ANDREI NETTO - Agencia Estado
LONDRES - O governo brasileiro não vai apresentar uma meta própria de redução de emissões de CO2 antes da 15ª Conferência do Clima (COP 15) das Nações Unidas, marcada para Copenhague, em 7 de dezembro. Ontem, em visita oficial a Londres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condicionou a fixação de números por parte do Brasil a acerto internacional sobre metas únicas, de toda a comunidade internacional, para a redução de emissões de gases de efeito estufa, de captura de carbono da atmosfera e de "desaquecimento global".
Na prática, Lula admitiu que o governo não baterá o martelo em torno de uma cifra, como os 40% de redução de emissões de CO2 defendidos pelo Ministério do Meio Ambiente. Questionado pelo Estado se o Brasil apresentaria uma meta própria - que em tese estimularia outros países a fazerem o mesmo -, o presidente lembrou que já assumiu o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80%, e respondeu: "Não. O Brasil leva os compromissos do Brasil para consigo mesmo. Nós vamos assumir um compromisso junto com a comunidade internacional com um número construído junto com a comunidade internacional".
Lula justificou sua decisão afirmando que o país não quer dizer ao mundo o que fazer. "O que nós não queremos é chegar com os nossos números e tentar impô-los à comunidade internacional. Nós queremos dizer: temos tais compromissos, vamos fazer tais coisas - desde a recuperação de terras degradadas, desde o zoneamento agroecológico, até a questão do desmatamento, do biodiesel", explicou. "Mas esses são os compromissos brasileiros. Para o resultado do acordo, queremos construir uma proposta conjunta."
Mesmo sem apresentar cifras, Lula se sentiu no direito de criticar as metas propostas pela União Europeia. O bloco de 27 países costuma ser elogiado por organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas por ter assumido, de forma unilateral, o objetivo de reduzir em 20% as emissões de CO2 até 2020, cifra que pode chegar a 30% em caso de acordo com a comunidade internacional. "Nós achamos que o número da União Europeia é insuficiente", disparou, sem precisar a que número se referia.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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