Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

RIOS VOADORES /// FLYING RIVERS

Pare um minuto e olhe para o céu. O que tem lá? Pássaros, aviões, balões, nuvens, Sol, Lua, estrelas, rios voadores. Rios voadores?

Ninguém aqui está ficando doido. Um grupo de cientistas brasileiros estuda já há 30 anos as massas de ar que vêm da Amazônia e levam umidade para outras regiões do Brasil. O volume de vapor de água transportado por esses rios voadores pode ser maior que a vazão de todos os rios do centro-oeste, chegando a 200 mil metros cúbicos por segundo. Isso significa que a cada segundo pode passar acima das nossas cabeças uma quantidade de vapor de água equivalente à vazão do rio Amazonas.

Como funciona?
Uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de liberar para a atmosfera mais de 300 litros de água em forma de vapor por dia, mostram estudos do INPA. Essa quantidade equivale a mais que o dobro da água que cada brasileiro consome diariamente. Já, uma árvore com copa de 20 metros de diâmetro bombeia mais de mil litros por dia. Considerando que há em torno de 600 milhões de árvores na Amazônia, não fica difícil entender o que alimenta os rios voadores.

A floresta amazônica funciona como uma bomba de água, puxando para o continente toda a umidade evaporada do oceano Atlântico. Essa umidade é transformada em chuva e cai sobre a própria floresta. Pela evapotranspiração (perda da água do solo por evaporação e perda da água das plantas por transpiração) desencadeada pelo sol, as árvores devolvem a água da chuva para a atmosfera em forma de vapor de água, que é transportado para outras regiões até cair em forma de chuva novamente.

Pesquisa
A principal frente de pesquisa ligada aos Rios Voadores busca comprovar uma ligação significativa entre o clima na região amazônica com o da bacia do Prata. As massas de vapor de água resultantes da evapotranspiração na floresta amazônica são levadas em direção oeste pelos ventos alísios e encontram a Cordilheira dos Andes, uma barreira natural.

Esse movimento gera chuva ao leste da cadeia de montanhas, formando a cabeceira dos rios amazônicos. Impedidos de seguir em frente pela barreira de 4 mil metros de altitude, os rios voadores fazem a curva e vão para o sul, atingindo as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além dos países vizinhos. Veja ilustração.

Na primeira fase do projeto, realizada entre 2007 e 2009, foram coletadas 500 amostras de vapor de água de várias regiões do Brasil, mas principalmente da Amazônia. Na segunda fase, que vai de 2010 a 2012, os resultados dessas análises têm disso interligados às condições meteorológicas vigentes na hora da coleta.

A educação também é um dos pilares da segunda fase do projeto. Seis cidades-chave na rota dos rios voadores (Brasília – DF, Chapecó – SC, Cuiabá – MT, Londrina – PR, Ribeirão Preto – SP e Uberlândia – MG) foram escolhidas para a inclusão de uma aula sobre os rios voadores nas escolas municipais da rede pública. Desde julho, o projeto educacional foi estendido para mais cinco cidades: Campo Grande – MS, Goiânia – GO, Porto Velho – RO, Rio Branco – AC e Santa Maria – RS.
Veja vídeo sobre os rios voadores com o idealizador e coordenador do projeto, Gerard Moss.

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