Sale will offer 180,000 carbon credits managed by the Social Carbon Company
SAO PAULO, Feb. 26 /PRNewswire-FirstCall/ -- The Brazilian Securities, Commodities and Futures Exchange - BM&FBOVESPA will hold on 08 April 2010, a voluntary carbon credit market auction. A total amount of 180,000 voluntary carbon units from projects managed by the Social Carbon Company will be auctioned.
The emission reductions were generated from 8 renewable biomass projects administered by the Social Carbon Company in ceramic factories. These plants are located in the Brazilian states of Sao Paulo (Panorama, Pauliceia), Para (Sao Miguel do Guama), Pernambuco (Lajedo, Paudalho), Sergipe (Itabaiana), Minas Gerais (Ituiutaba), and Rio de Janeiro (Itaborai). The projects involve fuel switching to renewable biomass fuels like sugarcane bagasse, acai seeds, and rice husks, among others. The carbon credits have been validated by certified entities authorized by the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC).
The auction will be held in three sessions, with a lot traded per session. The initial bidding prices will be indicated by lots that vary in accordance to the vintages and are priced at BRL 10.00 to BRL 12.00 per unit. The first transaction will occur at 1:00 p.m. (Brazil Time) and will be carried out by BM&FBOVESPA's Carbon Credit Trading System. The financial settlement will be coordinated by Liquidez DTVM brokerage house.
BM&FBOVESPA's Carbon Credit Market
The Brazilian Exchange has previously organized two carbon credit auctions in 2007 and 2008. Both auctions offered Certified Emissions Reductions (CERs), held by the Sao Paulo Municipal Government, and generated by the Bandeirantes and Sao Joao landfill projects.
The objective of BM&FBOVESPA's carbon market is to foment carbon credit trading in Brazil within an organized trading environment. It also provides Brazilian companies an opportunity to sell their GHG emission reduction projects in the country. The Exchange's trading platform offers global participants a secure, transparent, and efficient trading atmosphere with competitive prices.
SOURCE BM&FBOVESPA
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Atual geração pode ter expectativa de vida menor, alerta OMS /// AE-estadao.com
População jovem concentra cada vez mais doenças não-transmissíveis e problemas relacionados à obesidade
OMS adverte que cada vez mais jovens sofrem com doenças como hipertensão e câncer
GENEBRA - A atual geração de crianças "poderia ser a primeira em muitíssimo tempo a ter uma expectativa de vida menos elevada que a de seus pais", advertiu nesta quarta-feira, 24, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
Na abertura da primeira reunião dos participantes da rede mundial contra as doenças não-transmissíveis, Chan lembrou que essas doenças se concentram cada vez mais em pessoas jovens e inclusive em crianças que podem sofrer de hipertensão e alguns tipos de câncer.
A responsável da OMS acrescenta que nada menos que 43 milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de obesidade ou sobrepeso, uma condição que gera riscos para a saúde ao longo de toda a vida e despesas médicas potencialmente elevadas.
Em seu discurso perante representantes de Governos, centros de pesquisa, entidades filantrópicas e empresas que participam da reunião, a diretora da OMS ressaltou que as doenças não-contagiosas foram consideradas próprias típicas de países ricos, o que não se aplica mais na atualidade. Ela disse que esses males estão agora "fortemente concentrados" nos países de renda média e baixa e nos grupos mais pobres dentro deles.
Segundo os dados da OMS, seis em cada dez mortes que ocorrem por dia no mundo se devem a doenças não-contagiosas, das quais é possível se prevenir e para algumas das quais existem tratamentos. Os especialistas asseguram que uma quarta parte das mortes atribuídas a essas doenças poderiam ser evitadas com medidas de prevenção adequadas.
No total, 35 milhões de pessoas morrem por ano por causa dessas doenças, entre elas: problemas de coração, derrames cerebrais, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e distúrbios mentais. Até 80% dessas vítimas se encontra em países em desenvolvimento, onde os quatro grandes fatores de risco (fumo e consumo de álcool, alimentação inadequada e sedentarismo) tendem a aumentar.
O mesmo vale para os fatores biológicos de risco: aumento da pressão arterial, do colesterol, da glicose no sangue e um alto índice de massa corporal (medida calculada em função da estatura e do peso da pessoa).
Essa constatação derruba o mito de que as doenças não-contagiosas afetam principalmente os países ricos.
Paulo Liebert/AE
OMS adverte que cada vez mais jovens sofrem com doenças como hipertensão e câncer
GENEBRA - A atual geração de crianças "poderia ser a primeira em muitíssimo tempo a ter uma expectativa de vida menos elevada que a de seus pais", advertiu nesta quarta-feira, 24, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
Na abertura da primeira reunião dos participantes da rede mundial contra as doenças não-transmissíveis, Chan lembrou que essas doenças se concentram cada vez mais em pessoas jovens e inclusive em crianças que podem sofrer de hipertensão e alguns tipos de câncer.
A responsável da OMS acrescenta que nada menos que 43 milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de obesidade ou sobrepeso, uma condição que gera riscos para a saúde ao longo de toda a vida e despesas médicas potencialmente elevadas.
Em seu discurso perante representantes de Governos, centros de pesquisa, entidades filantrópicas e empresas que participam da reunião, a diretora da OMS ressaltou que as doenças não-contagiosas foram consideradas próprias típicas de países ricos, o que não se aplica mais na atualidade. Ela disse que esses males estão agora "fortemente concentrados" nos países de renda média e baixa e nos grupos mais pobres dentro deles.
Segundo os dados da OMS, seis em cada dez mortes que ocorrem por dia no mundo se devem a doenças não-contagiosas, das quais é possível se prevenir e para algumas das quais existem tratamentos. Os especialistas asseguram que uma quarta parte das mortes atribuídas a essas doenças poderiam ser evitadas com medidas de prevenção adequadas.
No total, 35 milhões de pessoas morrem por ano por causa dessas doenças, entre elas: problemas de coração, derrames cerebrais, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e distúrbios mentais. Até 80% dessas vítimas se encontra em países em desenvolvimento, onde os quatro grandes fatores de risco (fumo e consumo de álcool, alimentação inadequada e sedentarismo) tendem a aumentar.
O mesmo vale para os fatores biológicos de risco: aumento da pressão arterial, do colesterol, da glicose no sangue e um alto índice de massa corporal (medida calculada em função da estatura e do peso da pessoa).
Essa constatação derruba o mito de que as doenças não-contagiosas afetam principalmente os países ricos.
Alimentos bons, limpos e justos. /// IHU
Entrevista com Carlo Petrini
Na opinião de Carlo Petrini vivemos um momento de crise econômica, energética e agrícola e o futuro da alimentação exige mudanças nos hábitos de consumo pois a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu até agora se deve à produção de alimentos
O poder que o consumidor possui simplesmente pelo fato de escolher diariamente o próprio alimento é inacreditável: exercitá-lo com consciência e responsabilidade e um dever, um ato de civilidade, em relação a si próprios, às próprias famílias, às próprias comunidades e aos próprios povos”; afirma Carlo Petrini, presidente do movimento Slow Food.
Na entrevista abaixo, ele considera que "estamos vivendo tempos muito difíceis" e que "é necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo”: Afirma ainda que "o bom, o limpo e o justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder a exigências de nós, ecogastrônomos" e que a principal via pela qual realiza "um percurso em relação ao bom, Iimpo e justo é aquela da economia para o re-posicionamento dos consumos e das produções agrícolas”.
Carlo Petrini é italiano, estudou sociologia na Universidade de Trento e logo se envolveu com a política local e com o trabalho associativo. Entre suas muitas criações está a Universidade de Ciências Gastronômicas, em Pollenzo e Colorno, a primeira instituição acadêmica a oferecer um acesso multidisciplinar nos estudos da alimentação; e ele também que está por trás do Terra Madre, fabuloso encontro de 5.000 produtores de todo o mundo, ocorrido em Turim, para discutir problemas comuns e suas possíveis soluções.
O seu último trabalho Buono, Pulito e Giusto. Principi di uma Nuova Gastronomia (Bom, Limpo e Justo. Princípio de uma Nova Gastronomia) foi publicado em 2005 pela editora Einaudi e em 2009 foi traduzido para o português pela Editora SENAC de São Paulo (Brasil) com o título "Slow Food, princípios da nova gastronomia”. No livro, Petrini descreve o desenvolvimento da teoria da "ecogastronomia". O livro também foi traduzido para o inglês, francês, espanhol, alemão e polonês. Em 2001, seu Iivro Le ragioni del gusto (As razões do gosto) foi publicado pela Laterza e em 2003 foi traduzido para o inglês como The Case for Taste pela Columbia University Press. Em janeiro de 2008 foi o único italiano a aparecer na Iista das '50 People Who Could Save the World' (50 pessoas que poderiam salvar a mundo) realizada pelo prestigiado jornal Inglês The Guardian.
A entrevista é da revista Camponesa. Revista da Associação de Apoio às Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte - AACC/RN, ano 1, no. 1, novembro de 2009.
Eis a entrevista.
O que é o movimento Slow Food? Como surgiu?
Na metade dos anos 80, o frenesi consumista tinha invadido totalmente a Itália, de tal forma que se estava perdendo o contato com a terra, as tradições, as próprias receitas, em poucas palavras, as raízes da identidade de cada um de nós. Quisemos iniciar da mesa, do alimento não visto simplesmente como nutrimento, mas como elemento de prazer decorrente da possibilidade de apreciar as diversas receitas e sabores, reconhecer as variedades dos locais de produção e dos artesãos, respeitar os ritmos das estações e a convivência. Hoje estamos convencidos da necessidade de associar um novo sentido de sensibilidade ao prazer e à reivindicação do direito de todos a beneficiar-se deste prazer: uma atitude que chamamos de ecogastronomia, capaz de unir o respeito e o estudo da cultura enogastronômica sustentando aqueles que atuam em todo o mundo para defender a biodiversidade agroalimentar. Partimos de 1986 do Piemonte, na Itália, para nos tornarmos em 1989 uma associação internacional que conta hoje com 100 mil sócios em 130 países.
Como tem sido a aceitação no Brasil e, ern particular, no Nordeste?
O Brasil - um pais que possui uma extraordinária biodiversidade agrícola, gastronômica, cultural e lingüística - há diversos anos tornou-se um interlocutor fundamental do Slow Food. Em 2003 o Prêmio Slow Food para a Biodiversidade foi concedido à tribo indígena Krahô, na Amazônia nasceu uma das primeiras Fortalezas internacionais (o Guaraná Nativo dos Sateré-Mawé) e em 2004 o Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil assinou um acordo que oficializou uma longa relação de amizade e colaboração. Mas o grande desafio do Slow Food no Brasil é a mobilização de todos os setores da sociedade, e temos conseguido superar este desafio com a criação de novos Convivia, os núcleos locais de sócios, e o envolvimento cada vez maior de chefs, jovens e acadêmicos que juntos poderão permitir a inserção do pequeno produtor na própria comunidade. Hoje temos no Brasil cerca de 600 sócios e este numero vem crescendo exponen¬cialmente. No Nordeste, temos importantes projetos para a defesa da sua biodiversidade ambiental e cultural, como a Fortalezas do Arroz Vermelho do Vale do Piancó na Paraíba e do Umbu no sertão baiano. Chefs de Fortaleza e Salvador estão se unindo a acadêmicos do Maranhão e sócios espalhados ao longo de estados do Nordeste brasileiro promovendo uma área com uma riqueza ainda pouco reconhecida e valorizada.
Na visão do movimento Slow Food, qual o futuro da alimentação?
Estamos vivendo tempos muito difíceis, a crise que estamos atravessando é ao mesmo tempo econômica, energética e agrícola. Não podemos considerá-la e enfrentá-la como se fosse um momento de passagem. E necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo. É muito recente a notícia do Global Footprint Network1 de que o overshoot day2 aconteceu no dia 25 setembro, ou seja, o dia que teremos terminado de consumir as reservas que a natureza nos disponibilizou para o ano em curso. A cada ano, o dia no qual entramos em débito ecológico e de excesso de consumo antecipa-se no calendário. Em 1986, ano do primeiro alarme, o overshoot aconteceu em 31 de dezembro. Em 1995 a falência ecológica aconteceu no dia 21 de novembro. Dez anos depois as contas com a natureza entraram no vermelho já no dia 2 de outubro. Agora retrocedemos ate o dia 25 de setembro: consumimos 40% a mais do que a terra pode gerar. Em 2050, se a crise energética não nos tiver obrigado a adotar a sabedoria ecológica para manter as contas em paridade, teremos necessidade de um planeta gêmeo para usar como supermercado e retirar as matérias-primas, água, florestas e energia.
Se pensarmos ainda que a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu ate agora se deve à produção de alimento, como se nota no relatório da ONU Millennium Ecosystem Assesment3, entendemos que a forma como nos relacionamos com a gastronomia e central para o nosso futuro.
Comer torna-se um "ato agrário”, e selecionando alimentos de boa qualidade, produtos com critérios de respeito pelo ambiente e pelas tradições locais, podemos favorecer a biodiversidade e uma agricultura igualitária e sustentável. Bom, Iimpo e justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder às exigências de nós, eco-gastrônomos. Bom, relaciona-se com as sensações de prazer derivadas das qualidades sensoriais de um alimento, mas também à complexa esfera de sentimentos, recorda¬ções e aspectos determinantes de identidade, decorrentes do valor afetivo do alimento; limpo, ou seja, produzido sem estressar a terra, respeitando os ecossistemas e o ambiente; justo, que quer dizer conforme com os conceitos de justiça social nos ambientes de produção e de comercialização.
Como se vinculam os conceitos de soberania alimentar e economia solidaria? De que forma o movimento Slow Food se relaciona com eles?
A principal via pela qual realizar um percurso em relação ao bom, limpo e justo é aquela da economia para o re-posicionamento dos consumos e das produções agrícolas. A economia de mercado, assim como a conhecemos e como está organizada graças também às dinâmicas da globalização, está revelando enormes limites econômicos. Seja do ponto de vista da sustentabilidade das suas atividades, seja por seu modo de gerar riqueza. Os seus maiores expoentes são conscientes que "anti-ecologia" começa evidenciar-se cada vez mais como uma "anti-economia”.
Em um quadro deste tipo - cujas causas devem ser identificadas também nas mudanças que sofreram o sistema agrícola mundial, na industrialização, na centralização dos sistemas produtivos agroalimentares - as comunidades do alimento representam um exemplo brilhante do que poderia significar pronunciar as palavras "economia local" ou "economia da natureza".
Trata-se de pequenos produtores, criadores, pescadores, coletores de produtos silvestres, artesãos do mundo agroalimentar que a cada dois anos apresentam os seus trabalhos em nível local na grande sede mundial de Terra Madre4, em Turim (www.terramadre.org). As comunidades do alimento geralmente atual na cadeia curta, ou em cadeias longas altamente sustentáveis e baseadas no conhecimento recíproco dos envolvidos. A comunidade é o local, o contexto, no qual pode-se realizar o conceito de "adaptação local" que teorizou Wendell Berry5. É necessário pressionar o quanto for possível para re-posicionar produções e consumos, vida social e tradições sem renunciar ao comércio e à troca que nos garantem a rede, mas fortalecendo as comunidades locais e as suas características de funcionamento.
Qual o papel do consumidor na promoção de uma cultura do gosto e da convivência?
A esfera sensorial do homem contemporâneo claramente empobreceu. O tato, o gosto e o odor sofreram uma profunda regressão. O tempo cada vez mais escasso e a velocidade das nossas vidas nos estão privan¬do dos instrumentos que nos podem consentir um conhecimento mais profundo, variado e autêntico do mundo que está à nossa volta. Por isso, treinar novamente os nossos sentidos e aguçar a percepção, são os principais instrumentos que pequenos e grandes consumidores devem possuir para se re-apropriar da própria capacidade de decidir com qual ali¬mento nutrir-se. Destas considerações, nasce o projeto de Educação do Gosto, destinado a educar as crianças para desenvolver a sensorialidade, fazendo-as compreender a importância dos produtos alimentares como parte integrante da cultura das sociedades.
Com relação ao grande público, a melhor ideia foi sem dúvida a dos Laboratórios do Gosto, que recolhem exigências do consumidor contemporâneo: o desejo do contato direto, da prova em uma degustação guiada, enfim, a recuperação da sensorialidade; a aproximação do alimento como diversão e ato gratificante mais do que necessidade ou obrigação nutricional; o suprimento da curiosidade em relação aos alimentos, às vezes rara e preciosa, unido à gratificação intelectual de conhecer a história e a particularidade.
Para garantir alimentos bons, limpos e justos, o consumidor deve começar a se sentir co-produtor. O tempo do consumidor terminou: ele literalmente consome o mundo e é figura chave da sociedade baseada na economia de mercado resultando, para sua infelicidade, em ser o cúmplice principal do massacre que a terra esta sofrendo. Educando-nos, conhecendo os produtos, os próprios produtores, as técnicas para alimentar-se melhor e poluir menos, o co-produtor, inserido em sua comunidade, torna-se concretamente e individualmente o motor de uma verdadeira mudança. O poder que o consumidor possui simplesmente pelo fato de escolher diariamente o próprio alimento e inacreditável: exercitá-lo com consciência e responsabilidade é um dever, um ato de civilidade, em relação a si próprios, às próprias famílias, às próprias comunidades e aos próprios povos.
Há quem diga que as raízes da fome e da desnutrição no Brasil associam-se a duas dimensões interdependentes de uma mesma crise de nosso modelo de desenvolvimento: baixo poder aquisitivo da população e insuficiência de produção de alimentos para o consumo interno. À luz da experiência do movimento Slow Food, como enfrentar essas questões?
O respeito pelo meio ambiente, a tutela dos territórios, a pureza das águas, a defesa das variedades vegetais e das raças animais estão na base do nosso futuro-produtivo se quisermos frear as mudanças climáticas. As notícias que nos chegam são, no entanto muito mais preocupantes e, sobretudo, relacionam-se menos com este simples compartimento mas com a modalidade abrangente de produção e de fluidez das reservas. Deve-se então não reiniciar como se nada acontecesse, não insistir no relançamento de consumos que não podem ser a solução para esta crise. É necessário repensar o modelo de produção que todos nós escolhemos e que acreditamos ser único e indiscutível e ter a coragem de confiar novamente nas economias de pequena escala, as únicas em condição de dar uma resposta eficaz e radical à situação atual, as únicas em condição de serem auto-suficientes porque mantêm uma estreita relação com a própria terra, as próprias tradições, os próprios alimentos.
Como as pessoas podem participar do movimento Slow Food?
Slow Food é uma associação, então o primeiro passo é tornar-se sócio, desta forma cada um pode participar das iniciativas do próprio Convivium, os grupos locais nos quais a associação está organizada em todo o mundo. Conferências, laboratórios, degustações, atividades de educação do gosto para crianças e adultos e, sobretudo a possibilidade de ir a fundo nos argumentos ligados ao alimento ''que hoje se encontram nos discursos de todo o mundo mas somente em nível superficial, sem aprofundamento. No entanto, o movimento de ideias que lançamos não se limita somente à estrutura associativa, com Terra Madre nasceu uma rede mundial de pessoas que valorizam a diversidade do nosso planeta e que atuam para preservá-lo, para nós e para as gerações futuras. No dia 10 de dezembro (de 2009), para celebrar os 20 anos do nascimento do Slow Food, uma grande jornada de mobilização acontecerá em todo o mundo envolvendo sócios e Iíderes de todos os convivia, pequenos produtores, criadores e pescadores de todas as comunidades do alimento e das Fortalezas, professores e estudantes de hortas escolares. Cada um poderá promover o tema central da filosofia do Slow Food: o acesso a um alimento bom, limpo e justo; a biodiversidade; a produção em pequena escala; a so¬berania alimentar; o conhecimento das Iínguas, das culturas e das tradições; a produção que respeita o meio ambiente; o comércio équo e sustentável. Em programa haverá pequenos encontros e grandes eventos: degustações e jantares, filmes e concertos que ressaltam a im¬portância de um alimento bom, limpo e justo; visita a produtores de Terra Madre, campanhas de sensibilização, atividades de educação ali¬mentar e do gosto; encontros entre produtores, cozinheiros, jovens e outros.
Notas:
1. A Global Footprint Network foi criada em 2003 e dedica-se a estimular o surgimento de um mundo no qual todas as pessoas tenham oportunidade de viver satisfeitas, dentro das possibilidades da capacidade ecológica da Terra. É responsável pela “Pegada Ecológica”, que mede o grau em que as demandas ecológicas das economias humanas respeitam ou ultrapassam a capacidade da biosfera de fornecer bens e serviços.
2. Uma semana após o estouro da bolha econômico-financeira no dia 23 de setembro, ocorreu o assim chamado Earth Overshoot Day, quer dizer, “o dia da ultrapassagem da Terra". Grandes institutos que acompanham sistematicamente o estado da Terra anunciaram: a partir deste dia o consumo da humanidade, em 2008, ultrapassou em 40% a capacidade de suporte e regeneração do sistema-Terra. Ou seja, a humanidade esta consumindo um planeta inteiro e mais 40% dele que não existe.
3. O Millennium Ecosystem Assessment (Avaliação do Milênio de Ecossistemas, MA) foi pensado para fornecer parte da informação científica necessária para a implementação da Convenção da Diversidade Biológica, da Concenção do Combate à Desertificação e da Convenção das Áreas Húmidas. O MA foi lançado a nível mundial pelo Secretário Geral das Nações Unidas em Junho de 2001. É uma avaliação multi-escala, consistindo em avaliações interligadas aos níveis global, sub-global e local. Existem cerca de 15 avaliações sub-globais aprovadas, entre as quais as da Noruega, do Sul de África, da America Central e da China. A Avaliação Portuguesa foi iniciada em Maio passado e irá decorrer até meados de 2005. É liderada pelo Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
4. A rede Terra Madre é constituída por todos aqueles que querem agir para preservar, encorajar e promover métodos de produção alirnentar sustentáveis, em harmonia com a natureza, a paisagem e a tradição.
5. Wendell Berry e um ensaísta americano, autor de Iivros como Know That What You Eat You Are ("Saiba que o que Você Come, Você É) e Life is a Miracle ("A Vida é um Milagre").
Link para o site IHU: http://www.ihu.unisinos.br/index.php
Na opinião de Carlo Petrini vivemos um momento de crise econômica, energética e agrícola e o futuro da alimentação exige mudanças nos hábitos de consumo pois a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu até agora se deve à produção de alimentos
O poder que o consumidor possui simplesmente pelo fato de escolher diariamente o próprio alimento é inacreditável: exercitá-lo com consciência e responsabilidade e um dever, um ato de civilidade, em relação a si próprios, às próprias famílias, às próprias comunidades e aos próprios povos”; afirma Carlo Petrini, presidente do movimento Slow Food.
Na entrevista abaixo, ele considera que "estamos vivendo tempos muito difíceis" e que "é necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo”: Afirma ainda que "o bom, o limpo e o justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder a exigências de nós, ecogastrônomos" e que a principal via pela qual realiza "um percurso em relação ao bom, Iimpo e justo é aquela da economia para o re-posicionamento dos consumos e das produções agrícolas”.
Carlo Petrini é italiano, estudou sociologia na Universidade de Trento e logo se envolveu com a política local e com o trabalho associativo. Entre suas muitas criações está a Universidade de Ciências Gastronômicas, em Pollenzo e Colorno, a primeira instituição acadêmica a oferecer um acesso multidisciplinar nos estudos da alimentação; e ele também que está por trás do Terra Madre, fabuloso encontro de 5.000 produtores de todo o mundo, ocorrido em Turim, para discutir problemas comuns e suas possíveis soluções.
O seu último trabalho Buono, Pulito e Giusto. Principi di uma Nuova Gastronomia (Bom, Limpo e Justo. Princípio de uma Nova Gastronomia) foi publicado em 2005 pela editora Einaudi e em 2009 foi traduzido para o português pela Editora SENAC de São Paulo (Brasil) com o título "Slow Food, princípios da nova gastronomia”. No livro, Petrini descreve o desenvolvimento da teoria da "ecogastronomia". O livro também foi traduzido para o inglês, francês, espanhol, alemão e polonês. Em 2001, seu Iivro Le ragioni del gusto (As razões do gosto) foi publicado pela Laterza e em 2003 foi traduzido para o inglês como The Case for Taste pela Columbia University Press. Em janeiro de 2008 foi o único italiano a aparecer na Iista das '50 People Who Could Save the World' (50 pessoas que poderiam salvar a mundo) realizada pelo prestigiado jornal Inglês The Guardian.
A entrevista é da revista Camponesa. Revista da Associação de Apoio às Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte - AACC/RN, ano 1, no. 1, novembro de 2009.
Eis a entrevista.
O que é o movimento Slow Food? Como surgiu?
Na metade dos anos 80, o frenesi consumista tinha invadido totalmente a Itália, de tal forma que se estava perdendo o contato com a terra, as tradições, as próprias receitas, em poucas palavras, as raízes da identidade de cada um de nós. Quisemos iniciar da mesa, do alimento não visto simplesmente como nutrimento, mas como elemento de prazer decorrente da possibilidade de apreciar as diversas receitas e sabores, reconhecer as variedades dos locais de produção e dos artesãos, respeitar os ritmos das estações e a convivência. Hoje estamos convencidos da necessidade de associar um novo sentido de sensibilidade ao prazer e à reivindicação do direito de todos a beneficiar-se deste prazer: uma atitude que chamamos de ecogastronomia, capaz de unir o respeito e o estudo da cultura enogastronômica sustentando aqueles que atuam em todo o mundo para defender a biodiversidade agroalimentar. Partimos de 1986 do Piemonte, na Itália, para nos tornarmos em 1989 uma associação internacional que conta hoje com 100 mil sócios em 130 países.
Como tem sido a aceitação no Brasil e, ern particular, no Nordeste?
O Brasil - um pais que possui uma extraordinária biodiversidade agrícola, gastronômica, cultural e lingüística - há diversos anos tornou-se um interlocutor fundamental do Slow Food. Em 2003 o Prêmio Slow Food para a Biodiversidade foi concedido à tribo indígena Krahô, na Amazônia nasceu uma das primeiras Fortalezas internacionais (o Guaraná Nativo dos Sateré-Mawé) e em 2004 o Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil assinou um acordo que oficializou uma longa relação de amizade e colaboração. Mas o grande desafio do Slow Food no Brasil é a mobilização de todos os setores da sociedade, e temos conseguido superar este desafio com a criação de novos Convivia, os núcleos locais de sócios, e o envolvimento cada vez maior de chefs, jovens e acadêmicos que juntos poderão permitir a inserção do pequeno produtor na própria comunidade. Hoje temos no Brasil cerca de 600 sócios e este numero vem crescendo exponen¬cialmente. No Nordeste, temos importantes projetos para a defesa da sua biodiversidade ambiental e cultural, como a Fortalezas do Arroz Vermelho do Vale do Piancó na Paraíba e do Umbu no sertão baiano. Chefs de Fortaleza e Salvador estão se unindo a acadêmicos do Maranhão e sócios espalhados ao longo de estados do Nordeste brasileiro promovendo uma área com uma riqueza ainda pouco reconhecida e valorizada.
Na visão do movimento Slow Food, qual o futuro da alimentação?
Estamos vivendo tempos muito difíceis, a crise que estamos atravessando é ao mesmo tempo econômica, energética e agrícola. Não podemos considerá-la e enfrentá-la como se fosse um momento de passagem. E necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo. É muito recente a notícia do Global Footprint Network1 de que o overshoot day2 aconteceu no dia 25 setembro, ou seja, o dia que teremos terminado de consumir as reservas que a natureza nos disponibilizou para o ano em curso. A cada ano, o dia no qual entramos em débito ecológico e de excesso de consumo antecipa-se no calendário. Em 1986, ano do primeiro alarme, o overshoot aconteceu em 31 de dezembro. Em 1995 a falência ecológica aconteceu no dia 21 de novembro. Dez anos depois as contas com a natureza entraram no vermelho já no dia 2 de outubro. Agora retrocedemos ate o dia 25 de setembro: consumimos 40% a mais do que a terra pode gerar. Em 2050, se a crise energética não nos tiver obrigado a adotar a sabedoria ecológica para manter as contas em paridade, teremos necessidade de um planeta gêmeo para usar como supermercado e retirar as matérias-primas, água, florestas e energia.
Se pensarmos ainda que a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu ate agora se deve à produção de alimento, como se nota no relatório da ONU Millennium Ecosystem Assesment3, entendemos que a forma como nos relacionamos com a gastronomia e central para o nosso futuro.
Comer torna-se um "ato agrário”, e selecionando alimentos de boa qualidade, produtos com critérios de respeito pelo ambiente e pelas tradições locais, podemos favorecer a biodiversidade e uma agricultura igualitária e sustentável. Bom, Iimpo e justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder às exigências de nós, eco-gastrônomos. Bom, relaciona-se com as sensações de prazer derivadas das qualidades sensoriais de um alimento, mas também à complexa esfera de sentimentos, recorda¬ções e aspectos determinantes de identidade, decorrentes do valor afetivo do alimento; limpo, ou seja, produzido sem estressar a terra, respeitando os ecossistemas e o ambiente; justo, que quer dizer conforme com os conceitos de justiça social nos ambientes de produção e de comercialização.
Como se vinculam os conceitos de soberania alimentar e economia solidaria? De que forma o movimento Slow Food se relaciona com eles?
A principal via pela qual realizar um percurso em relação ao bom, limpo e justo é aquela da economia para o re-posicionamento dos consumos e das produções agrícolas. A economia de mercado, assim como a conhecemos e como está organizada graças também às dinâmicas da globalização, está revelando enormes limites econômicos. Seja do ponto de vista da sustentabilidade das suas atividades, seja por seu modo de gerar riqueza. Os seus maiores expoentes são conscientes que "anti-ecologia" começa evidenciar-se cada vez mais como uma "anti-economia”.
Em um quadro deste tipo - cujas causas devem ser identificadas também nas mudanças que sofreram o sistema agrícola mundial, na industrialização, na centralização dos sistemas produtivos agroalimentares - as comunidades do alimento representam um exemplo brilhante do que poderia significar pronunciar as palavras "economia local" ou "economia da natureza".
Trata-se de pequenos produtores, criadores, pescadores, coletores de produtos silvestres, artesãos do mundo agroalimentar que a cada dois anos apresentam os seus trabalhos em nível local na grande sede mundial de Terra Madre4, em Turim (www.terramadre.org). As comunidades do alimento geralmente atual na cadeia curta, ou em cadeias longas altamente sustentáveis e baseadas no conhecimento recíproco dos envolvidos. A comunidade é o local, o contexto, no qual pode-se realizar o conceito de "adaptação local" que teorizou Wendell Berry5. É necessário pressionar o quanto for possível para re-posicionar produções e consumos, vida social e tradições sem renunciar ao comércio e à troca que nos garantem a rede, mas fortalecendo as comunidades locais e as suas características de funcionamento.
Qual o papel do consumidor na promoção de uma cultura do gosto e da convivência?
A esfera sensorial do homem contemporâneo claramente empobreceu. O tato, o gosto e o odor sofreram uma profunda regressão. O tempo cada vez mais escasso e a velocidade das nossas vidas nos estão privan¬do dos instrumentos que nos podem consentir um conhecimento mais profundo, variado e autêntico do mundo que está à nossa volta. Por isso, treinar novamente os nossos sentidos e aguçar a percepção, são os principais instrumentos que pequenos e grandes consumidores devem possuir para se re-apropriar da própria capacidade de decidir com qual ali¬mento nutrir-se. Destas considerações, nasce o projeto de Educação do Gosto, destinado a educar as crianças para desenvolver a sensorialidade, fazendo-as compreender a importância dos produtos alimentares como parte integrante da cultura das sociedades.
Com relação ao grande público, a melhor ideia foi sem dúvida a dos Laboratórios do Gosto, que recolhem exigências do consumidor contemporâneo: o desejo do contato direto, da prova em uma degustação guiada, enfim, a recuperação da sensorialidade; a aproximação do alimento como diversão e ato gratificante mais do que necessidade ou obrigação nutricional; o suprimento da curiosidade em relação aos alimentos, às vezes rara e preciosa, unido à gratificação intelectual de conhecer a história e a particularidade.
Para garantir alimentos bons, limpos e justos, o consumidor deve começar a se sentir co-produtor. O tempo do consumidor terminou: ele literalmente consome o mundo e é figura chave da sociedade baseada na economia de mercado resultando, para sua infelicidade, em ser o cúmplice principal do massacre que a terra esta sofrendo. Educando-nos, conhecendo os produtos, os próprios produtores, as técnicas para alimentar-se melhor e poluir menos, o co-produtor, inserido em sua comunidade, torna-se concretamente e individualmente o motor de uma verdadeira mudança. O poder que o consumidor possui simplesmente pelo fato de escolher diariamente o próprio alimento e inacreditável: exercitá-lo com consciência e responsabilidade é um dever, um ato de civilidade, em relação a si próprios, às próprias famílias, às próprias comunidades e aos próprios povos.
Há quem diga que as raízes da fome e da desnutrição no Brasil associam-se a duas dimensões interdependentes de uma mesma crise de nosso modelo de desenvolvimento: baixo poder aquisitivo da população e insuficiência de produção de alimentos para o consumo interno. À luz da experiência do movimento Slow Food, como enfrentar essas questões?
O respeito pelo meio ambiente, a tutela dos territórios, a pureza das águas, a defesa das variedades vegetais e das raças animais estão na base do nosso futuro-produtivo se quisermos frear as mudanças climáticas. As notícias que nos chegam são, no entanto muito mais preocupantes e, sobretudo, relacionam-se menos com este simples compartimento mas com a modalidade abrangente de produção e de fluidez das reservas. Deve-se então não reiniciar como se nada acontecesse, não insistir no relançamento de consumos que não podem ser a solução para esta crise. É necessário repensar o modelo de produção que todos nós escolhemos e que acreditamos ser único e indiscutível e ter a coragem de confiar novamente nas economias de pequena escala, as únicas em condição de dar uma resposta eficaz e radical à situação atual, as únicas em condição de serem auto-suficientes porque mantêm uma estreita relação com a própria terra, as próprias tradições, os próprios alimentos.
Como as pessoas podem participar do movimento Slow Food?
Slow Food é uma associação, então o primeiro passo é tornar-se sócio, desta forma cada um pode participar das iniciativas do próprio Convivium, os grupos locais nos quais a associação está organizada em todo o mundo. Conferências, laboratórios, degustações, atividades de educação do gosto para crianças e adultos e, sobretudo a possibilidade de ir a fundo nos argumentos ligados ao alimento ''que hoje se encontram nos discursos de todo o mundo mas somente em nível superficial, sem aprofundamento. No entanto, o movimento de ideias que lançamos não se limita somente à estrutura associativa, com Terra Madre nasceu uma rede mundial de pessoas que valorizam a diversidade do nosso planeta e que atuam para preservá-lo, para nós e para as gerações futuras. No dia 10 de dezembro (de 2009), para celebrar os 20 anos do nascimento do Slow Food, uma grande jornada de mobilização acontecerá em todo o mundo envolvendo sócios e Iíderes de todos os convivia, pequenos produtores, criadores e pescadores de todas as comunidades do alimento e das Fortalezas, professores e estudantes de hortas escolares. Cada um poderá promover o tema central da filosofia do Slow Food: o acesso a um alimento bom, limpo e justo; a biodiversidade; a produção em pequena escala; a so¬berania alimentar; o conhecimento das Iínguas, das culturas e das tradições; a produção que respeita o meio ambiente; o comércio équo e sustentável. Em programa haverá pequenos encontros e grandes eventos: degustações e jantares, filmes e concertos que ressaltam a im¬portância de um alimento bom, limpo e justo; visita a produtores de Terra Madre, campanhas de sensibilização, atividades de educação ali¬mentar e do gosto; encontros entre produtores, cozinheiros, jovens e outros.
Notas:
1. A Global Footprint Network foi criada em 2003 e dedica-se a estimular o surgimento de um mundo no qual todas as pessoas tenham oportunidade de viver satisfeitas, dentro das possibilidades da capacidade ecológica da Terra. É responsável pela “Pegada Ecológica”, que mede o grau em que as demandas ecológicas das economias humanas respeitam ou ultrapassam a capacidade da biosfera de fornecer bens e serviços.
2. Uma semana após o estouro da bolha econômico-financeira no dia 23 de setembro, ocorreu o assim chamado Earth Overshoot Day, quer dizer, “o dia da ultrapassagem da Terra". Grandes institutos que acompanham sistematicamente o estado da Terra anunciaram: a partir deste dia o consumo da humanidade, em 2008, ultrapassou em 40% a capacidade de suporte e regeneração do sistema-Terra. Ou seja, a humanidade esta consumindo um planeta inteiro e mais 40% dele que não existe.
3. O Millennium Ecosystem Assessment (Avaliação do Milênio de Ecossistemas, MA) foi pensado para fornecer parte da informação científica necessária para a implementação da Convenção da Diversidade Biológica, da Concenção do Combate à Desertificação e da Convenção das Áreas Húmidas. O MA foi lançado a nível mundial pelo Secretário Geral das Nações Unidas em Junho de 2001. É uma avaliação multi-escala, consistindo em avaliações interligadas aos níveis global, sub-global e local. Existem cerca de 15 avaliações sub-globais aprovadas, entre as quais as da Noruega, do Sul de África, da America Central e da China. A Avaliação Portuguesa foi iniciada em Maio passado e irá decorrer até meados de 2005. É liderada pelo Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
4. A rede Terra Madre é constituída por todos aqueles que querem agir para preservar, encorajar e promover métodos de produção alirnentar sustentáveis, em harmonia com a natureza, a paisagem e a tradição.
5. Wendell Berry e um ensaísta americano, autor de Iivros como Know That What You Eat You Are ("Saiba que o que Você Come, Você É) e Life is a Miracle ("A Vida é um Milagre").
Link para o site IHU: http://www.ihu.unisinos.br/index.php
Economia, tecnologia e movimentos sociais /// IHU
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em
2/26/2010 06:41:00 AM
Marcadores:
comunicação,
consumo emeio ambiente.educação economica,
ética;movimentows sociais,
propriedade intelectual,
sociedade da informação,
sociedade digital
Entrevista especial com Luciano Sathler
“A técnica sempre está a serviço de uma ética, e precisamos impor à técnica atual uma ética humanista, para que possamos ter um mundo diferente”, opina o professor.
Confira a entrevista.
Nesta entrevista, concedida pelo professor Luciano Sathler à IHU On-Line, por telefone, a economia e os objetivos dos movimentos sociais são analisados a partir da perspectiva do desenvolvimento das tecnologias. Assim, o entrevistado diz que os movimentos sociais precisam “adotar a web 2.0 de maneira mais intensa” e, para isso, capacitar-se “para entender os problemas da questão dos direitos de propriedade intelectual”. “É hora de aproveitarmos as brechas que a Internet possibilita para enfrentarmos, especialmente, as chamadas indústrias da comunicação”, afirma.
Luciano Sathler é publicitário formado na PUC-Minas, com mestrado e doutorado em Administração, pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor no Grupo Anhanguera Educacional e na Universidade Metodista de São Paulo. É também vice-presidente, na América Latina, da World Association for Christian Communication. Durante o Mutirão da Comunicação, que aconteceu no início do mês, Luciano apresentou a palestra Economia e Comunicação na Era Digital.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como devemos pensar a economia a partir desta era cada vez mais digital?
Luciano Sathler – Na verdade, estamos vivendo na sociedade da informação. Quem tem o poder nesta sociedade é quem domina as tecnologias de informação e comunicação, desde a produção e inovação, até o uso de tecnologias. O poder também está naqueles que são capazes de produzir conteúdo relevante e bem avaliado pelo mercado, e tecnologias que extrapolam a tecnologia da informação e comunicação. Uma das características da sociedade da informação é que a digitalização ultrapassa fronteiras. Temos a digitalização para as questões de biotecnologia, nanotecnologia e robótica, na própria produção das fábricas, nos serviços financeiros, etc. Ou seja, todas as áreas produtivas da nossa sociedade passam a ter que, obrigatoriamente, buscar um diferencial a partir da tecnologia.
Quando falamos de poder, há uma convergência do poder econômico, político e simbólico. Isso tende a "Não existe técnica amoral ou neutra"
convergir nos diferentes tempos da sociedade humana. Hoje, a convergência desses poderes está em poucas mãos, que dominam a questão da tecnologia. Então, o que temos que pensar, em termos de economia e de poder, é que, se queremos uma sociedade mais inclusiva e democrática, e não apenas em termos eleitorais, mas no que diz respeito aos direitos humanos de forma geral, precisamos que a população aprenda, primeiro, a dominar a tecnologia, especialmente o que chamamos de digitalização, e isso significa um domínio da técnica, para que possamos impor valores ético-humanistas cristãos a ela. Não existe técnica amoral ou neutra. A técnica sempre está a serviço de uma ética, e precisamos impor à técnica atual uma ética humanista e cristã, para que possamos ter um mundo diferente.
IHU On-Line – Você já afirmou que digital é convergir. A economia já assimilou essa lógica da convergência?
Luciano Sathler – Sim, a economia já assimilou isso. Atualmente, são raríssimas as empresas que podem sobreviver sem o suporte da informática. Quando falamos de digital, estamos agregando questões da informática, de seu domínio e de qual conteúdo irá compor esse digital. Temos conteúdo de entretenimento, comerciais, militares, entre outros. A economia já é digitalmente convergente nesse sentido. A questão é que nós, dos movimentos populares, ainda não nos preparamos adequadamente para enfrentar essa convergência.
IHU On-Line – Como e quando essa preparação irá acontecer?
Luciano Sathler – Existem diversas formas de atuar. Falo nós, especificamente, enquanto movimentos sociais e de igrejas, que buscam uma transformação do mundo. Assim, precisamos, primeiro, entender uma nova forma de atuação política. Temos que entrar mais firmes na discussão de questões relacionadas à ciência e à tecnologia. Temos que entrar com maior clareza em questões relacionadas à inovação. Temos que entrar com maior competência na luta pela educação e capacitação profissional mais adequada no nosso país. E precisamos entender que a cidadania passa, obrigatoriamente, pela busca da emancipação científica e tecnológica. Isso que temos hoje não é mais o suficiente.
Se lemos Norberto Bobbio [1], percebemos que a máquina do poder, tanto governamental quanto "Temos que aprender a usar a comunicação para chegar no povo verdadeiramente, não nos mesmos de sempre"
econômica, tende a deixar as pessoas falarem para não prestarem atenção. Quais são os fóruns que realmente fazem diferença? Temos que aprender a fazer lobby no Congresso. Temos que aprender a usar a comunicação para chegar no povo verdadeiramente, não nos mesmos de sempre. E precisamos ser capazes de entender que, se o nosso cidadão não estiver educado e capacitado para uma emancipação científica e tecnológica, sempre estaremos em uma posição de dependência dos países ricos.
IHU On-Line – De que forma precisamos, então, nos reorganizar?
Luciano Sathler – Precisamos mudar nossa forma de protestar. Precisamos adotar a web 2.0 de maneira mais intensa e nos capacitar para entender os problemas da questão dos direitos de propriedade intelectual. Além disso, é hora de aproveitarmos as brechas que a Internet possibilita para enfrentarmos, especialmente, as chamadas indústrias da comunicação. É conveniente fazer circular um discurso alternativo e que seja compreendido pela população.
IHU On-Line – Que mudanças no ambiente informacional se destacam no que diz respeito ao desenvolvimento dos mercados e governos latino-americanos?
Luciano Sathler – No ambiente informacional, a grande mudança que o mundo inteiro está sentindo é a quebra da cadeia básica de valor nos mercados de conteúdo criativo. Antes da Internet, alguém criava um conteúdo e um outro publicava, já o varejista vendia esse conteúdo e aí vinha o consumidor informacional. Havia, portanto, os intermediários entre uma etapa e outra. A grande revolução que está acontecendo, e isso afeta todos os setores, tanto de educação e de entretenimento, quanto de governos, é que a Internet permite quebrar essa cadeia na medida em que possibilita ao criador de conteúdo falar diretamente com o consumidor, sem nenhum atravessador. Essa é a revolução que vivemos hoje e sobre a qual as empresas e governos já estão se reposicionando. Portanto, nós, enquanto movimentos sociais e igrejas, temos que assumir uma posição de vanguarda para usarmos bem essa possibilidade.
IHU On-Line – Quais os principais paradigmas da produção descentralizada e não-comercial para a economia atual?
Luciano Sathler – As chamadas rede colaborativas permitem essa produção descentralizada, segundo Benkler [2] radicalmente descentralizada, da informação. E o que mais cresce hoje é a produção descentralizada da informação sem fins comerciais. Para que isso seja promovido por nossas organizações, temos que ter, basicamente, cinco atitudes: 1) envolver as pessoas para que participem das redes colaborativas de construção do conhecimento; 2) estimular as pessoas para criar novos conteúdos dentro dessas redes; 3) os conteúdos também precisam ser discutidos, e a discussão deve ser promovida, não sendo unilateral à criação; 4) Além disso, temos que promover o que foi discutido para a realização de novas audiências e, desta forma, ampliar o alcance da nossa mensagem; 5) e, por fim, precisamos medir o resultado do que estamos promovendo. Isso, hoje, é muito fácil de ser feito por meio de algumas ferrramentas que a própria web 2.0 nos traz. O mais comum antes era as pessoas colocarem um conteúdo no ar e pronto. Não se importavam com quem estava lendo. Agora, temos condições de medir para realmente acompanharmos qual conteúdo está sendo mais discutido, como está sendo discutido, e coisas desse tipo.
Notas:
[1]Norberto Bobbio foi um filósofo político, historiador do pensamento político e senador vitalício italiano.
[2]Yochai Benkler é um professor da Escola de Direito na Universidade de Harvard, que escreve sobre a Internet e o surgimento da economia da sociedade em rede, bem como sobre a organização da infraestrutura, por exemplo, a comunicação sem fios.
“A técnica sempre está a serviço de uma ética, e precisamos impor à técnica atual uma ética humanista, para que possamos ter um mundo diferente”, opina o professor.
Confira a entrevista.
Nesta entrevista, concedida pelo professor Luciano Sathler à IHU On-Line, por telefone, a economia e os objetivos dos movimentos sociais são analisados a partir da perspectiva do desenvolvimento das tecnologias. Assim, o entrevistado diz que os movimentos sociais precisam “adotar a web 2.0 de maneira mais intensa” e, para isso, capacitar-se “para entender os problemas da questão dos direitos de propriedade intelectual”. “É hora de aproveitarmos as brechas que a Internet possibilita para enfrentarmos, especialmente, as chamadas indústrias da comunicação”, afirma.
Luciano Sathler é publicitário formado na PUC-Minas, com mestrado e doutorado em Administração, pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor no Grupo Anhanguera Educacional e na Universidade Metodista de São Paulo. É também vice-presidente, na América Latina, da World Association for Christian Communication. Durante o Mutirão da Comunicação, que aconteceu no início do mês, Luciano apresentou a palestra Economia e Comunicação na Era Digital.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como devemos pensar a economia a partir desta era cada vez mais digital?
Luciano Sathler – Na verdade, estamos vivendo na sociedade da informação. Quem tem o poder nesta sociedade é quem domina as tecnologias de informação e comunicação, desde a produção e inovação, até o uso de tecnologias. O poder também está naqueles que são capazes de produzir conteúdo relevante e bem avaliado pelo mercado, e tecnologias que extrapolam a tecnologia da informação e comunicação. Uma das características da sociedade da informação é que a digitalização ultrapassa fronteiras. Temos a digitalização para as questões de biotecnologia, nanotecnologia e robótica, na própria produção das fábricas, nos serviços financeiros, etc. Ou seja, todas as áreas produtivas da nossa sociedade passam a ter que, obrigatoriamente, buscar um diferencial a partir da tecnologia.
Quando falamos de poder, há uma convergência do poder econômico, político e simbólico. Isso tende a "Não existe técnica amoral ou neutra"
convergir nos diferentes tempos da sociedade humana. Hoje, a convergência desses poderes está em poucas mãos, que dominam a questão da tecnologia. Então, o que temos que pensar, em termos de economia e de poder, é que, se queremos uma sociedade mais inclusiva e democrática, e não apenas em termos eleitorais, mas no que diz respeito aos direitos humanos de forma geral, precisamos que a população aprenda, primeiro, a dominar a tecnologia, especialmente o que chamamos de digitalização, e isso significa um domínio da técnica, para que possamos impor valores ético-humanistas cristãos a ela. Não existe técnica amoral ou neutra. A técnica sempre está a serviço de uma ética, e precisamos impor à técnica atual uma ética humanista e cristã, para que possamos ter um mundo diferente.
IHU On-Line – Você já afirmou que digital é convergir. A economia já assimilou essa lógica da convergência?
Luciano Sathler – Sim, a economia já assimilou isso. Atualmente, são raríssimas as empresas que podem sobreviver sem o suporte da informática. Quando falamos de digital, estamos agregando questões da informática, de seu domínio e de qual conteúdo irá compor esse digital. Temos conteúdo de entretenimento, comerciais, militares, entre outros. A economia já é digitalmente convergente nesse sentido. A questão é que nós, dos movimentos populares, ainda não nos preparamos adequadamente para enfrentar essa convergência.
IHU On-Line – Como e quando essa preparação irá acontecer?
Luciano Sathler – Existem diversas formas de atuar. Falo nós, especificamente, enquanto movimentos sociais e de igrejas, que buscam uma transformação do mundo. Assim, precisamos, primeiro, entender uma nova forma de atuação política. Temos que entrar mais firmes na discussão de questões relacionadas à ciência e à tecnologia. Temos que entrar com maior clareza em questões relacionadas à inovação. Temos que entrar com maior competência na luta pela educação e capacitação profissional mais adequada no nosso país. E precisamos entender que a cidadania passa, obrigatoriamente, pela busca da emancipação científica e tecnológica. Isso que temos hoje não é mais o suficiente.
Se lemos Norberto Bobbio [1], percebemos que a máquina do poder, tanto governamental quanto "Temos que aprender a usar a comunicação para chegar no povo verdadeiramente, não nos mesmos de sempre"
econômica, tende a deixar as pessoas falarem para não prestarem atenção. Quais são os fóruns que realmente fazem diferença? Temos que aprender a fazer lobby no Congresso. Temos que aprender a usar a comunicação para chegar no povo verdadeiramente, não nos mesmos de sempre. E precisamos ser capazes de entender que, se o nosso cidadão não estiver educado e capacitado para uma emancipação científica e tecnológica, sempre estaremos em uma posição de dependência dos países ricos.
IHU On-Line – De que forma precisamos, então, nos reorganizar?
Luciano Sathler – Precisamos mudar nossa forma de protestar. Precisamos adotar a web 2.0 de maneira mais intensa e nos capacitar para entender os problemas da questão dos direitos de propriedade intelectual. Além disso, é hora de aproveitarmos as brechas que a Internet possibilita para enfrentarmos, especialmente, as chamadas indústrias da comunicação. É conveniente fazer circular um discurso alternativo e que seja compreendido pela população.
IHU On-Line – Que mudanças no ambiente informacional se destacam no que diz respeito ao desenvolvimento dos mercados e governos latino-americanos?
Luciano Sathler – No ambiente informacional, a grande mudança que o mundo inteiro está sentindo é a quebra da cadeia básica de valor nos mercados de conteúdo criativo. Antes da Internet, alguém criava um conteúdo e um outro publicava, já o varejista vendia esse conteúdo e aí vinha o consumidor informacional. Havia, portanto, os intermediários entre uma etapa e outra. A grande revolução que está acontecendo, e isso afeta todos os setores, tanto de educação e de entretenimento, quanto de governos, é que a Internet permite quebrar essa cadeia na medida em que possibilita ao criador de conteúdo falar diretamente com o consumidor, sem nenhum atravessador. Essa é a revolução que vivemos hoje e sobre a qual as empresas e governos já estão se reposicionando. Portanto, nós, enquanto movimentos sociais e igrejas, temos que assumir uma posição de vanguarda para usarmos bem essa possibilidade.
IHU On-Line – Quais os principais paradigmas da produção descentralizada e não-comercial para a economia atual?
Luciano Sathler – As chamadas rede colaborativas permitem essa produção descentralizada, segundo Benkler [2] radicalmente descentralizada, da informação. E o que mais cresce hoje é a produção descentralizada da informação sem fins comerciais. Para que isso seja promovido por nossas organizações, temos que ter, basicamente, cinco atitudes: 1) envolver as pessoas para que participem das redes colaborativas de construção do conhecimento; 2) estimular as pessoas para criar novos conteúdos dentro dessas redes; 3) os conteúdos também precisam ser discutidos, e a discussão deve ser promovida, não sendo unilateral à criação; 4) Além disso, temos que promover o que foi discutido para a realização de novas audiências e, desta forma, ampliar o alcance da nossa mensagem; 5) e, por fim, precisamos medir o resultado do que estamos promovendo. Isso, hoje, é muito fácil de ser feito por meio de algumas ferrramentas que a própria web 2.0 nos traz. O mais comum antes era as pessoas colocarem um conteúdo no ar e pronto. Não se importavam com quem estava lendo. Agora, temos condições de medir para realmente acompanharmos qual conteúdo está sendo mais discutido, como está sendo discutido, e coisas desse tipo.
Notas:
[1]Norberto Bobbio foi um filósofo político, historiador do pensamento político e senador vitalício italiano.
[2]Yochai Benkler é um professor da Escola de Direito na Universidade de Harvard, que escreve sobre a Internet e o surgimento da economia da sociedade em rede, bem como sobre a organização da infraestrutura, por exemplo, a comunicação sem fios.
Rio Maderia : A Vida Antes da Barragem ///
O filme apresenta um pouco da estória da vida dos brasileiros e bolivianos que serão afetados pela cosntrução das barragens de Santo Antonio e Jirau, partes do complexo hidroéletrico do Rio Madeira.
Filmado junto às comunidades ribeirinhas do Amazonas durante os periodos de seca e de chuva, o filme documenta as expectativas,opiniões e os medos destas pessoas cujas vidas dependem do rio.
Goldman Sachs vê crescimento de 6,4% do Brasil em 2010 /// Reuters
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Goldman Sachs elevou a projeção de crescimento do Brasil para 6,4 por cento em 2010 ante previsão anterior de 5,8 por cento, de acordo com o economista-chefe da instituição, Jim O'Neill.
"Na sexta-feira, recebi um texto do Paulo Leme (economista do Goldman para mercados emergentes) e ele disse que queria revisar a nossa previsão para 6,4 por cento. Essa é a segunda mudança de projeção. Ele já me deve três jantares. No último outono, eu já falava em 7 por cento", afirmou O'Neill, no seminário "Uma agenda para os Brics".
O economista foi quem cunhou a sigla Bric, formada por Brasil, Rússia, Índia e China.
Na visão de O'Neill, o mundo hoje tem dois pilares: os Estados Unidos e os países do Bric. E, para, ele, o bloco, principalmente a China, tem um papel importante de compensar a perda de capacidade norte-americana de consumo e produção provocada pela crise.
De acordo com o economista, o Goldman estima crescimento de 11,4 por cento para a China, expansão de 8,2 por cento para a Índia e avanço de 4,5 por cento para a Rússia em 2010.
No mesmo evento, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que não dúvidas de que o Brasil se encontra numa forte recuperação econômica, mas colocou dúvidas sobre a sustentabilidade do patamar de expansão.
"Fiquei satisfeito em ouvir essa projeção e tendo a achar que é possível que se chegue lá", disse a jornalistas. "Se isso é sustentável são outros quinhentos. Ano passado foi de crescimento nulo e é natural que este ano seja mais alto."
Fraga defendeu uma elevação na taxa de investimento e de poupança para que o país possa crescer a níveis mais elevados. "Precisamos investir a 23, 25 por cento do PIB. Isso vai exigir poupança, financiamento e capital de risco. É razoável esperar por isso daqui a cinco anos", afirmou.
O ex-presidente do BC acha que investimentos mais fortes em educação também poderiam ajudar o Brasil a alcançar um novo patamar de crescimento.
CÂMBIO CHINÊS
O'Neill e Fraga minimizaram as preocupações das economias desenvolvidas com o câmbio chinês e afirmaram que o iuan vai se valorizar naturalmente nos próximos anos. O'Neil relatou que passou alguns dias na China para conhecer melhor a economia local e concluiu que a moeda chinesa, depois de uma valorização de 20 por cento nos últimos cinco anos, chegou perto do valor justo.
"Não ajuda nada quando Bruxelas ou Washington fazem tanto ruído sobre a taxa de câmbio da China. Ela deve ser vista como boa para o povo chinês e não para ajudar Obama ou Bruxelas", alfinetou na palestra.
Fraga destacou que a China deve buscar ao longo do tempo fortalecer sua moeda e deixar de ter apenas como referência o dólar. "Em algum momento vai ser interesse deles deixar a moeda se fortalecer", disse.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
"Na sexta-feira, recebi um texto do Paulo Leme (economista do Goldman para mercados emergentes) e ele disse que queria revisar a nossa previsão para 6,4 por cento. Essa é a segunda mudança de projeção. Ele já me deve três jantares. No último outono, eu já falava em 7 por cento", afirmou O'Neill, no seminário "Uma agenda para os Brics".
O economista foi quem cunhou a sigla Bric, formada por Brasil, Rússia, Índia e China.
Na visão de O'Neill, o mundo hoje tem dois pilares: os Estados Unidos e os países do Bric. E, para, ele, o bloco, principalmente a China, tem um papel importante de compensar a perda de capacidade norte-americana de consumo e produção provocada pela crise.
De acordo com o economista, o Goldman estima crescimento de 11,4 por cento para a China, expansão de 8,2 por cento para a Índia e avanço de 4,5 por cento para a Rússia em 2010.
No mesmo evento, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que não dúvidas de que o Brasil se encontra numa forte recuperação econômica, mas colocou dúvidas sobre a sustentabilidade do patamar de expansão.
"Fiquei satisfeito em ouvir essa projeção e tendo a achar que é possível que se chegue lá", disse a jornalistas. "Se isso é sustentável são outros quinhentos. Ano passado foi de crescimento nulo e é natural que este ano seja mais alto."
Fraga defendeu uma elevação na taxa de investimento e de poupança para que o país possa crescer a níveis mais elevados. "Precisamos investir a 23, 25 por cento do PIB. Isso vai exigir poupança, financiamento e capital de risco. É razoável esperar por isso daqui a cinco anos", afirmou.
O ex-presidente do BC acha que investimentos mais fortes em educação também poderiam ajudar o Brasil a alcançar um novo patamar de crescimento.
CÂMBIO CHINÊS
O'Neill e Fraga minimizaram as preocupações das economias desenvolvidas com o câmbio chinês e afirmaram que o iuan vai se valorizar naturalmente nos próximos anos. O'Neil relatou que passou alguns dias na China para conhecer melhor a economia local e concluiu que a moeda chinesa, depois de uma valorização de 20 por cento nos últimos cinco anos, chegou perto do valor justo.
"Não ajuda nada quando Bruxelas ou Washington fazem tanto ruído sobre a taxa de câmbio da China. Ela deve ser vista como boa para o povo chinês e não para ajudar Obama ou Bruxelas", alfinetou na palestra.
Fraga destacou que a China deve buscar ao longo do tempo fortalecer sua moeda e deixar de ter apenas como referência o dólar. "Em algum momento vai ser interesse deles deixar a moeda se fortalecer", disse.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
Energia limpa /// estadao.com.br
Xico Graziano
Vitória ambiental do etanol no exterior. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos acaba de considerá-lo um "biocombustível renovável de baixo carbono". Abrem-se as portas do mercado internacional para o álcool combustível oriundo da cana-de-açúcar. Ponto para o Brasil.Segundo as normas do Tio Sam, para obter essa importante classificação o produto precisa emitir, no mínimo, 50% menos gases de efeito estufa em comparação à gasolina. No caso do etanol brasileiro, essa redução chega a 61%. Foi pouco. Os estudos daqui mostravam que o etanol de cana pode emitir até 82% menos gases que a gasolina.
Eufóricos passaram o carnaval os produtores nacionais de etanol. Faziam contas em dólares. Isto porque os Estados Unidos devem consumir, pelo menos, 45 bilhões de litros de biocombustíveis em 2010, volume que deve subir para 136 bilhões até 2022. A demanda pela importação do etanol brasileiro pode quadruplicar, atingindo 15 bilhões de litros. Dados positivos.
O álcool etílico, batizado de etanol no mundo dos combustíveis, surge a partir da fermentação anaeróbica, quer dizer, aquela que ocorre sem a presença de oxigênio. Nesse processo biológico, fungos microscópicos (leveduras) decompõem os açúcares, quebrando-lhes as moléculas para liberar energia, necessária em sua multiplicação. O etanol resulta como um subproduto dessa transformação química.
Qualquer matéria-prima que acumule açúcares, carboidrato ou amido serve para a fabricação de etanol. Basta ser inoculado e deixado a fermentar, como sempre se procedeu nas bebidas alcoólicas. Vem de longe essa história. Vinho de uva se fazia desde o Egito antigo. Os índios tupiniquins produziam cauim de mandioca. Já os incas fermentavam a chicha do milho macerado. Perceba que cada qual utilizava uma matéria-prima, segundo sua cultura e oportunidade.
Quando se promove a destilação, purifica-se o álcool existente no caldo fermentado, retirado por evaporação. Cachaça fabrica-se destilando o caldo fermentado de cana-de-açúcar; vodca e uísque, de cereais; tequila, de uma cactácea. É básico o processo da fermentação. Por isso volta e meia se encontra por aí, andando pelo interior do País, bebida alcoólica de tudo quanto é tipo, feita de batata, castanha, arroz, abacaxi, jabuticaba. Curioso.
Das bebidas para os veículos. No caso dos combustíveis para motores do ciclo Otto, desenvolvidos inicialmente para queimar gasolina, destacam-se dois tipos de etanol: o anidro e o hidratado. Anidro significa um álcool com pureza mínima de 99,3°, ou seja, quase nada de água em sua composição. No caso do álcool hidratado, a pureza cai para 92,6°. Este tipo se usa diretamente no tanque dos veículos. Aquele outro, puro, se mistura à gasolina, entre 20% e 25%, para melhorar a potência carburante. Reduz poluição.
O reconhecimento dos norte-americanos indica que o rendimento energético do etanol oriundo da cana-de-açúcar ultrapassa o produto deles, advindo do milho. O etanol, nos dois casos, é o mesmo, surgindo pela fermentação. Mas na conta energética, de elevado valor ambiental, calcula-se o dispêndio de energia fóssil utilizado na produção, desde a roça, de cada um dos processos. Vence fácil o etanol da cana.
Há anos se sabia disso, mas por razões da competição econômica inexistia o reconhecimento internacional. Em 2006, estudo publicado por Andreoli e Souza, pesquisadores da Embrapa, indicava que o balanço de energia para converter o milho em etanol resultava negativo, na base de 1,29:1, enquanto o etanol da cana dava positivo, da ordem de 1:3,24. Quer dizer, cada kcal de etanol de milho elaborado exige 29% a mais de energia em sua produção; no etanol de cana a relação se inverte: cada kcal de energia gera um ganho de 224%.
Várias razões explicam o fenômeno. A mais importante delas diz respeito ao rendimento físico por área plantada. Uma boa lavoura de cana produz 100 toneladas de colmos por hectare (ha), ricos em açúcar. Do milho se colhe, em grãos, 10 toneladas/ha. Em álcool produzido, após a fermentação industrial, a cana-de-açúcar apresenta uma produtividade três vezes superior, comparada ao milho, para cada hectare plantado. Isso se reflete no custo financeiro, mais elevado no etanol do milho. Em consequência, sem subsídio, ao contrário do etanol de cana, não se sustenta.
A curiosidade manda perguntar: por que, então, os norte-americanos não produzem a maravilha da cana-de-açúcar, em vez do oneroso milho? A razão é simples: a doce gramínea detesta frio. Isso mesmo, oriunda dos trópicos, a cultura da cana não vinga bem nos países temperados. Se plantada na época de verão dos gringos, até que nasce bem. Mas sendo um cultivo semipermanente, com duração média de sete anos, seus colmos sucumbem no inverno gelado. Sorte do Brasil.
Por causa da crise ambiental do planeta, energia renovável está virando moda tecnológica. Ainda bem. Na eletricidade doméstica, nos fornos industriais, no transporte, procura-se alternativa sustentável, viável economicamente. Todos invejam o Brasil, campeão mundial com 46% de energia limpa em sua matriz energética. No mundo, a proporção fica em 13%.
Embora não configure uma panaceia entre os combustíveis sustentáveis, o etanol firma-se como excelente opção da agroindústria nacional, gerando empregos e renda no interior.
Mas existe um senão. O governo federal precisa participar mais dessa agenda ambiental, abonando o etanol verde, sustentável, financiando estoques, preservando a concorrência, impedindo cartéis. Economia verde pressupõe ativismo estatal.
Senão o biocombustível pode ir bem lá fora, mas falta etanol barato aqui dentro. Não pode.
Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xico@xicograziano.com.br
Site: www.xicograziano.com.br
MAPA DE RISCO DE CONFLITO ARMADO DEVIDO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ///
Clique aqui para ver o gráfico com melhor definição e detalhes
O gráfico acima indica os países que correm riscos de conflitos por conta das Mudanças do Clima.
Aqueles que encontram-se em cor vermelha correm riscos mais acentuados de conflitos; aqueles em cor laranja, riscos não tão acentuados e e aqueles em cor azul, pouco risco.
fonte: A Climate of Conflict: The Links Between Climate Change, Peace and War
link: http://www.international-alert.org/climate_change/index.php
O gráfico acima indica os países que correm riscos de conflitos por conta das Mudanças do Clima.
Aqueles que encontram-se em cor vermelha correm riscos mais acentuados de conflitos; aqueles em cor laranja, riscos não tão acentuados e e aqueles em cor azul, pouco risco.
fonte: A Climate of Conflict: The Links Between Climate Change, Peace and War
link: http://www.international-alert.org/climate_change/index.php
Dados e Fatos - Mudanças Climáticas /// CLIMATEMPO MEIO AMBIENTE
As mudanças climáticas acontecem em resposta ao aquecimento global, ou seja, em decorrência do aumento da temperatura nos oceanos e na atmosfera o clima do planeta passa a se comportar de maneira atípica, ocasionando alterações nas correntes de vento, nos volumes de chuva e nos fenômenos meteorológicos extremos, como furacões e tempestades.
Diversos estudos e observações mostram que as mudanças climáticas já estão trazendo sérios riscos à vida humana. Exemplo disso foi a onda de calor observada na Europa em 2003, que matou cerca de 20 mil pessoas e trouxe um período de seca ao continente, criando as condições para a ocorrência de incêndios generalizados como o que aconteceu em Portugal e que causou um prejuízo estimado em 1 bilhão de euros.
Cientistas alertam que as ondas de calor no mundo podem se tornar mais longas e freqüentes até o final do século e orientam a população a se prevenir contra o excesso de calor e a desidratação nos períodos de verão do hemisfério norte.
Outros fenômenos extremos podem estar associados às Mudanças Climáticas, como a forte estiagem que atingiu a Amazônia em 2005 e o sul do Brasil em 2006. Vale lembrar ainda o furacão Catarina que avançou sobre o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul no ano de 2004. Até então, um fenômeno deste tipo jamais foi observado na costa brasileira.
Como os cientistas fazem as previsões
As previsões climáticas são feitas com a utilização de “modelos” – espécie de super-programas de computador. A modelagem matemática é uma ferramenta indispensável quando se fala em previsão do tempo e do clima, pois ela é responsável por realizar complexos cálculos matemáticos e simular o comportamento da atmosfera no futuro.
“A modelagem climática em grande escala consome enormes recursos de informática e é tão cara que cada ano apenas alguns experimentos podem ser realizados em todo o mundo”, afirma José A. Marengo no livro “Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade” – uma publicação do Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Biodiversidade e Florestas.
Muito do que se verifica atualmente está próximo ao que foi previsto pelos modelos das décadas de 70/80, embora fossem simulações que consideravam apenas a atmosfera e a superfície terrestre como fatores de cálculo.
Entretanto, como a realidade é mais complexa do que as representações que fazemos dela, ao longo dos anos os modelos tiveram que evoluir a fim de transmitir informações mais confiáveis (Ver evolução dos modelos climáticos).
Os modelos atuais levam em consideração diversas variáveis em seus cálculos, como a temperatura e umidade do ar, a velocidade do vento, os gases presentes na atmosfera, a vegetação etc.
modelo numérico
A evolução dos modelos passou a incluir a vegetação como algo dinâmico, que se modifica com o passar do tempo e que por sua vez exerce diferentes influências sobre o tempo e o clima. Outra variável fundamental diz respeito aos oceanos, isto é, levar em consideração a relação entre atmosfera-oceano possibilita previsões mais sofisticadas e com índices maiores de acerto. Ainda assim, existem limitações e espaços para incerteza quanto às previsões climáticas.
De acordo com Marengo: “Até mesmo os modelos mais sofisticados são representações aproximadas de um sistema muito complexo, de forma que ainda não são infalíveis na previsão do clima futuro. Os modelos climáticos são usados como ferramentas para projeções de futuras mudanças do clima, como conseqüência de futuros cenários de forçamento climáticos (gás de efeito estufa e aerossóis). Sabe-se que existe um grau de incerteza do futuro cenário climático do planeta e em particular no Brasil”.
A evolução dos modelos, portanto, deve considerar ainda outros fatores, e entre eles a economia, para garantir previsões mais complexas e confiáveis; mas isso deve ficar para alguns anos mais à frente.
Impacto das Mudanças Climáticas
Embora seja um fenômeno global, as Mudanças Climáticas não atingem igualmente todas as pessoas. A população de baixa renda sem dúvida alguma é a mais prejudicada pelos fenômenos extremos que causam enchentes, destruição e doenças.
As enchentes de Bangladesh – país asiático localizado à leste da Índia – são exemplos de que a falta de infra-estrutura associada às chuvas intensas pode levar quase um país inteiro ao caos. Em 2004 cerca de 65% de Bangladesh ficou inundado devido a precipitações acima do normal e muitas cidades sofreram com surtos de doenças, pois a água da chuva se misturou aos esgotos dos municípios.
O furacão Katrina nos Estados Unidos também fez suas vítimas. Considerado como um dos furacões mais destrutivos da história, o Katrina arrasou a cidade de Nova Orleans em 2005 e mostrou ao mundo a vulnerabilidade da população pobre e negra frente aos desastres naturais (Ver mais em Desastres Naturais).
Viiste o site da Climatempo e entenda muito mais sobre este tema:
http://www4.climatempo.com.br/ct/meio_ambiente/dadosefatos.html
Diversos estudos e observações mostram que as mudanças climáticas já estão trazendo sérios riscos à vida humana. Exemplo disso foi a onda de calor observada na Europa em 2003, que matou cerca de 20 mil pessoas e trouxe um período de seca ao continente, criando as condições para a ocorrência de incêndios generalizados como o que aconteceu em Portugal e que causou um prejuízo estimado em 1 bilhão de euros.
Cientistas alertam que as ondas de calor no mundo podem se tornar mais longas e freqüentes até o final do século e orientam a população a se prevenir contra o excesso de calor e a desidratação nos períodos de verão do hemisfério norte.
Outros fenômenos extremos podem estar associados às Mudanças Climáticas, como a forte estiagem que atingiu a Amazônia em 2005 e o sul do Brasil em 2006. Vale lembrar ainda o furacão Catarina que avançou sobre o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul no ano de 2004. Até então, um fenômeno deste tipo jamais foi observado na costa brasileira.
Como os cientistas fazem as previsões
As previsões climáticas são feitas com a utilização de “modelos” – espécie de super-programas de computador. A modelagem matemática é uma ferramenta indispensável quando se fala em previsão do tempo e do clima, pois ela é responsável por realizar complexos cálculos matemáticos e simular o comportamento da atmosfera no futuro.
“A modelagem climática em grande escala consome enormes recursos de informática e é tão cara que cada ano apenas alguns experimentos podem ser realizados em todo o mundo”, afirma José A. Marengo no livro “Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade” – uma publicação do Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Biodiversidade e Florestas.
Muito do que se verifica atualmente está próximo ao que foi previsto pelos modelos das décadas de 70/80, embora fossem simulações que consideravam apenas a atmosfera e a superfície terrestre como fatores de cálculo.
Entretanto, como a realidade é mais complexa do que as representações que fazemos dela, ao longo dos anos os modelos tiveram que evoluir a fim de transmitir informações mais confiáveis (Ver evolução dos modelos climáticos).
Os modelos atuais levam em consideração diversas variáveis em seus cálculos, como a temperatura e umidade do ar, a velocidade do vento, os gases presentes na atmosfera, a vegetação etc.
modelo numérico
A evolução dos modelos passou a incluir a vegetação como algo dinâmico, que se modifica com o passar do tempo e que por sua vez exerce diferentes influências sobre o tempo e o clima. Outra variável fundamental diz respeito aos oceanos, isto é, levar em consideração a relação entre atmosfera-oceano possibilita previsões mais sofisticadas e com índices maiores de acerto. Ainda assim, existem limitações e espaços para incerteza quanto às previsões climáticas.
De acordo com Marengo: “Até mesmo os modelos mais sofisticados são representações aproximadas de um sistema muito complexo, de forma que ainda não são infalíveis na previsão do clima futuro. Os modelos climáticos são usados como ferramentas para projeções de futuras mudanças do clima, como conseqüência de futuros cenários de forçamento climáticos (gás de efeito estufa e aerossóis). Sabe-se que existe um grau de incerteza do futuro cenário climático do planeta e em particular no Brasil”.
A evolução dos modelos, portanto, deve considerar ainda outros fatores, e entre eles a economia, para garantir previsões mais complexas e confiáveis; mas isso deve ficar para alguns anos mais à frente.
Impacto das Mudanças Climáticas
Embora seja um fenômeno global, as Mudanças Climáticas não atingem igualmente todas as pessoas. A população de baixa renda sem dúvida alguma é a mais prejudicada pelos fenômenos extremos que causam enchentes, destruição e doenças.
As enchentes de Bangladesh – país asiático localizado à leste da Índia – são exemplos de que a falta de infra-estrutura associada às chuvas intensas pode levar quase um país inteiro ao caos. Em 2004 cerca de 65% de Bangladesh ficou inundado devido a precipitações acima do normal e muitas cidades sofreram com surtos de doenças, pois a água da chuva se misturou aos esgotos dos municípios.
O furacão Katrina nos Estados Unidos também fez suas vítimas. Considerado como um dos furacões mais destrutivos da história, o Katrina arrasou a cidade de Nova Orleans em 2005 e mostrou ao mundo a vulnerabilidade da população pobre e negra frente aos desastres naturais (Ver mais em Desastres Naturais).
Viiste o site da Climatempo e entenda muito mais sobre este tema:
http://www4.climatempo.com.br/ct/meio_ambiente/dadosefatos.html
Que faremos com o clima? /// estadao.com.br
Washington Novaes
A recente sanção presidencial à lei brasileira sobre mudanças climáticas (Estado, 29/12), as novas previsões sobre a safra de grãos no País (10/2), ao lado do noticiário sobre desastres provocados por chuvas e inundações nos últimos meses, reafirmam que o País precisa preocupar-se - e muito - com a questão do clima.
Embora se anteveja um aumento da safra de grãos, há culturas e regiões nas quais a queda tem sido relevante, como é o caso das safras de milho, feijão e arroz em partes do Centro-Oeste ou do arroz no Sul. E no Centro-Oeste ela tende a continuar.
O tema é ainda mais preocupante quando se toma conhecimento do estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil, feito por 11 institutos universitários de pesquisa, coordenado por Carolina Dubeux, da Coppe-RJ, e divulgado pelos jornais (7/2). Ali se mostra que em 40 anos, dependendo do cenário, o Brasil poderá perder R$ 3,6 trilhões em suas safras, por causa de problemas climáticos. E isso inclui redução de áreas aptas para culturas alimentares e acesso mais limitado à água. Que podem resultar também em maior pressão para ocupar áreas de florestas. O Estado de São Paulo, no pior cenário, pode perder R$ 1,2 trilhão.
A preocupação não é só brasileira, mas outros países estão à nossa frente em estratégias e cuidados. A Inglaterra - para citar apenas um - tem um Ministério do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais que já implanta uma estratégia de segurança alimentar planejada para 20 anos, que propõe até uma revolução tecnológica. E uma descentralização da produção e do comércio, para que eventuais danos sejam menos amplos. Além disso, está mergulhada numa discussão com produtores e consumidores sobre a necessidade - ou não - de reduzir o consumo de carne vermelha, da mesma forma que o consumo de fertilizantes, pesticidas e combustíveis na produção de alimentos.
Também da ONU vêm notícias (Estado, 18/12) das consequências que poderá ter na área de alimentos um aumento de 3 graus Celsius na temperatura do planeta - o horizonte mais provável com a redução insuficiente de emissões de gases oferecida pelos países industrializados e pelos "emergentes". As consequências de secas e enchentes seriam muito fortes nas colheitas de países tropicais e mais 550 milhões de pessoas - além do 1 bilhão atual - estariam expostas à fome.
Nesse quadro, a Lei de Mudanças Climáticas sancionada pelo presidente da República parece ainda tímida, ao propor como objetivo reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões brasileiras, calculadas sobre o patamar a que chegariam em 2020 tomando como base o de 2005. Isso equivaleria a cerca de 300 milhões de toneladas anuais de poluentes e ainda deixaria o País com pouco mais de 1,9 bilhão de toneladas/ano (cerca de 10 toneladas anuais por pessoa se até lá a população não crescer muito).
Na apresentação que o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, fez ao Senado sobre o inventário brasileiro de emissões - ainda em preparação e com prazo até março de 2011 para ser submetido à Convenção do Clima -, as emissões brasileiras em 2005 são calculadas em 2.205,3 milhões de toneladas (em equivalentes de carbono), com um aumento de 48,4% sobre 1994, ano do inventário anterior, quando eram 1.484,9 milhões de toneladas. E aumento de 61,7% sobre 1990, quando estiveram em 1.362,3 milhões de toneladas. Um ritmo de crescimento muito preocupante, embora o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) levante questões sobre a conversão do metano em carbono (multiplicando por mais de 20 o número) nos cálculos, que tem muita importância no caso brasileiro.
Seja como for, a comunicação do MCT atribui a "mudanças no uso do solo e florestas" nada menos que 76,3% das emissões em 2005, com 1.202,1 milhões de toneladas, quando eram 747,8 milhões de toneladas em 1994 e 709 milhões em 1990 - ou seja, um aumento de 60,7% sobre o inventário de 1994 e de 69,5% sobre 1990. Ao setor de energia cabem 22% das emissões, aí incluídos o transporte, a indústria e residencial. Mas as emissões por esse caminho (346,9 milhões de toneladas em 2005) aumentaram 71% dede 1990.
Uma das questões mais complexas é mesmo a das emissões brasileiras de metano (13,465 milhões de toneladas), de que a agropecuária responde por 71%, principalmente com os gases resultantes da fermentação entérica, no processo de ruminação de alimentos pelo gado. Mas, como está dito atrás, o processo de conversão, multiplicando por 21 os números do metano, resultaria num total de 282,7 milhões de toneladas, equivalentes a cerca de 80% das emissões de todo o setor de energia, incluídos indústria e transportes. Mas essa conversão é posta em questão pelo governo brasileiro e por muitos cientistas. Principalmente porque está em discussão no âmbito do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico da Convenção do Clima, uma tese de que essa equivalência deve ser reduzida a 3 ou 4, por causa do tempo menor de dissipação do metano e outros fatores (como já se comentou aqui em outros artigos).
Seja como for, é um quadro que precisa ser trabalhado pelo Brasil. Porque o País já é vítima de desastres climáticos severos, porque se prevê agravamento desse panorama - e ainda não temos uma política abrangente de adaptação às mudanças - e também porque se intensificam as pressões para assumir compromissos (e não apenas metas voluntárias de redução de emissões). E até porque uma redução de menos de 15% sobre as emissões de 2005 parece insuficiente.
O início da campanha eleitoral com certeza aumentará as discussões sobre o tema, como também já se comentou aqui. O que disseram na reunião de Copenhague três candidatos a presidente (Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva), além do presidente Lula, não terá como ficar fora das teses apresentadas ao eleitorado. E será um avanço ver o tema discutido em âmbito nacional.
Washington Novaes é jornalista E-mail: wlrnovaes@uol.com.br
Povos e jovens indígenas/// PRVL
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Postado por
Unknown
em
2/20/2010 11:58:00 AM
Marcadores:
comunidades,
Jovens,
povos indigenas,
sustentabilidade,
violencia
PRVL significa Programa de Redução da Violencia Letal contra Adolescentes e Jovens
link: http://prvl.org.br/destaque/339/
Já não bastassem os desafios que os adolescentes e jovens brasileiros têm que driblar diariamente, a juventude indígena encara ainda problemas que minam suas perspectivas de vida, como altos índices de suicídio, obstáculos à promoção da identidade e da tradição de suas comunidades, dificuldade de acesso à saúde e impasses lingüísticos, econômicos e culturais. Esse é o quadro apontado pelo estudo “A situação dos povos indígenas no mundo”, lançado pela ONU em janeiro.
O relatório, disponibilizado apenas em inglês, apresenta um panorama das condições de vida e sobrevivência das tribos indígenas em diversos países, inclusive no Brasil. Escrita por peritos independentes – especialistas em temáticas indígenas ligadas a áreas como direitos humanos, educação, saúde, meio ambiente, entre outras – a publicação revela que 38% dos 750 mil índios brasileiros vivem em situação de extrema pobreza.
Link para o relatório: http://www.un.org//esa/socdev/unpfii/documents/SOWIP_web.pdf
Em relação aos números mundiais, as taxas de pobreza também são alarmantes: há 300 milhões de indígenas miseráveis dentro do total dos 370 milhões de índios que ainda vivem no mundo. Esses povos representam mais de um terço das 900 milhões de pessoas que vivem na miséria em áreas rurais do planeta.
Alguns agravantes revelados pela ONU são os altos níveis de mortalidade infantil, desnutrição, HIV/Aids, violência, políticas de assimilação e desapropriação de terras, marginalização e abusos de forças militares, injustiças que atingem índios de todas as idades, mas muito intensamente a vida de crianças, adolescentes e jovens. Os jovens parecem ser os que mais sofrem com racismo, discriminação e ausência de recursos básicos de sobrevivência.
Um dos principais pontos levantados pelo estudo é a falta de mecanismos judiciais que defendam a diversidade das trajetórias comunitárias e lingüísticas dos índios e as garantias ambientais, tal como o direito à demarcação territorial de seus espaços de moradia. A relação com a terra, que passa necessariamente por uma conexão espiritual e cultural e vai muito além de questões de mera posse econômica, não é laveda em consideração pelas políticas voltadas aos indígenas. É o que explica o articulador dos direitos dos índios no Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC), Marcos Terena, ao comentar a pesquisa da ONU. “Se os povos indígenas têm um território demarcado e garantido, isso gera tranqüilidade para a tribo e para os que vivem ao redor dela. Apesar de alguns avanços nesse campo no Brasil, o sistema jurídico ainda não faz uma análise da lei costumeira indígena, onde cada comunidade interpreta de forma particulare o que seja a idéia de direito, de propriedade. Ignorar essas singularidades gera uma agressão aos princípios dos direitos humanos, do direito à vida, já que, sem terra, não há vida para os indígenas”, sustenta Terena.
Terena também afirma que a situação do Brasil ainda é um pouco melhor do que a de demais países da América Latina, pois aqui existem leis que contemplam a questão indígena e já se conta com um avanço no processo de demarcação de terras. Mas ainda há pela frente um grande caminho, onde não faltam contradições. De acordo com o articulador do ITC, a Lei do Índio de 1973 – que considera o índio incapaz, colocando-o sob um regime tutelar, pelo qual ele não é investido de plenitude da capacidade civil – e a Constituição de 1988 – que reconhece a participação indígena na nação, e trata a cultura indígena dentro de um parâmetro de direito à diversidade – mostram-se divergentes em muitos tópicos. “Não há uma doutrina indigenista. Não há entre os profissionais do Direito uma escola de formação voltada essencialmente para a interpretação dos quadros indígenas brasileiros”, explica Terena.
Jovens indígenas: entre suicídio e formas de valorização da vida
O relatório da ONU mostra a gravidade que ronda a expectativa de vida dos povos indígenas e ressalta o fenômeno do suicídio, que atinge algumas aldeias e está relacionado à realocação das comunidades indígenas de suas terras, territórios e recursos. No Brasil, segundo o documento, os índios Kaiowa, que juntos somam cerca de 30 mil, viram nas duas últimas décadas centenas de jovens da comunidade tirarem as próprias vidas, enquanto a tribo lutava para manter os madeireiros e os fazendeiros longe de suas terras.
Retomando dados do Ministério da Saúde, o estudo da ONU também ressalta que, entre 2000 e 2005, a taxa de suicídio em duas comunidades Guaranis foi duas vezes maior do que a taxa nacional, destacando que esta forma de letalidade afeta desproporcionalmente os adolescentes e os jovens adultos Guaranis.
O suicídio é um dos entraves mais dramáticos à valorização da vida nas comunidades indígenas e, segundo Terena, costuma ser um desdobramento da falta de perspectiva que assombra especialmente os jovens. “A ansiedade psicológica e econômica se agrava quando o jovem não tem perspectiva, quando, por exemplo, a demarcação da sua terra não está garantida. Além do suicídio, surgem outros riscos, como risco das drogas, que vem crescendo nas aldeias, e do alcoolismo. Outro problema é que o HIV está chegando cada vez mais a essas comunidades, afetando o equilíbrio familiar”, denuncia Terena. O articulador do Comitê Intertribal ainda destaca a fragilidade da constituição de direitos humanos voltados para os indígenas: “Quando se fala em direitos humanos parece que os índios só aparecem quando morrem, mas eles vêm morrendo lentamente. Ainda faltam muitas iniciativas para que as ações em direitos humanos acompanhem efetivamente o direito à vida dos índios e os desafios que as aldeias enfrentam”.
Algumas alternativas ao quadro apresentado pelo relatório da ONU estão sendo traçadas no Brasil há alguns anos, conforme afirma Marcos Terena. Uma delas são os Jogos dos Povos Indígenas, que estão na sétima edição. Resultado de uma articulação entre o Comitê Intertribal e o Ministério dos Esportes, os jogos reuniram cerca de 60 etnias indígenas no ano passado. “É uma semana na qual os índios gastam suas energias, em atividades de afirmação identitária, Os jogos promovem um circuito de relacionamentos muito positivo”, comenta Terena.
O relatório da ONU apontou também problemas ligados à educação das crianças, adolescentes e jovens de sociedades indígenas. No caso do Brasil, esses índios muitas vezes têm interesse em aprender a Língua Portuguesa falada e escrita e em manter a tradição de suas línguas locais, que geralmente são orais, mas, conforme explica Marcos Terena, mais um obstáculo aparece na vida desses jovens: a ausência de políticas públicas que promovam uma educação bilíngüe.
O indígena Auakamu, da aldeia Kamayurá, do Parque Indigena do Xingu, Mato Grosso, ressalta mais esta deficiência do ensino no país. Com 19 anos, filho e neto de caciques, Auakamu mudou-se para Brasília, onde completou o ensino médio e trabalha como assistente cultural no Comitê Intertribal. O jovem agora almeja ingressar no curso da Pedagogia para contribuir na educação de sua comunidade. “Na aldeia tem muita gente querendo estudar e precisamos de pessoas que estudem na cidade, mas queiram voltar para dar aula na aldeia, porque não temos gente para ensinar. Vim para Brasília estudar e quero voltar e ensinar para as crianças de lá. Também pretendo ser cacique. Meu avô me ensinou muitas coisas e hoje também vejo como o meu pai cuida das pessoas na aldeia A ideia é juntar os dois conhecimentos”, afirma o estudante.
link: http://prvl.org.br/destaque/339/
Já não bastassem os desafios que os adolescentes e jovens brasileiros têm que driblar diariamente, a juventude indígena encara ainda problemas que minam suas perspectivas de vida, como altos índices de suicídio, obstáculos à promoção da identidade e da tradição de suas comunidades, dificuldade de acesso à saúde e impasses lingüísticos, econômicos e culturais. Esse é o quadro apontado pelo estudo “A situação dos povos indígenas no mundo”, lançado pela ONU em janeiro.
O relatório, disponibilizado apenas em inglês, apresenta um panorama das condições de vida e sobrevivência das tribos indígenas em diversos países, inclusive no Brasil. Escrita por peritos independentes – especialistas em temáticas indígenas ligadas a áreas como direitos humanos, educação, saúde, meio ambiente, entre outras – a publicação revela que 38% dos 750 mil índios brasileiros vivem em situação de extrema pobreza.
Link para o relatório: http://www.un.org//esa/socdev/unpfii/documents/SOWIP_web.pdf
Em relação aos números mundiais, as taxas de pobreza também são alarmantes: há 300 milhões de indígenas miseráveis dentro do total dos 370 milhões de índios que ainda vivem no mundo. Esses povos representam mais de um terço das 900 milhões de pessoas que vivem na miséria em áreas rurais do planeta.
Alguns agravantes revelados pela ONU são os altos níveis de mortalidade infantil, desnutrição, HIV/Aids, violência, políticas de assimilação e desapropriação de terras, marginalização e abusos de forças militares, injustiças que atingem índios de todas as idades, mas muito intensamente a vida de crianças, adolescentes e jovens. Os jovens parecem ser os que mais sofrem com racismo, discriminação e ausência de recursos básicos de sobrevivência.
Um dos principais pontos levantados pelo estudo é a falta de mecanismos judiciais que defendam a diversidade das trajetórias comunitárias e lingüísticas dos índios e as garantias ambientais, tal como o direito à demarcação territorial de seus espaços de moradia. A relação com a terra, que passa necessariamente por uma conexão espiritual e cultural e vai muito além de questões de mera posse econômica, não é laveda em consideração pelas políticas voltadas aos indígenas. É o que explica o articulador dos direitos dos índios no Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC), Marcos Terena, ao comentar a pesquisa da ONU. “Se os povos indígenas têm um território demarcado e garantido, isso gera tranqüilidade para a tribo e para os que vivem ao redor dela. Apesar de alguns avanços nesse campo no Brasil, o sistema jurídico ainda não faz uma análise da lei costumeira indígena, onde cada comunidade interpreta de forma particulare o que seja a idéia de direito, de propriedade. Ignorar essas singularidades gera uma agressão aos princípios dos direitos humanos, do direito à vida, já que, sem terra, não há vida para os indígenas”, sustenta Terena.
Terena também afirma que a situação do Brasil ainda é um pouco melhor do que a de demais países da América Latina, pois aqui existem leis que contemplam a questão indígena e já se conta com um avanço no processo de demarcação de terras. Mas ainda há pela frente um grande caminho, onde não faltam contradições. De acordo com o articulador do ITC, a Lei do Índio de 1973 – que considera o índio incapaz, colocando-o sob um regime tutelar, pelo qual ele não é investido de plenitude da capacidade civil – e a Constituição de 1988 – que reconhece a participação indígena na nação, e trata a cultura indígena dentro de um parâmetro de direito à diversidade – mostram-se divergentes em muitos tópicos. “Não há uma doutrina indigenista. Não há entre os profissionais do Direito uma escola de formação voltada essencialmente para a interpretação dos quadros indígenas brasileiros”, explica Terena.
Jovens indígenas: entre suicídio e formas de valorização da vida
O relatório da ONU mostra a gravidade que ronda a expectativa de vida dos povos indígenas e ressalta o fenômeno do suicídio, que atinge algumas aldeias e está relacionado à realocação das comunidades indígenas de suas terras, territórios e recursos. No Brasil, segundo o documento, os índios Kaiowa, que juntos somam cerca de 30 mil, viram nas duas últimas décadas centenas de jovens da comunidade tirarem as próprias vidas, enquanto a tribo lutava para manter os madeireiros e os fazendeiros longe de suas terras.
Retomando dados do Ministério da Saúde, o estudo da ONU também ressalta que, entre 2000 e 2005, a taxa de suicídio em duas comunidades Guaranis foi duas vezes maior do que a taxa nacional, destacando que esta forma de letalidade afeta desproporcionalmente os adolescentes e os jovens adultos Guaranis.
O suicídio é um dos entraves mais dramáticos à valorização da vida nas comunidades indígenas e, segundo Terena, costuma ser um desdobramento da falta de perspectiva que assombra especialmente os jovens. “A ansiedade psicológica e econômica se agrava quando o jovem não tem perspectiva, quando, por exemplo, a demarcação da sua terra não está garantida. Além do suicídio, surgem outros riscos, como risco das drogas, que vem crescendo nas aldeias, e do alcoolismo. Outro problema é que o HIV está chegando cada vez mais a essas comunidades, afetando o equilíbrio familiar”, denuncia Terena. O articulador do Comitê Intertribal ainda destaca a fragilidade da constituição de direitos humanos voltados para os indígenas: “Quando se fala em direitos humanos parece que os índios só aparecem quando morrem, mas eles vêm morrendo lentamente. Ainda faltam muitas iniciativas para que as ações em direitos humanos acompanhem efetivamente o direito à vida dos índios e os desafios que as aldeias enfrentam”.
Algumas alternativas ao quadro apresentado pelo relatório da ONU estão sendo traçadas no Brasil há alguns anos, conforme afirma Marcos Terena. Uma delas são os Jogos dos Povos Indígenas, que estão na sétima edição. Resultado de uma articulação entre o Comitê Intertribal e o Ministério dos Esportes, os jogos reuniram cerca de 60 etnias indígenas no ano passado. “É uma semana na qual os índios gastam suas energias, em atividades de afirmação identitária, Os jogos promovem um circuito de relacionamentos muito positivo”, comenta Terena.
O relatório da ONU apontou também problemas ligados à educação das crianças, adolescentes e jovens de sociedades indígenas. No caso do Brasil, esses índios muitas vezes têm interesse em aprender a Língua Portuguesa falada e escrita e em manter a tradição de suas línguas locais, que geralmente são orais, mas, conforme explica Marcos Terena, mais um obstáculo aparece na vida desses jovens: a ausência de políticas públicas que promovam uma educação bilíngüe.
O indígena Auakamu, da aldeia Kamayurá, do Parque Indigena do Xingu, Mato Grosso, ressalta mais esta deficiência do ensino no país. Com 19 anos, filho e neto de caciques, Auakamu mudou-se para Brasília, onde completou o ensino médio e trabalha como assistente cultural no Comitê Intertribal. O jovem agora almeja ingressar no curso da Pedagogia para contribuir na educação de sua comunidade. “Na aldeia tem muita gente querendo estudar e precisamos de pessoas que estudem na cidade, mas queiram voltar para dar aula na aldeia, porque não temos gente para ensinar. Vim para Brasília estudar e quero voltar e ensinar para as crianças de lá. Também pretendo ser cacique. Meu avô me ensinou muitas coisas e hoje também vejo como o meu pai cuida das pessoas na aldeia A ideia é juntar os dois conhecimentos”, afirma o estudante.
Outra gordura de risco /// Agencia FAPESP
Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP – As medidas usuais da circunferência da cintura e do quadril e o índice de massa corporal (IMC) podem ser indicadores do risco de desenvolver doença coronariana. Mas um novo estudo aponta um outro indicador, bem menos conhecido: a gordura visceral abdominal.Segundo a pesquisa, feita no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a área de gordura visceral abdominal superior a 150 cm² aumenta em quase três vezes as chances de adquirir doença arterial coronariana. Nos valores acima de 100 ou 110 cm² começam a surgir complicações metabólicas da gordura visceral, como aumento nos niveis de glicose, colesterol e hipertensão arterial.
A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista internacional Atherosclerosis, avaliou 125 indivíduos (71 homens e 54 mulheres), com idade média de 56 anos, sem diagnóstico prévio de doença coronária.
Submetidos a exames de tomografia computadorizada, cerca 70 pacientes (56%) apresentaram medidas das áreas de gordura visceral abdominal “significativamente associadas ao diagnóstico de doença arterial coronária”, de acordo com o trabalho.
Os pesquisadores também verificaram que, quando os pacientes foram submetidos a exames antropométricos e tomográficos tradicionais, os resultados não indicaram uma associação com a doença nos indivíduos com diagnóstico de doença arterial coronariana, que é caracterizada pelo bloqueio gradual das artérias coronárias.
De acordo com Luiz Francisco Rodrigues Ávila, médico assistente da Divisão de Imagem do InCor e um dos autores do estudo, uma das explicações para a não detecção da gordura visceral (que se encontra em uma estrutura mais profunda dentro da cavidade abdominal) nos exames convencionais é a falta de instrumentos para isolar o tecido adiposo subcutâneo.
“Quando realizamos a medida da cintura em um indivíduo estamos incluindo na aferição o seu tecido adiposo subcutâneo que não está relacionado com doença arterial coronariana. Por isso, medidas semelhantes da circunferência abdominal podem representar riscos metabólicos completamente diferentes por não conseguir estimar com precisão a adiposidade visceral”, disse à Agência FAPESP .
O projeto coordenado pelo pesquisador, intitulado “Relação de gordura visceral abdominal e doença coronária avaliada pela tomografia computadorizada de múltiplos detectores”, teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Segundo Ávila, o exame de tomografia computadorizada ainda não faz parte do arsenal padrão de diagnóstico. “Mas, diferentemente do que se imagina, é um exame facilmente reprodutível. Um hospital que tenha tomógrafo, desde o mais simples ao mais complexo, em qualquer lugar do país, pode realizá-lo. É muito fácil de ser feito e é um fator preditivo importante para doença coronária”, destacou.
Ele destaca que a tomografia é o único método pelo qual é possível – com um único corte no abdômen na altura do umbigo – identificar e medir o índice de gordura visceral. “É um exame feito apenas com um corte simples no abdômen, na altura do umbigo”, disse.
“Quando se vai ao cardiologista e se faz a medida da cintura, cerca-se o risco sem olhar dentro da artéria, considerando a gordura da parede abdominal como se fosse a mesma da visceral, mas são diferentes. A gordura visceral é muito mais perigosa do que a subcutânea”, alertou.
O estudo não verificou relação direta entre obesidade e gordura visceral. “Um indivíduo pode ser obeso e não ter um índice elevado de gordura visceral. Ao se analisar a coronária desse paciente, podemos ter ausência de sintomas da doença”, disse.
Segundo Ávila, duas pessoas podem ter a mesma medida de circunferência e, no exame de angiografia (método de visualização dos vasos sanguíneos), somente uma delas apresentar diagnóstico de doença arterial coronariana.
A pesquisa também resultou na dissertação de mestrado de Mateus Diniz Marques, médico estagiário do Setor de Ressonância e Tomografia Cardiovascular do InCor, em estudo orientado por Ávila.
Discrepância no diagnóstico
A doença arterial coronariana é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Mas seus sintomas demoram para aparecer. “Até a artéria ter 70% de obstrução, geralmente não há sintomas, e os exames convencionais não apresentam alterações significativas”, disse Ávila. Mas, segundo ele, cerca de 68% do infartos têm ocorrido em pessoas que apresentam placa menor que 50%.
“É uma discrepância porque só enxergamos a doença quando ela apresenta obstrução maior do que 70%, mas os pacientes têm tido infarto com placa menor do que 50%. Os exames podem estar normais em relação a outros fatores de risco, mas a pessoa pode enfartar por conta de uma placa que não é detectada nos exames”, disse.
Uma das questões, segundo Ávila, é tentar compreender por que a gordura que está na parede do abdômen não tem tanta importância como a que se encontra nas vísceras. “Ambas são depósitos gordurosos, mas a qualidade é diferente. A visceral é mais danosa”, explicou.
“Tentamos demonstrar que existe sensibilidade e especificidade da gordura visceral que é muito maior na indicação da doença coronária do que a medida do diâmetro abdominal”, disse.
Segundo Ávila, o trabalho terá prosseguimento. “Vamos acompanhar todos os pacientes que foram submetidos às análises. Queremos comparar os dados com análises bioquímicas. O objetivo é identificar outros marcadores no sangue com a gordura visceral alterada”, disse.
Os outros autores do artigo são Mateus Marques, Raul Santos, José Parga, José Rocha-Filho, Luiz Quaglia e Márcio Miname.
O artigo Relation between visceral fat and coronary artery disease evaluated by multidetector computed tomography pode ser lido em
www.biomedsearch.com/nih/Relation-between-visceral-fat-coronary/19922936.html
A Poderosa Banana Verde /// Porcpigao
Produzida na maioria dos países tropicais, a banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, tendo o Brasil como o segundo maior produtor e primeiro consumidor mundial. As variedades mais difundidas no País são: Prata, Maçã, Terra e Nanica.
A banana é considerada hoje uma das principais fontes de amido na dieta dos trópicos, onde é consumida normalmente cozida quando ainda verde. A análise da composição química comprova que a banana não é somente rica em carboidratos e energia, mas possui também elevadas proporções de minerais e vitaminas.
A banana verde na forma cozida é apropriada ao preparo de subprodutos,
como a farinha e a biomassa (polpa e/ou casca verde cozida e processada), devido ao seu alto conteúdo de amido presente na polpa e também nas fibras na casca. Outra vantagem para sua utilização, é a palatabilidade conferida pelo amido presente na banana verde, que é bastante superior ao das fibras provenientes e cereais integrais, permitindo sua aplicação nas mais diversas preparações
doces e salgadas, que ficam ainda mais nutritivas.
Yes, nós temos BANANAS
Heloisa de Freitas Valle e Marcia Camargos
Chefe da Convenção do Clima da ONU se demite /// Estradao.com.br
Após fracasso da conferência de Copenhague, Yvo de Boer troca cargo nas Nações Unidas por empresa e será consultor na área climática.
Sua saída, porém, não foi recebida com surpresa. Desde meados de 2009 o holandês De Boer afirmava que deixaria o posto. "Foi uma decisão difícil, mas acredito que é o momento certo para o novo desafio, trabalhando com clima e sustentabilidade com o setor privado e o mundo acadêmico", disse, em comunicado. Pessoas próximas dizem que sua saúde estava se deteriorando com o estresse provocado pelo trabalho.
Ele defendeu o criticado acordo obtido na Dinamarca, em dezembro, ao confirmar sua renúncia. "Copenhague não providenciou um acordo claro em termos legais, mas o compromisso político e o senso de direção para um mundo com baixa emissão (de gases de efeito estufa) são impressionantes. Isso requer novas parcerias com o setor privado e agora tenho a chance de ajudar a acontecer."
A ironia e a língua afiada são características de Yvo de Boer. Nas conversas com jornalistas, ele sempre tentava usar metáforas e ser didático.
Integrantes do governo e ambientalistas ouvidos pelo Estado avaliam que a mudança pode ser positiva para o rumo das negociações climáticas, que terminaram de uma forma trágica no ano passado. O objetivo é que os países se comprometam com metas de redução da emissão de gases-estufa para limitar o aumento da temperatura a 2°C - se subir mais do que isso pode haver um desastre climático, segundo pesquisadores. Um acordo forte entre os quase 200 países que integram a UNFCCC pode ocorrer no fim de 2010, em Cancún (México).
O novo secretário executivo será escolhido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Há delegados que participam das negociações climáticas que consideram provável que uma mulher o substitua, preferencialmente de um país em desenvolvimento. Mas há quem acredite que um brasileiro tenha grandes chances de ganhar a vaga: o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty. Em Copenhague, além de ter sido o negociador-chefe do Brasil, Figueiredo atuou como vice-presidente do grupo AWG-LCA, que discute ações de longo prazo para o clima.
O presidente do grupo, o maltês Michael Cutajar, já esteve no cargo hoje ocupado por De Boer, por isso a avaliação é que tenha menos chances que o brasileiro. "A renovação é importante. É como numa corrida com bastão, é preciso parar para tomar fôlego e outro dar continuidade", disse a secretária nacional de Mudanças Climáticas, Suzana Khan. Para ela, o holandês teve um papel "meio fraco em Copenhague". Ela coloca Figueiredo como um dos candidatos mais "prováveis". "Ele é conhecido, articulado e acompanha a negociação há muito tempo."
O consultor do Ministério do Meio Ambiente Tasso Azevedo também considera possível que o brasileiro seja alçado ao cargo. "O mais provável é alguém envolvido, como o Figueiredo, que entende do assunto. Mas podem optar por alguém mais político."
O embaixador brasileiro classifica as apostas de Suzana e Azevedo como "sem fundamento". "O Brasil sempre trabalhou bem com Yvo de Boer. Esperamos que o próximo indicado para ser secretário executivo da convenção tenha a mesma relação com o País", disse Figueiredo.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu ontem com picardia sobre a possibilidade de uma indicação do embaixador. "Você está me dando essa ideia agora. Estou ouvindo pela primeira vez", afirmou Amorim ao sair de um seminário promovido no Congresso do PT. "O embaixador Figueiredo é um negociador muito competente. Mas, se for para lá, vai nos fazer falta", completou, com o cuidado de não sinalizar sobre o futuro do diplomata.
FRASES
Marcelo Furtado
Diretor executivo do Greenpeace no Brasil
"O mérito de Yvo de Boer foi ter levado o debate do clima para as primeiras páginas dos jornais e a agenda política. Mas faltou diálogo com diferentes grupos - países ricos, emergentes e vulneráveis"
Carlos Scaramuzza
Superintendente de Conservação da WWF
"Na falta de perspectiva atual, mudanças são bem-vindas"
Afra Balazina
O secretário executivo da Convenção do Clima das Nações Unidas (UNFCCC), Yvo de Boer, de 55 anos, anunciou ontem sua renúncia ao cargo, cerca de dois meses após o fracasso da Conferência do Clima de Copenhague. Ele fica no posto até o dia 1º de julho, quando se tornará consultor do grupo KPMG na área climática e de sustentabilidade.Sua saída, porém, não foi recebida com surpresa. Desde meados de 2009 o holandês De Boer afirmava que deixaria o posto. "Foi uma decisão difícil, mas acredito que é o momento certo para o novo desafio, trabalhando com clima e sustentabilidade com o setor privado e o mundo acadêmico", disse, em comunicado. Pessoas próximas dizem que sua saúde estava se deteriorando com o estresse provocado pelo trabalho.
Ele defendeu o criticado acordo obtido na Dinamarca, em dezembro, ao confirmar sua renúncia. "Copenhague não providenciou um acordo claro em termos legais, mas o compromisso político e o senso de direção para um mundo com baixa emissão (de gases de efeito estufa) são impressionantes. Isso requer novas parcerias com o setor privado e agora tenho a chance de ajudar a acontecer."
A ironia e a língua afiada são características de Yvo de Boer. Nas conversas com jornalistas, ele sempre tentava usar metáforas e ser didático.
Integrantes do governo e ambientalistas ouvidos pelo Estado avaliam que a mudança pode ser positiva para o rumo das negociações climáticas, que terminaram de uma forma trágica no ano passado. O objetivo é que os países se comprometam com metas de redução da emissão de gases-estufa para limitar o aumento da temperatura a 2°C - se subir mais do que isso pode haver um desastre climático, segundo pesquisadores. Um acordo forte entre os quase 200 países que integram a UNFCCC pode ocorrer no fim de 2010, em Cancún (México).
O novo secretário executivo será escolhido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Há delegados que participam das negociações climáticas que consideram provável que uma mulher o substitua, preferencialmente de um país em desenvolvimento. Mas há quem acredite que um brasileiro tenha grandes chances de ganhar a vaga: o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty. Em Copenhague, além de ter sido o negociador-chefe do Brasil, Figueiredo atuou como vice-presidente do grupo AWG-LCA, que discute ações de longo prazo para o clima.
O presidente do grupo, o maltês Michael Cutajar, já esteve no cargo hoje ocupado por De Boer, por isso a avaliação é que tenha menos chances que o brasileiro. "A renovação é importante. É como numa corrida com bastão, é preciso parar para tomar fôlego e outro dar continuidade", disse a secretária nacional de Mudanças Climáticas, Suzana Khan. Para ela, o holandês teve um papel "meio fraco em Copenhague". Ela coloca Figueiredo como um dos candidatos mais "prováveis". "Ele é conhecido, articulado e acompanha a negociação há muito tempo."
O consultor do Ministério do Meio Ambiente Tasso Azevedo também considera possível que o brasileiro seja alçado ao cargo. "O mais provável é alguém envolvido, como o Figueiredo, que entende do assunto. Mas podem optar por alguém mais político."
O embaixador brasileiro classifica as apostas de Suzana e Azevedo como "sem fundamento". "O Brasil sempre trabalhou bem com Yvo de Boer. Esperamos que o próximo indicado para ser secretário executivo da convenção tenha a mesma relação com o País", disse Figueiredo.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu ontem com picardia sobre a possibilidade de uma indicação do embaixador. "Você está me dando essa ideia agora. Estou ouvindo pela primeira vez", afirmou Amorim ao sair de um seminário promovido no Congresso do PT. "O embaixador Figueiredo é um negociador muito competente. Mas, se for para lá, vai nos fazer falta", completou, com o cuidado de não sinalizar sobre o futuro do diplomata.
FRASES
Marcelo Furtado
Diretor executivo do Greenpeace no Brasil
"O mérito de Yvo de Boer foi ter levado o debate do clima para as primeiras páginas dos jornais e a agenda política. Mas faltou diálogo com diferentes grupos - países ricos, emergentes e vulneráveis"
Carlos Scaramuzza
Superintendente de Conservação da WWF
"Na falta de perspectiva atual, mudanças são bem-vindas"
Projeto auxilia a mapear emissões de GEE
Por Neuza Árbocz (Envolverde) / Edição de Benjamin S. Gonçalves
Tradicionalmente, preço e qualidade definiam uma decisão de compra. Hoje, contudo, pressionadas por novas regulamentações, por investidores e por uma parcela mais consciente de executivos e consumidores, muitas corporações também investem em conhecer e reduzir sua “pegada de carbono”, ação que já expandem também para seus fornecedores.
“No Reino Unido, esse dado já é tão importante [para a efetivação de um negócio] quanto o valor cobrado”, esclareceu Simone Oliveira Zahran, diretora no Brasil do Carbon Disclosure Project (CDP), uma iniciativa que auxilia empresas de todo o mundo a mapear as emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes de suas atividades.
Isso significa que não basta uma companhia oferecer a melhor qualidade pelo melhor preço, pois os compradores também avaliam, cada vez mais, quais impactos ambientais ela causou durante seu processo de produção e se ela tem uma postura responsável de redução e compensação dos mesmos.
“Os fornecedores de transporte para o Walmart, por exemplo, ao serem convidados a levantar e divulgar os dados de suas emissões por meio do questionário do CDP, perceberam oportunidades para reduzir suas emissões e foram os primeiros a fazê-lo. Com isso, abarcaram mais mercado de forma pioneira”, exemplificou a diretora, durante encontro com empresas realizado no dia 11 de fevereiro, na sede do Instituto Ethos, em São Paulo, para esclarecer como o CDP funciona.
“Ter uma gestão sustentável é cada vez mais estratégico”, comentou na ocasião Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos. Itacarambi vem conduzindo a estruturação do plano de ação da instituição para os próximos 10 anos e explicou que o Ethos priorizará trabalhar com as empresas em suas cadeias de valor. “Queremos que as mudanças climáticas, a redução de emissões e a produção sustentável se desenvolvam na cadeia inteira, num processo igual ao que ocorreu com o controle de qualidade”, acrescentou.
De fato, para conhecer, mitigar e compensar suas emissões diretas e indiretas, uma empresa precisa também saber quanto de emissões realizaram seus fornecedores ao atender seus pedidos. Essa medição só se torna efetiva com uma metodologia unificada, possibilitando comparar os dados e eliminar contagem duplicada. “Hoje, o CDP, em oito anos de trabalho contínuo, é a maior base de dados sobre as emissões de gases de efeito estufa pelo setor produtivo, no mundo todo”, salientou Simone Zahran.
As vantagens para as empresas participantes são conhecer seus dados por meio de metodologias consagradas e integrá-los nessa base comum, ampliando sua possibilidade de interação, troca de informação e divulgação de compromissos e conquistas em adequação e melhorias. Um fator essencial tanto para manter como para atrair novos investidores.
Muito além do carbono
Emitir carbono é um ato natural de toda a vida orgânica no planeta. Na realidade, essa emissão é que forma as condições atmosféricas para a existência de plantas e animais na Terra, inclusive do bicho homem. A expressão “emitir carbono” é uma simplificação da emissão de gases como o CO2 (produzido pela respiração vegetal e animal), o metano (produzido pela decomposição de qualquer material orgânico, desde frutas e verduras até árvores e os próprios corpos humanos) e o óxido nitroso (produzido pelos mares e florestas), entre outros. Esses gases retêm os raios infravermelhos e se aquecem, gerando o chamado “efeito estufa”. Sem ele, a temperatura média na Terra seria em torno de –15° C e não existiria água na forma líquida nem vida.
Esse processo natural, contudo, recebeu um reforço inesperado das atividades humanas, desde a revolução industrial, com a extensa queima de florestas e de combustíveis fósseis, e com a produção de elementos estranhos à natureza, como os clorofluorcarbonos (CFCs), entre outros poluentes. O planeta procura se adaptar como pode. Árvores, plantas e plânctons absorvem mais e mais CO2 tentando compensar sua hiperemissão. Mas, dado o ritmo crescente, intenso e acelerado das intervenções humanas, os ciclos naturais não conseguem se reequilibrar, a ponto de impedir mudanças de alto impacto, como temperaturas extremas, tempestades e derretimento de calotas polares.
Depois de alguma polêmica quanto ao papel humano nessas mudanças, cerca de 2.500 cientistas reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para análises aprofundadas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) concordaram que estamos mesmo afetando o refinado balanço de trocas responsável pela vida nesta pequena parte do universo que nos serve de casa.
As mudanças climáticas já estão tão aceleradas que nem é mais preciso se debruçar sobre números, tabelas e dados para concluir que a poluição gerada está, de fato, voltando-se contra nós mesmos. Todos somos responsáveis por entender e alterar os efeitos daquilo que produzimos, consumimos e descartamos. E fazê-lo abertamente, utilizando uma plataforma comum, pode nos economizar um tempo precioso, que se refletirá em melhor eficácia para lidarmos com os desafios à frente.
Transparência recompensada
“Os investidores querem contemplar empresas ativas nesse processo”, testemunhou Simone Zahran, com a segurança de quem representa 534 dos maiores compradores mundiais de ações. Este é o número de bancos, seguradoras e fundos de investimentos signatários do Carbon Disclosure Project, que, como o nome diz, trabalha para o registro e a divulgação pública das emissões de cada setor e de cada corporação.
Em nome de seus signatários, o CDP convida empresas a preencher questionários sobre suas emissões, informando-as que este é um pedido dos seus próprios acionistas. Ao receber a solicitação, as empresas podem declinar, responder de forma restrita (acessível apenas aos solicitantes) ou responder de forma aberta a todos. Sua resposta é divulgada no relatório anual do CDP, conforme sua opção. Os dados de quem responde em privado também são computados nos documentos gerados, estabelecendo o quadro geral das emissões no mundo e o planejamento de sua mitigação.
Ainda há receio quanto ao relato público por se tratar de uma questão pouco compreendida. Contudo, as empresas que abraçaram esse compromisso têm colhido bons frutos. Lincoln C. Fernandes, da área de Responsabilidade Socioambiental do Bradesco, por exemplo, explicou que, com a adesão ao CDP e a divulgação em aberto, a empresa tem avançado no engajamento pela sustentabilidade, tanto interno quanto externo. O banco está obtendo informações mais precisas e melhor compreensão entre seus funcionários e fornecedores do que são emissões, suas origens e que riscos socioambientais suas atividades envolvem, o que resulta em melhores resultados na aplicação de soluções construídas de forma participativa.
Além disso, o banco se beneficia de treinamentos oferecidos pelo CDP e de uma útil troca de práticas com outras empresas e com seus próprios fornecedores. Outro ponto positivo é o ganho em imagem e reputação, sobretudo no mercado externo. “Integramos o Índice Dow Jones de Sustentabilidade, e iniciativas como o preenchimento dos questionários do CDP são valorizadas na avaliação internacional”, comentou Fernandes.
O Bradesco aderiu ao CDP desde o início de das atividades do projeto no Brasil, em 2006.
Brasil na liderança
As empresas brasileiras surpreendem positivamente na adesão ao projeto. O Brasil é o segundo país em número de participantes, ficando atrás apenas do Reino Unido, onde a inciativa começou. Em 2009, 77,5% das empresas brasileiras convidadas responderam à solicitação do CDP.
Graças à recepção positiva no Brasil, o CDP estendeu sua atuação para Argentina, Chile, México e Peru, e planeja alcançar o Uruguai, a Colômbia e a Bolívia em 2011. “Fomos pioneiros. Agora, temos a chance de sermos líderes nesse processo, pois, além de termos melhores informações antes, nossa matriz energética é mais limpa e podemos sair à frente na adoção e difusão de melhores práticas e soluções”, analisou João Gilberto Azevedo, da área de Desenvolvimento e Orientação do Instituto Ethos.
Outros relatórios estão sendo elaborados, como o Water Disclosure – no Brasil, a Vale e a Petrobrás já foram convidadas a integrá-lo – e o Forest Disclosure. “O objetivo final é proteger a vida no planeta”, salientou Simone Zahran, lembrando que o prazo para inscrever-se no CDP Supply Chain vai até 15 de março, com fornecimento das respostas até 31 de julho.
Para saber mais:
• Carbon Disclosure Project;
• Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC);
• IPCC – Efeito Estufa;
• GHG Protocol (o protocolo mais utilizado para a medição das emissões);
• O Que É Efeito Estufa (Química Ambiental da USP).
Publicada a Regulamentação da Agricultura Orgânica no Brasil /// Planeta Organico
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Unknown
em
2/15/2010 11:36:00 AM
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agricultura organica
Desde 29 de dezembro de 2007, a agricultura orgânica no Brasil passou a ter critérios para o funcionamento de todo o seu sistema de produção, desde a propriedade rural ao ponto de venda
Estas regras estão expressas no Decreto nº 6323 publicado nesta data, no Diário Oficial da União.
A legislação, que regulamenta a Lei nº 10.831/2003, inclui a produção, armazenamento, rotulagem, transporte, certificação, comercialização e fiscalização dos produtos.
Atualmente, há 15 mil produtores atuando com agricultura orgânica numa área estimada de 800 mil hectares
“A regulamentação da agricultura orgânica dará um grande impulso ao setor uma vez que temos agora regras claras quanto aos processos e produtos aprovados e pela criação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica que propiciará aos consumidores mais garantias e facilidade na identificação desses produtos”, diz o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rogério Pereira Dias.
A elaboração do decreto envolveu a participação de técnicos e especialistas de entidades públicas e privadas.
Para facilitar a relação comercial com outros países foram utilizadas, também como base, as diretrizes do Codex Alimentarius para a produção orgânica e regulamentos já adotados nos Estados Unidos, União Européia e Japão.
Certificação
O decreto cria o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica que será composto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) órgãos de fiscalização dos estados e organismos de avaliação da conformidade orgânica. Nessa cadeia, cabe ao ministério credenciar, acompanhar e fiscalizar os organismos. Já os organismos, mediante prévia habilitação do MAPA, farão a certificação da produção orgânica e deverão atualizar as informações dos produtores para alimentar o cadastro nacional de produtores orgânicos. Estes órgãos, antes de receber a habilitação do Ministério, passarão por processo de acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).
O decreto ainda permite a produção paralela na mesma propriedade de produtos orgânicos e não orgânicos desde que haja uma separação do processo produtivo. Também não poderá haver um contato com materiais e substâncias cujo uso não seja autorizado para a agricultura orgânica.
Conforme a legislação, não poderão ser comercializados como orgânicos no mercado interno os produtos destinados à exportação em que as exigências do País de destino ou do importador implique na utilização de componentes ou processos proibidos na regulamentação brasileira.
Com intuito de auxiliar as ações para o desenvolvimento da atividade, será criada a Comissão Nacional da Produção Orgânica (CNPOrg) e comissões estaduais organizadas pelas superintendências federais de agricultura. As comissões poderão emitir pareceres sobre regulamentos, propor regulamentos técnicos além de incentivar o fomento de fóruns setoriais. Esses órgãos serão formados, paritariamente, por integrantes do setor público e da sociedade civil com formação e experiência comprovada em agricultura orgânica.
O decreto autoriza também os agricultores familiares a realizar a venda direta ao consumidor desde que tenham cadastro junto ao órgão fiscalizador.
Fiscalização
A inspeção será feita nas unidades de produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas, órgãos públicos, portos aeroportos, postos de fronteira, veículos e meios de transporte e qualquer ambiente onde se verifique a produção, beneficiamento, manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, distribuição, comércio, armazenamento, importação e exportação.
Quando houver indício de adulteração, falsificação, fraude e descumprimento da legislação serão tomadas as seguintes medidas: advertência, autuação, apreensão dos produtos, retirada do cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda direta e suspensão do credenciamento como organismo de avaliação. As punições serão mantidas até que se cumpram as análises, vistorias, ou auditorias necessárias. Também poderão ser aplicadas multas que variam entre R$ 100 a R$ um milhão de reais.
Para o detalhamento de algumas questões do decreto, tais como o manual de boas práticas da produção orgânica, simplificação do registro dos produtos, lista dos insumos permitidos e regras para o credenciamento dos organismos de avaliação da conformidade orgânica, o ministério publicará instruções normativas que ficarão em consulta pública por 30 dias. Alguns desses regulamentos serão elaborados em conjunto com outros órgãos do governo federal, como Ministérios da Saúde e Meio Ambiente.Todos os segmentos envolvidos na rede de produção orgânica terão prazo de dois anos para se adequarem às regras do decreto.
Leia o decreto:
link: http://www.agricultura.gov.br/
Estas regras estão expressas no Decreto nº 6323 publicado nesta data, no Diário Oficial da União.
A legislação, que regulamenta a Lei nº 10.831/2003, inclui a produção, armazenamento, rotulagem, transporte, certificação, comercialização e fiscalização dos produtos.
Atualmente, há 15 mil produtores atuando com agricultura orgânica numa área estimada de 800 mil hectares
“A regulamentação da agricultura orgânica dará um grande impulso ao setor uma vez que temos agora regras claras quanto aos processos e produtos aprovados e pela criação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica que propiciará aos consumidores mais garantias e facilidade na identificação desses produtos”, diz o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rogério Pereira Dias.
A elaboração do decreto envolveu a participação de técnicos e especialistas de entidades públicas e privadas.
Para facilitar a relação comercial com outros países foram utilizadas, também como base, as diretrizes do Codex Alimentarius para a produção orgânica e regulamentos já adotados nos Estados Unidos, União Européia e Japão.
Certificação
O decreto cria o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica que será composto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) órgãos de fiscalização dos estados e organismos de avaliação da conformidade orgânica. Nessa cadeia, cabe ao ministério credenciar, acompanhar e fiscalizar os organismos. Já os organismos, mediante prévia habilitação do MAPA, farão a certificação da produção orgânica e deverão atualizar as informações dos produtores para alimentar o cadastro nacional de produtores orgânicos. Estes órgãos, antes de receber a habilitação do Ministério, passarão por processo de acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).
O decreto ainda permite a produção paralela na mesma propriedade de produtos orgânicos e não orgânicos desde que haja uma separação do processo produtivo. Também não poderá haver um contato com materiais e substâncias cujo uso não seja autorizado para a agricultura orgânica.
Conforme a legislação, não poderão ser comercializados como orgânicos no mercado interno os produtos destinados à exportação em que as exigências do País de destino ou do importador implique na utilização de componentes ou processos proibidos na regulamentação brasileira.
Com intuito de auxiliar as ações para o desenvolvimento da atividade, será criada a Comissão Nacional da Produção Orgânica (CNPOrg) e comissões estaduais organizadas pelas superintendências federais de agricultura. As comissões poderão emitir pareceres sobre regulamentos, propor regulamentos técnicos além de incentivar o fomento de fóruns setoriais. Esses órgãos serão formados, paritariamente, por integrantes do setor público e da sociedade civil com formação e experiência comprovada em agricultura orgânica.
O decreto autoriza também os agricultores familiares a realizar a venda direta ao consumidor desde que tenham cadastro junto ao órgão fiscalizador.
Fiscalização
A inspeção será feita nas unidades de produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas, órgãos públicos, portos aeroportos, postos de fronteira, veículos e meios de transporte e qualquer ambiente onde se verifique a produção, beneficiamento, manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, distribuição, comércio, armazenamento, importação e exportação.
Quando houver indício de adulteração, falsificação, fraude e descumprimento da legislação serão tomadas as seguintes medidas: advertência, autuação, apreensão dos produtos, retirada do cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda direta e suspensão do credenciamento como organismo de avaliação. As punições serão mantidas até que se cumpram as análises, vistorias, ou auditorias necessárias. Também poderão ser aplicadas multas que variam entre R$ 100 a R$ um milhão de reais.
Para o detalhamento de algumas questões do decreto, tais como o manual de boas práticas da produção orgânica, simplificação do registro dos produtos, lista dos insumos permitidos e regras para o credenciamento dos organismos de avaliação da conformidade orgânica, o ministério publicará instruções normativas que ficarão em consulta pública por 30 dias. Alguns desses regulamentos serão elaborados em conjunto com outros órgãos do governo federal, como Ministérios da Saúde e Meio Ambiente.Todos os segmentos envolvidos na rede de produção orgânica terão prazo de dois anos para se adequarem às regras do decreto.
Leia o decreto:
link: http://www.agricultura.gov.br/
SMMA dá continuidade à discussão do Projeto de Reflorestamento /// Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ijuí -RS
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Unknown
em
2/15/2010 11:35:00 AM
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corredores ecológicos,
créditos de carbono,
mata ciliar
foto: Mata Ciliar do Rio Formoso/MS
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) realizou na tarde dessa terça-feira, dia 5, reunião com os representantes da ONG Internacional CARE Markus Brose e Jalmar Mai, o reitor da Unijuí Gilmar Bedin, o prefeito Fioravante Ballin, o secretário de Meio Ambiente Osório Lucchese e o coordenador do Departamento de Estudos Agrários da Unijuí Roberto Carbonera para dar continuidade à discussão do Projeto de Reflorestamento Assistido em Propriedades Rurais.
O secretário de meio ambiente Osório Lucchese salientou que a partir da estruturação do projeto, que tem 604 adesões entre os municípios de Ijuí e Ajuricaba, além da área de 43 escolas, o próximo passo é conseguir um investidor para aplicar recursos financeiros no projeto que é gestionado pela Fidene/Unijuí através do Departamento de Estudos Agrários.
O prefeito Fioravante Ballin ressaltou que o Executivo ajudará no processo de articulação para a captação de recursos e fará um agendamento de reuniões com os poderes públicos constituídos para apresentar o projeto e conseqüentemente receber apoio. Observou também que com estas ações e a sensibilização regional e trabalho integrado pode-se levar o Projeto para âmbitos Estadual e Federal. Sendo assim, na quarta-feira, dia 27, às 10h, o Projeto será apresentado às lideranças regionais na ACI, e posteriormente, levado a apreciação dos órgãos estaduais e empresas privadas.
Na ocasião o representante da CARE Markus Brose destacou que o projeto visa à adequação ao marco legal definido pela Legislação Florestal Federal, a restauração das Áreas de Preservação Permanente e outras áreas degradadas de mata ciliar (corredores ecológicos) de forma voluntária, além da disponibilização de insumos necessários para o plantio de mudas e isolamento de áreas sem custos para os produtores.
Afirmou também, que existem três estratégias que podem ser adotadas para a captação dos recursos: busca por grandes empresas geradoras de carbono na atmosfera, um consórcio entre várias empresas que investiriam de acordo com o seu potencial econômico e a procura por órgãos públicos que também estariam aptos a investir e neutralizar suas emissões.
Enfatizou, portanto, que o custo do projeto é de 3 milhões de dólares, valor que pode ser negociado em partes ao longo dos 30 anos em que as árvores devem ser monitoradas. No Brasil, é só uma questão de tempo até que as empresas poluidoras passem a ser cobradas legalmente, por isso, o interesse em estabelecer contratos com empresas que queiram ser pró-ativas no que se refere ao combate à poluição, pois a partir do investimento no projeto, os financiadores estarão se tornando “carbono neutro”, compensando os efeitos das emissões de gases na atmosfera.
E, ao final concluiu que este não é um projeto de créditos de carbono comum, pois tem uma interface voluntária, participativa e transparente, o que dá maior credibilidade e agrega valor ao projeto, que é uma iniciativa que descentraliza o mercado de créditos de carbono das grandes capitais para o interior do país, mobilizando órgãos públicos e instituições em prol do meio ambiente e dos recursos naturais.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) realizou na tarde dessa terça-feira, dia 5, reunião com os representantes da ONG Internacional CARE Markus Brose e Jalmar Mai, o reitor da Unijuí Gilmar Bedin, o prefeito Fioravante Ballin, o secretário de Meio Ambiente Osório Lucchese e o coordenador do Departamento de Estudos Agrários da Unijuí Roberto Carbonera para dar continuidade à discussão do Projeto de Reflorestamento Assistido em Propriedades Rurais.
O secretário de meio ambiente Osório Lucchese salientou que a partir da estruturação do projeto, que tem 604 adesões entre os municípios de Ijuí e Ajuricaba, além da área de 43 escolas, o próximo passo é conseguir um investidor para aplicar recursos financeiros no projeto que é gestionado pela Fidene/Unijuí através do Departamento de Estudos Agrários.
O prefeito Fioravante Ballin ressaltou que o Executivo ajudará no processo de articulação para a captação de recursos e fará um agendamento de reuniões com os poderes públicos constituídos para apresentar o projeto e conseqüentemente receber apoio. Observou também que com estas ações e a sensibilização regional e trabalho integrado pode-se levar o Projeto para âmbitos Estadual e Federal. Sendo assim, na quarta-feira, dia 27, às 10h, o Projeto será apresentado às lideranças regionais na ACI, e posteriormente, levado a apreciação dos órgãos estaduais e empresas privadas.
Na ocasião o representante da CARE Markus Brose destacou que o projeto visa à adequação ao marco legal definido pela Legislação Florestal Federal, a restauração das Áreas de Preservação Permanente e outras áreas degradadas de mata ciliar (corredores ecológicos) de forma voluntária, além da disponibilização de insumos necessários para o plantio de mudas e isolamento de áreas sem custos para os produtores.
Afirmou também, que existem três estratégias que podem ser adotadas para a captação dos recursos: busca por grandes empresas geradoras de carbono na atmosfera, um consórcio entre várias empresas que investiriam de acordo com o seu potencial econômico e a procura por órgãos públicos que também estariam aptos a investir e neutralizar suas emissões.
Enfatizou, portanto, que o custo do projeto é de 3 milhões de dólares, valor que pode ser negociado em partes ao longo dos 30 anos em que as árvores devem ser monitoradas. No Brasil, é só uma questão de tempo até que as empresas poluidoras passem a ser cobradas legalmente, por isso, o interesse em estabelecer contratos com empresas que queiram ser pró-ativas no que se refere ao combate à poluição, pois a partir do investimento no projeto, os financiadores estarão se tornando “carbono neutro”, compensando os efeitos das emissões de gases na atmosfera.
E, ao final concluiu que este não é um projeto de créditos de carbono comum, pois tem uma interface voluntária, participativa e transparente, o que dá maior credibilidade e agrega valor ao projeto, que é uma iniciativa que descentraliza o mercado de créditos de carbono das grandes capitais para o interior do país, mobilizando órgãos públicos e instituições em prol do meio ambiente e dos recursos naturais.
Cresce interesse por hotéis verdes /// Estadão
Estabelecimentos investem na adoção de práticas ecologicamente corretas para preservar o ambiente e o clima.
Afra BalazinaO luxo e o conforto oferecidos pelos hotéis estão frequentemente relacionados a extravagâncias e desperdícios. Mas a cada dia é mais comum que empreendimentos e hóspedes tentem aliar o bem-estar e o aconchego com o respeito ao ambiente. O movimento é observado no Brasil e no mundo.
Entre as ações adotadas estão o tratamento de esgoto, a separação do lixo, a redução do consumo de água e o aproveitamento de fontes alternativas de energia, como a solar.
Mas um dos pontos que ainda faltam avançar no País é a certificação no momento de construir os prédios - nenhum hotel tem. Segundo a ONG Green Building Council Brasil (GBC), hoje existem só 14 empreendimentos certificados com o Leed - Leadership in Energy and Environmental Design, selo verde para a construção civil. Em processo de certificação são 150 obras, entre as quais alguns hotéis. Um deles será instalado na zona sul de São Paulo e outros, na Região Nordeste.
INTEGRAÇÃO
Além de ações de sustentabilidade, alguns hotéis vêm adotando medidas de integração com a comunidade onde eles estão instalados. Esse é o casos do Paraíso Eco Lodge, em Ribeirão Grande, no Vale do Ribeira. O empreendimento patrocinou um grupo de artesãos da região e promoveu o renascimento de grupos de dança de fandango.
Praticamente todos os funcionários são de Ribeirão Grande, de preferência do bairro mais próximo do hotel. "Não destruir e respeitar a natureza é o mínimo, mas não podemos deixar de lado o elemento humano", diz o coordenador do Paraíso, Manoel Pereira Lizo Filho.
O hotel também faz tratamento de esgoto produzido nos chalés que foram construídos com sobras da indústria de laminação de madeira. O estabelecimento tem lareiras apenas decorativas. Para não perder o charme, mas evitar a queima de lenha e a emissão de gás carbônico, o hotel usa velas.
E não há piscinas. "Alguns hóspedes pedem, mas para quê gastar com água e manutenção se na área há lagos que permitem a natação e um contato mais próximo com a natureza?", questiona Lizo Filho.
Em Visconde de Mauá (RJ), o Hotel Bühler criou o projeto Lixo Mínimo. Os resíduos orgânicos vão para uma miniusina e são transformados em adubo, usado posteriormente no jardim e na horta orgânica. De acordo com Norma Bühler, os hóspedes são convidados "de forma simpática" a fazer a separação do lixo reciclável - depois, o material é doado. O hotel também planta eucaliptos para abastecer a sauna e as lareiras.
Na Costa Rica, país procurado por suas belezas naturais, o Paradisus Playa Conchal faz mensalmente uma revisão na frota de carros e motos para verificar as emissões de poluentes e, se necessário, fazer a regulação dos veículos.
Mauricio Ramírez, gerente de qualidade ambiental do hotel, conta que foram recicladas mais de 325 toneladas de resíduos desde 2004. Os hóspedes são convidados a contribuir com US$ 1 por estada para beneficiar uma área de conservação estadual - em cerca de dez anos, arrecadou-se aproximadamente R$ 400 mil. O empreendimento conquistou a certificação ambiental ISO 14001.
CUSTO-BENEFÍCIO
As construções que obedecem às normas de certificação Leed têm um aumento de 5% a 10% no custo de implantação. No entanto, os gastos na operação são reduzidos em 40%. As novas tecnologias ajudam a garantir economia de energia e de água: é possível usar lâmpadas mais eficientes - como as fluorescentes e as de LED - e sensores para iluminação e para torneiras, além de privadas com dois botões de fluxo de água (um mais curto e outro mais longo).
O engenheiro civil Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, incentiva o uso de energias alternativas, como a solar e a eólica, e o respeito à biodiversidade. A iluminação do empreendimento à noite, por exemplo, "deve ser somente o mínimo necessário para garantir a segurança e não atrapalhar os pássaros noturnos".
Paulo Gustavo Moura Gomes, coordenador de marketing do Pestana na América do Sul, diz que a rede possui um comitê de ecossuficiência que atua em questões relacionadas a obras e reformas. "Percebeu-se que o letreiro não precisava ficar aceso a madrugada toda. E que nem todos os elevadores precisavam funcionar durante a noite."
A rede, com nove hotéis no Brasil, promoveu o plantio de 5 mil mudas de árvores por meio de um projeto da Fundação SOS Mata Atlântica. Nos quartos, são apresentados guias de educação ambiental para os hóspedes e, em abril, realizará um evento para conscientizar também funcionários. Gomes não é contrário à certificação, mas diz que esses mecanismos não são estritamente necessários. "Se o hotel tem regras próprias e projeto claro, isso fica evidente para o cliente. Não é preciso outra propaganda."
Afra Balazina
Entre as ações adotadas estão o tratamento de esgoto, a separação do lixo, a redução do consumo de água e o aproveitamento de fontes alternativas de energia, como a solar.
Mas um dos pontos que ainda faltam avançar no País é a certificação no momento de construir os prédios - nenhum hotel tem. Segundo a ONG Green Building Council Brasil (GBC), hoje existem só 14 empreendimentos certificados com o Leed - Leadership in Energy and Environmental Design, selo verde para a construção civil. Em processo de certificação são 150 obras, entre as quais alguns hotéis. Um deles será instalado na zona sul de São Paulo e outros, na Região Nordeste.
INTEGRAÇÃO
Além de ações de sustentabilidade, alguns hotéis vêm adotando medidas de integração com a comunidade onde eles estão instalados. Esse é o casos do Paraíso Eco Lodge, em Ribeirão Grande, no Vale do Ribeira. O empreendimento patrocinou um grupo de artesãos da região e promoveu o renascimento de grupos de dança de fandango.
Praticamente todos os funcionários são de Ribeirão Grande, de preferência do bairro mais próximo do hotel. "Não destruir e respeitar a natureza é o mínimo, mas não podemos deixar de lado o elemento humano", diz o coordenador do Paraíso, Manoel Pereira Lizo Filho.
O hotel também faz tratamento de esgoto produzido nos chalés que foram construídos com sobras da indústria de laminação de madeira. O estabelecimento tem lareiras apenas decorativas. Para não perder o charme, mas evitar a queima de lenha e a emissão de gás carbônico, o hotel usa velas.
E não há piscinas. "Alguns hóspedes pedem, mas para quê gastar com água e manutenção se na área há lagos que permitem a natação e um contato mais próximo com a natureza?", questiona Lizo Filho.
Em Visconde de Mauá (RJ), o Hotel Bühler criou o projeto Lixo Mínimo. Os resíduos orgânicos vão para uma miniusina e são transformados em adubo, usado posteriormente no jardim e na horta orgânica. De acordo com Norma Bühler, os hóspedes são convidados "de forma simpática" a fazer a separação do lixo reciclável - depois, o material é doado. O hotel também planta eucaliptos para abastecer a sauna e as lareiras.
Na Costa Rica, país procurado por suas belezas naturais, o Paradisus Playa Conchal faz mensalmente uma revisão na frota de carros e motos para verificar as emissões de poluentes e, se necessário, fazer a regulação dos veículos.
Mauricio Ramírez, gerente de qualidade ambiental do hotel, conta que foram recicladas mais de 325 toneladas de resíduos desde 2004. Os hóspedes são convidados a contribuir com US$ 1 por estada para beneficiar uma área de conservação estadual - em cerca de dez anos, arrecadou-se aproximadamente R$ 400 mil. O empreendimento conquistou a certificação ambiental ISO 14001.
CUSTO-BENEFÍCIO
As construções que obedecem às normas de certificação Leed têm um aumento de 5% a 10% no custo de implantação. No entanto, os gastos na operação são reduzidos em 40%. As novas tecnologias ajudam a garantir economia de energia e de água: é possível usar lâmpadas mais eficientes - como as fluorescentes e as de LED - e sensores para iluminação e para torneiras, além de privadas com dois botões de fluxo de água (um mais curto e outro mais longo).
O engenheiro civil Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, incentiva o uso de energias alternativas, como a solar e a eólica, e o respeito à biodiversidade. A iluminação do empreendimento à noite, por exemplo, "deve ser somente o mínimo necessário para garantir a segurança e não atrapalhar os pássaros noturnos".
Paulo Gustavo Moura Gomes, coordenador de marketing do Pestana na América do Sul, diz que a rede possui um comitê de ecossuficiência que atua em questões relacionadas a obras e reformas. "Percebeu-se que o letreiro não precisava ficar aceso a madrugada toda. E que nem todos os elevadores precisavam funcionar durante a noite."
A rede, com nove hotéis no Brasil, promoveu o plantio de 5 mil mudas de árvores por meio de um projeto da Fundação SOS Mata Atlântica. Nos quartos, são apresentados guias de educação ambiental para os hóspedes e, em abril, realizará um evento para conscientizar também funcionários. Gomes não é contrário à certificação, mas diz que esses mecanismos não são estritamente necessários. "Se o hotel tem regras próprias e projeto claro, isso fica evidente para o cliente. Não é preciso outra propaganda."
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