Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Controle do diabetes é imprescindível para se prevenir complicações

Acompanhamento periódico atento é o melhor caminho para evitar complicações, dizem especialistas

O diabetes pode ser controlado, mas gera incômodos e males secundários – O diabetes é uma doença que não escolhe sexo ou idade para se manifestar. Silenciosa, pode provocar problemas cardiovasculares e circulatórios — cujos sinais podem passar despercebidos. De uma repentina dor no peito a um cansaço inexplicável ao subir um lance de escada, passando por excesso de suor, há manifestações que podem indicar que algo não vai bem. Essas complicações ocorrem quando os grandes vasos são afetados, levando à obstrução de órgãos vitais, como o coração e o cérebro. O grande vilão disso tudo é bem conhecido do diabético: o açúcar. Seu excesso no sangue — a hiperglicemia —, somado à pressão alta, ao aumento do colesterol, à falta de atividade física e ao tabagismo, é um sério fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardio e cerebrovasculares. O bom controle desses companheiros perturbadores são medidas imprescindíveis para se prevenir complicações. Reportagem de Silvia Pacheco, no Correio Braziliense.

O diabético tem de duas a quatro vezes mais chances de ter problemas cardiovasculares.
“Esses pacientes são mais propensos a desenvolverem um processo inflamatório das artérias, a proliferação de gordura e o acúmulo dessas substâncias nos vasos”, avalia Edna Maria Marques de Oliveira, cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (Incor). A principal doença cardiovascular responsável pela maior causa de mortes relacionadas ao diabetes — não importando o tipo — é o infarto. Ele é caracterizado pela obstrução das artérias do coração por substâncias como a gordura. Com o tempo, essas placas podem se romper, formando coágulos de sangue que levam à obstrução, caracterizando o infarto do miocárdio.



Muitas pessoas com um quadro de infarto apresentam os mesmos sintomas, como forte dor no peito e arritmias. Edna alerta, porém, que o diabético tem a percepção e a sensibilidade diminuídas. “Às vezes, esse paciente se machuca na perna ou no pé e pode não notar o ferimento. O mesmo ocorre quando ele desenvolve um problema cardiovascular.” Podem, no entanto, aparecer manifestações atípicas: casos com total ausência de dor ou o surgimento de dores em locais fora do tórax, como a parte superior do abdômen, os ombros, o dorso e o pescoço. “Nesses casos, é mais difícil diagnosticar o problema”, afirma o cardiologista Fábio Mello. Por isso, os médicos recomendam que os diabéticos recebam uma avaliação anual para o risco de doenças no coração. “Além do exame clínico com o médico, é indicada a realização dos exames rotineiros de fatores de risco, como o colesterol, a taxa de triglicérides e a pressão arterial”, esclarece Mello.



Informação prévia

Há 11 anos, o funcionário público Altivino Geraldo, 54 anos, descobriu o diabetes. Dois anos atrás, precisou colocar três pontes de safena no coração. Sua história se mistura à de outros pacientes que não sentiram quase nada dos sintomas mais comuns que sinalizam um infarto. “Antes da cirurgia, passei um ano sentindo arritmias, mas não era nada constante. Mesmo assim, resolvi procurar um cardiologista. Ele acabou descobrindo que três veias importantes do meu coração estavam entupidas”, conta Geraldo. O funcionário público não chegou a ter um infarto, mas passou bem perto. Ele deve o fato de ter buscado um cardiologista à sua informação sobre o diabetes. “Já sabia que poderia ter doença no coração. A cada dia, aprendo mais sobre a minha condição e, dessa forma, acabo controlando bem o diabetes, evitando complicações”, salienta Geraldo.



De acordo com Edna, pacientes que sofreram infarto tem sempre um grau de sequela, pois essas doenças são progressivas. “Do mesmo jeito que houve uma obstrução de uma artéria, se não tiver cuidado, outras podem ser obstruídas e provocar mais uma complicação. Por isso, esse indivíduo deve ir ao cardiologista de três em três meses”, defende. “Nosso objetivo é não deixar essa doença evoluir. Porque, nesse caso, já não tem mais cura, apenas o controle.”



Nem só para o coração, porém, o diabetes pode ser um fator de risco. O cérebro também pode sofrer com as consequências. Isso ocorre porque os níveis de gordura nas paredes das artérias podem ficar tão elevados ao ponto de provocar o estreitamento da passagem do sangue, acarretando o entupimento completo. Se for de uma artéria que irriga o cérebro, ocorrerá um derrame ou um acidente vascular cerebral (AVC). “Esse acúmulo pode causar a formação de coágulos, que, se levados pela corrente sanguínea, acabam entupindo uma artéria distal de menor diâmetro”, diz Mello.



Prevenção

As extremidades do corpo também podem sofrer com a falta de circulação. Se a obstrução acometer uma das artérias da perna e não for tratada a tempo, pode ocorrer dor durante a caminhada, sensação de frio nas extremidades e, às vezes, até uma amputação por gangrena. Para evitar esses problemas, o exame clínico é sempre fundamental. O médico pode detectar a redução da pulsação das artérias e sentir a temperatura local. No entanto, alguns sintomas são sugestivos desses problemas, tais como dor nas pernas após atividade física (como caminhada), extremidades dos pés frias, episódios de tonturas etc.



Além do excesso de gordura nas paredes dos vasos, o músculo do coração se torna incapaz de bombear adequadamente o sangue para as extremidades do corpo. É isso que torna a atividade física tão importante. “O fortalecimento da musculatura dos membros inferiores favorece o retorno venoso. Assim, o sangue consegue voltar à bomba cardíaca”, informa Jane Dullius, educadora física da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do projeto Doce Desafio, com sede no Centro Olímpico da universidade. Jane defende um rigoroso controle da dieta, da pressão arterial e do colesterol, aliado a atividade física direcionada ao diabético. “Caminhar é parte, mas não é o suficiente”, afirma. Para tanto, é necessário um programa de exercícios que contemple, pelo menos, dois aspectos: o aeróbico, para fortalecer a parte cardiovascular respiratória, e os exercícios resistidos (musculação), que tornam mais forte a musculatura.



No ano passado, a aposentada Liduína Maria Braga Mendes, 62 anos, passou por um susto, após receber a notícia de seu cardiologista de que 80% de uma das veias do coração estava obstruída. “Sentia cansaço sem motivo e dor no peito. Achei que fosse problema respiratório”, conta. Mesmo com a pressão e o colesterol controlados, a aposentada resolveu procurar um cardiologista. “Quinze dia depois da consulta, passei por uma cirurgia para colocar um stent (espécie de mola, de 2mm de diâmetro, colocada na veia para alargar e evitar acúmulo de gordura).” Hoje, os sintomas sumiram e Liduína se diz satisfeita com sua qualidade de vida. “Graças ao meu programa de atividades físicas, aliado a uma dieta balanceada”, avalia.

EcoDebate, 27/08/2010

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