Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Movimento Nossa São Paulo apresenta plano para reduzir em 25% circulação de carros na cidade

Reportagem de Vinicius Konchinski, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 21/09/2010

O Movimento Nossa São Paulo apresentou ontem (20), na Câmara Municipal de São Paulo, um plano de mobilidade urbana para reduzir em 25% o número de carros que circula diariamente na capital paulista. O plano prevê, principalmente, a expansão dos corredores de ônibus, investimento em ciclovias e mudanças em políticas habitacionais.


Na área do transporte coletivo, o plano defende a construção de 2,4 mil quilômetros de vias reservadas ao tráfego de ônibus nas principais avenidas da capital paulista, inclusive nas marginais do Rio Tietê e Rio Pinheiros. Segundo Ricardo Corrêa, urbanista do TC Urbes, consultoria que participou da elaboração do projeto, esses corredores serviriam como artérias de conexão entre regiões da cidade com as redes de metrô e trem já existentes.


[Leia na íntegra]Essas redes, de acordo com o plano, ainda seriam ligadas a micro redes de transporte coletivo que atenderiam bairros de São Paulo. Pela proposta, os passageiros poderiam usar todas as formas de transporte coletivo pagando somente uma passagem.

O sistema de transporte coletivo seria também conectado a 500 quilômetros de ciclovias. Nas áreas de cada uma das 31 subprefeituras de São Paulo, seriam construídas vias reservadas para as bicicletas criando assim a possibilidade para que habitantes circulassem dentro de bairros sem usar carro ou ônibus.

“Em vias locais, a prioridade seria dada às bicicletas e aos pedestres”, diz Corrêa.
A urbanista Simone Gatti, também do TC Urbes, afirmou, entretanto, que nada disso será completamente efetivo sem uma nova política habitacional para a cidade. Nesta política, também tratada no plano do Movimento Nossa São Paulo, estariam previstas medidas para a “centralização” da capital para que a população deixasse de ocupar áreas da periferia e reduzisse seus deslocamentos.

“A habitação interfere diretamente na mobilidade urbana”, disse Simone. “Precisamos compactar a cidade, centralizar a população e descentralizar a oferta de emprego.”

De acordo com as expectativas do plano de mobilidade, com todas essas medidas, um quarto da população paulistana deixaria seu carro em casa. Desta parcela, mais de um terço passaria a usar os corredores de ônibus para se locomover.

Isso faria com que a quantidade de viagens realizadas por dia no sistema de transporte público aumentasse de 23 milhões para 26 milhões. O uso das bicicletas também aumentaria.

Em compensação, São Paulo reduziria em 30% o volume de gás dióxido de carbono (CO2) emitido anualmente. Por ano, 391 mil toneladas do gás, que é um dos causadores do aquecimento global, deixariam de ser liberados na atmosfera.

O plano de mobilidade, agora, será entregue a autoridades municipais e estaduais. O secretário-executivo do Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas, Volf Steinbaum, único representante dos governos presente na apresentação do projeto, disse que a iniciativa tem propostas interessantes, mas que precisa ser melhor debatido.

Nossa São Paulo quer órgão para planejar transporte de pedestres e ciclistas na cidade
Um terço dos deslocamentos diários na capital paulista é feito a pé ou de bicicleta. Entretanto, não existe um órgão público dedicado exclusivamente a regular e planejar este tipo de transporte, assim como é feito no sistema coletivo ou de veículos motorizados.

Na opinião de integrantes do Movimento Nossa São Paulo, isso é uma incoerência na gestão do transporte na capital. Por isso, o plano de mobilidade urbana apresentado ontem (20) pela entidade prevê a criação de um departamento vinculado à Secretaria Municipal de Transportes para zelar pela qualidade das calçadas e ciclovias da cidade.

“A ideia é criar uma órgão que regule e fiscalize a construção das calçadas e das áreas cicláveis da cidade”, disse o urbanista Ricardo Corrêa, da TC Urbes, consultoria que participou da elaboração do projeto do Nossa São Paulo divulgado hoje na Câmara Municipal.

Corrêa mostrou por meio de fotos o que chamou de “aberrações” criadas pelo mau planejamento da mobilidade não motorizada. Em alguns bairros da cidade, as calçadas são estreitas e oferecem risco aos pedestres. Em outros locais, as avenidas não contam com espaço para travessia segura de pedestres ou ciclistas.

Na avaliação dos membros do Nossa São Paulo, os deslocamentos a pé e, principalmente, de bicicleta aumentariam significativamente na capital se a segurança das vias fosse melhorada. O coordenador da Secretaria Executiva da entidade, Maurício Broinizi, disse que atualmente 160 mil habitantes da cidade usam a bicicleta diariamente. Este número poderia chegar a 500 mil, segundo uma pesquisa encomendada pela organização ao Ibope. “São mais de 300 mil pessoas”, disse Broinizi. “Não podemos desprezar este número. Seriam, pelo menos, 200 mil carros a menos nas ruas”, completou.

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