção orgânico visa o desenvolvimento econômico e produtivo que não polua, não degrade e nem destrua o meio ambiente e, que, ao mesmo tempo valorize o homem como principal integrante do processo. O gado orgânico é criado em fazendas certificadas que seguem normas rígidas de certificação orgânica, que determinam um sistema de produção ambientalmente correto.

Estas normas exigem primeiramente que os produtores cumpram a legislação ambiental, o que garante a proteção das áreas naturais obrigatórias que devem existir dentro de uma propriedade rural, tais como as matas nas beiras dos rios.

Além do cumprimento da legislação ambiental, a certificação exige a proteção de nascentes e de corpos d`água, proíbe a utilização de fogo no manejo das pastagens, e por ser um sistema que proíbe o uso de agrotóxicos e químicos, evita a contaminação do solo e dos recursos hídricos localizados dentro da unidade produtiva

NÚMEROS
Atualmente, existem 16 fazendas certificadas ou em fase de certificação no Mato Grosso do Sul (associadas à ABPO) e 10 no Mato Grosso (associadas à Aspranor), totalizando 26 propriedades. As fazendas certificadas ocupam uma área total de 131,2 mil hectares e possuem um rebanho de 99,8 mil cabeças.

FONTE
WWF-Brasil

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