RIO DE JANEIRO - A Embrapa Agroindustria de Alimentos deve dar seguimento ao programa de Transição Agroecológica, implantado na região serrana fluminense, para que sejam desenvolvidos novos projetos e ideias para a agricultura em ambientes de montanha.
“A ideia é continuar evoluindo, crescendo, incorporando mais conhecimento e mais pessoas que possam trazer mais informações”, disse nesta terça-feira (27) o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marcos Fonseca.
Segundo o pesquisador, o ambiente de montanha é considerado frágil porque qualquer intervenção no cultivo pode gerar degradação ambiental. O uso irracional desses locais, assinalou, pode levar ao desgaste e inviabilizar o cultivo e o uso das áreas. Ele acredita que a parte de pós-colheita pode ajudar nesse processo, “porque, com a melhoria nos processos de seleção, classificação e embalagem de frutas e hortaliças, você pode fazer com que o produtor tenha uma melhor remuneração e melhor competitividade no mercado”.
Isso facilita ao produtor pensar na implantação de novas tecnologias para melhoria do uso do solo. Com essa visão, a Embrapa Agroindústria de Alimentos desenvolveu embalagens específicas de papelão e plástico para proteger frutas produzidas na região de Nova Friburgo e Sumidouro, entre elas o caqui e o morango. As pesquisas foram efetuadas em parceria com associações de produtores locais e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ).
O projeto está sendo apresentado no 1º ‘Workshop’ sobre Desenvolvimento Sustentável em Ambientes de Montanhas, em Nova Friburgo. O evento será encerrado nesta quarta (28).
Fonseca destacou que o uso de embalagens de papelão e plástico, em substituição às de madeira, preserva a qualidade dos produtos, reduzindo as perdas. Pesquisa realizada pela Embrapa com o caqui constatou que 62% dos frutos transportados em caixas de madeira apresentavam algum defeito.
Os técnicos da Embrapa verificaram que um problema que ainda persiste em relação ao caqui, em Nova Friburgo, é a qualidade da fruta que vem do campo e vai para a embalagem. “Os produtos precisam ser produzidos com qualidade para evitar problemas que causem depreciação da superfície dele. Você tem que ter o manejo adequado para a colheita em si, para não ficar machucando o produto, e tem que fazer uma seleção e classificar por tamanho, por ponto de maturação, por presença de algum defeito tolerável. Aí então, sim, você coloca em uma embalagem que vai conservar aquela qualidade”, recomendou o pesquisador.
O programa de Transição Agroecológica da Embrapa utiliza o conceito de sustentabilidade em áreas montanhosas, considerado ponto focal da Convenção da Biodiversidade Biológica, de 2002, da qual o Brasil é signatário. Países em desenvolvimento, como Índia e China, já vêm aplicando esse conceito em ambientes de montanhas, englobando uso e conservação do solo, manejo da água, adubação, manejo do ambiente.
No Brasil, essa visão está demandando estudos cada vez maiores. “É tentar fazer o cultivo sem agredir tanto o meio ambiente. Sem desconsiderar as características do ambiente. A palavra é sustentabilidade. Produzir hoje, mas produzir no futuro também”, disse Marcos Fonseca. De acordo com dados da Embrapa, o ambiente de montanhas representa 16,91% do território brasileiro.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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