Neste ano, os países asiáticos (China, Japão, Coreia, Cingapura e Hong Kong) consolidaram-se como principais destinos das exportações de produtos agrícolas
Repórter: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
Entrevistado: Célio Porto
Secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
A abertura comercial do mercado chinês para a carne de frango brasileira é considerada pelo secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Célio Porto, o destaque no comércio exterior de produtos do agronegócio, em 2009.
Em entrevista, Porto fala sobre o aumento das quotas para as carnes brasileiras, pleito negociado com a Rússia e que teve o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele explica os efeitos da crise financeira na balança comercial do País, como a acentuada diminuição nos preços dos produtos exportados, e relata a importância dos primeiros adidos agrícolas em oito missões diplomáticas no exterior, cujo processo seletivo foi concluído recentemente e os profissionais devem atuar a partir de abril de 2010. (Imprensa Mapa))
Qual a principal conquista do comércio agrícola internacional em 2009?
Célio Porto - A grande conquista do setor agrícola brasileiro, em 2009, foi a abertura do mercado da China para a carne de frango brasileiro. Graças à atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio, foi possível essa negociação. Os chineses importam mais de US$ 1 bilhão por ano de carne de frango. Os resultados alcançados até o mês de novembro indicam que ocupamos mais de 10% do mercado chinês de frango. Isso em menos de seis meses, pois, apesar da abertura ter sido anunciada em maio, as exportações efetivas começaram apenas no segundo semestre deste ano.
Além disso, a China é o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com destaque para o complexo soja. Já tinha sido em 2008, mas o destaque mesmo foi em 2009. Com a queda das exportações para Estados Unidos e Países Baixos - parceiros comerciais que vêm logo em seguida - fechamos o ano tendo a China como destino de quase 14% de tudo o que o Brasil exporta em produtos agropecuários.
E os grandes fatos do cenário externo que influenciaram no setor agropecuário?
Célio Porto - A conclusão das negociações com a União Europeia, no processo de concessão de quotas adicionais para o Brasil, em função da entrada da Bulgária e Romênia no bloco. Por conta da incorporação desses dois países importadores de produtos agrícolas brasileiros, ultrapassamos a venda de 300 mil toneladas em açúcar e dobramos a Quota Hilton para carne bovina, de cinco mil para dez mil toneladas.
Recentemente, a Rússia também melhorou as quotas, para o Brasil, de carne bovina resfriada (29,5 mil toneladas), suína (500 mil toneladas) e de aves (750 mil toneladas). O país é o principal destino das exportações brasileiras de carne e, em 2009, tivemos várias missões do Ministério da Agricultura, inclusive uma chefiada pelo ministro Reinhold Stephanes. Em todas essas oportunidades, negociamos a melhoria das quotas de importação.
Outra grande notícia do ano foi o parecer definitivo dos juízes da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o montante de retaliação do Brasil aos Estados Unidos quanto aos subsídios da produção de algodão. O País, pela primeira vez, vai retaliar uma nação que não cumpriu as regras estabelecidas pela OMC. Esse é um marco histórico nas relações bilaterais. A posição do Ministério da Agricultura é de que, se a natureza da medida implicar em arrecadação de impostos, estes devem ser revertidos a favor do setor cotonicultor.
Como fica a balança comercial do agronegócio no ano em que a crise financeira internacional deixou os mercados retraídos?
Célio Porto - Começamos o ano no auge da crise financeira internacional. No entanto, tivemos um resultado até melhor do que o estimado. Esperava-se uma queda de 20% nas exportações, mas o declínio deverá ficar na faixa de 10%, na comparação do valor exportado.
Em 2008, os produtos vegetais responderam por 72% das exportações e, agora, por 77%. Os dados acumulados até novembro mostram queda de 24% no valor das exportações de produtos de origem animal e de 5% nas exportações de produtos de origem vegetal. E os destinos para os quais nós tivemos alta nas exportações foram: a Ásia, por conta da China, o Oriente Médio e a África, ou seja, mercados emergentes.
Um dos produtos que mais responderam pelo desempenho da balança comercial este ano foi o açúcar, mesmo com a queda nas exportações de álcool, as vendas externas do complexo sucroalcooleiro cresceram 25% em valor. Um fator importante é que a Índia, nosso principal concorrente no mercado mundial, deixou de vender para se tornar importador do produto.
Este ano, o Ministério da Agricultura selecionou os adidos agrícolas que atuarão em oito embaixadas brasileiras, dando apoio às negociações internacionais. Qual a importância desses profissionais para o setor?
Célio Porto - Essa era uma bandeira histórica do agronegócio brasileiro que finalmente foi concretizada. Esse especialista é fundamental, porque leva conhecimento técnico às negociações sanitárias e fitossanitárias. A diplomacia brasileira conduz bem esse papel, mas falta-lhe o suporte técnico específico da área agrícola. Como cada vez mais as negociações internacionais do agronegócio envolvem questões sobre barreiras técnicas, não comerciais, a presença de um profissional especializado nessa área torna-se primordial. Este ano, concluímos o processo seletivo para adidos agrícolas e, em janeiro, vamos começar o treinamento cujo conteúdo foi definido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Instituto Rio Branco (IRB/MRE). No próximo mês de março, o presidente da República deverá indicar os nomes e esperamos que, em abril, os primeiros adidos agrícolas do País já possam assumir seus postos em Buenos Aires (Argentina), Bruxelas (Bélgica), Genebra (Suíça), Moscou (Rússia), Pequim (China), Pretória (África do Sul), Tóquio (Japão) e Washington (Estados Unidos).
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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