Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Correia Transportadora Oceânica não está desacelerando, diz NASA /// Inovação Tecnológica

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/03/2010

A Correia Transportadora Oceânica é um cinturão formado pelas correntes oceânicas que percorre todo o planeta, levando águas quentes em direção aos polos e águas frias em direção ao equador.[Imagem: NASA/JPL]

Correia Transportadora Oceânica
Em 2005, um artigo publicado na revista Nature alertava que uma diminuição na velocidade na parte do Oceano Atlântico da chamada Correia Transportadora Oceânica causaria uma pequena era do gelo na Europa nas próximas décadas.

A Correia Transportadora é um cinturão formado pelas correntes oceânicas que percorre todo o planeta, levando águas quentes em direção aos polos e águas frias em direção ao equador.

Os modelos climáticos mais recentes preveem que a circulação contínua dessas massas de água deve desacelerar conforme os gases de efeito estufa aquecem o planeta e, por decorrência, o aquecimento global eleve a taxa de derretimento das geleiras, lançando mais água doce nos oceanos.

Isso aconteceria porque a água doce é mais leve e demora mais para "afundar" do que a água salgada mais fria.

Inversão das previsões
Mas, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, a NASA afirma que os dados do seu projeto AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation) mostram não apenas que não há nenhum sinal de desaceleração na Correia Transportadora Oceânica nos últimos 15 anos, como ela pode ter de fato se acelerado um pouco.

As conclusões resultam de uma nova técnica de monitoramento ambiental desenvolvida pelo oceanógrafo Josh Willis, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.

O pesquisador utilizou medições de satélites de observação dos oceanos e de perfis de flutuação coletados no mar por submarinos robóticos, que coletam dados da superfície até milhares de metros de profundidade.

Estes dados permitiram que ele estudasse a parte da Correia Transportadora Oceânica que leva águas quentes dos trópicos em direção à Europa, e que seria a causadora da hipotética pequena era do gelo europeia.

Corrente Inversora do Atlântico
A chamada "inversão de circulação do Atlântico" é um sistema de correntes, incluindo a corrente do Golfo, que leva as águas superficiais quentes dos trópicos para o norte do Atlântico Norte.

Lá, nos mares que banham a Groenlândia, a água esfria, mergulha para grandes profundidades e muda de direção. O que antes era água de superfície quente rumando para o norte se transforma em água fria profunda retornando para o sul.

Esta inversão é uma parte da Correia Transportadora das correntes oceânicas que transporta o calor ao redor do globo.

Sem o calor transportado por esse sistema de circulação, o clima em torno do Atlântico Norte - na Europa, na América do Norte e no Norte da África - provavelmente seria muito mais frio.

Satélites e robôs submarinos
Os cientistas supõem que o resfriamento rápido de 12.000 anos atrás, no final da última era glacial, foi desencadeado quando a água doce do derretimento das geleiras alterou a salinidade do oceano e diminuiu a taxa com que a inversão do Atlântico se dá. Isto teria reduzido a quantidade de calor levado em direção ao norte, causando o resfriamento.

Até recentemente, as únicas medições diretas disponíveis da força da circulação vinham de pesquisas feitas a bordo de navios e de um conjunto de boias ancoradas ao fundo do oceano nas latitudes médias.

A nova técnica de Willis é baseada em dados de altimetria dos satélites da NASA, que medem alterações na altura da superfície do mar, bem como dados de perfis coletados pelos submarinos robóticos da missão Argo - veja Robôs submarinos já monitoram todos os oceanos da Terra.

Com esta nova técnica, Willis foi capaz de determinar mudanças na parte norte da circulação do Atlântico a cerca de 41 graus de latitude, aproximadamente entre Nova Iorque e o norte de Portugal.

Cobertura das boias e submarinos robôs do Projeto Argo. [Imagem: NASA]Ciclo natural

Combinando as medições dos satélites e dos robôs submarinos, ele não encontrou nenhuma alteração na intensidade da corrente de inversão do Atlântico entre 2002 e 2009.

Olhando mais para trás, usando apenas dados dos satélites - quando os robôs ainda não estavam operando - Willis encontrou evidências de que a circulação tinha acelerado até cerca de 20 por cento entre 1993 e 2009.

"As mudanças que estamos vendo na intensidade da inversão são, provavelmente, parte de um ciclo natural," disse Willis. "O ligeiro aumento na inversão desde 1993 coincide com um padrão natural de aquecimento e resfriamento do Atlântico, que dura décadas."

Impacto pequeno
E, segundo o pesquisador, ainda que a corrente de inversão do Atlântico diminua de velocidade, os resultados dificilmente serão dramáticos. "Ninguém está prevendo outra idade do gelo como resultado de mudanças na corrente de inversão do Atlântico," disse o pesquisador.

"Ainda que a inversão tenha sido o Godzilla do clima 12.000 anos atrás, o clima de então era muito mais frio. Modelos das condições mais quentes atuais sugerem que uma desaceleração teria um impacto muito menor agora," conclui ele.

Bibliografia:
Can in situ floats and satellite altimeters detect long-term changes in Atlantic Ocean overturning?
J. K. Willis
Geophysical Research Letters
25 March 2010
Vol.: 37, 6
DOI: 10.1029/2010GL042372

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