Entrevista com Ana Luisa de Castro Almeida, diretora do Instituto de Reputação Brasil
O que vale é a reputação
A sociedade e o mercado estão cada vez mais de olho nas empresas: cobram prestações de contas, ações de responsabilidade e transparência e encampam leis como a Sarbanes Oxley. As organizações precisam reconhecer essas expectativas e formular estratégias e sustentar práticas que contribuam para a sua boa reputação.
O conceito de reputação e os caminhos que uma organização deve seguir para alcançá-la são temas desta entrevista concedida ao BMS Notícias por Ana Luisa de Castro Almeida, diretora do Instituto de Reputação Brasil. O Reputation Institute foi fundado nos Estados Unidos em 1997, atua em 70 países e está no Brasil há um ano. A Arcelor Brasil é uma das empresas associadas ao Instituto.
Qual a diferença entre reputação e imagem?
A imagem é transitória e a reputação se consolida ao longo dos anos. Fazendo uma metáfora, a imagem seria o take e a reputação, filme inteiro. Ou seja, a reputação é a consolidação das diversas imagens. Uma organização se relaciona com vários segmentos – investidores, fornecedores, empregados e imprensa – e as percepções de cada um deles formam imagens que se consolidam ao longo dos anos. Isso cria a base que chamamos de reputação.
Quais fatores contribuem para que uma organização tenha uma boa reputação?
O Reputation Institute faz pesquisas de reputação na Europa, Estados Unidos, na América Latina e Ásia desde 1997. Analisamos a reputação a partir de modelo que considera sete dimensões: (1) governança corporativa, (2) desempenho financeiro, (3) ambientes de trabalho, (4) cidadania e responsabilidade social, (5) liderança, (6) inovação e (7) produtos e serviços. A partir delas, chegamos a um índice geral de reputação, expresso em porcentagem. Em cada país, o peso dessas dimensões pode variar de acordo com a percepção daquela população. No Brasil, a responsabilidade social, por exemplo, tem mais peso.
Que práticas devem amparar o discurso de uma empresa que pretende construir ou manter boa reputação?
A reputação não é um processo de comunicação, embora esta contribua para mostrar aquilo que a empresa está fazendo. A empresa precisa ter clareza de sua realidade e de como é percebida. No pior cenário, a empresa pode ter uma realidade ruim e uma percepção ruim. Mas pode ter uma realidade ruim e uma percepção boa. Este segundo modelo é de alto risco, porque vai chegar o dia em que se perceberá que a empresa não é aquilo tudo que sua comunicação promete. Outra questão é a realidade boa e uma percepção ruim. Ainda é necessário comunicar para mudar essa perspectiva.
Qual é o efeito da boa reputação?
Em termos de desempenho financeiro, os estudos mostram que, se a empresa aumentar em 5% a sua reputação, seu valor de mercado crescerá em 3%. A boa reputação exige práticas que são necessárias para a sustentabilidade da empresa. Em relação aos públicos, a boa reputação gera comportamentos de apoio: eu compro, eu invisto, eu gostaria de trabalhar, eu falo bem dessa empresa. Uma empresa com maior reputação desfruta de credibilidade, confiança, respeito e estima.
Há um movimento no mercado a favor da transparência na divulgação de balanços, concretizado pela Lei Sarbanes-Oxley. De que forma essas exigências legais afetam a gestão da reputação?
Há uma relação muito forte. As pesquisas indicam que o não-cumprimento das obrigações regulamentatórias é a primeira ameaça à reputação. Há uma demanda da sociedade por mais transparência e por uma verdade. Não basta que a empresa explicite os números, mas mostre o que está acontecendo positiva ou negativamente. As empresas que se saem melhor são exatamente as que revelam suas dificuldades, sem negar os problemas.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário