HONG KONG — O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou nesta quinta-feira para 4,6% sua perspectiva de crescimento para 2010 e descartou a possibilidade de uma nova recessão mundial, mas advertiu que a pressão criada pela dívida pública nos países europeus pode gerar desequilíbrios financeiros.
O FMI também revisou em alta o crescimento do Brasil, que ficou em 7,1%.
O crescimento mundial continuará sendo sustentável em médio prazo nos países emergentes, principalmente na Ásia e na América Latina.
A previsão mundial passou dos 4% prognosticados em abril para 4,6% em 2010 e se mantém igual em 4,3% para 2011.
A América Latina crescerá 4,8% (4% pelo prognóstico anterior) em 2010 e 4%, sem variações, em 2011. O Brasil terá um crescimento de 7,1% em 2010 (5,9%) e o México 4,5% (4,2%).
O primeiro semestre de 2010 foi melhor que o previsto, o que permitiu fazer uma revisão em alta das perspectivas.
No entanto, "os riscos em baixa aumentaram drasticamente em meio ao ressurgimento das turbulências financeiras", explica o informe.
"Neste contexto, os novos prognósticos dependem da implementação de políticas orientadas a restabelecer a confiança e a estabilidade, particularmente na zona do euro", acrescentou o informe.
"As medidas de política econômica aplicadas pelas economias avançadas deveriam centrar-se numa consolidação fiscal que inspire confiança", recomenda o estudo.
Os temores de um não pagamento da dívida por parte de algum dos países europeus com piores taxas de crescimento, principalmente a Grécia, Espanha ou Portugal, não se dissipam, apesar do apoio dos sócios mais importantes da zona euro, e do fundo de ajuda organizado pelo FMI.
"A oferta de crédito bancário poderá se reduzir devido à maior incerteza sobre a exposição do setor financeiro ao risco soberano, assim como ao aumento dos custos do financiamento, especialmente na Europa", explica o texto.
Apesar de ser partidário da austeridade, o Fundo reconhece também que "a consolidação fiscal poderá reduzir a demanda interna".
A redução dos déficits públicos empreendida pelos países europeus reduzirá em um quarto de ponto percentual o crescimento nessa zona 2011, segundo o texto.
A zona euro crescerá 1% em 2010 (sem mudanças) e 1,3% em 2011 (um quarto de ponto percentual a menos).
Esse medíocre resultado arrastará em baixa o impacto do crescimento nos Estados Unidos, previsto em 3,3% em 2010 (3,1%) e de 2,9% em 2011 (2,6%), explicou o Fundo.
Como consequência, "as principais economias emergentes da Ásia e da América Latina continuam encabeçando a recuperação", explicou o texto.
Apesar disso, "os efeitos de contágio de um crescimento negativo em relação a outros países e regiões poderão ser importantes devido aos vínculos comerciais e financeiros", recorda o Fundo.
"Os riscos em baixa se acentuaram drasticamente. Em curto prazo, o principal risco é uma escalada das tensões e o contágio financeiro, devido à crescente preocupação pelo risco soberano".
"Também existem riscos derivados da incerteza em relação às reformas regulatórias e seu impacto potencial no crédito bancário e na atividade econômica em geral".
Tudo isso pesa nas perspectivas globais e completas "a gestão macroeconômica em algumas das principais economias emergentes de rápido crescimento da Ásia e América Latina, que enfrentam alguns riscos de reaquecimento".
"As economias avançadas e emergentes de rápido crescimento podem começar agora a implementar uma política restritiva. Em algumas delas, talvez fosse preferível utilizar a política fiscal ao invés da monetária para conter as pressões da demanda", concluem os especialistas do Fundo.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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