Sexta-feira, 05 de Abril de 2013, 08:32:36Agroindústrias, Meio Ambiente, Mercado Interno
O esforço para disseminar as melhores práticas socioambientais na pecuária da Amazônia uniu importantes organizações com atuação nessa cadeia produtiva. A The Nature Conservancy (TNC), uma das maiores organizações ambientais do mundo, o Grupo Marfrig, uma das maiores empresas globais de alimentos, e o Walmart, líder global em varejo, fornecerão recursos técnicos para regularização ambiental e ampliação da produção responsável junto aos pecuaristas das regiões de São Félix do Xingu e Tucumã, no sudeste do Pará. O objetivo é garantir a conservação de florestas, solos e rios dessas regiões, ao mesmo tempo em que se amplia a oferta de carnes com garantia de origem para o consumidor brasileiro, por meio de um sistema aprimorado de rastreamento do produto.As empresas, que já possuem políticas de compras responsáveis, e a TNC irão trabalhar para aprimorar a sustentabilidade de ponta a ponta na cadeia de valor da carne e para criar um modelo de negócios responsável, que possa ser replicado em outras regiões do País e em diferentes segmentos do agronegócio.
O sudeste do Pará foi a área escolhida para os projetos por causa do seu alto potencial de conservação e por sua crescente relevância econômica, baseada principalmente na pecuária. A região concentra florestas, distribuídas em Unidades de Conservação, Terras Indígenas e propriedades privadas, além de rios fundamentais para toda a Amazônia, como o Xingu e seus afluentes. Ao mesmo tempo, é uma das fronteiras agropecuárias mais dinâmicas do Brasil. São Félix do Xingu, por exemplo, é o município com o maior rebanho bovino do Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e concentra 1% do rebanho nacional.
“A TNC já trabalha nessa região há quatro anos e em várias frentes. Nossa expectativa é construir um modelo de produção que seja conciliável com a conservação do bioma e que possa ser aplicado em outras áreas da Amazônia, de forma a trazer resultados de grande escala”, afirma Ian Thompson, Diretor do Programa Amazônia da The Nature Conservancy.
Já Tucumã é o município onde está instalada a unidade produtiva do Grupo Marfrig, com capacidade de produção de mil cabeças de gado/dia e mantida inativa desde 2009. A empresa decidiu ativá-la neste ano e, dentre as providências necessárias para a sua abertura, estão o mapeamento e a organização dos fornecedores de gado de acordo com os critérios socioambientais da empresa, aplicados em todas as suas unidades produtivas no país. O sistema de compras da Marfrig só permite aquisições de gado após verificação de licenças ambientais, conferência de CNPJ e CPF do produtor na lista de infratores do Ibama, sobreposição de imagens das propriedades georreferenciadas com mapas de satélite de áreas desmatadas, dentre outras medidas.
“Essa parceria com o Walmart e a TNC é fundamental para estimular cada vez mais produtores a adotarem práticas sustentáveis em suas propriedades, cumprindo assim nossos padrões de gestão responsável implantados em toda a nossa plataforma produtiva no Brasil, de forma pioneira no setor”, destaca James Cruden, CEO da Marfrig Beef, segmento de negócios do Grupo Marfrig dedicado à produção de carne bovina.
Melhorias de ponta a ponta
Os novos projetos marcam um avanço na construção de uma cadeia pecuária mais sustentável. Nos últimos cinco anos, governos, empresas e organizações não-governamentais tomaram medidas significativas para melhorar as práticas ambientais do setor, como mostram os compromissos anteriormente assumidos por Marfrig e Walmart de não processar ou comercializar carne de produtores que desmatam a floresta. Agora, o engajamento de todos os elos da cadeia produtiva em um mesmo objetivo e em uma mesma geografia deverá abrir novas oportunidades de conservação e estabelecer um novo e mais alto patamar de sustentabilidade para produção de carne bovina.
Sem as iniciativas de apoio técnico ao produtor e de controle do desmatamento em escala municipal, como propõe o projeto, seria inviável abastecer as indústrias e supermercados com produtos responsáveis em uma escala que fizesse diferença. Já para o produtor, o envolvimento de toda a cadeia produtiva reforça a ideia de que aderir às boas práticas ambientais tornou-se não somente uma postura ambientalmente necessária, mas também um requisito central para acessar os principais mercados.
“Um produto sustentável precisa também ser acessível aos nossos clientes em quantidade, preço e qualidade. Para atingirmos esse objetivo é necessário o compromisso de toda a cadeia. Só dessa forma poderemos oferecer ao consumidor a chance de comprar produtos de origem garantida”, afirma Camila Valverde, diretora de Sustentabilidade do Walmart.
O projeto deve contribuir para que a rede de supermercados alcance uma de suas metas globais de sustentabilidade para 2015, a de que toda a carne comprada na Amazônia tenha procedência legal e de práticas responsáveis.
Como funcionam os projetos
A colaboração entre TNC, Walmart e Marfrig terá duração inicial de três anos. As ações previstas são:
1) Apoio ao produtor rural
O quê: A TNC, com apoio de Walmart e Marfrig, vai estimular a adesão e oferecer informação e apoio técnico a todos os produtores rurais dos municípios de São Félix do Xingu e Tucumã que queiram se adequar à legislação ambiental (por exemplo na obtenção do Cadastro Ambiental Rural - CAR e/ou obter a Licença Ambiental Rural-LAR) e aprimorar suas práticas de manejo das pastagens, visando reduzir os impactos sobre o solo e aumentar a produtividade.
Por quê: Essa é a maneira mais eficiente de fazer com que o Código Florestal seja cumprido, gerando benefícios ambientais em propriedades produtivas, e de garantir uma ampla rede de fornecedores de carne regularizados.
Como: a) Técnicos contratados vão orientar produtores rurais sobre como cumprir as exigências legais para CAR e LAR e como aplicar as melhores práticas no uso da água e do solo.
b) Os técnicos também vão disseminar informações sobre linhas de crédito rural vantajosas para quem quer produzir de maneira mais sustentável, viabilizando economicamente um novo modelo de produção responsável. Especialistas vão informar, ainda, sobre alternativas de geração de renda a partir da floresta em pé, como práticas para o enriquecimento de florestas com espécies de interesse econômico.
c) As organizações vão construir, na prática, modelos de restauração florestal. Para isso, técnicos do projeto vão orientar a recuperação de áreas desmatadas em 20 propriedades-piloto (10 em Tucumã e 10 em São Félix, no primeiro ano do projeto) e, a partir dos resultados obtidos e da análise de custo-benefício, oferecerão aos produtores de toda a região exemplos locais e concretos de como trazer a floresta de volta às áreas degradadas de suas fazendas.
d) TNC, Walmart e Marfrig também promoverão áreas-piloto para iniciativas de aumento da produtividade da pecuária por meio do manejo de pastagens, de forma a garantir que os produtores locais possam expandir sua produção sem necessidade de desmatar novas áreas. Esses exemplos poderão ser replicados pelos próprios produtores em toda a região, possibilitando mudanças em grande escala.
e) Em conjunto com prefeituras e sindicatos de produtores rurais, as organizações vão ainda capacitar funcionários das Secretarias de Meio Ambiente dos dois municípios para ampliar a capacidade dos governos locais de atender produtores interessados em se adequar às exigências ambientais.
2) Monitoramento da produção
O quê: TNC, Marfrig e Walmart vão trabalhar no aprimoramento do sistema de monitoramento das áreas produtoras, por meio da análise de imagens de satélite e das atualizações do banco de dados geográficos da região.
Por quê: As imagens de satélite permitem monitorar o desmatamento e as formas de uso das propriedades privadas. Com essas informações, a Marfrig pode acessar quais produtores estão trabalhando de maneira responsável e manter seu compromisso de não adquirir gado oriundo de terras em desacordo com as leis ambientais.
Como: As organizações já trabalham há anos com monitoramento por satélite, o que gerou uma série de aprendizados no tema. A partir do início do projeto, elas vão juntar suas experiências e lições em avaliação das imagens e monitoramento da produção, para produzir registros ainda mais precisos e atualizados da região.
3) Rastreamento da carne até o consumidor final
O quê: TNC, Walmart e Marfrig vão aumentar a precisão dos seus sistemas de rastreamento na região, o que permitirá às empresas oferecer ao consumidor final mais transparência quanto à origem da carne produzida na Amazônia.
Por quê: O caminho da carne bovina até o prato do consumidor é longo. Na escala gigantesca do mercado brasileiro, só com um sistema integrado entre os diferentes elos da cadeia produtiva a identificação da origem da carne em escala será possível, ampliando as possibilidades do consumo consciente.
Como: Walmart e Marfrig já usam ativamente seus sistemas de rastreamento da carne. A TNC também já possui expertise no monitoramento das propriedades rurais e é capaz de identificar o potencial produtivo dessas fazendas. As organizações vão trocar informações e cruzar dados, para tornar ainda mais fina sua capacidade de “acompanhar” a carne de uma ponta à outra da cadeia. Walmart e Marfrig também vão comunicar aos seus consumidores sobre a origem da carne produzida nessa região. Esse processo abrirá uma nova oportunidade de compra responsável para o consumidor, que por meio das suas escolhas poderá fortalecer a produção responsável na Amazônia.
Fonte: Assessoria de Imprensa Marfrig
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