Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

No Pará , a floresta em pé também faz dinheiro /// O Valor

 Sabonetes em gomos, em lascas, em barra, para fatiar, e até em penca - oito quadradinhos unidos por um fio. Estes quatro formatos, fabricados a partir de cacau, murumuru, cupuaçu e maracujá deverão ser patenteados pela Natura e lançados em março.


Os novos produtos, da linha Ekos, são resultado de dois anos de pesquisa desenvolvida em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em Benevides (região metropolitana de Belém), e quatro anos de capacitação das comunidades extrativistas da Amazônia. Estas fornecem os frutos e as sementes.

A linha também é composta pelo sabonete em pasta de maracujá. O diferencial deles, segundo a Natura, é o aumento do índice de óleos vegetais na composição. Até agora, os sabonetes da Ekos - uma das principais marcas da companhia, responsável pela linha mais extensa, de 93 itens - eram produzidos com até 3% de óleo vegetal. Os lançamentos terão entre 20% e 50% do respectivo óleo do fruto na sua formulação.

A produção será realizada na unidade industrial de Benevides, que engloba duas fábricas: a de massa de sabonetes e a de extração de óleos vegetais, que acaba de ser inaugurada. Ao todo, desde 2007, quando a planta foi criada, foram investidos R$ 19 milhões nas instalações. O começo da operação da fábrica de óleos vegetais vai agregar mais seis postos de trabalho aos atuais 50, uma vez que a produção é altamente mecanizada.

O óleo entra agora na fabricação da massa do sabonete, que antes era feita apenas com óleo de dendê, fornecido pela Agropalma, diz Gilberto Xandó, diretor de unidade de negócio da Natura. Essa mudança, segundo o executivo, confere maiores propriedades de espumação, consistência, maciez e emoliência ao produto. E maior rentabilidade: enquanto um sabonete Ekos em barra tradicional é vendido por R$ 4, em média, a unidade, o de barras para fatiar será oferecido a R$ 10,50. O resultado não vai voltar só para a Natura, será repartido com a comunidade local, uma vez que o lançamento dos produtos exigiu um maior número de famílias envolvidas, diz Renata Puchala, gerente de marketing da linha Ekos.

A marca, que tem como principal característica o uso de elementos da biodiversidade brasileira na sua formulação, envolveu ao longo dos últimos dez anos 19 comunidades extrativistas no fornecimento de matérias-primas. Em todo o período, a remuneração pelo trabalho de 1,7 mil famílias atingiu R$ 8,5 milhões. Agora, estamos incorporando mais oito comunidades na produção dos novos sabonetes, o que envolve outras 263 famílias, diz Xandó. Com isso, diz ele, será revertido o dobro para as comunidades fornecedoras.

Em 2009, repassamos R$ 1,3 milhão e, este ano, com os lançamentos, vamos reverter R$ 2,6 milhões, afirma. Na opinião do executivo, o lançamento da nova linha de sabonetes reforça o portfólio da Natura com produtos premium. Ninguém precisa comprar um sabonete desses só para ajudar as comunidades: o consumidor vai comprar porque é realmente bom, e melhor ainda que esteja baseado em uma cadeia sustentável, afirma.

Outro ponto, diz Renata, é o fato desse processo permitir a floresta em pé. Explica que em algumas comunidades, como as que fornecem murumuru, esse fruto não era valorizado. Vem de uma palmeira que tem espinhos e não serve para comer. Muitas famílias preferiam derrubar as árvores de murumuru para plantar outras espécies mais rentáveis, como o açaí. Ajudamos a identificar o valor dessa matéria-prima e, consequentemente, a sua conservação, afirma a executiva. Ao todo, serão três mil árvores que continuarão de pé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento