Estudo indica que a transição para uma nova era de sustentabilidade exigirá liderança, colaboração e práticas comerciais mais eficientes Foi lançado em Nova York o maior estudo de sustentabilidade corporativa, publicado pela United Nations Global Compact e pela Accenture Sustainability Services. Cerca de 1.000 executivos, líderes empresariais e da sociedade civil contribuíram para esta pesquisa. O levantamento revela que o compromisso com as questões ambientais, sociais e de governança tornou-se excepcionalmente forte: 93% dos CEOs vêem a sustentabilidade como fundamental para o sucesso da sua empresa. É claro que houve uma mudança radical na mentalidade desde a última pesquisa, em 2007, quando a sustentabilidade estava começando a reformular as regras dos negócios globais. Agora, ela é verdadeiramente uma prioridade estratégica para os executivos de todo o mundo.
Os CEOs acreditam que uma nova era da sustentabilidade está começando a entrar em vigor, sendo que 80% dos entrevistados prevêem um "ponto de inflexão" dentro de 15 anos – um momento em que a sustentabilidade será totalmente incorporada às estratégias de negócio da maioria das empresas em nível global.
Há um sentido real no processo de negócios, onde os atores estão começando a ver que uma economia sustentável é uma proposta realista. No entanto, os CEOs acreditam que, se quisermos chegar a uma época em que a sustentabilidade estará completamente integrada aos negócios, iremos vivenciar um ambiente operacional profundamente diferente de hoje. Com base em suas ideias, podemos começar a formular uma imagem do que seu ambiente de negócios poderia ser:
• Um enfoque mais amplo sobre a criação de valor empresarial e social, que será caracterizada por uma mudança de foco exclusivamente no lucro financeiro, para uma compreensão de longo prazo sobre a criação de valor que considera tanto os impactos positivos quanto os negativos de uma empresa sobre a sociedade e o meio ambiente.
• Os negócios devem afastar-se cada vez mais da visão da operação, como uma parte distinta da cadeia de valor para assumirem maior responsabilidade em um sistema completo de insumos. Esta mudança já começou. Por exemplo, na Timberland,as novas botas Earthkeepers 2.0 são concebidas com foco em toda cadeia de suprimentos, sob o conceito “cradle-to-cradle”, e projetadas para serem recicladas no fim da sua vida útil.
• Novas formas de colaboração e parcerias com fornecedores e distribuidores, organizações da sociedade civil e governos para impulsionar os resultados da sustentabilidade. Tal colaboração pode não existir entre parceiros comerciais tradicionais. Por exemplo, quando a empresa concessionária alemã de energia RWE procurava diversificar as fontes de receitas entrando no mercado de veículos elétricos na Alemanha, entrou em um projeto conjunto com a Daimler para efetivamente estar presente na complexa cadeia de valor da indústria automotiva.
• Uso mais eficaz da tecnologia para impulsionar a transparência, a eficiência dos recursos e uma transição para a infraestrutura de energia limpa. No entanto, o potencial da tecnologia pode ainda não ser totalmente compreendido. Como René Obermann, CEO da Deutsche Telekom AG disse: "A indústria sempre tende a superestimar o impacto de curto prazo e subestimar o impacto de longo prazo das novas tecnologias."
• Melhorar a eficiência das práticas comerciais em mercados emergentes para atender as necessidades de consumidores e cidadãos diferentes e canais alternativos de distribuição. Como os níveis de consumo nos mercados emergentes continuam crescendo, é fundamental que novos modelos sustentáveis de negócios e abordagens sejam adotados.
• Liderança e Cultura Sustentáveis, que incorporam as questões de sustentabilidade na maneira em que os executivos e os funcionários pensam sobre estratégia e execução. A nova geração de líderes de negócios deverá ser mais ousada e assumir uma posição mais proativa no cenário mundial – uma forma de liderança que vai além das fronteiras tradicionais e articula uma visão para o futuro sustentável da indústria e da sociedade em geral.
A viagem a um novo ambiente de negócios e a uma era onde a sustentabilidade está completamente integrada aos negócios será certamente um desafio, mas os CEOs já podem ver esta nova era no horizonte. Há otimismo, mas ainda existem muitos desafios e incógnitas.
O que é certo, porém, é que a transição para uma nova era vai exigir tanto de liderança e de urgência, como Idar Kreutzer, CEO da Storebrand ASA, advertiu: "O risco da inação é o maior risco que as empresas enfrentam." A crítica é um imperativo a necessidade de agir - e agir agora.
Peter Lacy (Diretor executivo da Accenture Sustainability Services para Europa, África, Oriente Médio e América Latina)
HSM Online
07/07/2010
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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