Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE///Planeta Sustentável///ABRIL
Para o climatologista Carlos Nobre, as novas tecnologias e matrizes energéticas mais limpas deverão nortear os caminhos da sustentabilidade nos próximos anos. Entretanto, adverte que nada disso adiantará se a humanidade não rever imediatamente seus hábitos de consumo. Para ele é possível ter qualidade de vida sem consumir vorazmente.
Acaps 2009: Sustentabilidade e estratégia no varejo
FGV apresenta como a Sustentabilidade pode ser desenvolvida nas empresas....no varejo, podendo se desdobrar através da cadeia de Fornecedores e de Clientes/Consumidores e disseminando os conceitos de preservação socio-ambiental, contribuindo assim para a formação de uma consciencia coletiva voltada aos valores do desenvolvimento sustentavel.
A alternativa do carvão vegetal///Envolverde
Por Ana Carolina Athanásio, da Agência USP
Utilização do eucalipto como fonte de carbono ajuda a diminuir o desmatamento.
O economista Thiago Fonseca Morello estudou o uso e alguns problemas do eucalipto como fonte de energia para siderúrgicas em seu mestrado – Carvão vegetal e siderurgia: de elo perdido a solução para um mundo pós-Kioto – orientado pelo professor Ricardo Abramovay e com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). O pesquisador busca entender de que maneira o carvão vegetal e o uso do eucalipto como fonte de carbono trouxeram soluções para siderúrgicas que passaram a utilizar essa fonte de energia.
Morello observa que um dos fatores que permite ao Brasil ser o único país do mundo a utilizar o carvão vegetal em siderúrgicas é a baixa quantidade de jazidas de carvão mineral no País. “Esse fato pode ser uma explicação para a insistência no uso de carvão vegetal. É necessário que as empresas importem o carvão mineral em grande escala, para baratear o preço, e isso tem uma série de implicações logísticas e ambientais. Por outro lado, somos um País rico em florestas e estas acabaram sendo utilizadas como fonte alternativa e mais barata de carbono”, explica.
Um dos maiores problemas na utilização do carvão vegetal é o desmatamento florestal. Muitas siderúrgicas só passaram a investir no cultivo e manutenção das plantações de eucalipto quando perceberam a exaustão das florestas das quais costumavam retirar seu carvão. Morello salienta que essa opção das empresas por cultivar sua fonte de carbono trouxe fatores positivos, como a diminuição do desmatamento da floresta, e aspectos negativos, como o aumento das grandes plantações e da concentração de terras.
O uso do eucalipto como fonte de energia no Brasil tem benefícios não apenas no âmbito ecológico, mas também em relação ao marketing. “Com a opção de plantar eucalipto, as empresas têm vantagens em vários sentidos: em relação à qualidade, pois usam mudas geneticamente adaptadas a cada região, conseguindo assim o melhor rendimento possível. Há benefícios ambientais, pois evita a destruição da floresta a qual desempenha diversas funções ecológicas e também culturais para a comunidade local. Além disso, as indústrias estão, cada vez mais, se esforçando para se desconectar das florestas e do desmatamento, pois assim criam uma imagem mais favorável nacional e internacionalmente”, ressalta o pesquisador.
O economista mostra também os problemas para as siderúrgicas provenientes do uso de carvão vegetal. O primeiro deles decorre da inversão do relativo de preço na década de 1980, quando o carvão mineral passou a ser mais barato do que o vegetal. Há também os malefícios oriundos da produção de eucalipto, a qual favorece a concentração de terras, além de gerar problemas em relação a instabilidade ecológica, isso por conta da monoespecificidade das plantações.
Tendo em vista os fatores negativos, o que levaria as siderúrgicas mineiras a manter o uso de carvão de eucalipto como fonte de carbono? “Quanto a isso, um fato atual relevante é o de que as duas maiores siderúrgicas mineiras a carvão vegetal foram compradas pela maior corporação siderúrgica do mundo – a anglo-indiana Mittal Steel – a qual tem o interesse em ter sua imagem associada ao fato de existirem membros de seu grupo que produzem aço com base no carvão vegetal, dado que todos os demais membros dependem pesadamente do carvão mineral”, explica o economista.
Fomento Florestal
Entre os modelos atuais de cultivo que têm atraído investimentos de siderúrgicas está o fomento florestal. É uma alternativa ao cultivo de plantação de eucalipto realizado em escala menor àquela dos grandes maciços mantidos pelas siderúrgicas mineiras. Esse modelo permite a pulverização das áreas de cultivo e resolve, em alguma medida, o problema da concentração de terras e da instabilidade ecológica por conta da monocultura.“Isso é interessante, pois tem englobado também proprietários de baixa renda e é uma possibilidade de ajudar na transferência tecnológica entre as populações que tem menos possibilidades de geração de renda”, diz Morello.
Apesar da siderurgia de carvão vegetal não chegar a 30% da produção de ferro-gusa e a 20% da produção de aço, o interesse das empresas por fontes alternativas de carbono tende a crescer enquanto houver cobranças internacional relacionadas ao aquecimento global. “O fomento florestal é interessante e pode ser estudado como uma possível trajetória para produzir ferro e aço de maneira a não intensificar o aquecimento global, mas não acredito que exista potencial para haver uma conversão em massa da siderurgia no mundo e no Brasil para o carvão de eucalipto. Entretanto, enquanto a temática ambiental e ecológica se mantiver relevante internacionalmente, o uso de carvão de eucalipto continuará existindo no Brasil, mesmo como algo minoritário”, conclui.
Mais informações: email tfmrs@usp.br, com o pesquisador Thiago Fonseca Morello
(Envolverde/Agência USP)
link para revista Envolverde:
http://envolverde.ig.com.br/?
Utilização do eucalipto como fonte de carbono ajuda a diminuir o desmatamento.
O economista Thiago Fonseca Morello estudou o uso e alguns problemas do eucalipto como fonte de energia para siderúrgicas em seu mestrado – Carvão vegetal e siderurgia: de elo perdido a solução para um mundo pós-Kioto – orientado pelo professor Ricardo Abramovay e com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). O pesquisador busca entender de que maneira o carvão vegetal e o uso do eucalipto como fonte de carbono trouxeram soluções para siderúrgicas que passaram a utilizar essa fonte de energia.
Morello observa que um dos fatores que permite ao Brasil ser o único país do mundo a utilizar o carvão vegetal em siderúrgicas é a baixa quantidade de jazidas de carvão mineral no País. “Esse fato pode ser uma explicação para a insistência no uso de carvão vegetal. É necessário que as empresas importem o carvão mineral em grande escala, para baratear o preço, e isso tem uma série de implicações logísticas e ambientais. Por outro lado, somos um País rico em florestas e estas acabaram sendo utilizadas como fonte alternativa e mais barata de carbono”, explica.
Um dos maiores problemas na utilização do carvão vegetal é o desmatamento florestal. Muitas siderúrgicas só passaram a investir no cultivo e manutenção das plantações de eucalipto quando perceberam a exaustão das florestas das quais costumavam retirar seu carvão. Morello salienta que essa opção das empresas por cultivar sua fonte de carbono trouxe fatores positivos, como a diminuição do desmatamento da floresta, e aspectos negativos, como o aumento das grandes plantações e da concentração de terras.
O uso do eucalipto como fonte de energia no Brasil tem benefícios não apenas no âmbito ecológico, mas também em relação ao marketing. “Com a opção de plantar eucalipto, as empresas têm vantagens em vários sentidos: em relação à qualidade, pois usam mudas geneticamente adaptadas a cada região, conseguindo assim o melhor rendimento possível. Há benefícios ambientais, pois evita a destruição da floresta a qual desempenha diversas funções ecológicas e também culturais para a comunidade local. Além disso, as indústrias estão, cada vez mais, se esforçando para se desconectar das florestas e do desmatamento, pois assim criam uma imagem mais favorável nacional e internacionalmente”, ressalta o pesquisador.
O economista mostra também os problemas para as siderúrgicas provenientes do uso de carvão vegetal. O primeiro deles decorre da inversão do relativo de preço na década de 1980, quando o carvão mineral passou a ser mais barato do que o vegetal. Há também os malefícios oriundos da produção de eucalipto, a qual favorece a concentração de terras, além de gerar problemas em relação a instabilidade ecológica, isso por conta da monoespecificidade das plantações.
Tendo em vista os fatores negativos, o que levaria as siderúrgicas mineiras a manter o uso de carvão de eucalipto como fonte de carbono? “Quanto a isso, um fato atual relevante é o de que as duas maiores siderúrgicas mineiras a carvão vegetal foram compradas pela maior corporação siderúrgica do mundo – a anglo-indiana Mittal Steel – a qual tem o interesse em ter sua imagem associada ao fato de existirem membros de seu grupo que produzem aço com base no carvão vegetal, dado que todos os demais membros dependem pesadamente do carvão mineral”, explica o economista.
Fomento Florestal
Entre os modelos atuais de cultivo que têm atraído investimentos de siderúrgicas está o fomento florestal. É uma alternativa ao cultivo de plantação de eucalipto realizado em escala menor àquela dos grandes maciços mantidos pelas siderúrgicas mineiras. Esse modelo permite a pulverização das áreas de cultivo e resolve, em alguma medida, o problema da concentração de terras e da instabilidade ecológica por conta da monocultura.“Isso é interessante, pois tem englobado também proprietários de baixa renda e é uma possibilidade de ajudar na transferência tecnológica entre as populações que tem menos possibilidades de geração de renda”, diz Morello.
Apesar da siderurgia de carvão vegetal não chegar a 30% da produção de ferro-gusa e a 20% da produção de aço, o interesse das empresas por fontes alternativas de carbono tende a crescer enquanto houver cobranças internacional relacionadas ao aquecimento global. “O fomento florestal é interessante e pode ser estudado como uma possível trajetória para produzir ferro e aço de maneira a não intensificar o aquecimento global, mas não acredito que exista potencial para haver uma conversão em massa da siderurgia no mundo e no Brasil para o carvão de eucalipto. Entretanto, enquanto a temática ambiental e ecológica se mantiver relevante internacionalmente, o uso de carvão de eucalipto continuará existindo no Brasil, mesmo como algo minoritário”, conclui.
Mais informações: email tfmrs@usp.br, com o pesquisador Thiago Fonseca Morello
(Envolverde/Agência USP)
link para revista Envolverde:
http://envolverde.ig.com.br/?
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável em 2012///MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
A Assembléia-Geral das Nações Unidas aprovou hoje, 24 de dezembro de 2009, resolução pela qual decidiu realizar em 2012, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
O encontro, cuja realização foi proposta em setembro de 2007, pelo Presidente Lula, visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A Rio+20 insere-se, assim, na longa tradição de reuniões anteriores da ONU sobre o tema, entre as quais as Conferências de 1972 em Estocolmo, Suécia, e de 2002, em Joanesburgo.
A Rio+20 avaliará a implementação dos compromissos assumidos pela comunidade internacional em relação ao assunto. Debaterá, outrossim, a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza e se debruçará sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável.
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Palácio Itamaraty
Térreo
Brasília - DF
CEP: 70170-900
Telefones: 0(xx) 61-3411-6160/2/3
Fax: 0(xx) 61-3411-8002
E-mail: imprensa@mre.gov.br
Nota nº 673 - 24/12/2009
O encontro, cuja realização foi proposta em setembro de 2007, pelo Presidente Lula, visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A Rio+20 insere-se, assim, na longa tradição de reuniões anteriores da ONU sobre o tema, entre as quais as Conferências de 1972 em Estocolmo, Suécia, e de 2002, em Joanesburgo.
A Rio+20 avaliará a implementação dos compromissos assumidos pela comunidade internacional em relação ao assunto. Debaterá, outrossim, a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza e se debruçará sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável.
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Palácio Itamaraty
Térreo
Brasília - DF
CEP: 70170-900
Telefones: 0(xx) 61-3411-6160/2/3
Fax: 0(xx) 61-3411-8002
E-mail: imprensa@mre.gov.br
Nota nº 673 - 24/12/2009
New York challenge for City carbon market crown///TIMES ONLINE
Robin Pagnamenta
London’s position as the dominant world financial centre for the £75 billion carbon market could be lost to New York after the adoption of the US-brokered Copenhagen Accord at UN climate talks last week.
Despite criticism that an agreement struck by the US, China, India, South Africa and Brazil was too weak to tackle climate change, it is still expected to pave the way for the introduction of proposed US cap-and-trade legislation next year, which will accelerate huge growth in the global carbon market.
The value of trading in the market is worth more than £75 billion at present but so far has been dominated by activity in the EU Emissions Trading System (EU-ETS), launched in 2005.
London has emerged as the leading financial centre for the carbon markets.
But the US cap-and-trade scheme, proposed in draft legislation before Congress, would dwarf present activity levels in Europe.
Speaking from Copenhagen, Richard Gledhill, head of climate change and carbon market services at PricewaterhouseCoopers, said: “The big question now for the City is whether London will lose its leadership in carbon markets to the US.
“So far, London has been at the hub of carbon markets, traders, finance and professional services. If the US legislation goes through, there’s a real prospect of those skills shifting to New York and Chicago.”
Banks, brokers and investors have been gearing up in the US since the new Administration took over. President Obama gave a clear message in his speech to the conference in Copenhagen that America was going to act on the climate now. If passed by Congress, the climate scheme could create a carbon market three times the size of the EU-ETS. That would be a huge boost to the global carbon market, but would also move the focus of it from London to New York.
The EU has capped the use of international offsets as part of the EU-ETS, increasing the risk of a shift to the US.
The Clean Development Mechanism (CDM) offset scheme has leveraged investment of $95 billion (£59 billion) in developing markets over the past five years, with London building a robust position in this area.
London’s position as the dominant world financial centre for the £75 billion carbon market could be lost to New York after the adoption of the US-brokered Copenhagen Accord at UN climate talks last week.
Despite criticism that an agreement struck by the US, China, India, South Africa and Brazil was too weak to tackle climate change, it is still expected to pave the way for the introduction of proposed US cap-and-trade legislation next year, which will accelerate huge growth in the global carbon market.
The value of trading in the market is worth more than £75 billion at present but so far has been dominated by activity in the EU Emissions Trading System (EU-ETS), launched in 2005.
London has emerged as the leading financial centre for the carbon markets.
But the US cap-and-trade scheme, proposed in draft legislation before Congress, would dwarf present activity levels in Europe.
Speaking from Copenhagen, Richard Gledhill, head of climate change and carbon market services at PricewaterhouseCoopers, said: “The big question now for the City is whether London will lose its leadership in carbon markets to the US.
“So far, London has been at the hub of carbon markets, traders, finance and professional services. If the US legislation goes through, there’s a real prospect of those skills shifting to New York and Chicago.”
Banks, brokers and investors have been gearing up in the US since the new Administration took over. President Obama gave a clear message in his speech to the conference in Copenhagen that America was going to act on the climate now. If passed by Congress, the climate scheme could create a carbon market three times the size of the EU-ETS. That would be a huge boost to the global carbon market, but would also move the focus of it from London to New York.
The EU has capped the use of international offsets as part of the EU-ETS, increasing the risk of a shift to the US.
The Clean Development Mechanism (CDM) offset scheme has leveraged investment of $95 billion (£59 billion) in developing markets over the past five years, with London building a robust position in this area.
Quimera, a grande vencedora em Copenhague
Carlos Drummond
Segunda, 21 de dezembro de 2009, 19h45
¹ Por exemplo, uma opção de compra de ações do Google é um derivativo que obtem o seu valor das ações do Google que podem ser compradas no vencimento do contrato de opção de compra, se esta opção for exercida.
Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp.
Segunda, 21 de dezembro de 2009, 19h45
Em alusão ao monstro mitológico (imagem), o historiador Niall Ferguson chamou de Chimerica a aliança entre EUA e China
Na derrota para os Estados Unidos e a China na questão do acordo climático internacional em Copenhague, os países pobres, os emergentes e os da Europa viram de perto o novo poder das relações internacionais: a aliança ocasional Estados Unidos-China. Uma combinação inédita que, na sua faceta econômica, foi denominada há alguns anos, pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, sistema sino-americano. Em livro publicado em 2008, o historiador Niall Ferguson a chamou de Chimerica, em alusão ao monstro mitológico.
O aumento sem precedentes do consumo e do crédito nos Estados Unidos até 2008, identificado como a causa mais abrangente da crise das hipotecas subprime, só foi possível no contexto das relações econômicas e financeiras entre Estados Unidos e China. Em 2007, os EUA precisaram tomar emprestados do resto do mundo cerca de US$ 800 bilhões para cobrir o déficit do Tesouro. A China, em situação oposta, obteve um superávit de US$ 262 bilhões em conta-corrente, equivalentes a mais de um quarto do déficit americano. Na verdade, a China tornou-se banqueira dos Estados Unidos. Uma situação inimaginável, por exemplo, no período da guerra fria.
Um conjunto de fenômenos explica a situação totalmente atípica de um país financiar outro muito mais rico do que ele. Até recentemente, boa parte dos empregos da China estavam em empresas que exportavam para os Estados Unidos. A disponibilidade quase ilimitada de produtos muito baratos produzidos por esses trabalhadores esclarece porque a onda de consumo dos americanos foi intensa e duradoura. Um aspecto curioso é que muitas dessas exportadoras pertencem a empresários dos Estados Unidos, que transferiram unidades produtivas para a China para baratear os seus custos. De quebra, exportaram empregos também, isto é, abriram na China vagas que, em uma situação típica, teriam criado nas suas unidades nos EUA.
A venda de títulos do governo americano ao Banco do Povo chinês contribuiu decisivamente para a manutenção de taxas de juros baixas nos Estados Unidos, proporcionando, portanto, excelentes condições de financiamento do consumo.
Bem vindo ao maravilhoso país dual China-Estados Unidos, diz o historiador inglês Niall Ferguson, que o chama de Chimerica, uma fusão dos nomes China e América. O nome é também uma alusão à figura mitológica da quimera. O monstro lendário do mundo antigo, parte leão, parte bode e parte dragão, simboliza as deformações e as ameaças da Chimerica para a economia mundial contemporânea. A dualidade que garantiu o crescimento global por um período longo proporcionou também condições para a explosão da crise atual.
O peso econômico de Chimerica é considerável. Detém um décimo da superfície terrestre, um quarto da sua população, um terço do PIB global e representou, nos últimos anos, mais da metade do crescimento mundial. As importações da China mantiveram, nos Estados Unidos, a inflação e os salários baixos. A poupança chinesa permitiu conservar as taxas de juros americanas baixas. O resultado foi o barateamento dos empréstimos e a lucratividade das empresas.
Toda essa virtuosidade continha, no entanto, uma armadilha. Quanto mais a China queria emprestar aos Estados Unidos, mais este país desejava tomar emprestado. A relação Estados Unidos-China contribuiu para criar condições favoráveis, portanto, para o surto de empréstimos bancários e de emissões de títulos e a multiplicação de derivativos - ativos que derivam o seu valor de outros ativos - e de hedge funds a partir do ano 2000, aponta Ferguson. Também foi a razão do inchaço do mercado de hipotecas, oferecidas até para quem não tinha emprego, bens e renda para pagá-las. Com um desfecho catastrófico: no final de 2008, mais de sete milhões de americanos tinham devolvido as suas residências e o número de famílias com casa própria regredira ao patamar de oito anos atrás, início do primeiro governo Bush.
O aumento sem precedentes do consumo e do crédito nos Estados Unidos até 2008, identificado como a causa mais abrangente da crise das hipotecas subprime, só foi possível no contexto das relações econômicas e financeiras entre Estados Unidos e China. Em 2007, os EUA precisaram tomar emprestados do resto do mundo cerca de US$ 800 bilhões para cobrir o déficit do Tesouro. A China, em situação oposta, obteve um superávit de US$ 262 bilhões em conta-corrente, equivalentes a mais de um quarto do déficit americano. Na verdade, a China tornou-se banqueira dos Estados Unidos. Uma situação inimaginável, por exemplo, no período da guerra fria.
Um conjunto de fenômenos explica a situação totalmente atípica de um país financiar outro muito mais rico do que ele. Até recentemente, boa parte dos empregos da China estavam em empresas que exportavam para os Estados Unidos. A disponibilidade quase ilimitada de produtos muito baratos produzidos por esses trabalhadores esclarece porque a onda de consumo dos americanos foi intensa e duradoura. Um aspecto curioso é que muitas dessas exportadoras pertencem a empresários dos Estados Unidos, que transferiram unidades produtivas para a China para baratear os seus custos. De quebra, exportaram empregos também, isto é, abriram na China vagas que, em uma situação típica, teriam criado nas suas unidades nos EUA.
A venda de títulos do governo americano ao Banco do Povo chinês contribuiu decisivamente para a manutenção de taxas de juros baixas nos Estados Unidos, proporcionando, portanto, excelentes condições de financiamento do consumo.
Bem vindo ao maravilhoso país dual China-Estados Unidos, diz o historiador inglês Niall Ferguson, que o chama de Chimerica, uma fusão dos nomes China e América. O nome é também uma alusão à figura mitológica da quimera. O monstro lendário do mundo antigo, parte leão, parte bode e parte dragão, simboliza as deformações e as ameaças da Chimerica para a economia mundial contemporânea. A dualidade que garantiu o crescimento global por um período longo proporcionou também condições para a explosão da crise atual.
O peso econômico de Chimerica é considerável. Detém um décimo da superfície terrestre, um quarto da sua população, um terço do PIB global e representou, nos últimos anos, mais da metade do crescimento mundial. As importações da China mantiveram, nos Estados Unidos, a inflação e os salários baixos. A poupança chinesa permitiu conservar as taxas de juros americanas baixas. O resultado foi o barateamento dos empréstimos e a lucratividade das empresas.
Toda essa virtuosidade continha, no entanto, uma armadilha. Quanto mais a China queria emprestar aos Estados Unidos, mais este país desejava tomar emprestado. A relação Estados Unidos-China contribuiu para criar condições favoráveis, portanto, para o surto de empréstimos bancários e de emissões de títulos e a multiplicação de derivativos - ativos que derivam o seu valor de outros ativos - e de hedge funds a partir do ano 2000, aponta Ferguson. Também foi a razão do inchaço do mercado de hipotecas, oferecidas até para quem não tinha emprego, bens e renda para pagá-las. Com um desfecho catastrófico: no final de 2008, mais de sete milhões de americanos tinham devolvido as suas residências e o número de famílias com casa própria regredira ao patamar de oito anos atrás, início do primeiro governo Bush.
¹ Por exemplo, uma opção de compra de ações do Google é um derivativo que obtem o seu valor das ações do Google que podem ser compradas no vencimento do contrato de opção de compra, se esta opção for exercida.
Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp.
A largada da corrida///THOMAS L. FRIEDMAN
"Talvez a melhor coisa que o Presidente Barack Obama poderia ter feito aqui em Copenhagen seria dizer claramente que a América pretende vencer essa corrida", opina Friedman
Reuters
THOMAS L. FRIEDMAN DO THE NEW YORK TIMES
Copenhague - Por muito tempo acreditei em duas estratégias básicas para conter as mudanças climáticas -- a estratégia do "Dia da Terra" e a estratégia da "Corrida da Terra". Esta cúpula do clima em Copenhagen baseou-se na estratégia do Dia da Terra. Não impressionou muito. Resultou em uma série de compromissos limitados, condicionais e confusos, que não esclarecem de forma alguma como vamos mitigar a mudança climática com a velocidade e extensão que necessitamos.
Certamente, qualquer um que viu como esta conferência foi "organizada", e presenciou as discussões dos delegados no seu encerramento, deve se perguntar por que este processo das Nações Unidas de construir uma estrutura global para reverter o aquecimento terrestre, não foi bem sucedido após dezessete anos: países demais -- 193 -- e muitas peças em movimento. Saio daqui com um forte sentimento de que a América deve se concentrar, mais do que nunca, na sua própria estratégia de Corrida da Terra. Deixem-me explicar.
A estratégia do Dia da Terra afirma que a maior ameaça à humanidade é a mudança climática e que nós, como uma comunidade global, devemos nos dar as mãos e atacar este problema por meio de um mecanismo global coletivo para codificar e verificar as emissões e as reduções do dióxido de carbono de todos, e transferir bilhões de dólares em tecnologias limpas para os países emergentes com o intuito de ajudá-los a participar. Mas, como disse o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil nesta conferência, esta estrutura do Dia da Terra somente funcionará se "os países assumirem a responsabilidade de alcançar as suas metas" e se as nações ricas realmente auxiliarem as pobres a adquirir fontes de energia limpas.
Isso nunca aconteceria em escala no clima econômico global atual. A única maneira de isso ocorrer seria se tivéssemos uma "tempestade perfeita" -- uma tempestade grande o suficiente para encerrar o debate sobre o aquecimento global de uma vez por todas, mas não grande o suficiente para acabar com o mundo. Como tal tempestade que, literalmente, dividiria o Mar Vermelho mais uma vez, e convenceria a todos os céticos de que a catastrófica mudança climática é um perigo claro e presente não ocorreu, as pressões internas em cada país para evitar uma obrigação legal e verificável de reduzir o carbono permanecerão muito fortes.
Isso significa que toda esta estratégia do Dia da Terra é uma perda de tempo? Não. O entendimento científico sobre o clima gerado por este processo das Nações Unidas e o estímulo geral para a ação que ele fornece é valioso. E, se funcionar, o mecanismo utilizado por esta conferência para possibilitar que países desenvolvidos e empresas compensem as suas emissões financiando a proteção das florestas tropicais, será enormemente valioso.
Mas, eu ainda sou mais adepto da Corrida da Terra. Acredito que prevenir a catastrófica mudança climática é uma enorme questão de escala. O único mecanismo grande o suficiente para afetar a Mãe Natureza é a Ganância do Pai: o Mercado. Somente um mercado, regido por regulamentos e incentivos que estimulem uma inovação maciça em fontes de energia limpa, sem emissões, pode reduzir consideravelmente o aquecimento global. E nenhum mercado pode fazer isso melhor do que a América.
Consequentemente, o objetivo dos Corredores da Terra é concentrar-se em fazer com que o Senado dos EUA aprove um projeto de lei para a energia, com um preço de longo prazo sobre o carbono, que realmente venha a estimular a América a tornar-se líder mundial em tecnologias limpas. Se formos guiados pelo exemplo, mais pessoas nos seguirão pela imitação do que pela obrigatoriedade de um tratado das Nações Unidas.
Durante a Guerra Fria, tivemos a corrida espacial: quem seria o primeiro a colocar um homem na lua. Somente dois países competiram e poderia haver somente um vencedor. Hoje, precisamos da Corrida da Terra: quem será o primeiro a inventar as tecnologias mais limpas, de maneira a que homens e mulheres possam viver em segurança aqui na Terra.
Talvez a melhor coisa que o Presidente Barack Obama poderia ter feito aqui em Copenhagen seria dizer claramente que a América pretende vencer essa corrida. Tudo o que ele necessitava fazer durante o seu discurso era olhar o primeiro-ministro da China nos olhos e dizer: "Vou fazer com que o nosso Senado aprove uma conta de energia com um preço sobre o carbono, de maneira a que possamos limpar o seu relógio em tecnologia limpa. Esta é a minha missão espacial. O jogo começou".
Porque, no momento em que a América competir com a China, a China competir com a Europa, a Europa competir com o Japão, o Japão competir com o Brasil, poderemos mudar rapidamente a curva da inovação-manufatura, e encolher os custos dos carros elétricos, das baterias, da energia solar e eólica, de maneira a que esses não sejam mais produtos de luxo para nações ricas, mas produtos que o terceiro mundo possa utilizar e, até mesmo, produzir.
Se você iniciar a conversa com "clima" você fará com que metade da América se comprometa com a ação. Se você iniciar a conversa com "dar à luz a toda uma nova indústria" - que nos tornará mais independentes em termos de energia, mais prósperos, seguros, inovadores, respeitados e capazes de tornar a China ecologicamente correta na próxima grande indústria global - você conquistará o país.
Por uma boa razão: mesmo se o mundo nunca aquecer mais um grau, estima-se que a população crescerá de 6,7 bilhões para 9 bilhões em 2050 e, cada vez mais, essas pessoas desejarão viver como os americanos. Neste mundo, a demanda por carros e prédios com eficiência energética e limpa, atravessará os telhados.
Uma Corrida da Terra liderada pela América - baseada nos mercados, na concorrência econômica, no interesse nacional e na vantagem estratégica -- é uma maneira muito mais autossustentável de reduzir as emissões de carbono do que um festival de compromissos voluntários e não obrigatórios de uma conferência das Nações Unidas. Vamos dar a largada para a Corrida da Terra.
Thomas L. Friedman é colunista do jornal The New York Times desde 1981. Foi correspondente-chefe em Beirute, Jerusalém, Washington e na Casa Branca (EUA). Conquistou três vezes o Prêmio Pulitzer, até que em 2005 foi eleito membro da direção da instituição. Artigo distribuído pelo New York Times News Service.
Materia extraida do site TERRA.
Reuters
THOMAS L. FRIEDMAN DO THE NEW YORK TIMES
Copenhague - Por muito tempo acreditei em duas estratégias básicas para conter as mudanças climáticas -- a estratégia do "Dia da Terra" e a estratégia da "Corrida da Terra". Esta cúpula do clima em Copenhagen baseou-se na estratégia do Dia da Terra. Não impressionou muito. Resultou em uma série de compromissos limitados, condicionais e confusos, que não esclarecem de forma alguma como vamos mitigar a mudança climática com a velocidade e extensão que necessitamos.
Certamente, qualquer um que viu como esta conferência foi "organizada", e presenciou as discussões dos delegados no seu encerramento, deve se perguntar por que este processo das Nações Unidas de construir uma estrutura global para reverter o aquecimento terrestre, não foi bem sucedido após dezessete anos: países demais -- 193 -- e muitas peças em movimento. Saio daqui com um forte sentimento de que a América deve se concentrar, mais do que nunca, na sua própria estratégia de Corrida da Terra. Deixem-me explicar.
A estratégia do Dia da Terra afirma que a maior ameaça à humanidade é a mudança climática e que nós, como uma comunidade global, devemos nos dar as mãos e atacar este problema por meio de um mecanismo global coletivo para codificar e verificar as emissões e as reduções do dióxido de carbono de todos, e transferir bilhões de dólares em tecnologias limpas para os países emergentes com o intuito de ajudá-los a participar. Mas, como disse o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil nesta conferência, esta estrutura do Dia da Terra somente funcionará se "os países assumirem a responsabilidade de alcançar as suas metas" e se as nações ricas realmente auxiliarem as pobres a adquirir fontes de energia limpas.
Isso nunca aconteceria em escala no clima econômico global atual. A única maneira de isso ocorrer seria se tivéssemos uma "tempestade perfeita" -- uma tempestade grande o suficiente para encerrar o debate sobre o aquecimento global de uma vez por todas, mas não grande o suficiente para acabar com o mundo. Como tal tempestade que, literalmente, dividiria o Mar Vermelho mais uma vez, e convenceria a todos os céticos de que a catastrófica mudança climática é um perigo claro e presente não ocorreu, as pressões internas em cada país para evitar uma obrigação legal e verificável de reduzir o carbono permanecerão muito fortes.
Isso significa que toda esta estratégia do Dia da Terra é uma perda de tempo? Não. O entendimento científico sobre o clima gerado por este processo das Nações Unidas e o estímulo geral para a ação que ele fornece é valioso. E, se funcionar, o mecanismo utilizado por esta conferência para possibilitar que países desenvolvidos e empresas compensem as suas emissões financiando a proteção das florestas tropicais, será enormemente valioso.
Mas, eu ainda sou mais adepto da Corrida da Terra. Acredito que prevenir a catastrófica mudança climática é uma enorme questão de escala. O único mecanismo grande o suficiente para afetar a Mãe Natureza é a Ganância do Pai: o Mercado. Somente um mercado, regido por regulamentos e incentivos que estimulem uma inovação maciça em fontes de energia limpa, sem emissões, pode reduzir consideravelmente o aquecimento global. E nenhum mercado pode fazer isso melhor do que a América.
Consequentemente, o objetivo dos Corredores da Terra é concentrar-se em fazer com que o Senado dos EUA aprove um projeto de lei para a energia, com um preço de longo prazo sobre o carbono, que realmente venha a estimular a América a tornar-se líder mundial em tecnologias limpas. Se formos guiados pelo exemplo, mais pessoas nos seguirão pela imitação do que pela obrigatoriedade de um tratado das Nações Unidas.
Durante a Guerra Fria, tivemos a corrida espacial: quem seria o primeiro a colocar um homem na lua. Somente dois países competiram e poderia haver somente um vencedor. Hoje, precisamos da Corrida da Terra: quem será o primeiro a inventar as tecnologias mais limpas, de maneira a que homens e mulheres possam viver em segurança aqui na Terra.
Talvez a melhor coisa que o Presidente Barack Obama poderia ter feito aqui em Copenhagen seria dizer claramente que a América pretende vencer essa corrida. Tudo o que ele necessitava fazer durante o seu discurso era olhar o primeiro-ministro da China nos olhos e dizer: "Vou fazer com que o nosso Senado aprove uma conta de energia com um preço sobre o carbono, de maneira a que possamos limpar o seu relógio em tecnologia limpa. Esta é a minha missão espacial. O jogo começou".
Porque, no momento em que a América competir com a China, a China competir com a Europa, a Europa competir com o Japão, o Japão competir com o Brasil, poderemos mudar rapidamente a curva da inovação-manufatura, e encolher os custos dos carros elétricos, das baterias, da energia solar e eólica, de maneira a que esses não sejam mais produtos de luxo para nações ricas, mas produtos que o terceiro mundo possa utilizar e, até mesmo, produzir.
Se você iniciar a conversa com "clima" você fará com que metade da América se comprometa com a ação. Se você iniciar a conversa com "dar à luz a toda uma nova indústria" - que nos tornará mais independentes em termos de energia, mais prósperos, seguros, inovadores, respeitados e capazes de tornar a China ecologicamente correta na próxima grande indústria global - você conquistará o país.
Por uma boa razão: mesmo se o mundo nunca aquecer mais um grau, estima-se que a população crescerá de 6,7 bilhões para 9 bilhões em 2050 e, cada vez mais, essas pessoas desejarão viver como os americanos. Neste mundo, a demanda por carros e prédios com eficiência energética e limpa, atravessará os telhados.
Uma Corrida da Terra liderada pela América - baseada nos mercados, na concorrência econômica, no interesse nacional e na vantagem estratégica -- é uma maneira muito mais autossustentável de reduzir as emissões de carbono do que um festival de compromissos voluntários e não obrigatórios de uma conferência das Nações Unidas. Vamos dar a largada para a Corrida da Terra.
Thomas L. Friedman é colunista do jornal The New York Times desde 1981. Foi correspondente-chefe em Beirute, Jerusalém, Washington e na Casa Branca (EUA). Conquistou três vezes o Prêmio Pulitzer, até que em 2005 foi eleito membro da direção da instituição. Artigo distribuído pelo New York Times News Service.
Materia extraida do site TERRA.
Clima e ambiente no centro de tudo /// Washington Novaes
[O Estado de S.Paulo] No momento em que este texto é escrito, na manhã de quarta-feira, em Copenhague, as negociações na reunião da Convenção do Clima continuam muito difíceis – tanto que se decidiu prorrogar até a noite de quinta-feira, provavelmente madrugada de sexta-feira, o texto que será submetido aos chefes de Estado, muitos deles aqui presentes, entre eles o presidente Lula. Embora diplomatas sempre digam que as negociações continuam avançando, na prática há obstáculos enormes no caminho de um consenso (e aqui tudo precisa de consenso para ser aprovado) sobre metas de redução de emissão de gases do efeito estufa para mais de 190 países; sobre recursos financeiros dos países desenvolvidos aos demais para essa diminuição; sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto, com metas obrigatórias de redução para os países desenvolvidos (e, por tabela, com regras para nova etapa do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite a uma empresa de país desenvolvido financiar em outros países projetos que reduzam as emissões e descontar essa redução das suas próprias emissões – o que forma o chamado mercado de carbono).
Também estão complicadas as negociações sobre um fundo para combater o desmatamento (Redd): os financiamentos serão no nível nacional (governos doadores para governos receptores)? Ou poderão ser diretamente no nível subnacional (para governos estaduais), como desejam EUA e Colômbia? Ou poderá haver repasse dos governos nacionais para outros níveis? Em que condições?
Não é segredo – e o próprio secretário-geral da convenção, Yvo de Boer, já o admitiu em público – que se chegue aqui apenas a uma declaração conjunta que, depois de enumerar avanços e compromissos concretos já atingidos, crie um novo mandato que permita estender as negociações para 2010 (o atual mandato, aprovado em Bali, em 2007, encerra-se aqui). Mas, como se mencionou neste espaço na semana passada (11/8), as alternativas são difíceis. No primeiro semestre, por causa da Copa do Mundo na África; no segundo, porque teria de ser na próxima reunião da convenção, em dezembro, no México – o que poderia criar uma visão de fracasso para esta COP 15. Já há diplomatas, inclusive brasileiros, cogitando de uma prorrogação dessa reunião para maio de 2010.
Enquanto isso, fica claro nesta reunião que o tema das mudanças climáticas e toda a chamada questão ambiental estão ganhando um novo status. E esse “upgrade” se explica por vários motivos: 1) A gravidade dos chamados eventos climáticos extremos que já estão acontecendo no mundo e no Brasil e a perspectiva de agravamento se não se reduzirem fortemente as emissões, enfatizada aqui pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que menciona a concordância de mais de 90 mil cientistas no mundo com seus diagnósticos; 2) o extraordinário potencial brasileiro, que fascina o mundo, com possibilidade de matriz energética renovável e limpa, a maior biodiversidade do planeta e a presença de florestas em seu território continental, recursos hídricos invejáveis – tudo com que o mundo sonha. O fato de o governo federal haver adotado metas de redução de emissões, ainda que apenas voluntárias, e não como compromisso no âmbito da convenção, também contribui para a imagem do País na opinião pública mundial. Mas não se pode deixar passar em branco que a presença em Copenhague de três possíveis candidatos à sucessão presidencial – a ministra Dilma Rousseff, comandando a delegação brasileira e se expondo diariamente ao bombardeio dos jornalistas; o governador José Serra, promovendo eventos com figuras como o governador da Califórnia, falando da política de seu governo de redução de emissões em seu Estado e assinando acordo de financiamento com BID e Banco Mundial; e a ex-ministra e senadora Marina Silva, desembaraçada das contingências ministeriais e assumindo um discurso mais duro – contribui muito para o “upgrade” no plano interno das questões climática e ambiental. Elas serão um dos temas centrais da próxima campanha presidencial.
E ainda há mais. É muito forte a presença de governadores, parlamentares e empresários em Copenhague, estes últimos tanto na qualidade de dirigentes de suas instituições como em caráter em pessoal – nas áreas da agropecuária, da construção, da indústria, do comércio, da energia, de setores especializados no mercado de carbono. E todos os dias há discussões paralelas. Como, por exemplo, sobre emissões da agropecuária brasileira, que já chegaram a mais de 1 bilhão de toneladas anuais equivalentes de dióxido de carbono em 2003 e baixaram para 869 milhões em 2008. Também nessas discussões se mencionou que 1 quilo de carne industrializada pode gerar até 300 quilos de carbono emitido. Mas os empresários parecem estar atentos, alguns deles mencionando a possibilidade de reduzir o rebanho até pela metade, com técnicas de confinamento que permitam baixar o tempo para o abate e aumentar o rendimento. Ou mudando a alimentação para reduzir as emissões de metano pelo gado. Também se discute ser imprescindível adotar sistemas de rastreabilidade para a carne exportável – fortemente recusados em algumas áreas – como condição para recuperar mercados, como o europeu, perdido também pela falta dessa rastreabilidade.
Enfim, não é temerário afirmar que o Brasil não será o mesmo após esta reunião, qualquer que seja o desfecho das negociações. Mudanças climáticas e meio ambiente tenderão a deslocar-se para o centro do palco, principalmente na campanha eleitoral pela Presidência da República de 2010. Que terá ainda, contribuindo na mesma direção, as prováveis novas negociações na convenção e as eleições para o Congresso dos EUA, do qual dependem a aprovação da política do clima proposta pelo presidente Barack Obama e a aprovação de qualquer financiamento para reduzir emissões em outros países.
Já não é sem tempo.
Washington Novaes é jornalista . E-mail: wlrnovaes{at}uol.com.br
Artigo originalmente publicado no O Estado de S.Paulo.
Também estão complicadas as negociações sobre um fundo para combater o desmatamento (Redd): os financiamentos serão no nível nacional (governos doadores para governos receptores)? Ou poderão ser diretamente no nível subnacional (para governos estaduais), como desejam EUA e Colômbia? Ou poderá haver repasse dos governos nacionais para outros níveis? Em que condições?
Não é segredo – e o próprio secretário-geral da convenção, Yvo de Boer, já o admitiu em público – que se chegue aqui apenas a uma declaração conjunta que, depois de enumerar avanços e compromissos concretos já atingidos, crie um novo mandato que permita estender as negociações para 2010 (o atual mandato, aprovado em Bali, em 2007, encerra-se aqui). Mas, como se mencionou neste espaço na semana passada (11/8), as alternativas são difíceis. No primeiro semestre, por causa da Copa do Mundo na África; no segundo, porque teria de ser na próxima reunião da convenção, em dezembro, no México – o que poderia criar uma visão de fracasso para esta COP 15. Já há diplomatas, inclusive brasileiros, cogitando de uma prorrogação dessa reunião para maio de 2010.
Enquanto isso, fica claro nesta reunião que o tema das mudanças climáticas e toda a chamada questão ambiental estão ganhando um novo status. E esse “upgrade” se explica por vários motivos: 1) A gravidade dos chamados eventos climáticos extremos que já estão acontecendo no mundo e no Brasil e a perspectiva de agravamento se não se reduzirem fortemente as emissões, enfatizada aqui pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que menciona a concordância de mais de 90 mil cientistas no mundo com seus diagnósticos; 2) o extraordinário potencial brasileiro, que fascina o mundo, com possibilidade de matriz energética renovável e limpa, a maior biodiversidade do planeta e a presença de florestas em seu território continental, recursos hídricos invejáveis – tudo com que o mundo sonha. O fato de o governo federal haver adotado metas de redução de emissões, ainda que apenas voluntárias, e não como compromisso no âmbito da convenção, também contribui para a imagem do País na opinião pública mundial. Mas não se pode deixar passar em branco que a presença em Copenhague de três possíveis candidatos à sucessão presidencial – a ministra Dilma Rousseff, comandando a delegação brasileira e se expondo diariamente ao bombardeio dos jornalistas; o governador José Serra, promovendo eventos com figuras como o governador da Califórnia, falando da política de seu governo de redução de emissões em seu Estado e assinando acordo de financiamento com BID e Banco Mundial; e a ex-ministra e senadora Marina Silva, desembaraçada das contingências ministeriais e assumindo um discurso mais duro – contribui muito para o “upgrade” no plano interno das questões climática e ambiental. Elas serão um dos temas centrais da próxima campanha presidencial.
E ainda há mais. É muito forte a presença de governadores, parlamentares e empresários em Copenhague, estes últimos tanto na qualidade de dirigentes de suas instituições como em caráter em pessoal – nas áreas da agropecuária, da construção, da indústria, do comércio, da energia, de setores especializados no mercado de carbono. E todos os dias há discussões paralelas. Como, por exemplo, sobre emissões da agropecuária brasileira, que já chegaram a mais de 1 bilhão de toneladas anuais equivalentes de dióxido de carbono em 2003 e baixaram para 869 milhões em 2008. Também nessas discussões se mencionou que 1 quilo de carne industrializada pode gerar até 300 quilos de carbono emitido. Mas os empresários parecem estar atentos, alguns deles mencionando a possibilidade de reduzir o rebanho até pela metade, com técnicas de confinamento que permitam baixar o tempo para o abate e aumentar o rendimento. Ou mudando a alimentação para reduzir as emissões de metano pelo gado. Também se discute ser imprescindível adotar sistemas de rastreabilidade para a carne exportável – fortemente recusados em algumas áreas – como condição para recuperar mercados, como o europeu, perdido também pela falta dessa rastreabilidade.
Enfim, não é temerário afirmar que o Brasil não será o mesmo após esta reunião, qualquer que seja o desfecho das negociações. Mudanças climáticas e meio ambiente tenderão a deslocar-se para o centro do palco, principalmente na campanha eleitoral pela Presidência da República de 2010. Que terá ainda, contribuindo na mesma direção, as prováveis novas negociações na convenção e as eleições para o Congresso dos EUA, do qual dependem a aprovação da política do clima proposta pelo presidente Barack Obama e a aprovação de qualquer financiamento para reduzir emissões em outros países.
Já não é sem tempo.
Washington Novaes é jornalista . E-mail: wlrnovaes{at}uol.com.br
Artigo originalmente publicado no O Estado de S.Paulo.
Melancólico desfecho da COP 15-É a treva: rumo ao desastre /// Leonardo Boff
[EcoDebate] Uma jovem e talentosa atriz de uma novela muito popular, Beatriz Drumond, sempre que fracassam seus planos, usa o bordão:”É a treva”. Não me vem à mente outra expressão ao assistir o melancólico desfecho da COP 15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague: é a treva! Sim, a humanidade penetrou numa zona de treva e de horror. Estamos indo ao encontro do desastre. Anos de preparação, dez dias de discussão, a presença dos principais líderes políticos do mundo não foram suficientes para espancar a treva mediante um acordo consensuado de redução de gases de efeito estufa que impedisse chegar a dois graus Celsius. Ultrapassado esse nível e beirando os três graus, o clima não seria mais controlável e estaríamos entregues à lógica do caos destrutivo, ameaçando a biodiversidade e dizimando milhões e milhões de pessoas.
O Presidente Lula, em sua intervenção no dia mesmo do encerramento, 18 de dezembro, foi a único a dizer a verdade:”faltou-nos inteligência” porque os poderosos preferiram barganhar vantagens a salvar a vida da Terra e os seres humanos.
Duas lições se podem tirar do fracasso em Copenhague: a primeira é a consciência coletiva de que o aquecimento é um fato irreversível, do qual todos somos responsáveis, mas principalmente os paises ricos. E que agora somos também responsáveis, cada um em sua medida, do controle do aquecimento para que não seja catastrófico para a natureza e para a humanidade. A consciência da humanidade nunca mais será a mesma depois de Copenhague. Se houve essa consciência coletiva, por que não se chegou a nenhum consenso acerca das medidas de controle das mudanças climáticas?
Aqui surge a segunda lição que importa tirar da COP 15 de Copenhague: o grande vilão é o sistema do capital com sua correspondente cultura consumista. Enquanto mantivermos o sistema capitalista mundialmente articulado será impossível um consenso que coloque no centro a vida, a humanidade e a Terra e se tomar medidas para preservá-las. Para ele centralidade possui o lucro, a acumulação privada e o aumento de poder de competição. Há muito tempo que distorceu a natureza da economia como técnica e arte de produção dos bens necessários à vida. Ele a transformou numa brutal técnica de criação de riqueza por si mesma sem qualquer outra consideração. Essa riqueza nem sequer é para ser desfrutada mas para produzir mais riqueza ainda, numa lógica obsessiva e sem freios.
Por isso que ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível.O discurso ecológico procura o equilíbrio de todos os fatores, a sinergia com a natureza e o espírito de cooperação. O capitalismo rompe com o equilíbrio ao sobrepor-se à natureza, estabelece uma competição feroz entre todos e pretende tirar tudo da Terra, até que ela não consiga se reproduzir. Se ele assume o discurso ecológico é para ter ganhos com ele.
Ademais, o capitalismo é incompatível com a vida. A vida pede cuidado e cooperação. O capitalismo sacrifica vidas, cria trabalhadores que são verdadeiros escravos “pro tempore” e pratica trabalho infantil em vários paises.
Os negociadores e os lideres políticos em Copenhague ficaram reféns deste sistema. Esse barganha, quer ter lucros, não hesita em pôr em risco o futuro da vida. Sua tendência é autosuicidária. Que acordo poderá haver entre os lobos e os cordeiros, quer dizer, entre a natureza que grita por respeito e os que a devastam sem piedade?
Por isso, quem entende a lógica do capital, não se surpreende com o fracasso da COP 15 em Copenhague. O único que ergueu a voz, solitária, como um “louco” numa sociedade de “sábios”, foi o presidente Evo Morales: “Ou superamos o capitalismo ou ele destruirá a Mãe Terra”.
Gostemos ou não gostemos, esta é a pura verdade. Copenhague tirou a máscara do capitalismo, incapaz de fazer consensos porque pouco lhe importa a vida e a Terra mas antes as vantagens e os lucros materiais.
Leonardo Boff é Teólogo.
Colaboração de Tita Barreto para o EcoDebate, 19/12/2009
O Presidente Lula, em sua intervenção no dia mesmo do encerramento, 18 de dezembro, foi a único a dizer a verdade:”faltou-nos inteligência” porque os poderosos preferiram barganhar vantagens a salvar a vida da Terra e os seres humanos.
Duas lições se podem tirar do fracasso em Copenhague: a primeira é a consciência coletiva de que o aquecimento é um fato irreversível, do qual todos somos responsáveis, mas principalmente os paises ricos. E que agora somos também responsáveis, cada um em sua medida, do controle do aquecimento para que não seja catastrófico para a natureza e para a humanidade. A consciência da humanidade nunca mais será a mesma depois de Copenhague. Se houve essa consciência coletiva, por que não se chegou a nenhum consenso acerca das medidas de controle das mudanças climáticas?
Aqui surge a segunda lição que importa tirar da COP 15 de Copenhague: o grande vilão é o sistema do capital com sua correspondente cultura consumista. Enquanto mantivermos o sistema capitalista mundialmente articulado será impossível um consenso que coloque no centro a vida, a humanidade e a Terra e se tomar medidas para preservá-las. Para ele centralidade possui o lucro, a acumulação privada e o aumento de poder de competição. Há muito tempo que distorceu a natureza da economia como técnica e arte de produção dos bens necessários à vida. Ele a transformou numa brutal técnica de criação de riqueza por si mesma sem qualquer outra consideração. Essa riqueza nem sequer é para ser desfrutada mas para produzir mais riqueza ainda, numa lógica obsessiva e sem freios.
Por isso que ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível.O discurso ecológico procura o equilíbrio de todos os fatores, a sinergia com a natureza e o espírito de cooperação. O capitalismo rompe com o equilíbrio ao sobrepor-se à natureza, estabelece uma competição feroz entre todos e pretende tirar tudo da Terra, até que ela não consiga se reproduzir. Se ele assume o discurso ecológico é para ter ganhos com ele.
Ademais, o capitalismo é incompatível com a vida. A vida pede cuidado e cooperação. O capitalismo sacrifica vidas, cria trabalhadores que são verdadeiros escravos “pro tempore” e pratica trabalho infantil em vários paises.
Os negociadores e os lideres políticos em Copenhague ficaram reféns deste sistema. Esse barganha, quer ter lucros, não hesita em pôr em risco o futuro da vida. Sua tendência é autosuicidária. Que acordo poderá haver entre os lobos e os cordeiros, quer dizer, entre a natureza que grita por respeito e os que a devastam sem piedade?
Por isso, quem entende a lógica do capital, não se surpreende com o fracasso da COP 15 em Copenhague. O único que ergueu a voz, solitária, como um “louco” numa sociedade de “sábios”, foi o presidente Evo Morales: “Ou superamos o capitalismo ou ele destruirá a Mãe Terra”.
Gostemos ou não gostemos, esta é a pura verdade. Copenhague tirou a máscara do capitalismo, incapaz de fazer consensos porque pouco lhe importa a vida e a Terra mas antes as vantagens e os lucros materiais.
Leonardo Boff é Teólogo.
Colaboração de Tita Barreto para o EcoDebate, 19/12/2009
Opinião: Fiasco climático em Copenhague /// Deutsche Welle
Cúpula de Copenhague foi retrocesso no combate às alterações climáticas, e a acabou com esperança de negociações eficazes. Participantes poderiam ter se poupado a viagem, opina analista da Deutsche Welle.
As coisas ficaram bastante dramáticas há quase exatamente dois anos atrás, na conferência do clima de Bali. Ao fim, apresentou-se o cronograma para um novo acordo sobre o clima, o qual deveria ser assinado em dezembro de 2009, em Copenhague. Esse era o plano. Porém já dois meses antes do encontro na metrópole dinamarquesa estava claro: não haveria tal acordo.
Para ainda salvar alguma coisa, cada vez mais chefes de Estado e de governo de todo o mundo decidiram ir a Copenhague. E assim a COP 15 – como ficou conhecida a conferência no jargão das Nações Unidas – transformou-se numa cúpula mundial, uma conferência gigantesca, que em parte ameaçava sufocar sob suas próprias circunstâncias caóticas.
Em vista do resultado final, é preciso dizer: eles podiam ter se poupado essa viagem.
Acordo "sem precedentes"
Copenhague foi uma conferência singular. Todos, realmente todos estavam de acordo: precisamos fazer algo contra a mudança climática global. A meta dos dois graus centígrados foi repetidamente mencionada: a atmosfera não pode se aquecer mais do que isso nas próximas décadas, se ainda quisermos ter sob controle as consequências da alteração do clima. Mas, no momento em que as coisas precisavam ficar concretas, aí tudo ficou difícil.
Os chineses não querem fiscais em seu país; os europeus não querem elevar suas metas de redução de dióxido de carbono (CO2); os norte-americanos não querem avançar demais. Os africanos queriam muito mais dinheiro, mas têm um problema em prometer transparência quanto à forma como ele será gasto. No fim, a ameaça era de impasse total.
Para não voltar para casa de mãos vazias, concordou-se quanto a um mirrado documento, o que mesmo assim bastou para que o presidente dos EUA, Barack Obama, denominasse o consenso de "sem precedentes". E, no entanto, as três páginas é que são de uma insuficiência sem precedentes. De comprometimento, nem sombra. No fim, para salvar o encontro do fiasco total, só mesmo apelando para truques.
Não só o clima esteve em questão
O resultado do encontro em Copenhague irá aprofundar o fosso entre Norte e Sul. Conferências como essa são uma oportunidade ímpar para as nações em desenvolvimento exporem seus problemas aos olhos da opinião pública mundial. Foi o que elas fizeram aqui, com uma autoconfiança de impor respeito.
Pois, na realidade, as questões no centro de conferências Bella Center iam além do clima. Tratava-se também de futuras partilhas de poder, de segurança e estabilidade no mundo. Nos 70 mil metros quadrados do centro de convenções, puderam-se ver os problemas deste planeta como que através de uma lupa.
Para Obama, Copenhague não é, definitivamente, um bom endereço. Há algumas semanas, ele fracassou aqui com a candidatura de Chicago a sede dos Jogos Olímpicos. Agora, ele veio como grande esperança dos paladinos do clima – e fracassou novamente. Seu discurso foi bom; mas outros, como o do presidente brasileiro, Lula, foram melhores. Seu engajamento foi bom; mas, justamente, não bom o suficiente. De liderança, viu-se pouco.
Quo vadis, clima?
Mas o que será da política climática daqui para diante? Em Copenhague destruiu-se de novo muito da tão penosamente conquistada confiança entre as nações industrializadas e as em desenvolvimento. Só há uma única chance: os países ricos – e, afinal, são eles que emitem a maior parte dos gases-estufa – precisam se colocar na vanguarda do movimento, e deixar de ficar impondo condições aos outros. Eles não podem só continuar sempre falando na divisão dos encargos: têm também que praticá-la.
Em Copenhague desperdiçou-se uma oportunidade tremenda. A comunidade internacional poderia ter mostrado que está apta para agir. Poderia ter sido estabelecido uma matriz para os muitos outros problemas que há por solucionar – como o combate à pobreza, por exemplo.
Nas últimas décadas, a política climática só se moveu alguns poucos milímetros para a frente – Copenhague a lançou metros para trás. É certo que o Protocolo de Kyoto ainda não está morto. Porém, após as experiências dos últimos dias, o êxito alcançado em 1997 na conferência da cidade japonesa não parece mais possível no próximo ano. A esperança morreu em Copenhague.
Autor: Henrik Böhme
Revisão: Roselaine Wandscheer
As coisas ficaram bastante dramáticas há quase exatamente dois anos atrás, na conferência do clima de Bali. Ao fim, apresentou-se o cronograma para um novo acordo sobre o clima, o qual deveria ser assinado em dezembro de 2009, em Copenhague. Esse era o plano. Porém já dois meses antes do encontro na metrópole dinamarquesa estava claro: não haveria tal acordo.
Para ainda salvar alguma coisa, cada vez mais chefes de Estado e de governo de todo o mundo decidiram ir a Copenhague. E assim a COP 15 – como ficou conhecida a conferência no jargão das Nações Unidas – transformou-se numa cúpula mundial, uma conferência gigantesca, que em parte ameaçava sufocar sob suas próprias circunstâncias caóticas.
Em vista do resultado final, é preciso dizer: eles podiam ter se poupado essa viagem.
Acordo "sem precedentes"
Copenhague foi uma conferência singular. Todos, realmente todos estavam de acordo: precisamos fazer algo contra a mudança climática global. A meta dos dois graus centígrados foi repetidamente mencionada: a atmosfera não pode se aquecer mais do que isso nas próximas décadas, se ainda quisermos ter sob controle as consequências da alteração do clima. Mas, no momento em que as coisas precisavam ficar concretas, aí tudo ficou difícil.
Os chineses não querem fiscais em seu país; os europeus não querem elevar suas metas de redução de dióxido de carbono (CO2); os norte-americanos não querem avançar demais. Os africanos queriam muito mais dinheiro, mas têm um problema em prometer transparência quanto à forma como ele será gasto. No fim, a ameaça era de impasse total.
Para não voltar para casa de mãos vazias, concordou-se quanto a um mirrado documento, o que mesmo assim bastou para que o presidente dos EUA, Barack Obama, denominasse o consenso de "sem precedentes". E, no entanto, as três páginas é que são de uma insuficiência sem precedentes. De comprometimento, nem sombra. No fim, para salvar o encontro do fiasco total, só mesmo apelando para truques.
Não só o clima esteve em questão
O resultado do encontro em Copenhague irá aprofundar o fosso entre Norte e Sul. Conferências como essa são uma oportunidade ímpar para as nações em desenvolvimento exporem seus problemas aos olhos da opinião pública mundial. Foi o que elas fizeram aqui, com uma autoconfiança de impor respeito.
Pois, na realidade, as questões no centro de conferências Bella Center iam além do clima. Tratava-se também de futuras partilhas de poder, de segurança e estabilidade no mundo. Nos 70 mil metros quadrados do centro de convenções, puderam-se ver os problemas deste planeta como que através de uma lupa.
Para Obama, Copenhague não é, definitivamente, um bom endereço. Há algumas semanas, ele fracassou aqui com a candidatura de Chicago a sede dos Jogos Olímpicos. Agora, ele veio como grande esperança dos paladinos do clima – e fracassou novamente. Seu discurso foi bom; mas outros, como o do presidente brasileiro, Lula, foram melhores. Seu engajamento foi bom; mas, justamente, não bom o suficiente. De liderança, viu-se pouco.
Quo vadis, clima?
Mas o que será da política climática daqui para diante? Em Copenhague destruiu-se de novo muito da tão penosamente conquistada confiança entre as nações industrializadas e as em desenvolvimento. Só há uma única chance: os países ricos – e, afinal, são eles que emitem a maior parte dos gases-estufa – precisam se colocar na vanguarda do movimento, e deixar de ficar impondo condições aos outros. Eles não podem só continuar sempre falando na divisão dos encargos: têm também que praticá-la.
Em Copenhague desperdiçou-se uma oportunidade tremenda. A comunidade internacional poderia ter mostrado que está apta para agir. Poderia ter sido estabelecido uma matriz para os muitos outros problemas que há por solucionar – como o combate à pobreza, por exemplo.
Nas últimas décadas, a política climática só se moveu alguns poucos milímetros para a frente – Copenhague a lançou metros para trás. É certo que o Protocolo de Kyoto ainda não está morto. Porém, após as experiências dos últimos dias, o êxito alcançado em 1997 na conferência da cidade japonesa não parece mais possível no próximo ano. A esperança morreu em Copenhague.
Autor: Henrik Böhme
Revisão: Roselaine Wandscheer
Mesmo sem unanimidade, ONU “toma nota” do Acordo de Copenhague
fonte:Agencias internacionais e do Ministério do Meio Ambiente
Terminou oficialmente neste sábado, 19 de dezembro, a 15a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que teve como principal resultado o “Acordo de Copenhague”, elaborado por um alguns países na noite de sexta-feira e formalmente aceito pela ONU.
Sem aprovação unânime, o acordo terá como anexo uma lista de países contrários a ele. A iniciativa de “tomar nota” foi a saída encontrada para que o documento tenha status legal suficiente e seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes.
Segundo o jornal dinamarquês ‘Berlingske”, o presidente COP15, primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen, está satisfeito com desfecho. “Temos conseguido resultados. Agora, as nações terão que assinar o acordo, e se o fizerem, o que foi acordado terá efeito imediato”, destacou.
O otimismo do primeiro-ministro dinarmaquês não é o mesmo de muitos líderes. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já na tarde da sexta-feira, 18/12, havia anunciado sua frustração com a conferência do clima. “Se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, eu não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora”, alertou o presidente brasileiro.
Já para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que nos momentos finais chefiou a delegação brasileira, o acordo é insuficiente para que os países, principalmente os mais pobres, tenham condições de agir de forma efetiva.
De acordo com o texto, os países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões, nos próximos três anos, para um fundo de luta contra o aquecimento global. O acordo prevê US$ 100 bilhões por ano, em 2020. "Isso aqui é insuficiente, vamos continuar a luta pelo planeta", disse Minc.
O ministro Carlos Minc ressaltou que esse valor que será colocado no fundo até 2012 - US$ 10 bilhões por ano - é menos do que o Brasil vai gastar para atingir sua meta voluntária de reduzir em até 39% das emissões de gases de efeitos estudo, até 2020.
Ele explicou que para atingir sua meta, o Brasil vai gastar US$ 16 bilhões por ano. "Esse valor de US$ 30 bilhões para todos é menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas, aprovadas pelo nosso parlamento", destacou Minc.
O documento diz ainda que os países desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050. Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sugere uma redução entre 25% e 40% até 2020.
Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do IPCC, Suzana Kahn, o resultado da COP15 foi decepcionante, uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão econômica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos da mudança climáticas.
"Existem muitos países africanos, por exemplo, que irão sofrer demais com o aumento da temperatura. No entanto, parece que a discussão tomou um viés econômico e político, o que eu acho muito preocupante. A questão climática ultrapassa a fronteira ambiental. É uma questão de desenvolvimento, de justiça, de equidade", afirmou Suzana Kahn.
Principais pontos do Acordo de Copenhague:
- O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta ao acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano.
- Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius, porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta
- Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões.
- O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos".
- O texto diz: "Os países desenvolvidos deverão promover de maneira adequada (...) recursos financeiros , tecnologia e capacitação para que se implemente a adaptação dos países em desenvolvimento"
- Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil.
- O acordo "reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas pelo desmatamento e degradação das florestas" e concorda promover "incentivos positivos" para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido.
- Mercado de Carbono: "Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as oportunidades de usar is mercados para melhorar a relação custo-rendimento e para promover ações de mitigação.
site:http://www.cop15brazil.gov.br
Leia aqui o documento acreditado pela CoP 15:
http://unfccc.int/files/meetings/cop_15/application/pdf/cop15_cph_auv.pdf
Sem aprovação unânime, o acordo terá como anexo uma lista de países contrários a ele. A iniciativa de “tomar nota” foi a saída encontrada para que o documento tenha status legal suficiente e seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes.
Segundo o jornal dinamarquês ‘Berlingske”, o presidente COP15, primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen, está satisfeito com desfecho. “Temos conseguido resultados. Agora, as nações terão que assinar o acordo, e se o fizerem, o que foi acordado terá efeito imediato”, destacou.
O otimismo do primeiro-ministro dinarmaquês não é o mesmo de muitos líderes. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já na tarde da sexta-feira, 18/12, havia anunciado sua frustração com a conferência do clima. “Se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, eu não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora”, alertou o presidente brasileiro.
Já para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que nos momentos finais chefiou a delegação brasileira, o acordo é insuficiente para que os países, principalmente os mais pobres, tenham condições de agir de forma efetiva.
De acordo com o texto, os países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões, nos próximos três anos, para um fundo de luta contra o aquecimento global. O acordo prevê US$ 100 bilhões por ano, em 2020. "Isso aqui é insuficiente, vamos continuar a luta pelo planeta", disse Minc.
O ministro Carlos Minc ressaltou que esse valor que será colocado no fundo até 2012 - US$ 10 bilhões por ano - é menos do que o Brasil vai gastar para atingir sua meta voluntária de reduzir em até 39% das emissões de gases de efeitos estudo, até 2020.
Ele explicou que para atingir sua meta, o Brasil vai gastar US$ 16 bilhões por ano. "Esse valor de US$ 30 bilhões para todos é menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas, aprovadas pelo nosso parlamento", destacou Minc.
O documento diz ainda que os países desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050. Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sugere uma redução entre 25% e 40% até 2020.
Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do IPCC, Suzana Kahn, o resultado da COP15 foi decepcionante, uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão econômica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos da mudança climáticas.
"Existem muitos países africanos, por exemplo, que irão sofrer demais com o aumento da temperatura. No entanto, parece que a discussão tomou um viés econômico e político, o que eu acho muito preocupante. A questão climática ultrapassa a fronteira ambiental. É uma questão de desenvolvimento, de justiça, de equidade", afirmou Suzana Kahn.
Principais pontos do Acordo de Copenhague:
- O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta ao acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano.
- Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius, porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta
- Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões.
- O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos".
- O texto diz: "Os países desenvolvidos deverão promover de maneira adequada (...) recursos financeiros , tecnologia e capacitação para que se implemente a adaptação dos países em desenvolvimento"
- Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil.
- O acordo "reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas pelo desmatamento e degradação das florestas" e concorda promover "incentivos positivos" para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido.
- Mercado de Carbono: "Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as oportunidades de usar is mercados para melhorar a relação custo-rendimento e para promover ações de mitigação.
site:http://www.cop15brazil.gov.br
Leia aqui o documento acreditado pela CoP 15:
http://unfccc.int/files/meetings/cop_15/application/pdf/cop15_cph_auv.pdf
Obama, world leaders in last-minute climate talks
nenhum sinal de acordo naquileo que se refere ao estabelecimento de metas realistas de reduções de GEE, seja por parte dos Paises desenvolvidos, seja por parte dos em desenvolvimento.
Presidente Lula e Obama acabaram de discursar, ambos em direções opostas. Lula se posiciona dizendo que o Brasil não deve assumir metas obrigatórias,mas sim um compromisso. Obama, diz que os EUA entendem que os países em desenvovimento devem assumir tais metas e que sejam agressivas e obrigatórias. Eis ponto de inflexão.
Leia o artigo:
""It would be a major disappointment. A political declaration would not guarantee our survival," said Selwin Hart, a delegate from Barbados speaking for the Alliance of Small Island States, many of which are threatened by seas rising form global warming.
World leaders handed off the draft text of about three pages at about 3 a.m. local time to their ministers and they continued to work on it through the night. But by 5 a.m., negotiators from Mexico and the G-77 plus China said they were nowhere near agreement on the final document".
The UN climate talks were in serious disarray Friday, prompting President Barack Obama to upend his schedule and hold close-door talks with 19 other world leaders to work out a last-minute agreement on fighting global warming.
Associated Press
18/12/2009 12:25
Delegates earlier blamed both the US and China for the lack of a political agreement that Obama, Chinese Premier Wen Jiabao and more than 110 other world leaders are supposed to sign within hours.
But French President Nicolas Sarkozy, speaking after the unscheduled meeting with Obama and the other leaders, said progress in the climate talks was being held back by China.
Obama spokesman Robert Gibbs said the US president met with world leaders from China and Russia, both seen as key participants in the climate talks, as well as the heads of state from wealthy nations like Australia, the United Kingdom, France and Germany and those from developing countries like Ethiopia, Bangladesh and Colombia.
"Most of the leaders are still working out to produce a meaningful agreement to be adopted," Japanese Foreign Ministry spokesman Kazuo Kodama said.
The lack of a deal caused leaders to throw out the planned timetable for the final day of the two-week UN climate conference, with their informal talks delaying the opening of the regular session.
Broad disputes continued behind closed doors between wealthy nations and developing ones, delegates said — the divide that from the start has dogged the two-week UN climate conference, which aimed to reach agreements on deeper reductions in emissions of carbon dioxide and other gases blamed for global warming.
No agreed text had emerged as presidents and premiers were gathering at a Copenhagen convention hall, said Swedish Environment Minister Andreas Carlgren.
"It is now up to world leaders to decide," he said, suggesting they would be pressed to make last-minute decisions on the thrust of the climate declaration.
Carlgren, negotiating on behalf of the 27-nation European Union, blamed the morning's impasse on the Chinese for "blocking again and again," and on the U.S. for coming too late with an improved offer, a long-range climate aid program announced Thursday by U.S. Secretary of State Hillary Rodham Clinton.
A leading African delegate, meanwhile, complained bitterly about the proposed declaration. "It's weak. There's nothing ambitious in this text," Lumumba Di-Aping of Sudan, a leader of the developing nations bloc, said Friday.
Delegates filtering out of the predawn discussions Friday sounded disappointed.
"It's a political statement, but it isn't a lot," said Chinese delegate Li Junhua.
"It would be a major disappointment. A political declaration would not guarantee our survival," said Selwin Hart, a delegate from Barbados speaking for the Alliance of Small Island States, many of which are threatened by seas rising form global warming.
World leaders handed off the draft text of about three pages at about 3 a.m. local time to their ministers and they continued to work on it through the night. But by 5 a.m., negotiators from Mexico and the G-77 plus China said they were nowhere near agreement on the final document.
Presidente Lula e Obama acabaram de discursar, ambos em direções opostas. Lula se posiciona dizendo que o Brasil não deve assumir metas obrigatórias,mas sim um compromisso. Obama, diz que os EUA entendem que os países em desenvovimento devem assumir tais metas e que sejam agressivas e obrigatórias. Eis ponto de inflexão.
Leia o artigo:
""It would be a major disappointment. A political declaration would not guarantee our survival," said Selwin Hart, a delegate from Barbados speaking for the Alliance of Small Island States, many of which are threatened by seas rising form global warming.
World leaders handed off the draft text of about three pages at about 3 a.m. local time to their ministers and they continued to work on it through the night. But by 5 a.m., negotiators from Mexico and the G-77 plus China said they were nowhere near agreement on the final document".
The UN climate talks were in serious disarray Friday, prompting President Barack Obama to upend his schedule and hold close-door talks with 19 other world leaders to work out a last-minute agreement on fighting global warming.
Associated Press
18/12/2009 12:25
Delegates earlier blamed both the US and China for the lack of a political agreement that Obama, Chinese Premier Wen Jiabao and more than 110 other world leaders are supposed to sign within hours.
But French President Nicolas Sarkozy, speaking after the unscheduled meeting with Obama and the other leaders, said progress in the climate talks was being held back by China.
Obama spokesman Robert Gibbs said the US president met with world leaders from China and Russia, both seen as key participants in the climate talks, as well as the heads of state from wealthy nations like Australia, the United Kingdom, France and Germany and those from developing countries like Ethiopia, Bangladesh and Colombia.
"Most of the leaders are still working out to produce a meaningful agreement to be adopted," Japanese Foreign Ministry spokesman Kazuo Kodama said.
The lack of a deal caused leaders to throw out the planned timetable for the final day of the two-week UN climate conference, with their informal talks delaying the opening of the regular session.
Broad disputes continued behind closed doors between wealthy nations and developing ones, delegates said — the divide that from the start has dogged the two-week UN climate conference, which aimed to reach agreements on deeper reductions in emissions of carbon dioxide and other gases blamed for global warming.
No agreed text had emerged as presidents and premiers were gathering at a Copenhagen convention hall, said Swedish Environment Minister Andreas Carlgren.
"It is now up to world leaders to decide," he said, suggesting they would be pressed to make last-minute decisions on the thrust of the climate declaration.
Carlgren, negotiating on behalf of the 27-nation European Union, blamed the morning's impasse on the Chinese for "blocking again and again," and on the U.S. for coming too late with an improved offer, a long-range climate aid program announced Thursday by U.S. Secretary of State Hillary Rodham Clinton.
A leading African delegate, meanwhile, complained bitterly about the proposed declaration. "It's weak. There's nothing ambitious in this text," Lumumba Di-Aping of Sudan, a leader of the developing nations bloc, said Friday.
Delegates filtering out of the predawn discussions Friday sounded disappointed.
"It's a political statement, but it isn't a lot," said Chinese delegate Li Junhua.
"It would be a major disappointment. A political declaration would not guarantee our survival," said Selwin Hart, a delegate from Barbados speaking for the Alliance of Small Island States, many of which are threatened by seas rising form global warming.
World leaders handed off the draft text of about three pages at about 3 a.m. local time to their ministers and they continued to work on it through the night. But by 5 a.m., negotiators from Mexico and the G-77 plus China said they were nowhere near agreement on the final document.
Discurso na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática
Lula discursando na COP 15. Hoje 17/dez.
COP 15: Confrontos em Copenhague, artigo de Leonardo Boff///ECODEBATE
“A visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos“, escreve Leonardo Boff, teólogo, constando que duas visões se confrontam em Copenhague.
Eis o artigo.
Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.
Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.
Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.
Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.
Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.
Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.
Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.
A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.
Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.
A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos
(Ecodebate, 17/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação
Eis o artigo.
Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.
Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.
Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.
Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.
Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.
Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.
Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.
A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.
Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.
A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos
(Ecodebate, 17/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação
Copenhague dominada pela tensão em um ambiente de caos///AFP
COPENHAGUE — A tensão aumentou nesta quarta-feira em Copenhague, onde os ministros trabalham num ambiente caótico para esboçar um acordo mundial contra o aquecimento climático.
No reinício das conversações em sessão plenária, a Índia denunciou o clima de caos reinante, Tuvalu comparou a conferência ao Titanic e o Brasil protestou à presidência dinamarquesa porque o chefe de sua delegação ficou preso nos controles de segurança.
Pelo menos 170 pessoas foram detidas durante a manhã nos arredores do Bella Center, sede da Conferência da ONU.
A estação de metrô junto ao centro de conferências está fechada e restrições foram impostas à entrada de representantes das ONGs.
Também foi decidido que o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen, assumiria a presidência das negociações do clima, em substituição à ministra do Meio Ambiente Connie Hedegaard, que passará a coordenar as conversações informais.
Rasmussen será o presidente da fase final das negociações, que serão concluídas na sexta-feira com um encontro de quase 120 chefes de Estado e de Governo, anunciou Yvo de Boer, principal funcionário da ONU para a questão climática.
Uma reunião ministerial restrita de 25 ministros escolhidos pela presidência dinamarquesa está marcada para o início da tarde para começar a redigir um acordo que deverá ser adotado na sexta-feira pelos 120 chefes de Estado e de Governo, como o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, ou o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que já chegaram.
Esta reunião, anunciada na noite de terça-feira, já havia sido adiada em duas ocasiões.
Rudd já deu o tom do dilema ao declarar, ao chegar, que "não existem garantias de êxito". Brown também expressou seu pessimismo à BBC ao considerar muito difícil a obtenção de um acordo.
Os negociadores também mostraram sua preocupação depois de uma noite de consultas que, a princípio, deveria permitir a Hedegaard redigir um projeto de acordo a partir desta quarta.
Na segunda, o grupo de países africanos obrigou à suspensão das conversações e os negociadores perderam um dia e meio de trabalho.
No momento, o único consenso que parece haver é o de uma ajuda imediata de 10 bilhões de dólares anuais durante três anos a partir de 2010 aos países mais pobres para fazer frente aos impactos do aquecimento global.
Enquanto isso, do lado de fora do plenário, mais de 150 ativistas foram detidos nesta quarta-feira quando tentavam avançar em direção à sede da conferência sobre o clima em Copenhague (COP-15).
"Os ativistas foram detidos perto da estação de metrô Bella Center por policiais com cães", afirmou um porta-voz da polícia.
Eles integram um grupo de manifestantes que se reuniu perto do Bella Center, onde acontece o evento, para tentar entrar na parte de trás do local, cercado por mais de seis quilômetros de barreiras.
"Nosso objetivo é entrar no Bella Center por outras vias e sem violência", declarou Peter Nielsen, porta-voz dos ativistas.
Entre 700 e 800 pessoas, segundo cálculos da AFP, tentaram avançar da estação de metrô até o local de entrada da área da conferência, mas enfrentaram um grande dispositivo policial.
Os manifestantes se dispersaram para tentar desorganizar as forças oficiais, mas não alcançaram o objetivo.
Depois de uma rápida confusão e do uso de gás lacrimogêneo, os militantes foram detidos, algemados e colocados no chão.
A manifestação, ilegal segundo a polícia, aconteceu de maneira paralela a outra grande manifestação autorizada que seguia para o mesmo local.
Quase 1.500 manifestantes, segundo a polícia, iniciaram nesta quarta-feira uma passeata até o Bella Center após a convocação do grupo "Climate Justice Action".
Copyright © 2009 AFP. Todos os direitos reservados
No reinício das conversações em sessão plenária, a Índia denunciou o clima de caos reinante, Tuvalu comparou a conferência ao Titanic e o Brasil protestou à presidência dinamarquesa porque o chefe de sua delegação ficou preso nos controles de segurança.
Pelo menos 170 pessoas foram detidas durante a manhã nos arredores do Bella Center, sede da Conferência da ONU.
A estação de metrô junto ao centro de conferências está fechada e restrições foram impostas à entrada de representantes das ONGs.
Também foi decidido que o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen, assumiria a presidência das negociações do clima, em substituição à ministra do Meio Ambiente Connie Hedegaard, que passará a coordenar as conversações informais.
Rasmussen será o presidente da fase final das negociações, que serão concluídas na sexta-feira com um encontro de quase 120 chefes de Estado e de Governo, anunciou Yvo de Boer, principal funcionário da ONU para a questão climática.
Uma reunião ministerial restrita de 25 ministros escolhidos pela presidência dinamarquesa está marcada para o início da tarde para começar a redigir um acordo que deverá ser adotado na sexta-feira pelos 120 chefes de Estado e de Governo, como o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, ou o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que já chegaram.
Esta reunião, anunciada na noite de terça-feira, já havia sido adiada em duas ocasiões.
Rudd já deu o tom do dilema ao declarar, ao chegar, que "não existem garantias de êxito". Brown também expressou seu pessimismo à BBC ao considerar muito difícil a obtenção de um acordo.
Os negociadores também mostraram sua preocupação depois de uma noite de consultas que, a princípio, deveria permitir a Hedegaard redigir um projeto de acordo a partir desta quarta.
Na segunda, o grupo de países africanos obrigou à suspensão das conversações e os negociadores perderam um dia e meio de trabalho.
No momento, o único consenso que parece haver é o de uma ajuda imediata de 10 bilhões de dólares anuais durante três anos a partir de 2010 aos países mais pobres para fazer frente aos impactos do aquecimento global.
Enquanto isso, do lado de fora do plenário, mais de 150 ativistas foram detidos nesta quarta-feira quando tentavam avançar em direção à sede da conferência sobre o clima em Copenhague (COP-15).
"Os ativistas foram detidos perto da estação de metrô Bella Center por policiais com cães", afirmou um porta-voz da polícia.
Eles integram um grupo de manifestantes que se reuniu perto do Bella Center, onde acontece o evento, para tentar entrar na parte de trás do local, cercado por mais de seis quilômetros de barreiras.
"Nosso objetivo é entrar no Bella Center por outras vias e sem violência", declarou Peter Nielsen, porta-voz dos ativistas.
Entre 700 e 800 pessoas, segundo cálculos da AFP, tentaram avançar da estação de metrô até o local de entrada da área da conferência, mas enfrentaram um grande dispositivo policial.
Os manifestantes se dispersaram para tentar desorganizar as forças oficiais, mas não alcançaram o objetivo.
Depois de uma rápida confusão e do uso de gás lacrimogêneo, os militantes foram detidos, algemados e colocados no chão.
A manifestação, ilegal segundo a polícia, aconteceu de maneira paralela a outra grande manifestação autorizada que seguia para o mesmo local.
Quase 1.500 manifestantes, segundo a polícia, iniciaram nesta quarta-feira uma passeata até o Bella Center após a convocação do grupo "Climate Justice Action".
Copyright © 2009 AFP. Todos os direitos reservados
Polícia usa gás lacrimogêneo para conter protestos em Copenhague///BBC BRASIL
Eric Brücher Camara
Enviado especial da BBC Brasil a Copenhague
A polícia da Dinamarca usou bombas de gás lacrimogêneo nesta quarta-feira para conter centenas de manifestantes que tentavam invadir o perímetro do Bella Center, onde é realizada a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas.
Cerca de cem pessoas teriam sido presas, e houve enfrentamentos entre manifestantes e policiais. A situação levou a um reforço da segurança em torno do centro de convenções, e participantes foram obrigados a encarar longas filas para entrar.
A apenas três dias do fim da reunião, centenas de pessoas foram impedidas de entrar no Bella Center - a maioria era formada por representantes de organizações não-governamentais.
Por volta de 35 mil pessoas se credenciaram para a reunião climática, mas a sede do encontro, o Bella Center, tem capacidade para apenas 15 mil. Cedendo à pressão, a organização elevou o número para 18 mil.
O negociador-chefe da delegação brasileira, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, também ficou preso na multidão nesta quarta-feira, quando voltava para o hotel após virar a noite em negociações, que seguem em passo lento.
Troca de comando
No primeiro dia com a presença oficial de chefes de Estado no encontro, a ministra dinamarquesa de Meio Ambiente e Energia, Connie Hedegaard, renunciou ao cargo de presidente da conferência das Nações Unidas para mudanças climáticas em Copenhague.
Connie Hedegaard será substituída pelo primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen.
Hedegaard vinha sendo acusada por representantes de países em desenvolvimento de querer beneficiar os países ricos nas negociações, mas afirmou que a mudança é apenas um procedimento formal, já que seria mais adequado o chefe de governo do país presidir o encontro que reunirá líderes de quase 120 países.
No entanto, no centro de convenções, as discussões parecem estar irremediavelmente paradas em questões como metas para países desenvolvidos e, principalmente, financiamento para redução de emissões de gases do efeito estufa em longo prazo.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, chegou a afirmar que os países em desenvolvimento deveriam deixar este objetivo de lado para obter um acordo.
A lentidão é uma das principais críticas dos manifestantes, que temem que a conferência chegue ao fim sem qualquer acordo significativo sobre o combate às mudanças climáticas no planeta.
Filas longas
Diversos líderes mundiais já estão em Copenhague, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participa de encontros a portas fechadas com os presidentes do Suriname, Ronald Venetiaan, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, entre outros.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também já está na capital dinamarquesa e afirmou estar esperançoso sobre um acordo, apesar do atual impasse.
"Há uma boa vontade para se chegar a um acordo", disse Brown, admitindo que essa é provavelmente a negociação mais difícil que já houve.
No entanto, as delegações não conseguiram sequer fechar um acordo preliminar para ser discutido pelos ministros. Isso significa que a Dinamarca, anfitriã da conferência, teve que elaborar um documento baseado nas propostas já discutidas.
A partir deste documento-base, os ministros poderão começar a tentar superar os principais obstáculos:
- Metas de redução para países desenvolvidos: até o momento, não existe consenso sobre um número ou mesmo de que forma essas metas seriam apresentadas – como extensão do Protocolo de Kyoto para os seus signatários (países ricos com exceção dos Estados Unidos) ou em um novo tratado incluindo os americanos.
- Financiamento: a proposta mais próxima de ser aceita é de um fundo de US$ 10 bilhões por ano, para os próximos três anos. Mas não está claro de onde sairiam estes recursos e quem faria as contribuições.
- Redd (mecanismo que incentiva Redução de Emissões geradas por Desmatamento e Degradação Florestas em Países em Desenvolvimento): como mencionado acima, faltam pontos fundamentais.
Suspensão temporária
Na segunda-feira, as negociações foram temporariamente suspensas depois que representantes de países africanos se retiraram em protesto contra o que chamaram de "abandono das metas firmadas no acordo de Kyoto".
Esses países criticaram a organização da conferência por, supostamente, se concentrar apenas nas negociações para um novo acordo climático, em vez de trabalhar paralelamente em uma extensão do Protocolo de Kyoto.
Países emergentes insistem que países desenvolvidos que ratificaram o protocolo devem se comprometer com maiores cortes de emissões dos gases que causam o efeito estufa.
A conferência das Nações Unidas sobre o clima vai até sexta-feira na capital da Dinamarca.
BMF BOVESPA realiza 1º leilão de créditos de carbono voltado ao mercado voluntário
Leilão ofertará 240.000 créditos de carbono administrados pela Carbono Social Serviços Ambientais
São Paulo, 14 de dezembro - A BMF BOVESPA S.A. realizará em 22 de dezembro o primeiro leilão de créditos de carbono voltado ao mercado voluntário. Serão leiloados 240.000 toneladas de créditos de carbono do Voluntary Carbon Standard (VCS) associado ao Social Carbon®, os dois principais standards do mercado internacional de balcão, que possuem 90% do mercado, segundo a empresa de pesquisas New Energy Finance.
As reduções de emissões foram geradas a partir de projetos de biomassa renovável geridos pela Carbono Social Serviços Ambientais em 12 cerâmicas brasileiras localizadas nos estados de São Paulo (Panorama, Presidente Epitácio, Paulicéia), Pará (São Miguel do Guamá), Pernambuco (Lajedo, Paudalho), Sergipe (Itabaiana), Minas Gerais (Ituiutaba) e Rio de Janeiro (Itaboraí).
Os créditos foram validados e verificados pelas certificadoras TÜV NORD e BVQI, D.O.E., credenciadas na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC, na sigla em inglês) e estão inseridos no sistema de registro da Markit Environmental Registry.
Os projetos reduzem as emissões de gases pela substituição de combustível por biomassas renováveis como bagaço de cana, caroço de açaí, casca de arroz, entre outras. “Trazer projetos de carbono de pequena escala para o mercado é uma conquista muito importante e é uma inovação fundamental no mercado de carbono”, diz o diretor da Carbono Social, Stefano Merlin.
O leilão será realizado em quatro sessões, com um lote negociado por sessão. Os preços iniciais dos lances são indicados por lotes que variam de acordo com o período de geração dos créditos de carbono e vão de R$ 8,00 a R$ 14,00 por unidade. A primeira negociação acontecerá às 13h (horário de Brasília) e será realizada pelo sistema eletrônico de negociação da BMF BOVESPA, disponível na internet www.bmfbovespa.com.br/leilaocarbono. A liquidação financeira da operação será coordenada pela Corretora Liquidez DTVM.
O edital do leilão está disponível no endereço http://carbonosocial.wordpress.com/2009/12/14/edital-do-leilao-de-creditos-de-carbono-na-bmfbovespa/
Histórico de leilões de carbono na Bolsa
Os dois leilões de créditos de carbono realizados anteriormente pela BM&FBOVESPA, em 2007 e 2008, ofertaram reduções certificadas de emissão (RCEs) de titularidade da Prefeitura Municipal de São Paulo, procedentes de projetos dos aterros sanitários Bandeirantes e São João.
O mercado de carbono da BMF BOVESPA tem como objetivo fomentar a negociação de créditos de carbono em ambiente de Bolsa no Brasil, além de oferecer uma alternativa para que as empresas brasileiras realizem a venda de seus projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa no país. Com sua plataforma de negociação, a Bolsa oferece aos participantes globais um canal de negociação seguro, transparente e que possibilita o fechamento de negócios a preços competitivos.
Sobre a Carbono Social Serviços Ambientais
Empresa especializada no desenvolvimento de projetos de carbono para o Mercado Voluntário de Emissões (VERs). Aplica o standard do VCS e do SOCIALCARBON para implementar projetos de redução de emissões de carbono em projetos de substituição de combustível, eficiência energética, aterros e minicentrais hidrelétricas, entre outros. Para informações adicionais, visite www.socialcarbon.com
Sobre a Markit
É líder mundial em serviços de informação financeira. Fornece dados, avaliações e negociações em várias áreas para dar transparência aos processos, reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional. No mercado de carbono, a Markit Environmental Registry é o maior sistema de registro do mundo, que funciona como um banco central, onde os créditos são registrados e monitorados. Mais informações www.markit.com
Sobre o VCS
Fundada pela International Emissions Trading Association (IETA), The Climate Group, e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), o VCS oferece garantia de qualidade para os mercados mundiais de carbono por meio de um programa global para conferir credibilidade às compensações de carbono voluntário. De acordo com a empresa de pesquisas New Energy Finance, esse standard possui 70% do mercado voluntário internacional de balcão. Quando associado ao Social Carbon , a participação sobe para 96%. Figura entre os potenciais standards que poderão ser aceitos dentro do mecanismo norte-americano de comércio de emissões, o qual a lei já foi aprovada no Congresso dos EUA e se encontra em discussão no Senado.
Mais informações www.v-c-s.org.
Informações para a imprensa:
The Social Carbon Company
Sérgio Toledo
+55 11 2649-0036
+55 11 9950-4973
sergio@socialcarbon.com
BMF BOVESPA S.A.
Diretoria de Comunicação
+55 11 2565 7271/ 7943 / 7313
imprensa@bmfbovespa.com.br
http://www.bmfbovespa.com.br/imprensa
São Paulo, 14 de dezembro - A BMF BOVESPA S.A. realizará em 22 de dezembro o primeiro leilão de créditos de carbono voltado ao mercado voluntário. Serão leiloados 240.000 toneladas de créditos de carbono do Voluntary Carbon Standard (VCS) associado ao Social Carbon®, os dois principais standards do mercado internacional de balcão, que possuem 90% do mercado, segundo a empresa de pesquisas New Energy Finance.
As reduções de emissões foram geradas a partir de projetos de biomassa renovável geridos pela Carbono Social Serviços Ambientais em 12 cerâmicas brasileiras localizadas nos estados de São Paulo (Panorama, Presidente Epitácio, Paulicéia), Pará (São Miguel do Guamá), Pernambuco (Lajedo, Paudalho), Sergipe (Itabaiana), Minas Gerais (Ituiutaba) e Rio de Janeiro (Itaboraí).
Os créditos foram validados e verificados pelas certificadoras TÜV NORD e BVQI, D.O.E., credenciadas na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC, na sigla em inglês) e estão inseridos no sistema de registro da Markit Environmental Registry.
Os projetos reduzem as emissões de gases pela substituição de combustível por biomassas renováveis como bagaço de cana, caroço de açaí, casca de arroz, entre outras. “Trazer projetos de carbono de pequena escala para o mercado é uma conquista muito importante e é uma inovação fundamental no mercado de carbono”, diz o diretor da Carbono Social, Stefano Merlin.
O leilão será realizado em quatro sessões, com um lote negociado por sessão. Os preços iniciais dos lances são indicados por lotes que variam de acordo com o período de geração dos créditos de carbono e vão de R$ 8,00 a R$ 14,00 por unidade. A primeira negociação acontecerá às 13h (horário de Brasília) e será realizada pelo sistema eletrônico de negociação da BMF BOVESPA, disponível na internet www.bmfbovespa.com.br/leilaocarbono. A liquidação financeira da operação será coordenada pela Corretora Liquidez DTVM.
O edital do leilão está disponível no endereço http://carbonosocial.wordpress.com/2009/12/14/edital-do-leilao-de-creditos-de-carbono-na-bmfbovespa/
Histórico de leilões de carbono na Bolsa
Os dois leilões de créditos de carbono realizados anteriormente pela BM&FBOVESPA, em 2007 e 2008, ofertaram reduções certificadas de emissão (RCEs) de titularidade da Prefeitura Municipal de São Paulo, procedentes de projetos dos aterros sanitários Bandeirantes e São João.
O mercado de carbono da BMF BOVESPA tem como objetivo fomentar a negociação de créditos de carbono em ambiente de Bolsa no Brasil, além de oferecer uma alternativa para que as empresas brasileiras realizem a venda de seus projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa no país. Com sua plataforma de negociação, a Bolsa oferece aos participantes globais um canal de negociação seguro, transparente e que possibilita o fechamento de negócios a preços competitivos.
Sobre a Carbono Social Serviços Ambientais
Empresa especializada no desenvolvimento de projetos de carbono para o Mercado Voluntário de Emissões (VERs). Aplica o standard do VCS e do SOCIALCARBON para implementar projetos de redução de emissões de carbono em projetos de substituição de combustível, eficiência energética, aterros e minicentrais hidrelétricas, entre outros. Para informações adicionais, visite www.socialcarbon.com
Sobre a Markit
É líder mundial em serviços de informação financeira. Fornece dados, avaliações e negociações em várias áreas para dar transparência aos processos, reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional. No mercado de carbono, a Markit Environmental Registry é o maior sistema de registro do mundo, que funciona como um banco central, onde os créditos são registrados e monitorados. Mais informações www.markit.com
Sobre o VCS
Fundada pela International Emissions Trading Association (IETA), The Climate Group, e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), o VCS oferece garantia de qualidade para os mercados mundiais de carbono por meio de um programa global para conferir credibilidade às compensações de carbono voluntário. De acordo com a empresa de pesquisas New Energy Finance, esse standard possui 70% do mercado voluntário internacional de balcão. Quando associado ao Social Carbon , a participação sobe para 96%. Figura entre os potenciais standards que poderão ser aceitos dentro do mecanismo norte-americano de comércio de emissões, o qual a lei já foi aprovada no Congresso dos EUA e se encontra em discussão no Senado.
Mais informações www.v-c-s.org.
Informações para a imprensa:
The Social Carbon Company
Sérgio Toledo
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COP 15: As tempestades de Copenhague, artigo de Washington Novaes
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Unknown
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12/14/2009 12:42:00 AM
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cop15;mudanças do clima
[O Estado de S.Paulo]
Eventos extremos, como as chuvas dramáticas, não estão acontecendo apenas em São Paulo, no Sul e em outras partes do País. Outros tipos de tempestade estão acontecendo também em Copenhague, na reunião da Convenção do Clima – de onde estas linhas estão sendo escritas na quinta-feira. Elas acontecem até mesmo nas negociações para um acordo que possa levar todos os países a reduzir suas emissões de gases que contribuem para o aquecimento da Terra e a intensificação das mudanças climáticas.
A primeira tempestade maior aqui aconteceu com o vazamento, pelo jornal The Guardian, do texto de um documento confidencial submetido pelo governo da Noruega a uns 15 países, entre eles Estados Unidos, China, Brasil, Índia e vários europeus, com propostas muito polêmicas:
* Criar um grupo intermediário entre países industrializados e subdesenvolvidos, para China, Brasil, Índia e outros “emergentes” (o que quebraria a unidade do G-77);
* exigências maiores de redução de emissões pelos subdesenvolvidos, mas sem criar obrigações maiores de financiamento para os países mais ricos;
* nenhuma proposta de um acordo obrigatório, como o de Kyoto, para o período após 2012, quando termina a vigência da fase atual.
O documento confidencial foi recolhido pela Dinamarca, diante das dissensões, mas a tempestade inevitável foi forte e obrigou a muitas explicações e tomadas de posição, inclusive do Brasil, que discordou das propostas.
A segunda tempestade veio dois dias depois, com uma proposta do país-ilha Tuvalu (um dos mais de 30 ameaçados de desaparecer com a elevação do nível dos oceanos), apoiada por várias nações africanas e outros países-ilhas, que exigem a aprovação, aqui, de um documento vinculante, obrigatório para todos os países e mais duro que o Protocolo de Kyoto. E isso é praticamente impossível, não apenas por causa de discordâncias de muitos países, mas também porque os Estados Unidos não poderiam assiná-lo em Copenhague, já que nem a proposta do presidente Barack Obama para a área do clima foi ainda aprovada pelo Senado – o que é indispensável. Estabelecida a discórdia, as negociações tiveram de ser suspensas no plenário mais amplo. E só continuam nos vários grupos de trabalho (implementação, cooperação a longo prazo, assessoramento técnico e científico, novas metas para os países industrializados, etc.). Mas a suspensão ameaça o resultado final da convenção, porque um acordo teria de ser alcançado até o começo da próxima semana, para ser submetido aos chefes de Estado que chegarão. E nas convenções da ONU qualquer decisão tem obrigatoriamente de ser aprovada por consenso – basta um voto para impedir.
As alternativas são difíceis. A primeira, convocar para o primeiro semestre de 2010 uma prorrogação desta reunião (chamada COP 15), na prática seria quase impossível, por coincidir com a Copa do Mundo de Futebol prevista para a África do Sul, que é um dos países importantes do grupo dos “emergentes”. A segunda, deixar tudo para a COP 16, em dezembro de 2010, no México, certamente provocaria uma enorme decepção aqui e em toda parte, dadas a urgência das questões e as pressões crescentes da sociedade em toda parte. E isso no momento em que até representantes de ONGs em Copenhague (há milhares de todo o mundo na COP15) se mostram cautelosos nas palavras, preocupados com não serem acusados de estar acentuando o pessimismo num momento crucial. E tudo isso sem falar ainda em condições apresentadas por vários países, como a norte-americana de não aceitar outro protocolo como o de Kyoto ou homologar o atual – além de não aceitarem financiar a China.
O Brasil tem aproveitado a enorme afluência de pessoas na reunião para ganhar apoio para programas de bioenergias, fundo amazônico gerido pelo BNDES ou o fundo REDD (com doações de outros países para projetos que evitem desmatamento). Da mesma forma, tem capitalizado a boa repercussão de suas metas voluntárias para redução de emissões. Mas sua delegação está muito preocupada, inquieta, com o impasse mais amplo nas negociações, que pode dificultar tudo.
Os impasses trazem de volta discussões antigas, sobre formas de superar problemas como a exigência de consenso para decisões. Mas as alternativas já foram discutidas em outras COPs, como a de criar uma organização mundial só para o meio ambiente, separada da ONU. Só que ela enfrentaria problemas semelhantes: como ter regras universais sem a concordância de todos os países? E a urgência de decisões é implacável. Ainda há poucos dias a Organização Meteorológica Mundial advertiu que esta primeira década do século 21 está sendo e será a mais quente desde 1850, com temperatura média superior à da década de 1990, que já fora mais quente que a de 1980. Há uma corrida contra o tempo, que não está sendo ganha.
Não têm mudado o rumo nem mesmo advertências dramáticas, como as do ex-secretário-geral da ONU Kofi Anan, mais de uma vez citado neste espaço: hoje, a maior ameaça global não está no terrorismo, como parece; está nas mudanças climáticas e nos padrões de consumo vigentes, já além da capacidade de reposição do planeta; essas questões é que ameaçam “a sobrevivência da espécie humana”. Palavras que, na boca de um diplomata experiente e competente, não podem ser postas de lado. Quem está vivendo os dramas do clima em São Paulo ou no Rio Grande do Sul sabe disso. Quem conhece os diagnósticos para o Brasil, feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – para a hipótese de as emissões globais continuarem crescendo -, também teme o que possa acontecer sem novas regras.
Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes{at}uol.com.br
Eventos extremos, como as chuvas dramáticas, não estão acontecendo apenas em São Paulo, no Sul e em outras partes do País. Outros tipos de tempestade estão acontecendo também em Copenhague, na reunião da Convenção do Clima – de onde estas linhas estão sendo escritas na quinta-feira. Elas acontecem até mesmo nas negociações para um acordo que possa levar todos os países a reduzir suas emissões de gases que contribuem para o aquecimento da Terra e a intensificação das mudanças climáticas.
A primeira tempestade maior aqui aconteceu com o vazamento, pelo jornal The Guardian, do texto de um documento confidencial submetido pelo governo da Noruega a uns 15 países, entre eles Estados Unidos, China, Brasil, Índia e vários europeus, com propostas muito polêmicas:
* Criar um grupo intermediário entre países industrializados e subdesenvolvidos, para China, Brasil, Índia e outros “emergentes” (o que quebraria a unidade do G-77);
* exigências maiores de redução de emissões pelos subdesenvolvidos, mas sem criar obrigações maiores de financiamento para os países mais ricos;
* nenhuma proposta de um acordo obrigatório, como o de Kyoto, para o período após 2012, quando termina a vigência da fase atual.
O documento confidencial foi recolhido pela Dinamarca, diante das dissensões, mas a tempestade inevitável foi forte e obrigou a muitas explicações e tomadas de posição, inclusive do Brasil, que discordou das propostas.
A segunda tempestade veio dois dias depois, com uma proposta do país-ilha Tuvalu (um dos mais de 30 ameaçados de desaparecer com a elevação do nível dos oceanos), apoiada por várias nações africanas e outros países-ilhas, que exigem a aprovação, aqui, de um documento vinculante, obrigatório para todos os países e mais duro que o Protocolo de Kyoto. E isso é praticamente impossível, não apenas por causa de discordâncias de muitos países, mas também porque os Estados Unidos não poderiam assiná-lo em Copenhague, já que nem a proposta do presidente Barack Obama para a área do clima foi ainda aprovada pelo Senado – o que é indispensável. Estabelecida a discórdia, as negociações tiveram de ser suspensas no plenário mais amplo. E só continuam nos vários grupos de trabalho (implementação, cooperação a longo prazo, assessoramento técnico e científico, novas metas para os países industrializados, etc.). Mas a suspensão ameaça o resultado final da convenção, porque um acordo teria de ser alcançado até o começo da próxima semana, para ser submetido aos chefes de Estado que chegarão. E nas convenções da ONU qualquer decisão tem obrigatoriamente de ser aprovada por consenso – basta um voto para impedir.
As alternativas são difíceis. A primeira, convocar para o primeiro semestre de 2010 uma prorrogação desta reunião (chamada COP 15), na prática seria quase impossível, por coincidir com a Copa do Mundo de Futebol prevista para a África do Sul, que é um dos países importantes do grupo dos “emergentes”. A segunda, deixar tudo para a COP 16, em dezembro de 2010, no México, certamente provocaria uma enorme decepção aqui e em toda parte, dadas a urgência das questões e as pressões crescentes da sociedade em toda parte. E isso no momento em que até representantes de ONGs em Copenhague (há milhares de todo o mundo na COP15) se mostram cautelosos nas palavras, preocupados com não serem acusados de estar acentuando o pessimismo num momento crucial. E tudo isso sem falar ainda em condições apresentadas por vários países, como a norte-americana de não aceitar outro protocolo como o de Kyoto ou homologar o atual – além de não aceitarem financiar a China.
O Brasil tem aproveitado a enorme afluência de pessoas na reunião para ganhar apoio para programas de bioenergias, fundo amazônico gerido pelo BNDES ou o fundo REDD (com doações de outros países para projetos que evitem desmatamento). Da mesma forma, tem capitalizado a boa repercussão de suas metas voluntárias para redução de emissões. Mas sua delegação está muito preocupada, inquieta, com o impasse mais amplo nas negociações, que pode dificultar tudo.
Os impasses trazem de volta discussões antigas, sobre formas de superar problemas como a exigência de consenso para decisões. Mas as alternativas já foram discutidas em outras COPs, como a de criar uma organização mundial só para o meio ambiente, separada da ONU. Só que ela enfrentaria problemas semelhantes: como ter regras universais sem a concordância de todos os países? E a urgência de decisões é implacável. Ainda há poucos dias a Organização Meteorológica Mundial advertiu que esta primeira década do século 21 está sendo e será a mais quente desde 1850, com temperatura média superior à da década de 1990, que já fora mais quente que a de 1980. Há uma corrida contra o tempo, que não está sendo ganha.
Não têm mudado o rumo nem mesmo advertências dramáticas, como as do ex-secretário-geral da ONU Kofi Anan, mais de uma vez citado neste espaço: hoje, a maior ameaça global não está no terrorismo, como parece; está nas mudanças climáticas e nos padrões de consumo vigentes, já além da capacidade de reposição do planeta; essas questões é que ameaçam “a sobrevivência da espécie humana”. Palavras que, na boca de um diplomata experiente e competente, não podem ser postas de lado. Quem está vivendo os dramas do clima em São Paulo ou no Rio Grande do Sul sabe disso. Quem conhece os diagnósticos para o Brasil, feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – para a hipótese de as emissões globais continuarem crescendo -, também teme o que possa acontecer sem novas regras.
Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes{at}uol.com.br
First official draft on climate deal///COP 15
Um grupo de trabalho, sob a tutela do UNFCCC, apresentou hoje o esboço daquilo que poderia vir a ser um Acordo Global do Clima para depois de 2012, anos em que expira o Protocolo de Quioto.
Em linhas gerais, ( bem gerais), o documento aponta para reduções de GEE no mundo desenvolvido na ordem de 75% até 90%, até o ano de 2050, tendo como base o ano de 1990. Ou seja : redução de emissões partindo de 75% até 95%, considerando-se patamares de emissão no ano base de 1990.
O paper vincula ainda os países em desenvolvimento, (para reduções) mas não indica numeros especificos de redução de emissões.
O documento indica ainda como patamar aceitavel de aumento na temperatura apenas 1,5 graus celsius, ou seja, menor do que foi discutido até agora: 2,0 graus celsius.
Todos sabem e mencionam que a conta a ser paga será grande, mas também são unanimes em não saber apontar que pagará esta conta.
EUA, China e India ainda não se manisfetaram formalmente sobre quaisquer acordos vinculantes sobre redução de emissões.
***********
The world should at least cut its total greenhouse gas emissions by 50 percent by 2050, says the document from a key UN working group.
Morten Andersen (article updated with links to draft texts in pdf format)
12/12/2009 09:45
Morten Andersen (article updated with links to draft texts in pdf format)
12/12/2009 09:45
A key working group under the UN Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) came up with a six-page text Friday. The draft may form the core of a new global agreement to combat climate change beyond 2012, when the present framework, the Kyoto Protocol, expires. However, most figures in the text are shown in brackets – meaning that there is not yet agreement on these specifics. Most importantly, the draft states that emissions should be halved worldwide by 2050 compared to 1990 levels, but it also suggests 80 percent and 95 percent reductions by that year as possible alternative options.
The draft is produced by Michael Zammit Cutajar (second from right on photo above), Chair of the Ad Hoc Working Group on Long-Term Cooperative Action (AWG-LCA).
Even the core goal of the deal is in brackets. Throughout 2009, a number of scientific and political conferences have called for global warming to be kept below two degrees Celsius. Still, the new draft mentions 1.5 degrees Celsius as a possible alternative goal.
Besides the ultimate target of cutting emissions by 50 percent (or 80 percent, or 95 percent respectively) by 2050, the paper also puts forth an interim target by 2020 to be set. For emissions generated by developed nations, a target of 75 percent in reductions (or more – ranging up to 95 percent) is suggested. As for developing countries, the text calls for “substantial deviations” from present growth rates in emissions.
Comments from climate groups vary: “There are many holes - the text displays diversions. Still it (the draft) clearly shows that it is possible to reach a deal. The holes need to be filled through political will and specific political commitments. We still do not know how much money will be paid and by whom,” Kim Carstensen, head of global conservation organisation WWF’s climate campaign, tells Danish daily Berlingske.
More critical is Erwin Jackson of the Australian Climate Institute: “It would be a huge backwards step if this is adopted. There is no mandate for a legally binding treaty that would take in the US or the big developing countries like China and India,” Erwin Jackson tells The Sydney Morning Herald. (Photo: UNFCCC/IISD)
The draft is produced by Michael Zammit Cutajar (second from right on photo above), Chair of the Ad Hoc Working Group on Long-Term Cooperative Action (AWG-LCA).
Even the core goal of the deal is in brackets. Throughout 2009, a number of scientific and political conferences have called for global warming to be kept below two degrees Celsius. Still, the new draft mentions 1.5 degrees Celsius as a possible alternative goal.
Besides the ultimate target of cutting emissions by 50 percent (or 80 percent, or 95 percent respectively) by 2050, the paper also puts forth an interim target by 2020 to be set. For emissions generated by developed nations, a target of 75 percent in reductions (or more – ranging up to 95 percent) is suggested. As for developing countries, the text calls for “substantial deviations” from present growth rates in emissions.
Comments from climate groups vary: “There are many holes - the text displays diversions. Still it (the draft) clearly shows that it is possible to reach a deal. The holes need to be filled through political will and specific political commitments. We still do not know how much money will be paid and by whom,” Kim Carstensen, head of global conservation organisation WWF’s climate campaign, tells Danish daily Berlingske.
More critical is Erwin Jackson of the Australian Climate Institute: “It would be a huge backwards step if this is adopted. There is no mandate for a legally binding treaty that would take in the US or the big developing countries like China and India,” Erwin Jackson tells The Sydney Morning Herald. (Photo: UNFCCC/IISD)
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Unknown
em
12/12/2009 02:22:00 PM
Marcadores:
desmatamento;cop15,
FAS;amazonia
Conceito e Iniciativas realizadas pela Fundação Amazonia Sustentavel.
Global Canopy Programme (GCP's) on behalf of Amigos da Terra:Amazônia Brasileira
Nesta exposição a ONG Amigos da Terra, demosntra como a intensa demanda nacional e internacional por carne e couro está provocando o deamatamento na Amazonia Brasileira.
CONFERENCE PRESS III DO BRASIL ///COP 15
Terceira Conferencia para a imprensa realizada pela Delegação Brasileira, hoje 18:30 hs em Copenhagen.
Amazon Environmental Research Institute - IPAM///COP 15
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Postado por
Unknown
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12/11/2009 04:38:00 PM
Marcadores:
amazonas;IPAM,
mudanças climáticas
Apresentação do IPAM na COP 15.
Perspectivas dos Povos Indigenas e Comunidades Locais da Amazonia frente às Mudanças Climáticas///COP 15 - Copenhagen
Apresentação sobre a visão dos Povos Indígenas e das Comunidades Locais e a importancia destes Povos no contexto das Mudanças Climáticas.
Realizado hoje em Copenhagen.
Realizado hoje em Copenhagen.
Conference Press//Brasil na COP 15
Conference Press; Embaixador Luiz Figueiredo, do Itamaraty, responde perguntas ao publico presente, ontem 18:30 hs em Copenhagen
World Bank///Ten years of CDM///Learned Lessons
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Postado por
Unknown
em
12/09/2009 04:41:00 PM
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carbon market,
cdm,
world bank
Apresentação do Banco Mundial sobre as experiencias adquiridas na área de MDL nos ultimos 10 anos.
Press Conference/// Delegação Brasileira
Embaixador Luiz Figueiredo, do Itamaraty, responde perguntas feitas pelo publico presente.
Climate Deal Likely to Bear Big Price Tag/// The NY Times
By JOHN M. BRODER
WASHINGTON — If negotiators reach an accord at the climate talks in Copenhagen it will entail profound shifts in energy production, dislocations in how and where people live, sweeping changes in agriculture and forestry and the creation of complex new markets in global warming pollution credits.
So what is all this going to cost?
The short answer is trillions of dollars over the next few decades. It is a significant sum but a relatively small fraction of the world’s total economic output. In energy infrastructure alone, the transformational ambitions that delegates to the United Nations climate change conference are expected to set in the coming days will cost more than $10 trillion in additional investment from 2010 to 2030, according to a new estimate from the International Energy Agency.
As scary as that number sounds, the agency said that the costs would ramp up relatively slowly and be largely offset by economic benefits in new jobs, improved lives, more secure energy supplies and a reduced danger of climate catastrophe. Most of the investment will come from private rather than public funds, the agency contends.
“People often ask about the costs,” said Kevin Parker, the global head of Deutsche Bank Asset Management, who tracks climate policy for the bank. “But the figures people tend to cite don’t take into account conservation and efficiency measures that are easily available. And they don’t look at the cost of inaction, which is the extinction of the human race. Period.”
Whatever global warming’s effects — and most scientific projections are less dire — there are also varying estimates of the economic costs of failing to act to address the problem soon, some of them very high.
In Copenhagen, some of the most intense and difficult discussions for negotiators center on any potential agreement’s near-term financial arrangements. Some of the poorest and most vulnerable nations are calling for a gigantic transfer of wealth from the industrialized world to island nations and countries in Africa, Asia and Latin America that are most likely to feel the ravages of a changing climate.
Many poor nations are insisting that wealthier nations make deeper cuts in their emissions and contribute more money to help the poorer countries, a split that widened in Copenhagen on Tuesday as competing documents of a potential agreement circulated.
Over time, some of the hundreds of billions of dollars the poorer countries are demanding will begin to flow, as global carbon markets become established and governments in rich countries begin to open the spigot of public spending.
But in the meantime, the industrialized countries have proposed a relatively modest fund of about $10 billion a year for each of the next three or four years to help poorer countries adapt. Even that effort remains the subject of conflict over which countries should contribute how much, what body should oversee the spending and how to determine which projects qualify for finance.
President Obama’s spokesman said last week that the president supported a short-term fund to aid developing nations and that the United States would pay “its fair share.” In many multilateral efforts, the United States picks up a quarter to a third of the tab.
“Providing this assistance,” the White House statement said, “is not only a humanitarian imperative — it’s an investment in our common security, as no climate change accord can succeed if it does not help all countries reduce their emissions.”
The money would be used to help developing nations reduce emissions by switching to renewable energy sources like wind and solar and by compensating landowners for not cutting down or burning forests, a major source of carbon dioxide emissions. Other funds might be used to adjust to effects of a changing climate, like rising sea levels, by building flood walls or relocating settlements to higher ground.
Mr. Obama will travel to Copenhagen on Dec. 18 to attend the final day of the meeting, a sign that the White House believes that a far-reaching accord, including deals on some of the sticky financial issues, is possible.
“This is the question that is being posed in Copenhagen,” said Robert N. Stavins, director of the environmental economics program at Harvard University. “How much money do the developed countries have to put on the table to bring developing countries into the conversation?”
Mr. Stavins said that the bulk of the money would have to come from private investment because, he said, it was “inconceivable” that the governments of the wealthy countries would come up with adequate financing and also because private entities spent money much more efficiently.
The climate and energy legislation passed by the House in June sets aside roughly $8 billion a year for assistance to developing countries by 2030, Mr. Stavins said. That figure, he suggested, represents the upper limit of public financial support from the United States.
The perspective from the developing world is, not surprisingly, somewhat different.
Álvaro Umaña Quesada, the leader of Costa Rica’s climate delegation, said that it was important to the developing world to have early resources and a predictable flow of long-term financing. He said that the $10 billion in so-called quick start financing that was now on the table was adequate but that such spending had to rise to roughly $80 billion and as much as $150 billion a year by 2020.
“That is not very much compared to the size of the world economy or the financial crisis bailouts,” he said. “There are great needs for adaptation, where the small island nations are really at risk. Some of them are one severe weather event away from disappearing.”
The European Union has endorsed a fund of that size; the United States remains noncommittal. The Obama administration has asked for $1.2 billion in climate-related financing in the 2010 budget, far below the needs being discussed at Copenhagen. But administration officials said they would seek more money for international climate programs in future years.
Perhaps the most detailed analysis of the financing needs of any climate change agreement comes from Project Catalyst, an initiative of the European Union and ClimateWorks, a foundation-supported policy group based in San Francisco. The group’s work has helped shape the negotiations in Copenhagen.
The group estimates that roughly $100 billion will be needed by 2020 to finance climate-change programs in the developing world. About half could come from the growing global market in carbon emissions credits under a cap-and-trade system, which would be worth an estimated $2 trillion a year by 2020.
A cap-and-trade system is already operating in Europe and is under consideration by Congress. Such a system sets a ceiling on the carbon emissions of a given country or industry and allows trading of pollution permits within the cap. As the overall limit on emissions grows tighter, the price of pollution permits rises, creating a sizable market in carbon credits.
Countries would grant some of the carbon market allowances directly to energy and environmental programs in the developing world, with other funds coming from a relatively small fee on each transaction.
An additional $10 billion to $20 billion would come from taxes on fuels used in aviation and shipping. The rest, perhaps $25 billion to $35 billion, would be loans and grants from industrialized nations to poorer countries, split roughly three ways among the United States, the European Union and Canada, Japan and Australia.
“The good news is that everybody now is supporting our proposal for financing,” said Dr. Umaña, the Costa Rican delegate. “The bad news is that it’s happening 15 years too late. Without real money on the table, this will be a disaster.”
WASHINGTON — If negotiators reach an accord at the climate talks in Copenhagen it will entail profound shifts in energy production, dislocations in how and where people live, sweeping changes in agriculture and forestry and the creation of complex new markets in global warming pollution credits.
So what is all this going to cost?
The short answer is trillions of dollars over the next few decades. It is a significant sum but a relatively small fraction of the world’s total economic output. In energy infrastructure alone, the transformational ambitions that delegates to the United Nations climate change conference are expected to set in the coming days will cost more than $10 trillion in additional investment from 2010 to 2030, according to a new estimate from the International Energy Agency.
As scary as that number sounds, the agency said that the costs would ramp up relatively slowly and be largely offset by economic benefits in new jobs, improved lives, more secure energy supplies and a reduced danger of climate catastrophe. Most of the investment will come from private rather than public funds, the agency contends.
“People often ask about the costs,” said Kevin Parker, the global head of Deutsche Bank Asset Management, who tracks climate policy for the bank. “But the figures people tend to cite don’t take into account conservation and efficiency measures that are easily available. And they don’t look at the cost of inaction, which is the extinction of the human race. Period.”
Whatever global warming’s effects — and most scientific projections are less dire — there are also varying estimates of the economic costs of failing to act to address the problem soon, some of them very high.
In Copenhagen, some of the most intense and difficult discussions for negotiators center on any potential agreement’s near-term financial arrangements. Some of the poorest and most vulnerable nations are calling for a gigantic transfer of wealth from the industrialized world to island nations and countries in Africa, Asia and Latin America that are most likely to feel the ravages of a changing climate.
Many poor nations are insisting that wealthier nations make deeper cuts in their emissions and contribute more money to help the poorer countries, a split that widened in Copenhagen on Tuesday as competing documents of a potential agreement circulated.
Over time, some of the hundreds of billions of dollars the poorer countries are demanding will begin to flow, as global carbon markets become established and governments in rich countries begin to open the spigot of public spending.
But in the meantime, the industrialized countries have proposed a relatively modest fund of about $10 billion a year for each of the next three or four years to help poorer countries adapt. Even that effort remains the subject of conflict over which countries should contribute how much, what body should oversee the spending and how to determine which projects qualify for finance.
President Obama’s spokesman said last week that the president supported a short-term fund to aid developing nations and that the United States would pay “its fair share.” In many multilateral efforts, the United States picks up a quarter to a third of the tab.
“Providing this assistance,” the White House statement said, “is not only a humanitarian imperative — it’s an investment in our common security, as no climate change accord can succeed if it does not help all countries reduce their emissions.”
The money would be used to help developing nations reduce emissions by switching to renewable energy sources like wind and solar and by compensating landowners for not cutting down or burning forests, a major source of carbon dioxide emissions. Other funds might be used to adjust to effects of a changing climate, like rising sea levels, by building flood walls or relocating settlements to higher ground.
Mr. Obama will travel to Copenhagen on Dec. 18 to attend the final day of the meeting, a sign that the White House believes that a far-reaching accord, including deals on some of the sticky financial issues, is possible.
“This is the question that is being posed in Copenhagen,” said Robert N. Stavins, director of the environmental economics program at Harvard University. “How much money do the developed countries have to put on the table to bring developing countries into the conversation?”
Mr. Stavins said that the bulk of the money would have to come from private investment because, he said, it was “inconceivable” that the governments of the wealthy countries would come up with adequate financing and also because private entities spent money much more efficiently.
The climate and energy legislation passed by the House in June sets aside roughly $8 billion a year for assistance to developing countries by 2030, Mr. Stavins said. That figure, he suggested, represents the upper limit of public financial support from the United States.
The perspective from the developing world is, not surprisingly, somewhat different.
Álvaro Umaña Quesada, the leader of Costa Rica’s climate delegation, said that it was important to the developing world to have early resources and a predictable flow of long-term financing. He said that the $10 billion in so-called quick start financing that was now on the table was adequate but that such spending had to rise to roughly $80 billion and as much as $150 billion a year by 2020.
“That is not very much compared to the size of the world economy or the financial crisis bailouts,” he said. “There are great needs for adaptation, where the small island nations are really at risk. Some of them are one severe weather event away from disappearing.”
The European Union has endorsed a fund of that size; the United States remains noncommittal. The Obama administration has asked for $1.2 billion in climate-related financing in the 2010 budget, far below the needs being discussed at Copenhagen. But administration officials said they would seek more money for international climate programs in future years.
Perhaps the most detailed analysis of the financing needs of any climate change agreement comes from Project Catalyst, an initiative of the European Union and ClimateWorks, a foundation-supported policy group based in San Francisco. The group’s work has helped shape the negotiations in Copenhagen.
The group estimates that roughly $100 billion will be needed by 2020 to finance climate-change programs in the developing world. About half could come from the growing global market in carbon emissions credits under a cap-and-trade system, which would be worth an estimated $2 trillion a year by 2020.
A cap-and-trade system is already operating in Europe and is under consideration by Congress. Such a system sets a ceiling on the carbon emissions of a given country or industry and allows trading of pollution permits within the cap. As the overall limit on emissions grows tighter, the price of pollution permits rises, creating a sizable market in carbon credits.
Countries would grant some of the carbon market allowances directly to energy and environmental programs in the developing world, with other funds coming from a relatively small fee on each transaction.
An additional $10 billion to $20 billion would come from taxes on fuels used in aviation and shipping. The rest, perhaps $25 billion to $35 billion, would be loans and grants from industrialized nations to poorer countries, split roughly three ways among the United States, the European Union and Canada, Japan and Australia.
“The good news is that everybody now is supporting our proposal for financing,” said Dr. Umaña, the Costa Rican delegate. “The bad news is that it’s happening 15 years too late. Without real money on the table, this will be a disaster.”
Copenhagen climate summit in disarray after 'Danish text' leak
The UN Copenhagen climate talks are in disarray today after developing countries reacted furiously to leaked documents. Photograph: Attila Kisbenedek/AFP/Getty Images
The UN Copenhagen climate talks are in disarray today after developing countries reacted furiously to leaked documents that show world leaders will next week be asked to sign an agreement that hands more power to rich countries and sidelines the UN's role in all future climate change negotiations.
The document is also being interpreted by developing countries as setting unequal limits on per capita carbon emissions for developed and developing countries in 2050; meaning that people in rich countries would be permitted to emit nearly twice as much under the proposals.
The so-called Danish text, a secret draft agreement worked on by a group of individuals known as "the circle of commitment" – but understood to include the UK, US and Denmark – has only been shown to a handful of countries since it was finalised this week.
The agreement, leaked to the Guardian, is a departure from the Kyoto protocol's principle that rich nations, which have emitted the bulk of the CO2, should take on firm and binding commitments to reduce greenhouse gases, while poorer nations were not compelled to act. The draft hands effective control of climate change finance to the World Bank; would abandon the Kyoto protocol – the only legally binding treaty that the world has on emissions reductions; and would make any money to help poor countries adapt to climate change dependent on them taking a range of actions.
The document was described last night by one senior diplomat as "a very dangerous document for developing countries. It is a fundamental reworking of the UN balance of obligations. It is to be superimposed without discussion on the talks".
A confidential analysis of the text by developing countries also seen by the Guardian shows deep unease over details of the text. In particular, it is understood to:
• Force developing countries to agree to specific emission cuts and measures that were not part of the original UN agreement;
• Divide poor countries further by creating a new category of developing countries called "the most vulnerable";
• Weaken the UN's role in handling climate finance;
• Not allow poor countries to emit more than 1.44 tonnes of carbon per person by 2050, while allowing rich countries to emit 2.67 tonnes.
Developing countries that have seen the text are understood to be furious that it is being promoted by rich countries without their knowledge and without discussion in the negotiations.
"It is being done in secret. Clearly the intention is to get [Barack] Obama and the leaders of other rich countries to muscle it through when they arrive next week. It effectively is the end of the UN process," said one diplomat, who asked to remain nameless.
Antonio Hill, climate policy adviser for Oxfam International, said: "This is only a draft but it highlights the risk that when the big countries come together, the small ones get hurting. On every count the emission cuts need to be scaled up. It allows too many loopholes and does not suggest anything like the 40% cuts that science is saying is needed."
Hill continued: "It proposes a green fund to be run by a board but the big risk is that it will run by the World Bank and the Global Environment Facility [a partnership of 10 agencies including the World Bank and the UN Environment Programme] and not the UN. That would be a step backwards, and it tries to put constraints on developing countries when none were negotiated in earlier UN climate talks."
The text was intended by Denmark and rich countries to be a working framework, which would be adapted by countries over the next week. It is particularly inflammatory because it sidelines the UN negotiating process and suggests that rich countries are desperate for world leaders to have a text to work from when they arrive next week.
Few numbers or figures are included in the text because these would be filled in later by world leaders. However, it seeks to hold temperature rises to 2C and mentions the sum of $10bn a year to help poor countries adapt to climate change from 2012-15.
The UN Copenhagen climate talks are in disarray today after developing countries reacted furiously to leaked documents that show world leaders will next week be asked to sign an agreement that hands more power to rich countries and sidelines the UN's role in all future climate change negotiations.
The document is also being interpreted by developing countries as setting unequal limits on per capita carbon emissions for developed and developing countries in 2050; meaning that people in rich countries would be permitted to emit nearly twice as much under the proposals.
The so-called Danish text, a secret draft agreement worked on by a group of individuals known as "the circle of commitment" – but understood to include the UK, US and Denmark – has only been shown to a handful of countries since it was finalised this week.
The agreement, leaked to the Guardian, is a departure from the Kyoto protocol's principle that rich nations, which have emitted the bulk of the CO2, should take on firm and binding commitments to reduce greenhouse gases, while poorer nations were not compelled to act. The draft hands effective control of climate change finance to the World Bank; would abandon the Kyoto protocol – the only legally binding treaty that the world has on emissions reductions; and would make any money to help poor countries adapt to climate change dependent on them taking a range of actions.
The document was described last night by one senior diplomat as "a very dangerous document for developing countries. It is a fundamental reworking of the UN balance of obligations. It is to be superimposed without discussion on the talks".
A confidential analysis of the text by developing countries also seen by the Guardian shows deep unease over details of the text. In particular, it is understood to:
• Force developing countries to agree to specific emission cuts and measures that were not part of the original UN agreement;
• Divide poor countries further by creating a new category of developing countries called "the most vulnerable";
• Weaken the UN's role in handling climate finance;
• Not allow poor countries to emit more than 1.44 tonnes of carbon per person by 2050, while allowing rich countries to emit 2.67 tonnes.
Developing countries that have seen the text are understood to be furious that it is being promoted by rich countries without their knowledge and without discussion in the negotiations.
"It is being done in secret. Clearly the intention is to get [Barack] Obama and the leaders of other rich countries to muscle it through when they arrive next week. It effectively is the end of the UN process," said one diplomat, who asked to remain nameless.
Antonio Hill, climate policy adviser for Oxfam International, said: "This is only a draft but it highlights the risk that when the big countries come together, the small ones get hurting. On every count the emission cuts need to be scaled up. It allows too many loopholes and does not suggest anything like the 40% cuts that science is saying is needed."
Hill continued: "It proposes a green fund to be run by a board but the big risk is that it will run by the World Bank and the Global Environment Facility [a partnership of 10 agencies including the World Bank and the UN Environment Programme] and not the UN. That would be a step backwards, and it tries to put constraints on developing countries when none were negotiated in earlier UN climate talks."
The text was intended by Denmark and rich countries to be a working framework, which would be adapted by countries over the next week. It is particularly inflammatory because it sidelines the UN negotiating process and suggests that rich countries are desperate for world leaders to have a text to work from when they arrive next week.
Few numbers or figures are included in the text because these would be filled in later by world leaders. However, it seeks to hold temperature rises to 2C and mentions the sum of $10bn a year to help poor countries adapt to climate change from 2012-15.
Vazamento de "texto final" divide países em Copenhague
O vazamento de um esboço de documento final - proposto pela delegação dinamarquesa, que preside o encontro - deixou expostas as divisões entre os países participantes da reunião das Nações Unidas sobre o clima, em Copenhague, nesta terça-feira.
Sob o título Acordo de Copenhague sob a Convenção-Quadro sobre Mudança Climática da ONU, o texto prevê, entre outros, metas de corte de emissões dos países ricos de 80% até 2050. Mas também estipula metas obrigatórias para os países em desenvolvimento.
Isso contraria frontalmente os princípios da convenção das Nações Unidas sobre o clima, que sempre dividiram as responsabilidades - obrigatórias - dos países ricos, e voluntárias dos em desenvolvimento.
Revoltados, representantes da Aliança Pan-Africana por Justiça Climática (PACJA, na sigla em inglês) chegaram a provocar um tumulto no Bella Centre, sede da conferência, em protesto contra o texto, que contraria diversos interesses dos países mais pobres.
"Grave violação"
O chefe da delegação do Sudão, Lumumba Stanislas Dia Ping, atual presidente do G-77, grupo de 130 países em desenvolvimento, classificou a proposta de "grave violação" e "ameaça ao sucesso" do encontro de Copenhague.
O rascunho do polêmico texto, segundo o embaixador extraordinário para mudanças climáticas do Itamaraty, Sérgio Serra, foi apresentado na reunião preparatória uma semana, na capital dinamarquesa. Ao fim do encontro, do qual participaram apenas representantes dos países mais influentes nas negociações, o documento teria sido recolhido pelos dinamarqueses, segundo Serra.
A situação ficou tão tensa que o próprio secretário-executivo da reunião da ONU, Yvo de Boer, divulgou um comunicado lembrando que o documento era informal. "Os únicos textos formais no processo da ONU são aqueles tabulados pelos presidentes dessa conferência, em nome dos participantes", disse Boer.
Para o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, o documento mostra que os países ricos "não querem agir". "Não é só o conteúdo, é todo um processo equivocado", afirmou Adário, referindo-se ao fato de o texto não ter sido discutido.
The Guardian
Mas, depois que uma cópia chegou ao jornal britânico The Guardian, que publicou o texto na íntegra, além de detalhes com negociadores dos outros países que estariam por trás da proposta, Estados Unidos e Grã-Bretanha, os ânimos se acirraram. Para muitos, a existência de um documento, ainda que informal, antes das negociações de Copenhague é prova de que os países menores estão sendo alienados do processo.
Para o diplomata, a proposta de um documento final por parte dos presidentes da conferência é uma prerrogativa normal, para o caso de não se chegar a um consenso ao fim do encontro. No rascunho de uma declaração a ser assinada ao fim do encontro, fica patente a intenção de separar Brasil, China e Índia dos países mais pobres, classificados de "mais vulneráveis", de forma a evitar que tenham acesso a um fundo de de US$ 10 bilhões anuais.
Várias das propostas incluídas no documento indicam um afastamento dos princípios que norteiam o Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período de validade vai até 2012. Para o Brasil, o que mais incomoda é o "desequilíbrio" do documento.
"Exige-se mais do que se oferece", afirmou Serra, lembrando que as ofertas de financiamento não são suficientes para as ambições brasileiras. Em reação ao documento dinamarquês, a China e outros países propuseram uma contrapartida, que segundo Serra, também precisa ser trabalhada.
"A minha aposta não é em um nem no outro, mas um terceiro documento que emane das negociações, e que seja equilibrado, ambicioso e equitativo", concluiu o diplomata.
Sob o título Acordo de Copenhague sob a Convenção-Quadro sobre Mudança Climática da ONU, o texto prevê, entre outros, metas de corte de emissões dos países ricos de 80% até 2050. Mas também estipula metas obrigatórias para os países em desenvolvimento.
Isso contraria frontalmente os princípios da convenção das Nações Unidas sobre o clima, que sempre dividiram as responsabilidades - obrigatórias - dos países ricos, e voluntárias dos em desenvolvimento.
Revoltados, representantes da Aliança Pan-Africana por Justiça Climática (PACJA, na sigla em inglês) chegaram a provocar um tumulto no Bella Centre, sede da conferência, em protesto contra o texto, que contraria diversos interesses dos países mais pobres.
"Grave violação"
O chefe da delegação do Sudão, Lumumba Stanislas Dia Ping, atual presidente do G-77, grupo de 130 países em desenvolvimento, classificou a proposta de "grave violação" e "ameaça ao sucesso" do encontro de Copenhague.
O rascunho do polêmico texto, segundo o embaixador extraordinário para mudanças climáticas do Itamaraty, Sérgio Serra, foi apresentado na reunião preparatória uma semana, na capital dinamarquesa. Ao fim do encontro, do qual participaram apenas representantes dos países mais influentes nas negociações, o documento teria sido recolhido pelos dinamarqueses, segundo Serra.
A situação ficou tão tensa que o próprio secretário-executivo da reunião da ONU, Yvo de Boer, divulgou um comunicado lembrando que o documento era informal. "Os únicos textos formais no processo da ONU são aqueles tabulados pelos presidentes dessa conferência, em nome dos participantes", disse Boer.
Para o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, o documento mostra que os países ricos "não querem agir". "Não é só o conteúdo, é todo um processo equivocado", afirmou Adário, referindo-se ao fato de o texto não ter sido discutido.
The Guardian
Mas, depois que uma cópia chegou ao jornal britânico The Guardian, que publicou o texto na íntegra, além de detalhes com negociadores dos outros países que estariam por trás da proposta, Estados Unidos e Grã-Bretanha, os ânimos se acirraram. Para muitos, a existência de um documento, ainda que informal, antes das negociações de Copenhague é prova de que os países menores estão sendo alienados do processo.
Para o diplomata, a proposta de um documento final por parte dos presidentes da conferência é uma prerrogativa normal, para o caso de não se chegar a um consenso ao fim do encontro. No rascunho de uma declaração a ser assinada ao fim do encontro, fica patente a intenção de separar Brasil, China e Índia dos países mais pobres, classificados de "mais vulneráveis", de forma a evitar que tenham acesso a um fundo de de US$ 10 bilhões anuais.
Várias das propostas incluídas no documento indicam um afastamento dos princípios que norteiam o Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período de validade vai até 2012. Para o Brasil, o que mais incomoda é o "desequilíbrio" do documento.
"Exige-se mais do que se oferece", afirmou Serra, lembrando que as ofertas de financiamento não são suficientes para as ambições brasileiras. Em reação ao documento dinamarquês, a China e outros países propuseram uma contrapartida, que segundo Serra, também precisa ser trabalhada.
"A minha aposta não é em um nem no outro, mas um terceiro documento que emane das negociações, e que seja equilibrado, ambicioso e equitativo", concluiu o diplomata.
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