O grupo dos principais países de economia emergente, chamado de "Bric", negocia um acordo agrícola e a criação de estratégia comum para influir no mercado mundial de alimentos.
Em reunião preparatória ao encontro presidencial de abril, em Brasília, os ministros de Agricultura do Brasil, Rússia, Índia e China identificaram "complementaridades" em ações rurais e discutiram a facilitação do comércio de bens agropecuários dentro do grupo.
Decidiram criar um "DataBRIC" para unificar todas as informações na área de produção de alimentos. O objetivo é que esses dados ajudem a planejar os estoques de cada um, trazendo mais segurança alimentar à sua população e à de outros países que dependem da produção do grupo.
O grupo também debateu a importação de trigo russo por China e Brasil, além de parcerias para a instalação de torrefadoras brasileiras de café na Rússia e na China.
De Moscou, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, rejeitou o termo "cartel dos alimentos", mas afirmou que os Brics buscam atuação conjunta no mercado internacional. "Vamos combinar estratégias para entrar juntos no mercado. É justamente para impedir a cartelização na produção de alimentos", afirmou Cassel. O que move a cooperação do grupo, segundo ele, é a busca por uma "janela para todos" nessa áreas.
"Até 2025, temos que produzir 75% mais alimentos para atender à demanda. E só os Brics podem produzir mais e aumentar a área. É uma janela para todos. A ideia é entrar juntos nisso. Temos algo em comum que é a agricultura familiar, onde todos apostam na saída da monocultura e na produção de alimentos".
Os acordos na área agrícola devem ter como sustentação a produção da agricultura familiar e de cooperativas rurais. "A Rússia tem um bom trigo, mas aplicamos taxa de 10%. Seria importante baixar isso. Importamos muito e podemos controlar melhor a inflação do pão", diz Cassel. "Podemos exportar café, leite, frangos, suínos e bovinos para eles".
As negociações entre os Brics têm o conceito de segurança alimentar como o "mais importante" para a atuação comum na área rural. "A demanda no mundo cresce e a produção de alimentos será fundamental em 20 ou 30 anos", diz. Para ele, levará vantagem quem garantir lavouras diversificadas e mantiver mais pessoas produzindo no campo.
O ministro Cassel informou, ainda, que os parceiros comerciais demonstraram interesse nas regras para a aquisição de terras no Brasil. "Eles querem muita informação sobre aquisição de terras, especialmente a Índia", diz. O MDA, porém, se opõe à política de investimentos estrangeiros maciços em terras. "Se estimular um investimento grande, reconcentra a propriedade da terra e a aposta na monocultura, e não na produção de culturas diversificadas", afirma.
Após o encontro, o ministro chinês da Agricultura, Han Changfu, informou que seu país está "pronto para cooperar" com a Rússia no comércio de grãos, sobretudo trigo. O ministro indiano Sharad Pawar disse que os países do Bric têm um "potencial tremendo" para ajudar o mundo a combater a fome
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário