Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Panorama da saúde pública no Brasil

20/05/2011

Agência FAPESP – A revista médica britânica The Lancet publicou uma série de artigos que tratam com detalhes os diversos setores da saúde pública do Brasil. A série, intitulada "A saúde dos brasileiros", faz uma ampla revisão de documentos existentes sobre a saúde e a assistência médica da população e foi publicada em português e em inglês.

Produzido por uma equipe de 29 especialistas brasileiros em saúde pública, o conjunto de artigos descreve a história da assistência médica no Brasil, buscando dar ênfase ao Sistema Único de Saúde (SUS), implantado em 1988.

De acordo com o documento, melhoras significativas ocorreram desde então. "O principal sucesso é o fato de que toda a população pode ter acesso à saúde pública, o que não é comum em países como o Brasil", afirmou o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Cesar Victora.

Os outros acadêmicos que coordenaram a publicação foram o médico epidemiologista e sanitarista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Mauricio Lima Barreto; a médica epidemiologista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Maria Inês Schmidt; e o médico especialista em medicina preventiva, saúde pública e nutrição humana e professor da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Augusto Monteiro.

O documento apresentou alguns dados positivos para o país. Entre eles, a redução significativa da mortalidade causada pela doença de Chagas, esquistossomose, diarreia infantil, cólera e Aids. Porém, avalia que a estratégia de redução de mortalidade ainda precisa ser aprimorada, sobretudo em municípios de pequeno e médio porte.

As campanhas de vacinação também foram avaliadas como muito bem sucedidas, apontando o país como um exemplo nesse aspecto. O estudo também mostrou que o Brasil tem melhorado o controle das doenças infecciosas em geral.

No entanto, o estudo também ressalta dados negativos da saúde pública brasileira, como a falta de controle da dengue e da leishmaniose. Segundo o documento, "o cenário para o controle da dengue não é estimulante".

Outras constatações do estudo foram o alto número de abortos ilegais e a hipermedicalização dos partos, que comprometem a saúde das mães.

O estudo também menciona o avanço da obesidade e das doenças que se relacionam a ela, bem como o alto número de mortes violentas, por crimes ou acidentes.

De acordo com a publicação, ainda é necessário que o governo amplie gastos na área da saúde, melhore a infraestrutura para reduzir a dependência de serviços privados e aumente o controle de propagandas de alimentos infantis, tabaco, açúcar e outros produtos prejudiciais.

O texto sugere a promoção de ações em conjunto com os trabalhadores de saúde, universidades, instituições de pesquisa e formação, setor privado e sociedade civil. Com a participação ativa destes atores, segundo o documento, seria possível estender o direito à saúde para toda a população brasileira.

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