por Laércio Bruno Filho
Thomas L. Friedman lançou em 2005 o best-seller “The World is Flat”, referente ao nivelamento global dos países por conta de inúmeros fatores, indicando como principal, a característica intrínseca de uma economia mundial rica e globalizada que tendia a exportar e importar empregos nas diferentes nações do planeta e assim gerando riqueza (concentrada nas mãos de poucos).
Neste novo livro “ Hot,Flat and Crowded” lançado em 2008, Friedman discorre sobre temas hoje obrigatórios nas políticas nacionais de países, nas políticas empresariais e nos comportamentos da sociedade contemporanea.
Á propósito o titulo diz respeito á:
Hot: quente , por conta do aquecimento global;
Flat: nivelado, por conta da equalização do poder de compra/consumo da população munidal;
Crowded: superpopulado....hoje somo 6, 7 bilhões de pessoas....em 2050 seremos mais de 9,5 bilhões...(haverá recursos naturais para todos?)
Com estes argumentos centrais e globais Friedman constrói brilhantemente a articulação de seu discurso.
O livro aborda com muita propriedade, entre outros, o tema da sociedade de consumo irracional do mundo ocidental, criada,mantida e incentivada pelos EUA, a qual é exportada para todo o mundo há mais de 3 décadas como sendo o “modelo de conforto de vida”...o conhecido “american way of life”.
Economicamente oneroso,socialmente injusto e ambientalmente prejudicial.
Este novo trabalho de Friedman parece traduzir um tipo de mea-culpa da “classe média norte-americana com algum conhecimento acadêmico”, que neste momento de súbita conscientização (socioambiental) passa a exigir uma política nacional mais abrangente, mais integrada e regida por leis federais, sobre o papel do país em relação às emissões de GEE (gases que provocam o efeito estufa /aquecimento global) e seus impactos na economia e meio ambiente do país e do planeta.
Neste momento de exigência e reflexão há amplo espaço para reavaliações internas sobre o comportamento do cidadão norte americano no tocante ao consumo desenfreado, acesso ao dinheiro barato e sua respectiva destinação, exportação de empregos para a China, entre outras bastante interessantes.
Abaixo seguem breves passagens do livro:
“Quando o Mercado e a Mãe Natureza reclamam”
“Porque o Citibank, os bancos da Islândia e os bancos de gelo do continente antártico derreteram ao mesmo tempo.”
Neste contexto Friedman comenta sobre operários chineses inconformados e surpresos com o padrão de consumo dos EUA. Ganhando 21 dólares por mês estes chineses custam a acreditar no poder de compra dos americanos e principalmente naquilo que compram. Testemunhais, de operários, são apresentados.
Seguindo a linha da reflexão, Friedman utiliza experiências próprias para ilustrar casos onde estão presentes hábitos de consumo dos norte-americanos das ultimas décadas, os quais em sua tese contribuíram para a grande crise de 2007/2008/2009...
Um destes momento é uma visita que faz á um pequeno centro comercial (mall) de estrada, onde encontra duas lojas de um mesmo produto: o Café Caribou(concorrente do Starbucks).
Surpreso, Friedman pergunta ao atendente qual é a razão para existirem 2 lojas do mesmo café uma de frente para outra dentro de uma distancia de no máximo 100 metros. Pois pela lógica (de mercado) isto seria inexplicável, ou quase.
Eis que escuta do atendente que a razão se dá pelo fato de que “pelas manhãs aparece tanta gente e formam-se filas tão grandes que o melhor caminho seria montar uma outra loja de forma a atender a todos”....mesmo que durante todas as outras horas do dia ambas ficassem com os seus recursos ociosos.
Friedman comenta que este comportamento perdulário se dá em parte por conta do baixo custo do dinheiro e de aquisição de equipamentos produzidos no exterior (China).
O autor cita muito a China e lhe dedica um capitulo especial.
Há muito mais para ler...sobre crise energética,evolução de preços dos combustíveis fósseis, consumo de energia,”o evento dos sub-prime” ,contemporaneidades e inúmeros outros pontos interessantes a se entender e explorar neste trabalho.
Importante mencionar que a capa da versão norte-americana apresenta a maravilhosa obra de Hieronymus Bosch, pintor renascentista belga, " O Jardim das Delicias Terrenas ".
O triptico tem muita consonancia com a argumentação do livro. Infelizmente a capa da versão inglesa não acompanhou este importante componente.
Abaixo segue o “table os contents” do Livro:
Disponível nas livrarias.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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