Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Novas violências contra os Kaiowá no Mato Grosso do Sul

IHU Unisinos

No dia 4 o grupo de famílias do tekoha Ytay Ka’aguy rusu, no município de Douradina, voltou à sua terra tradicional, próximo aos limites da atual Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. Essa terra indígena com 2.070 hectares, e uma população em torno de 700 pessoas, teve sua terra sendo ocupada pelo agronegócio. Hoje usufruem pequena parte de sua terra, que está em revisão de limites. Desde 2005, quando se constituiu um grupo de trabalho para um reestudo dos limites, até hoje, inexplicavelmente não se concluíram os trabalhos.


A informação é de Egon Dionísio Heck, assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul, em artigo publicado por Adital, 08-09-2010.

Logo depois da volta ao tekohá, segundo o Kaiowá O.J. tentaram diálogo com os produtores rurais. Mas não houve possibilidade de um entendimento. Foi aumentando a tensão. No dia 6 à tarde chegou ao local a polícia federal. Após algumas conversações, parecia que seria respeitado a não agressão por parte dos seguranças e produtores. Porém logo depois que a policia federal se retirou houve um avanço sobre os índios, com tiros para o ar, fogos, derrubada e queima dos mais de 20 barracos que haviam sido construídos, conforme informa uma professora que estava com o grupo. "Houve muita correria de mulheres, crianças, com muitos gritos e gente chorando. Alguns como OJ tiveram todos os documentos queimados juntamente com o barraco.

Os índios que sofreram mais essa agressão e violência não desistem de sua terra, e dia 7 voltaram ao local, apesar das ameaças que os colonos fizeram de que desta vez vão matar alguns índios. "Essa terra é nossa. Foi demarcada pelo SPI. Nela vamos ficar", afirma resoluta uma das lideranças do grupo. Também esteve no local a nova administradora da FUNAI em Dourados juntamente com a imprensa. O que os Kaiowá Guarani esperam é que a promessa do presidente Lula feita a eles em recente visita a Dourados seja cumprida - que os Grupos de Trabalho de identificação das terras indígenas voltem à área, concluam os trabalhos o quanto antes.

Enquanto isso Dourados tem um desfile de sete de setembro um tanto inusitado, com várias de suas autoridades na cadeia. Sobresaiu mais o grito do que a marcha. O protesto e a indignação falaram mais do que do que palavras ufanistas. Os princípios pétreos da pátria foram violados por escandalosa corrupção e usurpação do dinheiro do povo.

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