Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

III - Análise crítica de alguns projetos

Complexo Madeira


Somada à construção de Belo Monte, projeta-se a construção de duas hidrelétricas – Santo Antônio (já em andamento) e Jirau – no Rio Madeira, o maior afluente do Amazonas. As obras constam do PAC e não se resumem apenas às hidrelétricas, mas constituem-se em um complexo – que vai contar com hidrelétricas, eclusas, hidrovias e uma linha de transmissão que irá de Porto Velho até São Paulo.

A estimativa é de que o projeto vai inundar uma área de mais de 500 quilômetros quadrados e deslocar mais de 10 mil pessoas que vivem na região. Ao se colocar contra a construção do complexo, o movimento social questiona a quem o projeto irá beneficiar. Segundo Gilberto Cervisnki do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, “construir as usinas no Madeira representa a abertura para construção de dezenas de outras hidrelétricas dentro da Amazônia, sem sequer discutir uma questão que entendemos ser fundamental: energia para quê? E para quem?". Segundo ele, o discurso do risco de apagão é utilizado para impor os aumentos nas tarifas de energia e o financiamento desses empreendimentos, mas que no final acabam beneficiando poucos.


Na opinião de Marco Antonio Trierveile, também do MAB, “os grandes grupos econômicos estão interessados em aumentar sua exploração na Amazônia e em toda América Latina (recursos naturais, energia, minérios, madeira, terra, biodiversidade – principalmente para indústria financeira). Para que essas indústrias possam se instalar no País, elas precisam criar uma rede de infra-estrutura básica (energia, portos, hidrovias, redes de transmissão de energia, estradas, ferrovias), o que possibilitará a elas transportar mercadorias para fora do país”. É nesse contexto que ele situa o Complexo Madeira. Os grandes beneficiados pela construção das usinas hidrelétrica do Rio Madeira serão grupos de grande porte, como Votorantim, Vale do Rio Doce, CSN, Alcoa e Gerdau.

Os problemas que virão são destacados por Gustavo Pimentel,da organização Amigos da Terra: “aumento do desmatamento, da grilagem, perda de biodiversidade, explosão demográfica e favelização em Porto Velho, aumento da malária e outras doenças, contaminação de peixes e da população por mercúrio, entre outros problemas”. A barragem de Santo Antonio fica distante apenas 7 Km de Porto Velho.

Segundo o movimento Rio Madeira Vivo, “o rio Madeira e suas margens deixarão de atender ribeirinhos, indígenas e a população de Porto Velho com água, peixes, sedimentos e vida para se tornar um rio-mercadoria. Um rio morto, estéril, com águas podres, contaminado por mercúrio, multiplicador da malária. Um rio a serviço das indústrias eletrointensivas e do agronegócio, imprestável para o povo, para a pesca artesanal, para o lazer e para as culturas de várzea”.

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