Milhares de paulistanos podem estar parados no trânsito neste momento. Ou sabem que isso ainda vai ainda vai ocorrer em algum momento, até o final do dia. Esta é a certeza mais cristalina que um habitante de São Paulo pode ter a respeito do seu tempo. Para se locomover na cidade, por qualquer meio de transporte, o paulistano leva em média 2 horas e 42 minutos. Isso significa um mês por ano!
Em 2008, o professor Rodrigo Queiroz, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São paulo (FAU-USP), calculou que os congestionamentos causam um prejuízo de R$ 52 bilhões por ano aos cofres da cidade, o equivalente a 20% do PIB do município.
São 2 milhões de pessoas que cruzam nossa cidade todos os dias, para ir e voltar do trabalho ou para realizar suas atividades cotidianas. De acordo com o estudo de Queiroz, 1,5 milhão delas estariam dispostas a deixar o carro em casa, se houvesse transporte público de qualidade. Este é um dos dados que compõem a pesquisa “Nossa São Paulo/Ibope – Dia Mundial Sem Carro 2010”, lançada ontem na abertura da Semana da Mobilidade, que vai de 16 a 22 de setembro.
Outros dados importantes da pesquisa: 67% dos entrevistados querem prioridade no transporte coletivo; 68% mencionaram “mais metrô e trem” como formas de ampliar a oferta de locomoção rápida e de qualidade; 42% apontaram os corredores de ônibus como solução; e 68% consideram ruim ou péssima a situação do trânsito na cidade.
Esses dados demonstram que está ocorrendo uma transformação silenciosa do paulistano, que já não vê o carro como meio de transporte eficiente. Ele quer metrô, trem e ônibus de qualidade, por entender que com isso sua vida iria melhorar.
A pesquisa traz implícita também outra preocupação cada vez mais recorrente entre os cidadãos em geral, mas especificamente entre os milhões que habitam as grandes cidades: o que se faz com o tempo. Essa reflexão tem se aprofundado nos últimos anos, junto com a discussão sobre um modo de vida mais sustentável. Saber como as pessoas gastam o tempo é importante para elaborar políticas públicas e estratégias de negócio.
Com base em pesquisas como esta do Nossa São Paulo e do Ibope, é possível planejar a mobilidade: linhas de metrô e trens, trajetos de ônibus coletivos, adoção de pedágio urbano, restrição à circulação de automóveis etc. Os dados também podem servir de base para políticas trabalhistas, como a de jornadas flexíveis. As próprias empresas poderiam contribuir, pesquisando, por exemplo, qual o tempo médio que os funcionários gastam no trajeto casa–trabalho–casa. E qual o nível de estresse que isso acarreta.
Também podem propor medidas como a carona solidária, o teletrabalho, expedientes diferenciados para cada grupo de funções e muito mais.
A mudança de comportamento individual já está em marcha, pelo que aponta o levantamento Nossa São Paulo/Ibope. Agora, sociedade, governos e empresas precisam se juntar para tornar realidade o que anda em nossos corações e mentes.
Por Cristina Spera (Instituto Ethos)
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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