Domingo, 21/03/2010 - 11:08
Roma - São quase quatro bilhões as pessoas ameaçadas por falta d'água e cinco milhões os mortos por doenças vinculadas à sua escassez ou por falta de saneamento básico. Isso enquanto 12% da população mundial usa 85% dos recursos hídricos do Planeta.
A falar daquilo que muitos definem como o "ouro azul", a água, foi o dossiê "Água 2010" de Solidariedade e Cooperação Cipsi (Coordenação de Iniciativas Populares de Solidariedade Internacional) apresentado hoje (19) em Roma, por ocasião do próximo Dia Mundial da Água, previsto para 22 de março.
Justamente amanhã (20) em Roma se realizará uma manifestação para protestar contra a privatização das redes hídricas públicas com um passeata que, à tarde, se espalhará pelas ruas da capital.
Segundo o estudo, a Terra tem sede: 1,6 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água potável, 2,6 bilhões não têm acesso a serviços de saneamento básico, 5 milhões morrem anualmente por doenças vinculadas à água e 1,8 milhão de crianças morrem anualmente por doenças relacionadas à falta de água potável, o que equivale a 4.900 crianças por dia.
Esta é a situação do Planeta:
- América: A América também sofre com a fala d'água, falta aquela para uso doméstico porque é usada - ao ritmo de 2 bilhões de litros - para cultivar cereais para o gado.
- Europa: Na Europa, 16% da população não têm acesso à água potável. Um problema que nos últimos 30 anos custou € 100 bilhões. Na Europa 44% da água extraída é utilizada para produzir energia, enquanto que na área do Mediterrâneo - cuja demanda dobrou nos últimos 50 anos, se prevê um aumento do consumo de 25% até 2025.
- Situação da Itália: As tubulações perdem 104 litros diários de água por habitante (equivalente a 27% da captação de água), um terço dos italianos não tem acesso regular à água potável, mas cada italiano consome 237 litros de água por dia. Salerno é a cidade que mais consome, com uma média de 264 litros per capita por dia; enquanto Agrigento é a que consome menos, com 100 litros per capita por dia.
As torneiras da Itália desperdiçam 30% da água fornecida e têm que lidar com a gestão dos recursos, especialmente nas regiões do sul e nos meses de verão, quando 15% da população cai abaixo da exigência mínima diária por pessoa (50 litros por dia).
Trinta por cento não têm acesso suficiente e oito milhões não têm aquela potável, enquanto 18 milhões não bebem água tratada.
Na Itália também existe o business da água mineral, que vale € 5,5 bilhões por ano (o terceiro maior consumo per capita no mundo, depois dos Emirados Árabes e do México). Mas a água de torneira custa entre 500 e mil vezes mais do que a da garrafa. Por isso se tenta redescobrir o quanto é preciosa aquela que chega dentro de casa. No Veneto, Friuli-Venezia Giulia e Emilia Romagna começou a campanha "Água do prefeito, um pacto para beber". Na Lombardia existem as "casas da água", pequenas estruturas que fornecem esse líquido precioso direto do aqueduto, na versão natural ou gasosa. Já na Puglia, a região "reconhece o serviço hídrico como sendo um interesse regional sem relevância econômica". Em Roma, continua o documento, a água ainda é em 51% municipalizada, enquanto que em Nápoles beber "custa caro".
- Novas guerras - A água, explica o estudo, é também "um problema de democracia" e principalmente nas regiões que já sofrem com a falta de infraestrutura ela se tornou "o novo petróleo", motivo suficiente para travar "novas guerras". (ANSA)
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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