Classe mais pobre da população leva até 20% mais tempo se deslocando de casa para o trabalho, avalia estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
Autor: Simone Talarico | Postado em: 25 de março de 2013 | Fonte: Business Review Brasil
O deslocamento de casa para o trabalho, em qualquer lugar do mundo, é sempre um grande tormento. Quer seja dirigindo o próprio carro ou usando meios coletivos de transporte, esses trajetos são geralmente cansativos e muitas vezes estressantes.
No Brasil, essas características não são diferentes, e muitas mudanças vêm acontecendo nos últimos 20 anos, em consequência de motivos que vão do crescimento populacional ao aumento no consumo de automóveis.
Para buscar identificar quais as principais tendências desse problema presentes no país, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fez um estudo de análise de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tempo de deslocamento entre casa e o trabalho dos brasileiros de 1992 a 2009. Os resultados acabam de ser divulgados.
Sem muita surpresa para paulistanos, São Paulo foi identificada como a cidade brasileira onde os moradores levam mais tempo para se deslocar para o trabalho: 43 minutos, em média. O tempo é o segundo mais longo do mundo, perdendo apenas para Xangai, na China, como mostra o gráfico abaixo.
O estudo aponta que tem havido piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com aumento nos tempos de viagem casa-trabalho.
As cidades de Curitiba e Porto Alegre são as únicas duas exceções, com os tempos de viagem mantidos relativamente estáveis desde então. A proporção de trabalhadores que fazem trajetos casa-trabalho muito longos – com mais de uma hora de duração – também aumentou consideravelmente, chegando a quase um quarto de todas essas viagens em algumas áreas metropolitanas.
Os dados da pesquisa também mostram diferenças expressivas no tempo de viagem casa-trabalho entre os diferentes níveis de renda. Em média, das nove maiores regiões metropolitanas e no Distrito Federal, osegmento mais pobre dos trabalhadores gasta em média 20% mais tempo no trânsito do que o segmentomais rico.
Já é fato que o país está passando por uma crise de mobilidade urbana, e cada vez mais estudos como estes reiteram o que a população vive no seu dia a dia. A opção pelo transporte individual é uma das grandes causas, sem dúvida, mas também contribuem a falta de um planejamento urbano eficaz e opções reais de transporte coletivo que atualmente são insuficientes e ineficazes. A resposta atual é que devemos esperar pelas obras de infraestrutura que estão sendo feitas para a realização da Copa do Mundo de 2014.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário