Por João Campos, da UnB Agência
O Brasil vai enfrentar uma crise energética e ambiental nos próximos 12 anos. Para combater os danos será preciso triplicar a rede de metrô, ampliar as malhas ferroviária e hidroviária e investir em fontes de energia hidrelétrica e nuclear. O anúncio foi feito pelo professor e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro, em palestra no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília. A conclusão faz parte do relatório Plano Brasil 2022, elaborado pelo governo federal.
A necessidade de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, alarmada por cientistas de todo o mundo, tem obrigado países a desenvolver fontes de energia alternativas ao petróleo. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. No entanto, segundo dados o relatório, apenas 30% do subsolo do país é conhecido. “Estima-se que tenhamos a primeira ou segunda maior reserva de urânio do mundo. E temos capacidade para explorar a fonte, falta direcionar políticas”, comenta Samuel.
A energia nuclear é uma das apostas do Plano Brasil 2022 para mudar a matriz energética do país na próxima década. Segundo Pinheiro, o potencial hidrelétrico brasileiro também é subexplorado “Temos capacidade para gerar 260 mil megawatts, mas só usamos 80 mil. Isso é menos de um terço do total”, destaca. O diplomata alerta, no entanto, que o investimento nessas fontes implica em uma guerra de interesses: “A indústria petroleira vai fazer forte oposição nos próximos anos”, anuncia Samuel.
Outro caminho pra reduzir em 40% o volume de gases poluentes lançados na atmosfera – segundo meta estabelecida pelo plano – é reduzir a dependência do transporte rodoviário no país. Hoje, 65% da matriz vêm de caminhões e carros. “As ferrovias são uma das principais alternativas”, afirma Samuel. Ex-professor da UnB, ele também destaca a necessidade de alternativas para o problema do trânsito nas grandes cidades. “O atual modelo é insustentável. É preciso triplicar as linhas de metrô até 2022”.
Dom Pedro – O Plano Brasil 2022, entregue ao presidente Lula no último 30 de junho, tem o objetivo de traçar metas para o governo federal e caminhos para alcançá-las nos próximos 12 anos. O trabalho visa celebrar os 200 anos da Independência do Brasil, declarada por Dom Pedro, às margens do riacho Ipiranga, em 7 de setembro de 1822. “O trabalho foi desenvolvido numa parceria entre a SAE, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Casa Civil e os ministérios”, conta Samuel.
O relatório traça um panorama de diversas áreas do país, como desenvolvimento social, educação, igualdade racial e ciência e tecnologia. Na palestra que lotou o auditório do Centro de Excelência em Turismo (CET) da UnB, na semana passada, Samuel destacou os relatórios relacionados ao meio ambiente. “É preciso acabar com o mito que coloca em lados opostos o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente. O desenvolvimento deve ser sustentável”, afirma Samuel.
Leia mais sobre o Plano Brasil 2022 aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário