Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
Está gerando enorme polêmica a notícia de que a Comissão Nacional de Energia Nuclear pode depositar em Abadia de Goiás, a 27 quilômetros de Goiânia e 200 de Brasília, o que ela chama de rejeitos radiativos de média e baixa intensidade das usinas nucleares de Angra 1 e 2.
Os goianos, principalmente, estão revoltados, porque o lugar cogitado é o depósito de mais de 6 mil toneladas de resíduos contaminados por algumas gramas de césio 137 num acidente em 1987. E o césio é quase uma brincadeira se comparado a rejeitos de usinas nucleares. Além disso, temem que para Abadia sejam levados os rejeitos de reatores das usinas Angra 1 e 2, que permanecerão muito perigosos durante séculos. Talvez até mesmo os da usina Angra 3, em implantação, já que a licença do Ibama para ela condicionou tudo à existência de um depósito definitivo para os resíduos - e esse tipo de depósito, definitivo, não foi ainda encontrado em nenhum país.
Mesmo nos Estados Unidos, que já investiram perto de 100 bilhões de dólares na Serra Nevada, num depósito para os rejeitos de mais de 100 usinas, o projeto continua embargado pela Justiça.
Há 10 anos, quando gravava para a TV Cultura a série "Desafio do Lixo", eu mesmo fui à Serra Nevada. E, numa entrevista com um diretor do Departamento de Energia que nos acompanhava, lembrei que os cientistas diziam que não se devia implantar ali um depósito para resíduos nucleares, porque era uma região muito sujeita a abalos sísmicos. Ele confirmou e disse que dois anos antes houvera um desses abalos, de 5 ponto 3 graus na escala Richter - e as obras do depósito nada sofreram. Mas se houver um abalo mais forte - eu perguntei. Quem garantirá? E ele respondeu, com um dedo apontando para o céu: "Ele." Ou seja, Deus.
Na verdade, o Brasil deveria reaproveitar este momento, em que o mundo todo revê seus planos de usinas nucleares, após o desastre em Fukushima, no Japão, para reavaliar os projetos de mais quatro usinas nucleares no nosso território. A Alemanha já decidiu que desativará todas as suas usinas. Outros países caminham na mesma direção. Aqui, também se deve excluir a hipótese de mandar rejeitos para Goiás - inclusive porque a Constituição do Estado proíbe. E a população, até hoje traumatizada com o desastre do césio, não os aceita.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Energia Nuclear
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Unknown
em
7/17/2011 08:07:00 AM
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