Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

China socorre a Grécia e põe um pé na Europa

Guilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, teve uma ideia. Foi à Grécia, e lá visitou a Acrópole, um dos monumentos mais espetaculares do mundo, na companhia do primeiro- ministro grego, Georges Papandreou.

Ali, teve uma segunda ideia: por que não socorrer a Grécia, esse pequeno país da União Europeia que atravessa uma perigosa crise econômica e financeira?
O primeiro-ministro grego concordou plenamente e também achou que era uma boa ideia.


Há alguns meses, a China já tinha arrendado dois piers no Porto do Pireu por um prazo de 30 anos. Foi um teste para ver como os gregos reagiriam à chegada dos chineses. Agora, Wen Jiabao vai mais longe.

Para começar, os chineses querem ajudar os armadores gregos, único setor com bom desempenho nesse país em ruínas que não foi afetado pelos "maus ventos" que sopram sobre a conjuntura.

Os chineses vão fornecer seis navios para os armadores gregos, entre eles dois de carga e um petroleiro. Além disso, devem criar um fundo de 5 bilhões "para a compra de navios chineses pelos armadores gregos".

E não é só: há também a promessa de elevar o comércio entre China e Grécia para 8 bilhões em 2015, o que significa dobrar as trocas atuais.

Wen Jiabao anunciou ainda que seu país vai comprar títulos de dívida emitidos pelo Estado grego assim que a Grécia retornar aos mercados, ou seja, no próximo ano.

O primeiro-ministro grego, que não tinha pedido nada, está no céu. "É um voto de confiança na nossa economia."

Mas há outras opiniões, mais céticas. "A China vai tomar conta da Grécia", dizem alguns. "Wen Jiabao, como bom diplomata, aproveita do elo mais fraco da Europa", para, como num jogo de xadrez, fazer avançar seus peões para o Velho Continente.

Cavalo de Troia. De fato, tudo se passa como se a China pretendesse fazer da Grécia um "cavalo de Troia" que vai permitir que ela se introduza na fortaleza europeia.

Está claro que, para a China, a Grécia e seus portos e navios são a porta de entrada para uma área mais vasta e mais promissora, que é o espaço europeu.
Uma prova da importância do lance que acaba de ser jogado nessa "marcha sobre a Acrópole" é o fato de Wen Jiabao estar acompanhado de dois personagens de peso que não têm, ao que parece, grande paixão por museus e monumentos como o Parthenon: Wei Jiafu, presidente da gigantesca companhia Cosco (China Ocean Ship Company) e Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Central da China, em pessoa.

O primeiro-ministro chinês deixou claro suas intenções: "Digo com franqueza que somos a favor de um euro estável. E não vamos reduzir o número de títulos europeus do nosso portfólio".

Após um breve silêncio, concluiu: "Esperamos que a União Europeia reconheça o mais rápido possível nossa posição como economia de mercado e reduza as restrições às exportações de alta tecnologia e se oponha a todo protecionismo comercial".

Porta de entrada. Isso é que é bom dos chineses: eles são tão astutos que vão rápido ao que interessa. No primeiro dia, dizem que adoram Praxíteles e as ânforas com figuras negras de Exéquias.
No segundo, eles se comprazem em poder ajudar os portos gregos a enfrentar a crise.

No terceiro, deixam entender que a Grécia será a porta de entrada da China para a Europa do Sul, e talvez a Europa do Norte. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É CORRESPONDENTE EM PARIS

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