Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia -
Até o final de outubro, um novo padrão para desenvolvimento de projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) entrará em consulta pública. A previsão é que o Standard Platinum, modelo criado pela Parceria para o Carbono Florestal da Amazônia (AFCP, na sigla em inglês), fique pronto até o final deste ano. A AFCP, que busca reduzir as emissões de carbono por desmatamento evitado, reúne cinco fundos ambientais do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, junto com o Centro para o Meio Ambiente, Economia e Sociedade da Universidade de Columbia (CEES, na sigla em inglês). Segundo Angelo Augusto dos Santos, responsável pela unidade de Mudanças Climáticas e Energia Limpa e coordenador do AFCP no Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), a etapa agora é de releitura dos relatórios finais e fazer a tradução da linguagem do padrão.
“Hoje, é possível desenvolver um projeto de REDD usando vários modelos. O Standard Platinum vai procurar atender a todos os critérios necessários para construir um projeto de REDD, levando-se em conta não só a visão do Hemisfério Norte, mas também a do Hemisfério Sul”, justifica Angelo dos Santos. O novo padrão vai estabelecer protocolos rigorosamente formulados e critérios de validação, verificação e controle de créditos de carbono gerado pelas atividades de REDD. Especialistas de vários países ligados às áreas social, econômica e ambiental trabalham para formular os vários pontos do Standard Platinum.
O especialista do Funbio conta que as atividades estão centradas em quatro grandes grupos de trabalho, que procuram estabelecer os critérios para a elaboração de um projeto de REDD. Um deles é o grupo de trabalho de ciência e tecnologia, que trata da medição da quantidade de carbono oferecida para o crédito. Ou seja, discute a mensurção do estoque de carbono. Outro grupo analisa os aspectos socioambientais, sendo, segundo Angelo Santos, um diferencial para as metodologias de REDD. Um dos itens é o estabelecimento de protocolos de resoluções de conflitos entre comunidades, poder público e os diversos agentes ligados à questão.
O grupo legal avalia critérios para definir quem tem direito aos créditos de carbono gerados pelos projetos de REDD. De acordo com Angelo Santos, um ponto importante deste trabalho é estabelecer como serão feitos os contratos de crédito de carbono com as comunidades. “Este grupo vai definir, por exemplo, a forma de titularidade dos créditos gerados”, explica. O quarto grupo é o de economia e finanças, que busca estabelecer mecanismos financeiros para assegurar a fidúcia e o fluxo dos recursos gerados pelos projetos de REDD.
O trabalho de elaboração do Standard Platinum tem o apoio técnico de especialistas das universidades americanas de Columbia, Duke e Stanford, bem como da empresa internacional de advocacia Covington & Burling, que tem conhecimentos específicos sobre políticas de emissões de carbono em nível mundial. O especialista da Funbio destaca que um dos objetivos do trabalho é criar um modelo de negócio a ser implantado para os projetos de REDD. Depois da definição do padrão, haverá a etapa de treinamento de profissionais que vão aplicá-lo. Também será desenvolvida uma entidade que terá a tarefa de validar, verificar e acompanhar os projetos.
Para Angelo Santos, o REDD será regulamentado após 2012, quando acaba a vigência do Protocolo de Kyoto. Com isso, na visão dele, haverá um maior interesse do setor privado nos projetos desta natureza. “Desde Copenhague, esta agenda tem crescido muito e tudo está caminhado para que se torne um mecanismo oficial para geração de créditos de carbono. Sairá na frente os países que estiverem mais estruturados para o desenvolvimento de projetos de REDD, com critérios e regras estabelecidas”, diz.
Com o protocolo definido, um currículo para treinamento e uma organização de validação estruturada, o passo seguinte será a identificação de florestas ameaçadas na região Amazônia que podem ser alvo dos projetos de REDD. “A ideia é utilizar o mercado de carbono para trazer benefícios sociais e econômicos para as comunidades da floresta e para as mudanças climáticas, além de colaborar na preservação da biodiversidade”, afirma Angelo Santos
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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