Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Milhares de franceses e alemães lembram Chernobyl e protestam contra energia nuclear

Milhares de franceses e alemães foram às ruas nesta segunda-feira para protestar pelo fim do uso da energia nuclear, na véspera do 25º aniversário do acidente de Chernobyl. Manifestações semelhantes também foram registradas na Índia e no Rio de Janeiro.

As pontes que ligam a Alemanha à França foram ocupadas por manifestantes com cartazes que defendiam o fim do uso da energia atômica, com o slogan “Chernobyl, Fukushima – nunca mais”.

Eles pedem o fechamento do mais antigo reator da França, em Fessenheim, localidade próxima à fronteira alemã. Os manifestantes também realizaram protestos em diversas usinas nucleares alemãs, como Biblis, Grohnde e Grafenrheinfeld.

O movimento antinuclear alemão já era forte, mas ganhou repercussão após o acidente na usina japonesa de Fukushima, afetada pelo terremoto seguido de tsunami em 11 de março.

O Japão – que tenta controlar a exposição à radiação liberada pelo acidente – anunciou a ampliação da zona de exclusão em torno da usina.

“Após Fukushima, está claro que o perigo da energia nuclear é real”, afirmou Erhard Renz, um dos organizadores dos protestos europeus.

“Não podemos permitir que necessidades mercadológicas de poucos destruam nosso mundo, como ocorreu há 25 anos”, declarou Renz à rede alemã Deutsche Welle, fazendo referência à explosão ocorrida em Chernobyl, na Ucrânia, em 26 de abril de 1986, durante a era soviética.

Acidente ucraniano
Na época, o acidente lançou uma nuvem de radiação pelos céus de grande parte da Europa. Ao menos 30 pessoas morreram imediatamente após a explosão, e muitas outras sofreram os efeitos da radiação na saúde.

Em cerimônia nesta segunda-feira em Moscou, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que é necessário haver mais transparência na reação a emergências nucleares.

“Acho que nossos Estados modernos devem tirar como lição de Chernobyl e do Japão a necessidade de dizer a verdade às pessoas”, declarou o presidente russo.

Tanto autoridades soviéticas como japonesas foram acusadas de subdimensionar as tragédias nucleares imediatamente após sua ocorrência.

Medvedev deve visitar Chernobyl nesta terça, ao lado do primeiro-ministro ucraniano, Viktor Yanukovich.

Na semana passada, uma conferência em Kiev, capital da Ucrânia, conseguiu arrecadar 550 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) de um total de 740 milhões necessários à construção de um novo escudo de proteção, para controlar a radiação no local e estocar combustível usado.

Índia e Brasil
Também nesta segunda-feira, centenas de policiais foram enviados à cidade indiana de Jaitapur (costa oeste) para conter uma marcha de oposição à construção daquela que deve ser a maior usina nuclear do mundo.

Segundo as autoridades, a marcha – que teria início em uma outra usina nuclear do país, a 600 km de distância – pode inflamar as tensões no local. Na semana passada, um protesto semelhante em Jaitapur deixou um morto e mais de 50 feridos.

A população teme que os efeitos da usina na cidade e diz que o local está sujeito a atividades sísmicas.

No Rio de Janeiro, um pequeno grupo de manifestantes do Greenpeace também protestou nesta segunda-feira, diante do prédio do BNDES, contra o financiamento da futura usina de Angra 3. Com roupas especiais e fumaça, o grupo simulou um acidente nuclear.

Reportagem da BBC Brasil, publicada no EcoDebate, 26/04/2011

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