A BM&FBovespa anunciou hoje as novidades na metodologia do Índice de Sustentabilidade de Empresas (ISE). A principal delas é a possibilidade do conselho deliberativo do indicador dar explicações sobre os motivos que levaram uma empresa a entrar ou a deixar o ISE.
O pronunciamento será feito quando o conteúdo das respostas enviadas às empresas não for suficiente para justificar essa movimentação. "Isso irá ocorrer quando houver uma decisão extraordinária do conselho, isto é, numa questão que vá além do que diz o relatório existente hoje", disse o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, Mario Monzoni, que ajudou a desenvolver a metodologia do ISE.
O ISE completa cinco anos e durante esse período o conselho nunca se pronunciou sobre as movimentações. As companhias são escolhidas com base em um questionário que aborda as práticas de sustentabilidade e governança. Depois da avaliação das respostas, o conselho envia o resultado à empresa dizendo se ela fará ou não parte do índice. Além disso, indica em quais áreas a companhia não teve um desempenho favorável. No entanto, é possível que a empresa cumpra todos os requisitos e mesmo assim fique de fora. Isso pode acontecer, por exemplo, caso algum administrador esteja envolvido em uma situação considerada inadequada, ou seja, um fator fora do alcance do questionário. As companhias que farão parte do ISE 2009/2010 serão conhecidas no dia 25 de novembro. A nova carteira entrará em vigor no dia 1º de dezembro.
A retirada da Petrobras do ISE em 2008 foi um dos fatores que contribuiu para essa mudança, segundo explicou um profissional próximo aos trabalhos de elaboração do ISE. Naquele ano, não foi dada nenhuma justificativa sobre a saída da estatal, o que gerou uma série de especulações. Já o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, uma das entidades que fazem parte do conselho, ficou suspensa por 12 meses após esse episódio. Isso porque um de seus dirigentes, Oded Grajew, teria detalhado os motivos que levaram o conselho a excluir a Petrobrás.
Outra novidade do índice neste ano é em relação às empresas elegíveis para o índice. Irão responder o questionário as companhias com as 200 ações mais líquidas. Até o ano passado, eram consideradas as 150 mais negociadas. O questionário abrange uma série de questões dentro de sete dimensões (categorias): social, econômico, ambiental, governança, critério geral, natureza do produto e mudanças climáticas, dimensão que foi incluída neste ano.
As informações que as empresas fornecem para a confecção do ISE são protegidas por um acordo de confiabilidade entre as empresas e a bolsa. Questionado sobre esse sigilo, o coordenador da FGV afirmou que a atual maturidade das empresas não permite uma abertura total dos dados. "Não atingimos ainda um nível civilizatório que permita esse nível de informação. O índice não seria viável dessa forma", disse, acrescentando que seria positivo se as empresas, voluntariamente, começassem a abrir essas informações.
Questionada se a BM&FBovespa deseja fazer parte do índice, a diretora de Sustentabilidade da companhia, Sonia Favaretto, explicou que ainda não há uma posição do conselho do ISE sobre a possibilidade da bolsa participar, já que é a companhia é responsável pela operacionalização desse índice. No entanto, Sonia afirmou que a companhia tem ampliado suas ações na área de sustentabilidade. "Não tenho o objetivo de estar no ISE porque não sei se posso entrar. Então o meu objetivo é ser uma empresa elegível a compor esse índice", afirmou.
As questões que fazem parte do questionário do ISE na edição 2009/2010 serão relacionadas, quando possível, com as perguntas correspondentes no GRI (Global Reporting Iniciative), o modelo mais usado no mundo para a confecção de documentos sobre sustentabilidade empresarial. Segundo Sonia, a ideia é facilitar o preenchimento dos formulário por parte das empresas e também criar um banco de dados.
Além do ISE, a BM&FBovespa passará a contar com um outro índice na área de sustentabilidade a partir do segundo semestre. A bolsa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desenvolvem o Índice de Carbono Eficiente, que será ponderado pelo inventário das emissões de gases de efeitos estufa nas atividades associadas a uma companhia. A criação desse índice de carbono foi anunciada em dezembro do ano passado durante a Conferência do Clima da ONU (COP-15). O objetivo é que ele entre em vigor até a COP-16, que será realizada no final deste ano em Cancún (México).
Ainda na área de sustentabilidade, a BM&FBovespa tem interesse em negociar cotas de fundos ETFs (Exchange Traded Funds) que sejam atrelados ao ISE. Um ETF é um fundo de investimento em índice com cotas negociadas em bolsa de valores. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que algum gestor de recursos desenvolva essa carteira.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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