Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

UMA OUTRA REALIDADE...muito longe da sua : "Quando a água é pouca" /// O Povo online

No semiárido e em aldeias indígenas, a relação com a água se estabelece de uma forma diferente daquela adotada nas grandes cidades. No semiárido, por exemplo, a escassez de água é uma realidade antiga da população

27 Mar 2010 - 20h39min

A forma como a água é utilizada no semiárido e o ``desespero`` da população diante deste uso são pouco conhecidos por quem não vivencia seca. O acesso à água doce, tratada e de qualidade é restrito. As famílias dependem de cacimbas, poços, riachos e dos carros-pipas e todas essas águas não são tratadas. A mesma água de uso humano é dividida para uso animal: banha os animais, lava roupas, utensílios domésticos e é levada para as casas, para beber e cozinhar.

``O máximo que fazemos é botar um pano na boca do pote pra coar. Quando a água é barrenta, colocamos duas sementes de moringa para cada litro, pra água decantar, para o barro sentar. Mas, na maioria das vezes, quando não suportamos mais a sede, bebemos água de barro``, descreve Vanete Almeida, que mora numa comunidade rural chamada Jatiúca, no município de Santa Cruz da Baixa Verde no Sertão de Pernambuco.

Ela é coordenadora da Rede Latino-Americana e do Caribe das Mulheres Trabalhadoras Rurais, integra o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Na noite da última segunda-feira, ela falou sobre o cotidiano com acesso restrito à água potável no sertão, durante o evento de abertura do Movimento Cyan, em São Paulo, promovido pela Ambev. Segundo ela, as mulheres do semiárido costumam andar de três a oito quilômetros por dia para buscar água de beber nas cacimbas de água doce.

``Uma cacimba daquelas leva até duas horas para encher, quando a veia da água é boa. Se não, pode-se esperar até um dia pra ela voltar a encher. Imagine a repercussão disso na vida de uma mulher, ficar horas na beira de uma cacimba, esperando ter uma água de beber pra levar pra casa``, ressalta, acrescentando que algumas cacimbas abastecem uma comunidade de seis a dez famílias, que se organizam e se revezam num calendário. Estas mulheres precisam fazer várias viagens para buscar a água necessária.

Semiárido

Na opinião de Vanete, embora a água seja um elemento indispensável e fundamental para a sobrevivência de todos os seres do planeta, as definições e os sentidos atribuídos a ela são diversos. ``Mas é preciso pensar e agir rápido. Não é mais possível esperar de 10 a 15 anos, especialmente no semiárido para tomar providências. A gente tem que pensar que a água não pode ser um privilégio de poucos e não pode estar condicionada às desigualdades sociais``.

Ela lamenta que a sociedade e os governos pensem pouco sobre o acesso à água e aos alimentos. ``Há um mito de que moramos numa região pobre, com poucos animais, com baixa capacidade de regeneração e com poucas oportunidades econômicas. Nós temos a plena convicção de que isso realmente é um mito. O que falta é vontade política e condições sociais para uma vida mais digna nessa área``, denuncia.

Vanete argumenta que é preciso um esforço para construir políticas voltadas para a recuperação das nascentes, matas ciliares e conservação das nossas matas. ``Há mais de 400 anos que a gente vive uma questão de seca. A primeira foi no ano de 1.583``. (Lucinthya Gomes)


E-Mais
> Durante a palestra, Vanete citou que o semi-árido brasileiro é o mais populoso do mundo, com 28 milhões de pessoas distribuídas numa área de 975 mil quilômetros. ``Nossa vegetação é a caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro que passa por avançados processos de degradação``, disse.

> Nessa região, segundo Vanete, existem 596 espécies de vegetais, 148 de mamíferos, além dos pássaros, abelhas e outras formas de vida.
> ``A nossa caatinga se regenera a cada chuva. Apesar de termos menor disponibilidade de água que em outras regiões, nós temos fontes importantes, que estão sendo destruídas pela poluição, pela retirada da mata ciliar dos nossos riachos, nossos rios``, lamenta.


AMEAÇA AOS RECURSOS HíDRICOS

> A água, apesar de ser um bem precioso e indispensável à vida, é o recurso natural mais ameaçado do planeta. As intensas agressões ao meio ambiente vêm comprometendo a qualidade e quantidade deste recurso.
> Escassez: Com o aumento das cidades, há o esgotamento dos mananciais, devido ao consumo;
> Desperdício: É causado pelo desconhecimento quanto ao uso racional da água. Exemplos: deixar a torneira aberta ao escovar os dentes ...
> Poluição: Ocorre naturalmente (enxurradas, por exemplo) ou é causada pelo homem, usando recursos hídricos como receptores de esgoto não tratado das cidades ou efluentes das fábricas, levando metais e produtos tóxicos para a água, uso de agrotóxicos, derramamentos de produtos químicos em acidentes;
> Desmatamento: Quando ocorrem nas margens dos rios, riachos, lagoas e açudes, causam graves problemas de degradação, assoreamento, desvio dos cursos de água e carreamento de agrotóxicos;
> Mau uso: Através de práticas não ecologicamente corretas, se perde água, como: irrigação por canais e por aspersão, favorecendo a evaporação, lavar veículos e calçadas com água.

Economizar a água e reduzir a poluição
> Algumas sugestões para fazer um uso racional da água e garantir a preservação deste recurso para futuras gerações.
> Consumo mais eficaz: diminuir o uso de água potável na agricultura e na indústria, reduzir o consumo doméstico, não contaminar os cursos d-água;
> Minimizar a poluição das águas: dotar os municípios de saneamento básico, disciplinar as indústrias para o uso de tecnologias limpas, exigir o tratamento adequado de efluentes a serem dispostos em recursos hídricos;
> Reduzir a poluição das atividades agrícolas: diminuir o uso de pesticidas e fertilizantes, manejar os resíduos tóxicos, tratar os esgotos e escoamentos de irrigação.

Como evitar doenças...
> A água contaminada pode transmitir uma série de doenças. Devemos ter cuidado, pois certas contaminações não são percebidas pelos olhos ou pelo paladar. Sempre tome as medidas preventivas para um consumo saudável da água.
> Beba sempre água filtrada ou fervida;
> Sempre armazene o lixo em recipientes e embalagens fechadas para serem coletadas pelas empresas especializadas;
> Lave as mãos antes das refeições e ao sair do banheiro;
> Lave bem as frutas, verduras e legumes com vinagre ou água sanitária, esterilizadores.

... transmitidas pela água
> Não coma carne crua ou mal passada, cuja origem seja desconhecida;
> Elimina as águas paradas, evitando assim o aparecimento dos focos de disseminação de doenças, como a dengue;
> Instale corretamente esgotos sanitários em casas e edifícios;
> Promova a educação ambiental e sanitária, espalhando esse conhecimento para o maior número de pessoas possível.



FONTE: SEMACE

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