Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

SAÚDE PÚBLICA:Fast Food;Muito Cuidado Com o Seu Próximo Hamburguer

Artigo de Michael Moss do NY times, publicado em 04/outubro/2009

Stephanie Smith, uma jovem instrutora de dança para crianças, achou que era apenas uma dor de cólica... que tinha um vírus estomacal, ou como conhecemos e estamos já familiarizados ...uma infecção intestinal. As dores e cólicas eram ainda toleráveis durante o primeiro dia, e ela conseguiu terminar suas aulas.

Depois disso o quadro progrediu para diarréia sanguinolenta. Seus rins pararam de trabalhar.Ocorreram convulsões tão implacáveis que os médicos tiveram de colocá-la em coma por nove semanas. Quando ela saiu, não conseguia mais andar. O impacto aflitivo devastou seu sistema nervoso e a deixou paralisada.

Identificou-se que ela teve uma forma grave de intoxicação alimentar causada pela bactéria E. coli.

Após este evento houve uma investigação minuciosa,realizada pelo fornecedor do hambúrguer, a qual identificou a bactéria presente no hambúrguer que ela havia ingerido no jantar de domingo no início do outono de 2007.
"Eu me pergunto a cada dia, 'Por que eu?" E "Por que a partir de um hambúrguer?" Questiona-se.

Seus rins encontram-se em alto risco de colapso. Ela está lutando para recuperar algumas habilidades básicas da vida e lidar com a raiva que por vezes a envolve. Apesar de sua determinação, os médicos dizem, ela provavelmente nunca mais voltará a andar.

A reação da Sra. Smith para a cepa virulenta de E. coli foi um caso extremo, mas rastreando a história do seu “burger”, através de entrevistas e registros do governo e das empresas produtoras, obtida pelo The New York Times, conclui-se que comer carne moída é ainda uma "aposta".

Nem o sistema responsável por tornar a carne segura e confiável; nem a própria carne, é aquilo que os consumidores têm sido levados a acreditar.

Não é um Caso Isolado
Em 1994 um surto de contaminação ocorreu na cadeia de restaurantes "Jack in the Box" resultando em quatro crianças mortas. A venda de carne moída com suspeita de contaminação pelo E.coli foi proibida em empresas processadoras de carne e mercados. Ainda assim, dezenas de milhares de pessoas anualmente são contaminadas por este patógeno.Funcionários da agencia federal de saúde dos EUA apontam o hambúrguer como o principal responsável.
A carne moída foi responsabilizada por 16 focos nos últimos três anos, incluindo a uma Sra. Smith, que ficou paralisada da cintura para baixo. Este verão, a contaminação levou à retirada de carne bovina de cerca de 3.000 mercados em 41 estados.


Carne moída, geralmente, não é simplesmente um pedaço de carne processado através de um moinho de carne. Em vez disso, registros e entrevistas mostram, uma única grande porção de carne processada para fabricar hambúrguer é muitas vezes uma mistura de vários tipos de carne de diferentes partes das vacas e até mesmo de diferentes matadouros. Estes cortes de carne são particularmente vulneráveis à contaminação por E. coli,afirmam oficiais de saúde e especialistas em alimentos.

Além disso, não há nenhuma exigência federal que obrigue a inspeção destes moedores industriais no sentido de realização de testes especificos em seus ingredientes (o material a ser moído) quanto à presença desta bactéria.

Composição do Hamburguer
Os hambúrgueres congelados ingeridos pelos Smiths foram produzidos pela gigante de alimentos Cargill. Contudo dados de controle confidenciais de moagem e outros registros da Cargill indicam que os hambúrgueres foram feitos de uma combinação de aparas de matadouros diferentes e um outro produto derivado de restos de carne moída que encontravam-se disponíveis em uma fábrica do estado de Wisconsin. Os ingredientes eram provenientes de matadouros em Nebraska, Texas e no Uruguai, e de uma empresa Dakota do Sul, a qual utiliza um processo á base de amônia sobre as aparas de gordura a fim de tratá-las e assim eliminando as bactérias.


25% menos de Custo
Usando uma combinação variada de fornecedores (uma prática seguida pela maioria dos grandes produtores de hambúrguer frescos e embalados) permitiu que a Cargill gastasse cerca de 25 por cento menos do que gastaria se utilizasse os cortes de carne inteiros, mais nobres.

A Cargill é a maior empresa do ramo,realizou 116,6 bilhões dólares em receitas no ano passado.
Recusou pedidos da imprensa para visitar suas instalações. "A Cargill não está em condições de responder às suas questões específicas e afirmarmos que estamos comprometidos com a melhoria contínua na área da segurança alimentar", disse a companhia.

O Risco
Em 16 de agosto de 2007, o dia em que o hambúrguer da Sra. Smith foi feito, o moedor No.3 na fábrica da Cargill em Butler, Wisconsin, iniciou a operação ás 6:50 da manhã.
O principal ingrediente eram aparas de carne, mistura conhecida como "50/50 "- metade de gordura, metade de carne - que custam cerca de 60 centavos de dólar por libra, o que barateia substancialmente o custo do produto final.

A Cargill adquiriu estes aparas – nacos de gordura separadas da carne nobre do animal- de uma empresa chamada Greater Omaha Packages, onde cerca de 2.600 bovinos são abatidos diariamente e processados em uma usina do tamanho de quatro campos de futebol.

Tal como acontece com outros matadouros, o potencial de contaminação está presente em cada passo do caminho, de acordo com os trabalhadores e os inspetores federais. O gado, muitas vezes chega com manchas de fezes de confinamento que abrigam o patógeno E. coli e deveriam ser retirados com cuidado para mantê-lo fora da carne. Isto é especialmente crítico para as aparas cortadas a partir da superfície externa da carcaça.


Confiablidade
"A carne moída não é um produto totalmente seguro", disse o Dr. Jeffrey Bender, um especialista em segurança alimentar da Universidade de Minnesota, que ajudou a desenvolver os sistemas de rastreamento de contaminação por E. coli.

Os cientistas que estudam alimentos/nutrição registraram crescente preocupação com a virulência deste patógeno já que apenas algumas poucas células dispersas podem fazer alguém doente, e advertem que a orientação federal para cozinhar bem a carne e para lavar-se depois, não é suficiente.

Leia o artigo completo( em inglês) neste link
http://www.nytimes.com/2009/10/04/health/04meat.html?_r=1&th=&emc=th&pagewanted=all

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento