Cúpula de Copenhague foi retrocesso no combate às alterações climáticas, e a acabou com esperança de negociações eficazes. Participantes poderiam ter se poupado a viagem, opina analista da Deutsche Welle.
As coisas ficaram bastante dramáticas há quase exatamente dois anos atrás, na conferência do clima de Bali. Ao fim, apresentou-se o cronograma para um novo acordo sobre o clima, o qual deveria ser assinado em dezembro de 2009, em Copenhague. Esse era o plano. Porém já dois meses antes do encontro na metrópole dinamarquesa estava claro: não haveria tal acordo.
Para ainda salvar alguma coisa, cada vez mais chefes de Estado e de governo de todo o mundo decidiram ir a Copenhague. E assim a COP 15 – como ficou conhecida a conferência no jargão das Nações Unidas – transformou-se numa cúpula mundial, uma conferência gigantesca, que em parte ameaçava sufocar sob suas próprias circunstâncias caóticas.
Em vista do resultado final, é preciso dizer: eles podiam ter se poupado essa viagem.
Acordo "sem precedentes"
Copenhague foi uma conferência singular. Todos, realmente todos estavam de acordo: precisamos fazer algo contra a mudança climática global. A meta dos dois graus centígrados foi repetidamente mencionada: a atmosfera não pode se aquecer mais do que isso nas próximas décadas, se ainda quisermos ter sob controle as consequências da alteração do clima. Mas, no momento em que as coisas precisavam ficar concretas, aí tudo ficou difícil.
Os chineses não querem fiscais em seu país; os europeus não querem elevar suas metas de redução de dióxido de carbono (CO2); os norte-americanos não querem avançar demais. Os africanos queriam muito mais dinheiro, mas têm um problema em prometer transparência quanto à forma como ele será gasto. No fim, a ameaça era de impasse total.
Para não voltar para casa de mãos vazias, concordou-se quanto a um mirrado documento, o que mesmo assim bastou para que o presidente dos EUA, Barack Obama, denominasse o consenso de "sem precedentes". E, no entanto, as três páginas é que são de uma insuficiência sem precedentes. De comprometimento, nem sombra. No fim, para salvar o encontro do fiasco total, só mesmo apelando para truques.
Não só o clima esteve em questão
O resultado do encontro em Copenhague irá aprofundar o fosso entre Norte e Sul. Conferências como essa são uma oportunidade ímpar para as nações em desenvolvimento exporem seus problemas aos olhos da opinião pública mundial. Foi o que elas fizeram aqui, com uma autoconfiança de impor respeito.
Pois, na realidade, as questões no centro de conferências Bella Center iam além do clima. Tratava-se também de futuras partilhas de poder, de segurança e estabilidade no mundo. Nos 70 mil metros quadrados do centro de convenções, puderam-se ver os problemas deste planeta como que através de uma lupa.
Para Obama, Copenhague não é, definitivamente, um bom endereço. Há algumas semanas, ele fracassou aqui com a candidatura de Chicago a sede dos Jogos Olímpicos. Agora, ele veio como grande esperança dos paladinos do clima – e fracassou novamente. Seu discurso foi bom; mas outros, como o do presidente brasileiro, Lula, foram melhores. Seu engajamento foi bom; mas, justamente, não bom o suficiente. De liderança, viu-se pouco.
Quo vadis, clima?
Mas o que será da política climática daqui para diante? Em Copenhague destruiu-se de novo muito da tão penosamente conquistada confiança entre as nações industrializadas e as em desenvolvimento. Só há uma única chance: os países ricos – e, afinal, são eles que emitem a maior parte dos gases-estufa – precisam se colocar na vanguarda do movimento, e deixar de ficar impondo condições aos outros. Eles não podem só continuar sempre falando na divisão dos encargos: têm também que praticá-la.
Em Copenhague desperdiçou-se uma oportunidade tremenda. A comunidade internacional poderia ter mostrado que está apta para agir. Poderia ter sido estabelecido uma matriz para os muitos outros problemas que há por solucionar – como o combate à pobreza, por exemplo.
Nas últimas décadas, a política climática só se moveu alguns poucos milímetros para a frente – Copenhague a lançou metros para trás. É certo que o Protocolo de Kyoto ainda não está morto. Porém, após as experiências dos últimos dias, o êxito alcançado em 1997 na conferência da cidade japonesa não parece mais possível no próximo ano. A esperança morreu em Copenhague.
Autor: Henrik Böhme
Revisão: Roselaine Wandscheer
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Eu não posso deixar isto passar em branco, sem comentários, sem a opinião de um garoto de 18 anos que habita no Brasil, terra da Amazônia e 'semi extinta' Mata Atlântica. O Brasil poderia ter oferecido mais e o discurso da Dilma, poderia ter ficado guela abaixo, o discurso do Ganhador do Prêmio Nobel da Paz?
ResponderExcluirBom, se vocês acham bom, perguntem a quem vive nos EUA e colocaram nas janelas de suas respectivas residências - "Mostre sua identidade, Obama!"... Yes, we can... We can destroy the world like you're doing it!
Falar que o discurso dos presidentes foram bons, sem dúvida é porque você não viu o discurso do representante da Ilha de Samoa...
Que triste! Para mim, para meus filhos que virão, para meus netos que talvez não verão!
É triste o rumo do egoísmo da humanidade....a COP-15 serviu só para mostrar a quantas andas o cooperativismo!! Gente foi ínfimo!! faltou união galera!!!! União !! Se os governantes pensassem como seres humanos e não como egoístas, seriam diferente,o que os governantes de todo o mundo precisam entender é que a mudança climática ocasiona uma série de precedentes....E que o precedente mais frágil e mais imediato é o alimento!! Quando começarem a faltarem alimento por conta da chuvas torrenciais, ou pela seca estragar varias safras ou por etc...aí será tarde d+....
ResponderExcluirass.
Silvia-Estudante de engenharia Ambiental e sanitária
silvinha_mendes@hotmail.com