Atualizado em 14 de março,
2013 - 17:24 (Brasília) 20:24 GMT
O Brasil apresentou leve avanço em seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, principalmente em expectativa de vida e
renda per capita, consolidando o que a ONU classifica como um dos "mais altos
desempenhos" em questões sociais no mundo e superando inclusive países
vizinhos.
Ainda assim, o país ainda convive com alta desigualdade e com um "passivo
histórico" - os baixíssimos indicadores sociais do Brasil sobretudo antes de
1990 -. que mantêm sua nota de IDH em nível inferior à média da América
Latina."Entre 1990 e 2012, o IDH saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%. Essa taxa de crescimento do IDH brasileiro no período é maior que a de Chile (40ª posição no ranking de IDH, com 187 países), Argentina (45ª) e México (61ª), por exemplo", informa o Pnud.
Com isso, o país fica entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no IDH (ou seja, a diferença restante para chegar à nota 1) entre 1990 e 2012.
"O Brasil cresce atualmente mais rápido no IDH e não só em renda, mas em educação e saúde. O desafio é grande, mas o modelo do país é um exemplo a ser seguido", diz à BBC Brasil Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do Pnud.
Para efeitos comparativos, em 2004, segundo o Pnud, o Brasil tinha 71,5 anos de expectativa de vida ao nascer e US$ 8.325 de renda per capita anual. Isso aumentou, em 2012, respectivamente, para 73,8 anos e US$ 10.152.
Patamar baixo
Apesar disso, o Brasil ainda tem IDH inferior ao de vizinhos latino-americanos como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Costa Rica e México."O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH."
Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do
IDH
"Em 1990, a média de estudo dos adultos brasileiros era de quatro anos, a metade da Argentina na época", exemplifica a analista. "E o Chile de 1990 já tinha a expectativa de vida que o Brasil tem hoje. Partimos de um patamar muito baixo."
Os avanços em indicadores sociais do Brasil são elogiados pelo relatório da ONU, mas os dados mostram que o país ainda apresenta forte desigualdade de renda. Na medição que leva em conta a desigualdade social, o país perde 27% de sua nota de IDH.
Estimativas recentes da própria presidente Dilma Rousseff dão conta de que cerca de 700 mil famílias ainda estejam à margem de políticas estatais; e críticos dizem que o patamar de renda per capita de R$ 70, estabelecido pelo governo para determinar quem vive em pobreza extrema, é muito baixo.
Segundo o relatório da ONU, os avanços sociais dependem de "políticas estruturais de longo prazo".
"O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH", diz o texto.
O IDH, que mede expectativa de vida, saúde, educação, renda e acesso a recursos para uma vida digna, é um dos principais indicadores mundiais de desenvolvimento humano.
"Ele mede poucas variáveis e tem dificuldade em (igualar) diferenças metodológicas (entre os países), mas dá um retrato do desenvolvimento no longo prazo", opina Daniela. "Isso permite fugir da visão de olhar um país apenas por seu Produto Interno Bruto."
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