Novo projeto da Fadema trabalha conceito para Agricultura Familiar
Somar os valores da agricultura, ecologia e sustentabilidade. São esses os principais objetivos do PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável – o novo projeto da Fadema – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento e Ensino de Machado – em parceria com a Fundação Banco do Brasil, Banco do Brasil e o Banco Nacional do Desenvolvimento, o BNDES. Sessenta famílias das regiões sul e sudeste de Minas serão beneficiadas por este programa que prevê investimento de mais de R$ 620 mil.
O PAIS é uma proposta da Fundação Banco do Brasil que oferece alternativas de trabalho e renda e melhoria da qualidade de vida para o agricultor famíliar. Por determinação da Fundação, sessenta pequenos produtores das cidades de Carmo do Rio Claro, Conceição Aparecida e Heliodora, no Sul de Minas, e Córrego d'Anta e Pains, no Centro-Oeste do Estado serão selecionadas.
Como funciona
O programa consiste na compra, montagem e funcionamento de um simples sistema que integra a criação de animais com a produção de hortaliças, para o consumo da família e para a comercialização do excedente. Cada uma das 60 famílias selecionadas vai receber o kit PAIS, que contém um reservatório de água com capacidade de cinco mil litros, bomba d'água, sementes, insumos e material para a construção de um galinheiro no centro da área onde será desenvolvido o projeto. Os invesitmentos preveem inclusive verba para a compra de 10 galinhas de postura, além de um galo. O produtor vai receber também o material para que construa uma fossa séptica biodigestora na propriedade.
O galinheiro será circundado por canteiros tipo anéis de vegetais (hortaliças) típicos de cada região, considerando também a demanda daquela família beneficiada no processo. Á água será bombeada do reservatório para abastecimento do galinheiro e para o sistema de irrigação por gotejamento das hortas. Os animais do galinheiro terão acesso a uma área externa, denominada quintal florestal ou quintal ecológico. Neste terreno haverá plantas de médio e grande porte, como milho, mandioca, frutíferas e outras variedades de árvores. O solo será naturalmente adubado com o esterco das aves e composto orgânico. E os resíduos de dentro do galinheiro, restos vegetais, e todo material orgânico disponível na propriedade podem ser utilizados na adubação dos canteiros circulares, em forma de composto orgânico produzido no sistema próximo aos conteiros, evitando com isso entrada de insumos de outras localidades que podem estar contaminados, comprometendo as atividades propostas pelo projeto.
E ainda tem a fossa biodigestora, que vai recolher os resíduos sólidos do esgoto da propriedade, transformando-os em biofertilizante que pode ser utilizado na lavoura. O sistema agroecológico então se completa: não há a utilização de agrotóxicos nem pesticidas; e na propriedade, nada é lançado no solo ou nos cursos d'água que possam prejudicar o meio-ambiente.
O projeto tem ainda um caráter sustentável. Além de prever a produção sem a degradação do solo, ainda vai propor técnicas de cooperativismo e associativismo aos produtores contemplados de cada cidade, para que se organizem e formem comunidades fortalecidas e reconhecidas pela qualidade saudável de seus produtos.
A equipe de implantação
o projeto PAIS vai contar com um coordenador, que vai acompanhar de perto a construção, instalação e funcionamento do sistema em cada uma das 60 famílias selecionadas, três técnicos em agropecuária que vão dar assistência a esses produtores, um técnico adminsitrativo, para cuidar da parte burocrática do programa, como logística, compras e pagamentos, e consultores para a etapa de capacitação da equipe
Participação do IFSULDEMINAS
Além dos profissionais citados, o PAIS ainda prevê a distribuição de bolsas de estudo e pesquisa para 12 estudantes do curso técnico em agropecuária do campus Machado do Instituto Federal do Sul de Minas – IFSULDEMINAS. Os alunos vão participar dos cursos de capacitação, acompanhando o coordenador e os técnicos nas viagens de implantação e funcionamento do projeto. Esses bolsistas serão escolhidos entre os alunos que são filhos de pequenos produtores que, no futuro, possam também implantar na propriedade familiar o sistema agroecológico de produção. Ou ainda se tornarem consultores deste tipo de trabalho.
Outra idéia é transformar as ações de manutenção do programa em atividades extensionistas, para que o programa tenha continuidade mesmo depois de encerrado o prazo de execução, que é de 18 meses.
Formação para os agricultores
Além dos investimentos na propriedade, o programa vai oferecer aos agricultores familiares cursos de capacitação em agroecologia, desenvolvimento sustentável, associativismo e cooperativismo, comercialização da produção agrícola, certificação orgânica e pós-colheita de hortaliças orgânicas. Tudo isso para que o projeto ganhe força e representatividade social.
Além de conservar as riquezas do solo e da água de sua propriedade, o pequeno produtor poderá aprender como comercializar seus produtos com o diferencial de serem 100% orgânicos. E contar com a colaboração dos demais agricultores do seu município que também participam do PAIS.
Segundo o coordenador do projeto, Sérgio Santana, a proposta é concluir os 18 meses com grupos fortalecidos: “Queremos que estes agricultores familiares sejam reconhecidos pelos produtos e pela capacidade de organização. Queremos fazer com que as pessoas enxerguem aquela comunidade de maneira diferenciada e que ela seja modelo de economia solidária. Os produtores estarão em processo de crescimento e juntos podem mostrar on potencial que têm”. De acordo com Santana, a idéia é encerrar o ciclo dos 18 meses com os agricultores com possibilidades de comercialização. “Queremos que eles tenham suas bancas no mercado, que montem uma feira livre, enfim, que tenham os seus produtos diferenciados no mercado”.
Sérgio ainda falou sobre a importância de um projeto como esse para a região: “Sempre se deu tanto enfoque à questão do café e à pecuária, e cada vez mais o pequeno produtor é colocado de lado, considerado irrelevante. Sabe-se que grande parte da produção nacional se deve a eles. Por isso a Fadema, a Fundação Banco do Brasil e o BNDES incentivam. E também o Governo Federal, que tem até um programa especial de compra de produtos orgânicos de pequenos produtores para o consumo nas escolas públicas”. E finaliza com previsões positivas para o trabalho: “Um projeto dessa natureza não vai ficar somente em cinco municípios. A seriedade e o comprometimento da Fadema na execução vai nos trazer outros programas a serem executados aqui no sul de Minas, incentivando o pequeno produtor”.
Fossa Biodigestora
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Abastecimento, são 14 milhões de pessoas que vivem sob o regime da Agricultura Familiar, cerca de 60% do total de agricultores, que detém 75% dos estabelecimentos agrícolas no Brasil. Nessas propriedades, é comum o uso de fossas rudimentares, popularmente chamadas de fossas negras, que acabam contaminando as águas subterrâneas e os poços artesanais. A população que depende deste tipo de abastecimento, portanto, corre o risco de contrair doenças como hepatite, cólera, salmoneose, dentre outras.
A primeira unidade do sistema de biodigestão de resíduos orgânicos instalada no mundo data do ano de 1819, na Índia. A China possui hoje mais de 4,5 milhões de biodigestores que produzem gás e adubo orgânico, utilizados principalmente no meio rural. No Brasil os biodigestores começaram a ser usados para a conversão da energia do biogás em energia elétrica através de geradores. Isso permitiu a melhoria das condições rurais, como por exemplo a utilização de ordenhadeiras na produção do leite.
Esse processo se dá através da decomposição da matéria orgânica digerível por bactérias fornecidas por esterco verde – basicamente composto pelas fezes de ruminantes. O material é transformado em biogás e efluente estabilizado sem cheiro, podendo ser utilizado para fins agrícolas.
O sistema permite ao produtor rural substituir, a um custo barato, o esgoto a céu aberto e as fossas negras, além da utilização do efluente como adubo orgânico, minimizando os custos com adubação química e melhorando o saneamento rural, além, é claro, de desenvolver a agricultura orgânica.
O sistema de fossa séptica biodigestora, funciona semelhante a um biodigestor, pois suas caixas são hermeticamente fechadas para que ocorra a decomposição da matéria orgânica e que seu produto final seja o biofertilizante, bio estabilizado pelos microorganismos responsáveis pelo processo sendo pois, utilizado para fertilizar o solo melhorando suas características físicas, químicas e biológicas.
Assessoria de Comunicação – Campus Machado
Redação: Luiz Eduardo Pacheco
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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